Antissemitismo
(Vera S. Regert, em 2007, adaptado)
No período medieval, o antissemitismo apresentou um
cunho diferenciado daquele de que temos notícia no século
XX. Os judeus eram responsabilizados pelos mais diversos
males e calamidades, acusados de serem o povo que
“assassinou Jesus” e que fechou os ouvidos à “Boa nova”
que Ele veio trazer ao mundo.
Entretanto, a influência "maléfica" atribuída aos judeus na
Idade Média era entendida de forma periférica por aqueles
que cultivavam esse preconceito, estando situada nas
bordas sociais e espaciais e sendo relacionada diretamente
com o aspecto teológico da cristandade em oposição ao
judaísmo. Uma prova de que essa discriminação tinha um
caráter exclusivamente religioso era a permissão para
conversão religiosa de um judeu se ele se submetesse ao
batismo cristão e renunciasse à sua "pervertida" religião.
Esses motivos de aversão aos judeus, além de serem
potencializados na Modernidade, vão ser acrescidos de
outros fatores que inviabilizam a relação daqueles com os
alemães no século XX: a raça como critério determinante de
divisão entre esses dois povos (alemães e judeus). Ora, a
raça é um elemento intrínseco ao povo judeu e,
independentemente de quaisquer fatores, é imutável, pois
está relacionada à descendência de cada indivíduo, à sua
linhagem familiar.
Assim, os judeus, que jamais poderiam se tornar alemães,
são considerados a causa central da desordem e da
decadência da Alemanha pós-Primeira Guerra, que só poderá
ser “salva” mediante o extermínio desses invasores e
traidores. Essas ideias, na verdade, funcionaram como álibis
e argumentos para justificar a perseguição aos judeus e
convencer a sociedade da “necessidade” de seu sacrifício no
Holocausto.
O antissemitismo não foi apenas uma manifestação isolada
no espaço e tempo germânicos modernos, mas é,
historicamente, desde a Idade Média até o Século das Luzes,
uma ideia compartilhada tanto pela elite e pessoas
importantes quanto pelas comuns. Alguns pesquisadores
classificam o antissemitismo como um modelo cognitivo de
“crenças, pontos de vista e valores que estruturam a
conversação da sociedade, que, edificado socialmente,
constituiu um aspecto integrante da cultura germânica e foi
transmitido de geração a geração através das instituições
responsáveis pela educação (família e demais entidades
ligadas à socialização). Esse modelo cognitivo foi
confirmado continuamente através dos contos folclóricos,
da literatura, da imprensa popular, dos panfletos políticos e
das caricaturas que forneciam uma imagem depreciativa
sobre os judeus.
(Fonte: https://bit.ly/3nO37dK).
Nota: o presente texto possui a finalidade exclusiva de ser
objeto de análise para a resolução de questões neste
instrumento avaliativo. As informações ou opiniões aqui
descritas não refletem a opinião do Instituto ADM&TEC.