Questões de Concurso Sobre escolas literárias em literatura

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Q3164779 Literatura

Época marcada pelos conflitos e contradições espirituais, o que acabou, consequentemente, influenciando na literatura. As obras do período são marcadas pela angústia, melancolia e oposição entre o mundo material e o espiritual, emulando o confronto interno dos indivíduos divididos entre os mundos Medieval (teocêntrico) e Moderno (Antropocêntrico).

O texto acima refere-se ao: 

Alternativas
Q3159323 Literatura
O Concretismo foi um movimento artístico e literário que surgiu no Brasil na década de 1950 e trouxe uma nova forma de pensar a poesia. Influenciados por artes visuais e gráficas, os poetas concretistas quebraram as regras da poesia tradicional, focando na disposição das palavras na página e na visualidade dos poemas. Se você curte coisas legais como design gráfico, memes, ou até a estética dos posts no Instagram e TikTok, vai achar o Concretismo bem interessante. É como se os poetas daquela época estivessem criando o conteúdo visualmente impactante que vemos na internet hoje.

Leia este poema do concretista Décio Pignatari e responda que se pede:

Q20.png (180×178)
No poema "Beba Coca Cola" de Décio Pignatari, como a disposição espacial das palavras contribui para o significado do texto?
Alternativas
Q3158245 Literatura
São noções do classicismo todas as alternativas, exceto: 
Alternativas
Q3158244 Literatura
Todas as características fazem parte da vida e da obra de Macho de Assis, exceto: 
Alternativas
Q3158241 Literatura
Todas as alternativas a seguir representam características do barroco, exceto: 
Alternativas
Q3158227 Literatura
Todas as obras fazem parte do vasto repertório literário de José de Alencar, exceto: 
Alternativas
Q3139847 Literatura
Sobre a música no período Barroco, analise as afirmativas:
I.O cravo e o órgão eram instrumentos musicais muito utilizados nesse período.
II.Johann Sebastian Bach e Georg Friedrich Händel foram compositores importantes do Barroco.
III.A ópera, a oratória e a suíte foram gêneros musicais que se desenvolveram nesse período.
IV.A música barroca era caracterizada por um estilo mais extrovertido e emocional em comparação com a música renascentista.
V.A música barroca era predominantemente instrumental, com pouca importância para a voz humana.
É correto o que se afirma em:
Alternativas
Q3139080 Literatura
De acordo com Sergius Gonzaga, o Modernismo pode ser visto tanto como um movimento internacional quanto nacional. Relativo ao movimento vanguardista brasileiro, analisar os itens.

I. Há uma forte aproximação com a oralidade, a fala. Oswald de Andrade, em seu Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de 1924, preconiza: “A língua sem arcaísmos. Sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros”.
II. Os modernistas estabelecem, em todas as artes, uma aproximação crítica com as obras do passado. Há a releitura de textos famosos, tanto como rejeição quanto admiração, sob, muitas vezes, uma perspectiva humorística: a paródia.

Está CORRETO o que se afirma: 
Alternativas
Q3137815 Literatura
O Trovadorismo é um movimento literário que se estende de, aproximadamente, 1189, com a publicação da "Canção Ribeirinha", até 1434, ano em que Fernão Lopes assume o cargo de cronista-mor da Torre do Tombo. Durante esse período, surgem importantes manifestações em diferentes gêneros, como a poesia, a prosa e o teatro.

Assinale a alternativa que apresenta a correta subdivisão da poesia trovadoresca:
Alternativas
Q3137814 Literatura
Clarice Lispector foi uma escritora brasileira amplamente reconhecida por sua prosa introspectiva e pelo mergulho psicológico de seus personagens, frequentemente explorando questões existenciais e subjetivas. Sua obra destaca-se pela originalidade e pela linguagem inovadora, que reflete aspectos da vida interior e da complexidade humana.

