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Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do interior com a intenção de chegar ao litoral, à cidade do Recife. Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao Recife, diz ele:
– Nunca esperei muita coisa,
digo a Vossas Senhorias.
O que me fez retirar
não foi a grande cobiça;
o que apenas busquei
foi defender minha vida
da tal velhice que chega
antes de se inteirar trinta;
se na serra vivi vinte,
se alcancei lá tal medida,
o que pensei, retirando,
foi estendê-la um pouco ainda.
Mas não senti diferença
entre o Agreste e a Caatinga,
e entre a Caatinga e aqui a Mata
a diferença é a mais mínima.
Está apenas em que a terra
é por aqui mais macia;
está apenas no pavio,
ou melhor, na lamparina:
pois é igual o querosene
que em toda parte ilumina,
e quer nesta terra gorda
quer na serra, de caliça,
a vida arde sempre
com a mesma chama mortiça.
[…]
Sim, o melhor é apressar
o fim dessa ladainha,
fim do rosário de nomes
que a linha do rio enfia;
é chegar logo ao Recife,
derradeira ave-maria
do rosário, derradeira
invocação da ladainha,
Recife, onde o rio some
e esta minha viagem se finda.
(MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994,
p. 186-187.)
O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense Ruth Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A tentativa de representar aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira presente, ao menos, desde a poesia de Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele. Considerando isso, leia o trecho abaixo, extraído de um ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado em 1934:
Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta romântica ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos pelos quais a cultura de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não é por meio de um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de suas moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto pode ser no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.
(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de sociologia e antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)
Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a alternativa em que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de “utopismo romântico”, ou, segundo definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.
Leia os versos abaixo, de Gonçalves Dias e Basílio da Gama:
O Gigante de Pedra
(II, Estrofes 5 e 6)
Tornam prados a despir-se,
Tornam flores a murchar,
Tornam de novo a vestir-se,
Tornam depois a secar;
E como gota filtrada
De uma abóboda escavada
Sempre, incessante a cair,
Tombam as horas e os dias,
Como fantasmas sombrias,
Nos abismos do porvir!
E no féretro de montes
Inconcusso, imóvel, fito,
Escurece os horizontes
O gigante de granito.
Com soberba indiferença
Sente extinta a antiga crença
Dos Tamoios, dos Pajés;
Nem vê que duras desgraças,
Que lutas de novas raças
Se lhe atropelam aos pés!
Gonçalves Dias
A Tempestade
(Estrofes 1-4)
Um raio
Fulgura
No espaço,
Esparso
De luz;
E trêmulo
E puro
Se aviva,
S’esquiva,
Rutila.
Seduz!
Vem a aurora
Pressurosa,
Côr-de-rosa,
Que se cora
De carmim;
A seus raios
As estrelas,
Que eram belas,
Têm desmaios,
Já por fim.
O sol desponta
Lá no horizonte,
Doirando a fronte,
E o prado e o monte
E o céu e o mar;
E um manto belo
De vivas cores
Adorna as flores
Que entre verdores
Se vê brilhar.
Um ponto aparece,
Que o dia entristece,
O céu, onde cresce,
De negro a tingir;
Oh! Vede a procela
Infrene, mais bela,
No ar s’encapela
Já pronta a rugir!
Gonçalves Dias
O Uraguai
(Canto IV, v. 30-52)
Assim quem olha do escarpado cume
Não vê mais do que o céu, que o mais lhe encobre
A tarda e fria névoa, escura e densa.
Mas quando o sol, de lá do eterno e fixo
Purpúreo encosto de dourado assento,
Co’a criadora mão desfaz e corre
O véu cinzento de ondeadas nuvens,
Que alegre cena para nossos olhos! Podem
Daquela altura, por espaço imenso,
Ver as longas campinas retalhadas
De trêmulos ribeiros, claras fontes
E lagos cristalinos, onde molha
As leves asas o lascivo vento.
Engraçados outeiros, fundos vales
E arvoredos copados e confusos,
Verde teatro onde se admira quanto
Produziu a supérflua Natureza.
A terra sofredora de cultura
Mostra o rasgado seio; e as várias plantas,
Dando as mãos entre si, tecem compridas
Ruas, por onde a vista saudosa
Se estende e se perde. O vagaroso gado
Mal se move no campo, e se divisam
Por entre as sombras da verdura, ao longe,
As casas branquejando e os altos templos.
Basílio da Gama
Com base na análise dos versos acima e na leitura integral de O Uraguai e de Os últimos cantos, considere as seguintes afirmativas:
1. Embora as “Poesias Americanas” tenham alcançado grande destaque nas leituras posteriores da obra de Gonçalves Dias, em Últimos Cantos elas ocupam um espaço menor do que o conjunto das outras duas partes: “Poesias Diversas” e “Hinos”.
