Questões de Filosofia - O que é a Filosofia para Concurso
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O que chamamos de sentido é isto: a apreensão de uma unidade entre intenção e resultado. O sentido é produzido, ele não habita simplesmente a obra bruta, ele é construído pelo trabalho de quem procura estabelecê-lo, tornando-o apreensível. Tal é a proposição principal que gera a hermenêutica.
Anne Cauquelin. Teorias da arte São Paulo: Martins
Fontes, 2005, p. 95-6 (com adaptações).
Assinale a opção em que é apresentado o nome do filósofo
concernente à tradição hermenêutica.
De acordo com o pensador G. Vico, o senso comum é um julgamento sem qualquer reflexão, comumente sentido por toda uma classe, todo um povo, toda uma nação, ou por todo o gênero humano. Segundo Heidegger, nós nos movimentamos no nível de compreensão do senso comum à medida que nós cremos em segurança no seio das diversas “verdades” da experiência da vida, da ação, da pesquisa, da criação e da fé.
M. Heidegger. Sobre a essência da verdade. São Paulo 1970, p. 18 (com adaptações).
A propósito dessas informações acerca do significado do senso comum, problematizado pela filosofia, assinale a opção correta.
O que o filósofo procura na verdade do mito é a verdade da própria filosofia. Na época de sua errância racional, a filosofia sentia-se absolutamente autônoma e independente da não filosofia. No espaço dessa independência, julgava atingir com os recursos da razão uma verdade absoluta, necessária, universal. Em nome dessa verdade, desprezava tudo que não se enquadrasse na bitola da racionalidade. O mito, as lendas, os sonhos, a loucura, a poesia, a religião, para terem lugar no país da verdade, guardado pela filosofia, necessitavam das credenciais da razão. No rigor dessa ditadura, não se destruía, decerto, a liberdade desde que sua essencialização se submetesse aos princípios racionais da lógica. Pois a essência da liberdade era a verdade. Hoje a filosofia sente sua dependência da não-filosofia. É aquém da alternativa de racional e irracional que se instaura o espaço de toda verdade. Na liberdade dessa dimensão originária se articulam a verdade da fantasia, a verdade dos sonhos, a verdade da loucura. O juízo já não é o lugar primogênito da verdade. Há verdades, no plural, correlativas ao sentido das diversas intencionalidades. É a liberdade que é a essência da verdade.
Emanuel Carneiro Leão. Aprendendo a pensar. 2.ª ed. Petrópolis: Vozes, 1989, p. 195 (com adaptações).
Tendo como referência as ideias apresentadas no texto acima, assinale a opção correta.
Em O que é isto: a filosofia, Heidegger declara: “A palavra philosophia diz-nos que a filosofia é algo que, pela primeira vez e antes de tudo, vinca a existência do mundo grego (...): A filosofia é, nas origens de sua essência, de tal natureza que ela primeiro se apoderou do mundo grego e só dele, usando-o para se desenvolver”. Esse assenhoreamento ocorreu pelo despertar do espanto ou da admiração (thaumadzo) com o ser: “precisamente isto, que o ente permaneça recolhido no ser, que no fenômeno do ser se manifesta o ente; isto jogava os gregos, e a eles primeiro unicamente, no espanto. Ente no ser: isto se tornou para os gregos o mais espantoso”. O thaumadzo é atestado como princípio (arkhé) da filosofia por Platão e Aristóteles. Primeiramente, Platão (no Teeteto 155d) afirma: “É verdadeiramente de um filósofo esse pathos — o espanto (thaumadzein); pois não há outra origem imperante (arkhé) da filosofia do que este”. E Aristóteles (na Metafísica A 2, 982b 12ss) confirma o dito de Platão: “Pelo espanto, os homens chegaram agora e chegaram antigamente à origem imperante do filosofar”.
Acerca do tema abordado no texto acima, assinale a opção correta.
Acerca da utilização da metodologia da aprendizagem baseada em problemas no ensino de filosofia, julgue o próximo item.
A metodologia da aprendizagem baseada em problemas adota
a prática da sala de aula invertida.
Acerca da utilização da metodologia da aprendizagem baseada em problemas no ensino de filosofia, julgue o próximo item.
Essa metodologia pode ser desenvolvida por meio de casos
hipotéticos, buscando-se solução de problemas a partir
de diferentes correntes filosóficas.
Acerca da utilização da metodologia da aprendizagem baseada em problemas no ensino de filosofia, julgue o próximo item.
O foco principal da metodologia da aprendizagem baseada
em problemas é a aprendizagem individual, motivo por que
os trabalhos em equipe são desprezados nas etapas
de desenvolvimento dessa metodologia.