Assinale a alternativa que indica o período literário ao qual Clarice Lispector pertence:
Alternativas
Q3137808 Literatura
A literatura brasileira teve início em 1500, com a chegada dos portugueses ao Brasil. Ela é marcada pela pluralidade cultural, e sua história se confunde com a história do país. Entre os períodos da literatura brasileira, temos o Realismo.

Assinale a alternativa que apresenta uma característica principal do Realismo na literatura brasileira:
Alternativas
Q3137803 Literatura
No século XVI, a poesia lírica e épica do classicismo é marcada pela idealização do amor e da figura feminina, pelo caráter heroico, pela retomada dos valores greco-latinos e por uma visão centrada no ser humano. No final do mesmo século, surgiu o barroco português, com uma visão da realidade cheia de contrastes e paradoxos, além de uma forte temática religiosa.

O arcadismo, iniciado em 1756, valorizou temas como o bucolismo, o pastoralismo e a idealização do amor, inspirados em elementos greco-latinos e orientados pela busca da(o): 
Alternativas
Q3136669 Literatura
O estilo literário é a forma singular como um autor utiliza a linguagem para expressar suas ideias, emoções e visões de mundo, conferindo identidade e originalidade à sua obra. As variações de estilo são inúmeras, refletindo a diversidade de autores, épocas, gêneros literários e propósitos comunicativos. Determine o fator, o qual NÃO influencia diretamente as variações de estilo literário.
Alternativas
Q3131269 Literatura
Graciliano Ramos: 

Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca: 

de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara. 

(...) 

Falo somente do que falo: 
do seco e de suas paisagens,
 Nordestes, debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre: 

que reduz tudo ao espinhaço, 
cresta o simplesmente folhagem, 
folha prolixa, folharada, onde possa esconder-se a fraude. 

(...) 

Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas 
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:

e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua. 

(...) 

Falo somente para quem falo: 
quem padece sono de morto 
e precisa um despertador 
acre, como o sol sobre o olho: 

que é quando o sol é estridente,
a contrapelo, imperioso, 
e bate nas pálpebras como 
se bate numa porta a socos. 

João Cabral de Melo Neto. Obra completa: volume único.
Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 311-312.

        “Senti-me bastante perturbada com a necessidade de passar para o papel aquilo que algumas pessoas que ‘habitavam’ a minha cabeça estavam querendo dizer-me. Então perguntei ao Paim (o marido) se aquilo daria mesmo um conto, ou quem sabe um romance. Ele apenas aconselhou-me a dar corpo ao texto, mesmo que não fosse um romance.” Alina passou a escrever à noite enquanto o marido dormia, pois não queria que lesse absolutamente nada. Cinco meses depois de tê-lo concluído, tratou de ir à confeitaria Colombo, em Copacabana; em uma dessas oportunidades, deparou-se com Graciliano Ramos, a quem confiou o manuscrito de Estrada da liberdade; porém, sua única exigência era que ele dissesse se o que produziu era mesmo um romance. Acertaram um reencontro para 15 dias mais tarde. Qual foi sua surpresa ao ouvi-lo dizer: “Alina, é um romance, sim, e dos bons, porém falta-lhe aprimorar a técnica.” Segundo a romancista, naquele momento nasceu uma grande amizade entre ambos, capaz de despertar ciúmes não apenas no mundo literário, mas em alguns familiares e amigos. Iniciaram-se as aulas de técnicas literárias na casa de Graciliano, de modo que ele se tornou responsável pela correção e leitura dos seus dois romances seguintes. Sua amizade, com aquele a quem chamou carinhosamente de “Mestre Graça”, rompeu-se nove anos mais tarde, por ocasião de sua morte. 

Ana Maria Leal Cardoso. Alina Paim: uma romancista esquecida nos labirintos do tempo. In: Aletria, maio-ago 2010, n. 2, v. 20, p.126-127 (com adaptações). 