2. No poema “O gigante de pedra”, é a montanha, da sua altura, quem assiste aos acontecimentos da história. Os versos acima citados de O Uraguai, por sua vez, adotam a perspectiva do olhar humano para descrever a natureza que se descortina do alto de uma montanha.
3. O hino “A tempestade” recria em seus versos os efeitos do fenômeno atmosférico que deslumbra o poeta. Nas três estrofes citadas, podem-se perceber os recursos poéticos utilizados: métrica crescente, esquema de rimas diferente a cada estrofe, adjetivos e verbos que vão do claro ao escuro, do tranquilo ao agitado.
4. A reiteração sonora do verbo “tornar”, na mesma posição dos versos iniciais da estrofe 5 de “O Gigante de Pedra”, marca a variação das estações do ano, sendo que a mesma característica é atribuída à montanha na estrofe seguinte e ao longo de todo o poema.
5. A partir de acidentes geográficos de localização precisa, a cadeia de montanhas localizada na atual cidade do Rio de Janeiro e o rio Uruguai, localizado na fronteira sul do país, “O Gigante de Pedra” e O Uraguai narram um episódio específico e datado da história brasileira.
Assinale a alternativa correta.
Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!...
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada.
Por que as lhamas podem guardar o segredo para combater a gripe
Cientistas americanos recrutaram uma curiosa aliada para desenvolver tratamentos contra a gripe: a lhama. O sangue desse animal sul-americano foi utilizado para produzir uma nova terapia com anticorpos que têm o potencial de combater todos os tipos de gripe.
A gripe é uma das doenças mais hábeis na hora de mudar de forma. Constantemente, modifica sua aparência para despistar nosso sistema imunológico. Isso explica porque as vacinas nem sempre são efetivas e, a cada inverno, é necessário receber uma nova injeção para prevenir a doença.
Por isso, a ciência está à procura de uma forma de acabar com todos os tipos de gripe, não importando de qual cepa provenha ou o quanto possa sofrer mutações. É aí que entra a lhama.
Esses animais, nativos dos Andes, têm anticorpos incrivelmente pequenos em comparação com os dos humanos.
Os anticorpos são as armas do sistema imunológico, e aderem às proteínas que sobressaem na superfície dos vírus. Os anticorpos humanos tendem a atacar as pontas dessas proteínas, _______ essa é a parte em que o vírus da gripe muda com mais rapidez. _______ os anticorpos da lhama, com seu tamanho diminuto, conseguem atacar as partes do vírus da gripe que não sofrem mutação.
Uma equipe do Instituto Scripps, nos Estados Unidos, infectou lhamas com múltiplos tipos de gripe, para estimular uma resposta do seu sistema imunológico. Em seguida, analisou o sangue dos animais, procurando pelos anticorpos mais potentes, que poderiam atacar uma ampla variedade de vírus.
Os cientistas, _______, identificaram quatro anticorpos das lhamas. Depois, começaram a desenvolver um anticorpo sintético, que une elementos desses quatro tipos.
O trabalho, que foi publicado na revista científica Science, ainda está em estágios muito iniciais. A equipe de cientistas pretende realizar mais experimentos antes de fazer testes com humanos. “Ter um tratamento que possa funcionar contra uma variedade de cepas diferentes do vírus da gripe é algo muito desejado. É o Santo Graal da gripe”, afirma o professor Jonathan Ball, da Universidade de Nottingham.
(James Gallagher, Correspondente de Saúde e Ciência, BBC News. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46101443?ocid=socialflow_ facebook&fbclid=IwAR1Bj0yRbAN1yzVPG9X8H0KC2B5I59XTXbPwX7w0kk9O4kfMIop3H-wjmIY. Acesso em 07/07/2019. Adaptado.)
Por que as lhamas podem guardar o segredo para combater a gripe
Cientistas americanos recrutaram uma curiosa aliada para desenvolver tratamentos contra a gripe: a lhama. O sangue desse animal sul-americano foi utilizado para produzir uma nova terapia com anticorpos que têm o potencial de combater todos os tipos de gripe.
A gripe é uma das doenças mais hábeis na hora de mudar de forma. Constantemente, modifica sua aparência para despistar nosso sistema imunológico. Isso explica porque as vacinas nem sempre são efetivas e, a cada inverno, é necessário receber uma nova injeção para prevenir a doença.
Por isso, a ciência está à procura de uma forma de acabar com todos os tipos de gripe, não importando de qual cepa provenha ou o quanto possa sofrer mutações. É aí que entra a lhama.
Esses animais, nativos dos Andes, têm anticorpos incrivelmente pequenos em comparação com os dos humanos.
