Questões de Concurso
Comentadas sobre o sujeito moderno em filosofia
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Fiquei sem respiração. Nunca, antes desses últimos dias, tinha pressentido o que queria dizer “existir”. Era como os outros, como os que passeiam à beira-mar com suas roupas de primavera. Dizia como eles: o mar é verde; aquele ponto branco lá no alto é uma gaivota, mas eu não sentia que aquilo existisse, que a gaivota fosse uma “gaivota existente”; comumente a existência se esconde. Está presente, à nossa volta, em nós, ela somos nós, não podemos dizer duas palavras sem mencioná-la, e afinal não a tocamos. [...] Se me tivessem perguntado o que era a existência, teria respondido de boa-fé que não era nada, apenas uma forma vazia que vinha se juntar às coisas exteriormente, sem modificar em nada sua natureza. E depois foi isto: de repente, ali estava, claro como o dia: a existência subitamente se revelara. Perdera seu aspecto inofensivo de categoria abstrata: era a própria massa das coisas, aquela raiz estava sovada em existência. Ou antes, a raiz, as grades do jardim, o banco, a relva rala do gramado, tudo se desvanecera; a diversidade das coisas, sua individualidade, eram apenas uma aparência, um verniz. Esse verniz se dissolvera, restavam massas monstruosas e moles, em desordem - nuas, de uma nudez apavorante e obscena. (SARTRE, 2007, p. 163)
SARTRE, J.-P. A náusea. In: MARCONDES, D. (Org.).
Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
Com base no trecho citado, ao experimentar a náusea, o filósofo compreende que a
O que seria mais monstruoso do que afirmar que as coisas se tornariam melhores ao perderem todo o Bem? Por isso, se privadas de todo o Bem, deixariam totalmente de existir. Portanto, enquanto existem, são boas. Portanto, todas as coisas que existem são boas, e o Mal que eu procurava não é uma substância, pois se fosse substância seria um bem. Na verdade, ou seria uma substância incorruptível e então seria um grande bem, ou seria corruptível e, neste caso, a menos que fosse boa, não poderia se corromper. Percebi, portanto, e isto pareceu-me evidente, que criastes todas as coisas boas e não existe nenhuma substância que Vós não criastes.
Tu poderias me perguntar então: se a vontade afasta-se do Bem imutável em direção a um Bem mutável, de onde provém esse impulso de mudar? É claro que essa mudança é má, mesmo que o livre-arbítrio, sem o qual não se pode viver, deva ser incluído entre aquilo que é bom. (AGOSTINHO, 2011, p. 63)
AGOSTINHO. Confissões. In: MARCONDES, D. (Org.).
Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011.
Com base na leitura desse fragmento de texto, para Agostinho,
Nós também definíamos a moralidade por essa adesão a si, e é por isso que dizemos que o homem não pode positivamente optar entre a negação e a assunção de sua liberdade, pois uma vez que ele opta, assume; ele não pode querer positivamente não ser livre, pois uma tal vontade se destruiria a si mesma. Ocorre apenas que, à diferença de Kant, o homem não nos aparece como sendo essencialmente uma vontade positiva: ao contrário, ele se define primeiramente como negatividade; ele está primeiramente à distância de si mesmo, ele só pode coincidir consigo se aceitar não reunir-se jamais a si mesmo. (BEAUVOIR, 2005, p. 33)
Com base na leitura do texto, é correto afirmar que
[...] alguns autores reservam o termo “falácia” para os argumentos inválidos que parecem válidos. [...] são as falácias que são particularmente perigosas. Os argumentos cuja invalidade é evidente não são enganadores e, se todos os argumentos inválidos fossem assim, não seria necessário estudar lógica para saber evitar erros de argumentação. (MURCHO, 2015, p. 10-11)
MURCHO, D. O lugar da lógica na filosofia. Corroios (PT): Plátano, 2015.
Com base no texto, é correto afirmar que SE
1. Agostinho de Hipona 2. Anselmo da Cantuária 3. Tomás de Aquino 4. Guilherme de Ockham
( ) Dispôs as bases do princípio de economia conceitual segundo o qual uma teoria deve primar pelas formulações mais simples entre as eficazes.
( ) Desenvolveu o chamado “argumento ontológico”, que busca provar a necessária existência de Deus mediante demonstração lógica.
( ) Defendeu a compatibilidade entre a teologia revelada e a teologia natural, revalorizando a investigação racional como via para o conhecimento de Deus.
( ) Deu especial atenção às noções de interioridade e de iluminação natural, prenunciando a doutrina moderna da subjetividade.
Assinale a opção que mostra a relação correta, na ordem apresentada.
De acordo com a perspectiva defendida pelos autores, é correto afirmar que
KANT, I. Prolegômenos. In Crítica da Razão Pura e outros textos filosóficos. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
Assinale a opção que identifica corretamente a nova direção filosófica tomada por Kant.
Nietzsche alega que houve uma transvaloração efetuada pelos sacerdotes judeus. A fraqueza teria sido transformada, de forma mentirosa, em mérito; a impotência, em bondade; a baixeza medrosa, em humildade; a submissão a quem se odeia, em obediência; o que há de inofensivo no fraco, em paciência.
Walter Benjamin concebe o conceito de aura para caracterizar aquilo que é reprodutível na obra de arte.
Adorno afirma que a obra de arte, apesar de não ser assimilável conceitualmente, é muito mais verdadeira que o conhecimento discursivo.
Marcuse defendia que a forma da obra de arte inculca no conteúdo as qualidades de fruição de prazer e que a arte é, talvez, o mais visível retorno do reprimido, não apenas no indivíduo, mas também no nível histórico-genérico.
Para Adorno, a essência da arte é dedutível da sua origem, e as primeiras obras de arte são mais elevadas e mais puras.
Segundo Walter Benjamin, o valor singular de uma obra de arte autêntica tem o seu fundamento no ritual em que adquiriu o seu valor de uso original e primeiro.
Roger Bacon foi um precursor do movimento empirista do século XVII, ao criticar o método dedutivo no empreendimento científico em favorecimento da indução.
John Locke, grande expoente da filosofia inglesa, criticou a doutrina cartesiana das ideias inatas, defendendo a tese de que, no momento do nosso nascimento, nossa alma é como uma tábula rasa.
David Hume questionou as relações de causalidade, mostrando que elas não podem ser conhecidas a priori; por isso, voltou-se para a razão pelo fato de o experimentalismo estar comprometido.
Leibniz integrou a escola empirista ao conceber a sua monadologia, atendo-se ao campo da experiência do mundo do espírito ao mesmo tempo em que criticou a concepção cartesiana de substância material.
Descartes foi um dos maiores representantes do racionalismo, defendendo que o cogito era o ponto de partida seguro para o empreendimento filosófico.