Questões de Concurso
Sobre teorias de contato interétnico em antropologia
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A tarefa da antropologia do mundo moderno consiste em descrever da mesma maneira como se organizam todos os ramos de nosso governo, aí compreendidos aqueles da natureza e das ciências exatas, e também em explicar como e por que esses ramos se separam, assim como os múltiplos arranjos que os reúnem. O etnólogo de nosso mundo deve colocar-se no ponto comum onde se dividem os papéis, as ações, as competências que irão enfim permitir definir certa entidade como animal ou material, uma outra como sujeito de direito, outra como sendo dotada de consciência, ou maquinal, e outra ainda como inconsciente ou incapaz.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. São Paulo: Editora 34, 2019.
O trecho acima apresenta uma característica fundamental de abordagem da antropologia simétrica.
Assinale a opção que indica corretamente esta característica.
Os povos indígenas, tal como os ocidentais, têm uma história, que inclui guerras e migrações, trazendo consigo a redefinição das unidades socioculturais, algumas vezes com a fragmentação e outras com a fusão ou incorporação em unidades maiores. Uma vez que estão situados dentro da história, tais povos passam igualmente por enormes mudanças culturais, que decorrem seja da adaptação a um meio ambiente novo ou modificado (inclusive por suas próprias ações), seja da influência ou troca cultural realizada com povos vizinhos, ou ainda por um dinamismo interno àquelas culturas.
(João Pacheco de Oliveira. Muita terra para
pouco índio? Uma introdução (crítica) ao indigenismo
e à atualização do preconceito. Em: Aracy L. Silva
e Luís D.B. Grupioni, (org.). A temática indígena na escola:
novos subsídios para professores de 1o e 2o graus)
No excerto, o autor critica a ideia de que
“o contato entre grupos tribais e segmentos da sociedade brasileira, caracterizados por seus aspectos competitivos e, no mais das vezes, conflituais, assumindo esse contato muitas vezes proporções “totais”, i.e., envolvendo toda a conduta tribal e não tribal que passa a ser moldada pela situação de fricção interétnica. Entretanto, essa “situação” pode apresentar as mais variadas configurações [...]. Desse modo, de conformidade com a natureza socioeconômica das frentes de expansão da sociedade brasileira, as situações de fricção apresentarão aspectos específicos.”
(Oliveira, Roberto Cardoso. Estudo de áreas de fricção interétnica do Brasil (Projeto de Pesquisa). América Latina, v. 5, n. 3, p. 85-90, 1962.)
Assinale a opção que está relacionada ao conceito elaborado por Roberto Cardoso de Oliveira.
Em meados do XVIII, a sociedade industrial foi suscitando no homem a necessidade de se colocar como objeto da ciência, como fazia com a natureza, mas somente a partir do século XIX que se erigiu um empenho na direção de formatar um discurso antropológico com certos métodos que ascendessem à ciência. Assim sendo, assinale a afirmativa correta.
Maria Regina Celestino de Almeida, com base em novas propostas teóricas da História e da Antropologia e em documentos sobre aldeias coloniais do Rio de Janeiro, apresenta uma perspectiva das relações entre indígenas e europeus diferente daquela historiografia, influenciada por Varnhagem, que apresenta os indígenas apenas como atores coadjuvantes. Sobre essa perspectiva da autora, é INCORRETO afirmar que:
( ) em virtude da condição subalterna na qual ingressavam nas aldeias coloniais, os indígenas foram incapazes de rearticulação social entre si e com outros grupos.
( ) nessa perspectiva, aculturação e resistência deixam de ser polos opostos e as aldeias coloniais deixam de significar para os índios apenas perdas e prejuízos, para também serem espaço de sobrevivência na colônia.
( ) as aldeias indígenas constituíram-se espaços de ressocialização e reconstrução de identidades e culturas para grupos indígenas diversos que ali se reuniam em busca de sobrevivência.
( ) ainda no século XIX, os indígenas brasileiros lutavam pela garantia dos direitos que a legislação lhes dera séculos antes.
( ) a autora questiona o dualismo entre índio aculturado e índio puro, repensando as relações de contato na colônia portuguesa na América, vendo-as também a partir do interesse dos índios.
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA, de cima para baixo.
Em 2013, a cidade de São Paulo sediou a exposição itinerante “Grandes mestres da arte popular ibero-americana”, com peças variadas em termos de técnicas, cores, formas e matérias-primas, com forte impacto visual. Nos textos de apoio da exposição, o discurso oscilava entre chamar essas peças de artesanato e de arte popular. Consequentemente, seus criadores, oriundos de camadas populares urbanas, zonas rurais ou comunidades indígenas, eram ora designados mestres da arte popular, ora artesãos. Essa situação reflete
No que diz respeito ao processo de globalização e seus impactos, julgue o item subsequente.
Os movimentos de migração de contingentes das antigas
colônias para as antigas metrópoles não modificaram as
tradicionais representações de identidade nacional do período
colonial.
Considerando aspectos ambientais, culturais, econômicos, políticos e sociais da região amazônica, julgue os itens que se seguem.
A sustentabilidade ecológica da Amazônia depende exclusivamente da forma como a população indígena explora os recursos naturais da região.
O modelo de fricção interétnica tem como base teórica a antropologia francesa e o estrutural-funcionalismo britânico.
Nas sociedades nômades, mesmo com um território mais ou menos fixo para os deslocamentos, a inexistência de comportamentos solidários na estrutura dos relacionamentos sociais é um traço motivado pelos hábitos competitivos típicos dos grupos caçadores-coletores.
Tabu é a expressão com a qual são denominados, nas ciências sociais, os mitos de criação que instituem as regras de organização da produção agrícola nas sociedades tribais.
Nas sociedades tribais, como a dos kayapós, não existe divisão social em grupos específicos e ou classes, a qual é característica das sociedades modernas.