Os anticorpos são as armas do sistema imunológico, e aderem às proteínas que sobressaem na superfície dos vírus. Os anticorpos humanos tendem a atacar as pontas dessas proteínas, _______ essa é a parte em que o vírus da gripe muda com mais rapidez. _______ os anticorpos da lhama, com seu tamanho diminuto, conseguem atacar as partes do vírus da gripe que não sofrem mutação.
Uma equipe do Instituto Scripps, nos Estados Unidos, infectou lhamas com múltiplos tipos de gripe, para estimular uma resposta do seu sistema imunológico. Em seguida, analisou o sangue dos animais, procurando pelos anticorpos mais potentes, que poderiam atacar uma ampla variedade de vírus.
Os cientistas, _______, identificaram quatro anticorpos das lhamas. Depois, começaram a desenvolver um anticorpo sintético, que une elementos desses quatro tipos.
O trabalho, que foi publicado na revista científica Science, ainda está em estágios muito iniciais. A equipe de cientistas pretende realizar mais experimentos antes de fazer testes com humanos. “Ter um tratamento que possa funcionar contra uma variedade de cepas diferentes do vírus da gripe é algo muito desejado. É o Santo Graal da gripe”, afirma o professor Jonathan Ball, da Universidade de Nottingham.
(James Gallagher, Correspondente de Saúde e Ciência, BBC News. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46101443?ocid=socialflow_ facebook&fbclid=IwAR1Bj0yRbAN1yzVPG9X8H0KC2B5I59XTXbPwX7w0kk9O4kfMIop3H-wjmIY. Acesso em 07/07/2019. Adaptado.)
A tira a seguir, do rato Níquel Náusea, de Fernando Gonsales, é referência para a questão.
A tira a seguir, do rato Níquel Náusea, de Fernando Gonsales, é referência para a questão.
A tira a seguir, do rato Níquel Náusea, de Fernando Gonsales, é referência para a questão.
Com base na tira, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
( ) No último quadrinho da charge, Níquel Náusea se dirige diretamente à barata para dizer que não gosta de filosofia.
( ) A informação visual dos quadrinhos em que Níquel Náusea está presente sinaliza sua irritação com a barata.
( ) Nos dois primeiros quadrinhos, a fala da barata é uma adaptação de dois provérbios à sua própria realidade.
( ) A barata utiliza provérbios em sua fala com a intenção de dar lições de moral para Níquel Náusea.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
Com base no texto, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
( ) A expressão “na arena vazia” (linha 3) encontra-se em relação de oposição metafórica com a expressão “glamour dos estádios padrão Fifa” (linha 6).
( ) Ainda que os jogadores de clubes como Bonsucesso e Olaria sujeitem-se aos baixos salários, eles mantêm no horizonte a aspiração aos grandes clubes.
( ) O autor do texto traz a lume denúncias de jogadores acerca das disparidades salariais no mundo do futebol.
( ) O desequilíbrio entre o que um jogador-estrela recebe no Brasil em relação ao contingente dos demais jogadores fundamenta-se na variável direitos de imagem.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
Com base no texto de Rangel, considere as seguintes afirmativas:
1. Em “Os patrocinadores estão mais para pequenos comerciantes locais do que para grandes financiadores do futebol”, temos uma relação de contraposição.
2. Os baixos salários, somados aos atrasos nos pagamentos, são aspectos da precariedade do mercado da bola no Brasil.
3. Os dados salariais dos jogadores brasileiros, apontados pela RAIS, apresentam distorções porque a maioria dos jogadores recebem até três salários mínimos por mês, enquanto outros recebem até quinhentos mil reais por mês.
4. A ausência de comercialização de imagens de jogadores de clubes como Bonsucesso e Olaria decorre do fato de esses jogadores não terem direitos de imagem como o jogador Gabigol, por exemplo.
Assinale a alternativa correta.
Diverti-me imensamente com a história dos imbecis da web. Para quem não acompanhou, foi publicado em alguns jornais e também on-line que no curso de uma chamada lectio magistralis em Turim eu teria dito que a web está cheia de imbecis. É falso. A lectio era sobre um tema completamente diferente, mas isso mostra como as notícias circulam e se deformam entre os jornais e a web. A história dos imbecis surgiu numa conferência de imprensa durante a qual, respondendo a uma pergunta que não me lembro mais, fiz uma observação de puro bom senso. Admitindo que em 7 bilhões de habitantes exista uma taxa inevitável de imbecis, muitíssimos deles costumavam comunicar seus delírios aos íntimos ou aos amigos do bar – e assim suas opiniões permaneciam limitadas a um círculo restrito. Hoje uma parte consistente dessas pessoas tem a possibilidade de expressar as próprias opiniões nas redes sociais e, portanto, tais opiniões alcançam audiências altíssimas e se misturam com tantas outras ideias expressas por pessoas razoáveis.
[...]