        Poucas vezes terá visto o romance brasileiro uma estreia tão segura de si quanto a de Francisco J. C. Dantas. O precedente, ilustre, que logo acode a lembrança é obviamente o de Graciliano Ramos com Caetés (1933). Tal como o ex-prefeito de Palmeira dos Índios que se apresentou escritor já feito aos olhos de seus primeiros leitores, este sergipano professor de Letras que, além de ter cumprido a penitência de duas teses universitárias, só publicara até agora contos e ensaios esparsos, é dono de uma linguagem vigorosa, pessoal, rara de encontrar-se num romance de estreia. Coivara da memória é outrossim, como Caetés, um romance meio fora de moda. Melhor dizendo: providencialmente fora de moda. 

José Paulo Paes. No rescaldo do fogo morto: sobre a “Coivara da Memória”
de Francisco Dantas. In: Transleituras. São Paulo, Ática, 1995, p.46. 




O poema de João Cabral de Melo Neto e os textos de Ana Maria Leal Cardoso e José Paulo Paes evidenciam que a relevância de Graciliano Ramos, escritor modernista avesso ao primeiro modernismo, circunscreve-se ao regionalismo nordestino, que caracteriza as obras de João Cabral, Alina Paim e Francisco Dantas.
Alternativas
Q3131262 Literatura
Ao verme que primeiro roeu
as frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas Memórias Póstumas. 

CAPÍTULO I
ÓBITO DO AUTOR

        Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 

Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
São Paulo: W. M. Jackson Editores, 1955, p. 6 e 11.




Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras, no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro. Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro. Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro. — É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha! A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos. Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca! trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas. 

Aluísio Azevedo. O cortiço. Brasília: Edições Câmara, 2019, p. 233 (com adaptações).

A partir da leitura dos trechos dos romances de Machado de Assis e Aluísio Azevedo, julgue o item a seguir.


No trecho transcrito do romance de Machado de Assis, apresenta-se o fim da narrativa, com a morte do narrador, ao passo que, no trecho transcrito do romance de Aluísio Azevedo, é narrado o início do enredo: a morte de Bertoleza marca o alvorecer da abolição. 

Alternativas
Q3131261 Literatura
Ao verme que primeiro roeu
as frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas Memórias Póstumas. 

CAPÍTULO I
ÓBITO DO AUTOR

        Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 

Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
São Paulo: W. M. Jackson Editores, 1955, p. 6 e 11.




Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras, no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro. Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro. Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro. — É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha! A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos. Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca! trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas. 

Aluísio Azevedo. O cortiço. Brasília: Edições Câmara, 2019, p. 233 (com adaptações).

A partir da leitura dos trechos dos romances de Machado de Assis e Aluísio Azevedo, julgue o item a seguir.


Com base nos sentidos estabelecidos em cada um dos fragmentos de romance apresentados, é correto afirmar que o vocábulo “Pentateuco”, no primeiro fragmento, é exemplo de hiponímia, e a palavra “anta”, no segundo, de hiperonímia.

Alternativas
Q3131260 Literatura
Ao verme que primeiro roeu
as frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas Memórias Póstumas. 

CAPÍTULO I
ÓBITO DO AUTOR

        Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 

Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
São Paulo: W. M. Jackson Editores, 1955, p. 6 e 11.




Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras, no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro. Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro. Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro. — É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha! A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos. Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca! trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas. 

Aluísio Azevedo. O cortiço. Brasília: Edições Câmara, 2019, p. 233 (com adaptações).

A partir da leitura dos trechos dos romances de Machado de Assis e Aluísio Azevedo, julgue o item a seguir.


No introito à narrativa de sua própria morte, Brás Cubas deixa evidentes traços marcantes de sua composição como narrador-personagem: suas contradições recorrentes, seu amor pelas aparências e sua megalomania.  

Alternativas
Q3131259 Literatura
Ao verme que primeiro roeu
as frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas Memórias Póstumas. 

CAPÍTULO I
ÓBITO DO AUTOR

        Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 

Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
São Paulo: W. M. Jackson Editores, 1955, p. 6 e 11.




Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras, no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro. Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro. Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro. — É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha! A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos. Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca! trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas. 

Aluísio Azevedo. O cortiço. Brasília: Edições Câmara, 2019, p. 233 (com adaptações).

