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Cientistas chineses clonam macacos com
técnica da ovelha Dolly
Produção de primatas “personalizados” permitirá estudar
doenças cerebrais, metabólicas, genéticas, imunológicas ou
celulares, segundo autores do estudo.
Fábio de Castro, O Estado de São Paulo
24/1/2018 | 15h16
Em 1996, a ovelha Dolly ficou conhecida por ser o
primeiro animal clonado, a partir de uma célula adulta, com
uma técnica conhecida como transferência nuclear de célula
somática (SCNT, na sigla em inglês). Agora, mais de duas
décadas depois, cientistas chineses utilizaram, pela primeira
vez, a mesma técnica para produzir os primeiros clones de
macacos. De acordo com especialistas ouvidos pelo Estado,
porém, o avanço não significa que a ciência esteja mais
próxima de uma técnica de clonagem para reprodução
humana.
A clonagem de primatas era considerada como um
desafio dificílimo e os cientistas levaram décadas para
desenvolver um método capaz de realizá‐la com sucesso.
Segundo os autores do estudo, publicado no dia 24 de janeiro
de 2018, na revista Cell, esse tipo de clonagem em macacos
permitirá pesquisas com populações de animais
“personalizados” e geneticamente uniformes. Assim, será
possível estudar uma doença genética, por exemplo,
produzindo dois macacos idênticos, com uma única
modificação no gene cuja atuação se pretenda estudar.
José Eduardo Krieger, professor da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP), também
acredita que o estudo não abrirá caminho para o temerário
uso da técnica de clonagem na reprodução humana.
“Esses avanços das tecnologias sempre nos
aproximam do que é possível fazer com humanos e esse
caminho é inexorável, mas cabe à sociedade impedir o mau
uso da ciência. Como foi aberta a possibilidade de se clonar
primatas, é claro que ficamos tecnicamente mais próximos de
fazer isso em humanos. Mas, para que nenhum maluco
resolva fazer isso, é que existem os comitês de ética”, disse
Krieger.
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