É justo que a rede permita que mesmo quem não diz coisas sensatas se expresse, mas o excesso de besteira congestiona as linhas. E algumas reações descompensadas que vi na internet confirmam minha razoabilíssima tese. Alguém chegou a dizer que, para mim, as opiniões de um tolo e aquelas de um ganhador do prêmio Nobel têm a mesma evidência e não demorou para que se difundisse viralmente uma inútil discussão sobre o fato de eu ter ou não recebido um prêmio Nobel – sem que ninguém consultasse sequer a Wikipédia.
(Umberto Eco – Os imbecis e a imprensa responsável, 2017.)
Diverti-me imensamente com a história dos imbecis da web. Para quem não acompanhou, foi publicado em alguns jornais e também on-line que no curso de uma chamada lectio magistralis em Turim eu teria dito que a web está cheia de imbecis. É falso. A lectio era sobre um tema completamente diferente, mas isso mostra como as notícias circulam e se deformam entre os jornais e a web. A história dos imbecis surgiu numa conferência de imprensa durante a qual, respondendo a uma pergunta que não me lembro mais, fiz uma observação de puro bom senso. Admitindo que em 7 bilhões de habitantes exista uma taxa inevitável de imbecis, muitíssimos deles costumavam comunicar seus delírios aos íntimos ou aos amigos do bar – e assim suas opiniões permaneciam limitadas a um círculo restrito. Hoje uma parte consistente dessas pessoas tem a possibilidade de expressar as próprias opiniões nas redes sociais e, portanto, tais opiniões alcançam audiências altíssimas e se misturam com tantas outras ideias expressas por pessoas razoáveis.
[...]
É justo que a rede permita que mesmo quem não diz coisas sensatas se expresse, mas o excesso de besteira congestiona as linhas. E algumas reações descompensadas que vi na internet confirmam minha razoabilíssima tese. Alguém chegou a dizer que, para mim, as opiniões de um tolo e aquelas de um ganhador do prêmio Nobel têm a mesma evidência e não demorou para que se difundisse viralmente uma inútil discussão sobre o fato de eu ter ou não recebido um prêmio Nobel – sem que ninguém consultasse sequer a Wikipédia.
(Umberto Eco – Os imbecis e a imprensa responsável, 2017.)
Diverti-me imensamente com a história dos imbecis da web. Para quem não acompanhou, foi publicado em alguns jornais e também on-line que no curso de uma chamada lectio magistralis em Turim eu teria dito que a web está cheia de imbecis. É falso. A lectio era sobre um tema completamente diferente, mas isso mostra como as notícias circulam e se deformam entre os jornais e a web. A história dos imbecis surgiu numa conferência de imprensa durante a qual, respondendo a uma pergunta que não me lembro mais, fiz uma observação de puro bom senso. Admitindo que em 7 bilhões de habitantes exista uma taxa inevitável de imbecis, muitíssimos deles costumavam comunicar seus delírios aos íntimos ou aos amigos do bar – e assim suas opiniões permaneciam limitadas a um círculo restrito. Hoje uma parte consistente dessas pessoas tem a possibilidade de expressar as próprias opiniões nas redes sociais e, portanto, tais opiniões alcançam audiências altíssimas e se misturam com tantas outras ideias expressas por pessoas razoáveis.
[...]
É justo que a rede permita que mesmo quem não diz coisas sensatas se expresse, mas o excesso de besteira congestiona as linhas. E algumas reações descompensadas que vi na internet confirmam minha razoabilíssima tese. Alguém chegou a dizer que, para mim, as opiniões de um tolo e aquelas de um ganhador do prêmio Nobel têm a mesma evidência e não demorou para que se difundisse viralmente uma inútil discussão sobre o fato de eu ter ou não recebido um prêmio Nobel – sem que ninguém consultasse sequer a Wikipédia.
(Umberto Eco – Os imbecis e a imprensa responsável, 2017.)
Na Seção II (Das Atribuições do Congresso Nacional), que integra o Título IV (Da Organização dos Poderes), da Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, o artigo 48 traz a seguinte redação em seu caput:
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marinho e bens do domínio da União; [...]
Com base no caput desse artigo, considere as seguintes afirmativas:
1. A sanção do Presidente da República às matérias de competência da União, especificadas nesse artigo, deve ser entendida como o veto presidencial.
2. O Congresso Nacional pode dispor sobre matérias de competência da União, como as especificadas nos incisos do art. 48, condicionado à apreciação do Presidente da República.
3. Esse artigo especifica matérias sobre as quais o Congresso Nacional pode dispor sem necessidade de apreciação pelo Presidente da República.
Está/Estão de acordo com o disposto no artigo 48:
Em que conto de Sagarana, de Guimarães Rosa, o tema da malária está presente?.
“ [...] Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
Serenais, verdes mares, e alisais docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas. [...].
Considerando o excerto de Iracema (1865), de José de Alencar, é correto afirmar.