A partir da leitura dos trechos dos romances de Machado de Assis e Aluísio Azevedo, julgue o item a seguir.


A caracterização da personagem Bertoleza como “anta bravia” que morre “rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue” expressa uma das principais características de O cortiço: a zoomorfização dos seres humanos. 

Alternativas
Q3131258 Literatura
Ao verme que primeiro roeu
as frias carnes do meu cadáver
dedico com saudosa lembrança
estas Memórias Póstumas. 

CAPÍTULO I
ÓBITO DO AUTOR

        Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. 

Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
São Paulo: W. M. Jackson Editores, 1955, p. 6 e 11.




Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras, no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro. Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro. Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro. — É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha! A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos. Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca! trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas. 

Aluísio Azevedo. O cortiço. Brasília: Edições Câmara, 2019, p. 233 (com adaptações).

A partir da leitura dos trechos dos romances de Machado de Assis e Aluísio Azevedo, julgue o item a seguir.


Pela semelhança evidenciada entre os dois fragmentos — a temática da morte apresentada de forma crua —, é correto afirmar que os seus autores partilham a dimensão estética naturalista. 


Alternativas
Q3131257 Literatura
        Para os teóricos românticos, o Classicismo (que para eles engloba o que depois se chamou Barroco) teria sido expressão do colonizador português, perturbando o desenvolvimento original da literatura brasileira. Inversamente, o Romantismo representaria o espírito nacional, permitindo com a sua liberdade criadora a manifestação do gênio brasileiro inspirado pelas características da terra, da sociedade, dos ideais. Esta noção nitidamente ideológica correspondia a um estádio da consciência nacional em plena euforia. Historicamente a literatura do período colonial foi algo imposto, inevitavelmente imposto, como o resto do equipamento cultural dos portugueses. E este fato nada tem de negativo em si, desde que focalizemos a colonização, não pelo que poderia ter sido, mas pelo que realmente foi como processo de criação do País, com todas as suas misérias e grandezas. Certos traços que sempre foram censurados no Classicismo tornam-se fatores positivos, como a “artificialidade” das suas tendências. Quando Cláudio Manuel da Costa transforma em Polifemos as rochas da Capitania de Minas, e em Galateias os ribeirões cheios de ouro, está dando nome ao mundo e incorporando a realidade que o cerca a um sistema inteligível para os homens cultos da época, em qualquer país de civilização ocidental. Gregório de Matos pôs nos rigorosos limites convencionais do soneto não apenas a expressão dos padecimentos do amor e toda a inquietação do pecado (isto é, algo normal dentro da tradição), mas os costumes da sociedade em formação, com os seus preconceitos, as suas querelas, a sonoridade dos seus nomes indígenas. O importante é que através dessa convenção livresca manifestaram implicitamente, de maneira original, o contraste entre a civilização da Europa, que os fascinava e na qual se haviam formado intelectualmente, e a rusticidade da terra onde viviam, que amavam e desejavam exprimir. Na sociedade duramente estratificada, submetida à brutalidade de uma dominação baseada na escravidão, se de um lado os escritores e intelectuais reforçaram os valores impostos, puderam muitas vezes, de outro, usar a ambiguidade do seu instrumento e da sua posição para fazer o que é possível nesses casos: dar a sua voz aos que não poderiam nem saberiam falar em tais níveis de expressão. 

Antonio Candido. Literatura de dois gumes. In: A educação pela noite e outros ensaios.
Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006, p. 212-216 (com adaptações).

Considerando o fragmento de texto precedente e os contextos literários a que ele remete, julgue o item subsequente. 
O poeta barroco Gregório de Matos escreveu sonetos líricos, religiosos e satíricos e, especialmente por meio desses últimos, figurou as contradições da vida social no Brasil Colônia. 
Alternativas
Respostas
1: C
2: C
3: C
4: A
5: A
6: E
7: A
8: A
9: D
10: B
11: A
12: A
13: D
14: E
15: E
16: E
17: C
18: C
19: E
20: C