Acerca da aplicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ao ensino de filosofia, julgue o item a seguir.
A sugestão enfática da formação de consciência cidadã
presente nos PCN afasta a possibilidade do estudo de
argumentações e correntes filosóficas que discordem desse
ideal.
Acerca da aplicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ao ensino de filosofia, julgue o item a seguir.
Ao propor um ensino de filosofia que forme cidadãos, os PCN
negam a prática da dialética.
Acerca da aplicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ao ensino de filosofia, julgue o item a seguir.
A proposta dos PCN é tornar o ensino de filosofia mais
humanizado.
Acerca da aplicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ao ensino de filosofia, julgue o item a seguir.
A metodologia de ensino de filosofia deve contribuir para
a tomada de consciência de ser no mundo.
A ciência é uma forma sistematicamente organizada do pensamento objetivo. Da magia — considerada um conjunto de práticas destinado a aproveitar os poderes sobrenaturais —, a ciência teria conservado uma aparência de mistério e gravidade ritual, traço que ainda hoje surpreende a maioria dos espíritos. Do feiticeiro ao cientista há apenas um pequeno passo, fácil de transpor, quando considerados os “milagres” da ciência moderna. Quanto mais escapam aos nossos sentidos as forças naturais das quais ela se aproveita (ondas hertzianas, eletricidade, emissões eletrônicas), mais parece ela realizar os sonhos dos mágicos. A ciência, entretanto, apenas poderá ser magia aos olhos de espectadores, pois é apenas se libertando da magia que a ciência propriamente dita pode desenvolver-se.
Gilles-Gaston Granger. Lógica e filosofia das ciências.
São Paulo: Melhoramentos, 1955, p. 75 (com adaptações)
No texto apresentado, identificam-se a ciência e a magia, uma postura comum na teoria do conhecimento do início da história da filosofia.
A ciência é uma forma sistematicamente organizada do pensamento objetivo. Da magia — considerada um conjunto de práticas destinado a aproveitar os poderes sobrenaturais —, a ciência teria conservado uma aparência de mistério e gravidade ritual, traço que ainda hoje surpreende a maioria dos espíritos. Do feiticeiro ao cientista há apenas um pequeno passo, fácil de transpor, quando considerados os “milagres” da ciência moderna. Quanto mais escapam aos nossos sentidos as forças naturais das quais ela se aproveita (ondas hertzianas, eletricidade, emissões eletrônicas), mais parece ela realizar os sonhos dos mágicos. A ciência, entretanto, apenas poderá ser magia aos olhos de espectadores, pois é apenas se libertando da magia que a ciência propriamente dita pode desenvolver-se.
Gilles-Gaston Granger. Lógica e filosofia das ciências.
São Paulo: Melhoramentos, 1955, p. 75 (com adaptações)
Na medida em que tanto o conhecimento científico quanto o conhecimento filosófico se interessam pela verdade, é correto afirmar que eles são idênticos.
A pergunta sobre o que é e para o que serve a filosofia é inevitável sempre que nos confrontamos pela primeira vez com esse pensamento, que nos causa estranheza e fascínio. Na verdade, essa pergunta é tão antiga quanto o próprio surgimento da filosofia, mas claramente não possui resposta única.
Sexto Empírico, filósofo cético dos séculos II–III, foi um dos pensadores que formulou essa questão de modo mais contundente. Diz ele que em toda investigação temos três resultados possíveis: acreditamos ter encontrado a resposta, acreditamos ser impossível encontrar a resposta, continuamos buscando. No primeiro caso, nos tornamos dogmáticos e a investigação cessa; no segundo caso, somos também dogmáticos, ainda que em um sentido negativo, e a investigação igualmente cessa; só no terceiro caso, segundo Sexto, temos a autêntica filosofia, aquela que continua a investigar, para a qual a busca é mais importante que a resposta.
De certo modo, a filosofia moderna incorporou a posição cética, passando a considerar que nenhuma teoria, nenhum sistema, nenhum tipo de saber podem pretender ser conclusivos, podem querer ter a palavra final sobre o que quer que seja. A contribuição da filosofia tem sido, portanto, desde o seu nascimento na Grécia Antiga, a interrogação, o questionamento, a pergunta. Para a filosofia, não há nada que não possa ser posto em questão. Deve ser possível discutir tudo. E é o caráter inconclusivo das respostas que nos convida a retomar as questões, a repensá-las, a procurar nossas próprias respostas, fatalmente também inconclusivas.
Danilo Marcondes. Para que serve a filosofia?Prefácio do livro Café Philo:
As grandes indagações da filosofia.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 9 (com adaptações).
Conforme o texto, o ceticismo é uma possibilidade dogmática: a certeza estaria assentada na impossibilidade de conhecer.