Questões de Literatura - Gênero Lírico para Concurso

Foram encontradas 30 questões

Ano: 2023 Banca: NC-UFPR Órgão: CBM-PR Prova: NC-UFPR - 2023 - CBM-PR - Cadete |
Q2284120 Literatura
A respeito de O livro das semelhanças, de Ana Martins Marques, considere as seguintes afirmativas:
1. A obra possui caráter explicitamente confessional, o que se materializa na forma dos poemas, que simulam registros de um diário pessoal.
2. O livro está dividido em quatro partes, “Livro”, “Cartografias”, “Visitas ao lugar-comum” e “O livro das semelhanças”, sendo a última a mais longa delas.
3. A seção intitulada “Livro” possui um aspecto metaliterário, organizando-se conforme a estrutura de um livro de poemas.
4. Os poemas desta obra se caracterizam pelo emprego de métrica e de esquemas de rimas regulares.
Assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q2055347 Literatura
Leia a estrofe a seguir do poema “Violões que choram”:
“Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas...”
Analise as afirmativas a seguir e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) Esse movimento reagiu contra o Positivismo: contrapôs-se à visão positivista e equilibrada referente ao pensamento científico.
( ) Trazia marcas do subjetivismo e do místico.
( ) Linguagem coerente, exata, fluida, ou seja, expôs de forma lógica o que era necessário ser dito.
( ) Seus autores manifestaram os estados de dilaceração da alma em seus escritos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
Alternativas
Q2006231 Literatura

13 de Novembro

Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste...

Uma vila encardida — ruas desertas — pátios de lajes soerguidas pelo único esforço da erva — o castelo — restos intactos de muralha que não têm serventia: uma escada encravada nos alvéolos das paredes não conduz a nenhures. Só uma figueira brava conseguiu meter-se nos interstícios das pedras e delas extrai suco e vida. A torre — a porta da Sé com os santos nos seus nichos — a praça com árvores raquíticas e um coreto de zinco. Sobre isto um tom denegrido e uniforme: a humidade entranhou-se na pedra, o sol entranhou-se na humidade. Nos corredores as aranhas tecem imutáveis teias de silêncio e tédio e uma cinza invisível, manias, regras, hábitos, vai lentamente soterrando tudo. Vi, não sei onde, num jardim abandonado — inverno e folhas secas — entre buxos do tamanho de árvores, estátuas de granito a que o tempo corroera as feições. Puíra-as e a expressão não era grotesca mas dolorosa. Sentia-se um esforço enorme para se arrancarem à pedra. Na realidade isto é como Pompeia um vasto sepulcro: aqui se enterraram todos os nossos sonhos... Sob estas capas de vulgaridade há talvez sonho e dor que a ninharia e o hábito não deixam vir à superfície. Afigura-se-me que estes seres estão encerrados num invólucro de pedra: talvez queiram falar, talvez não possam falar.

Silêncio. Ponho o ouvido à escuta e ouço sempre o trabalho persistente do caruncho que rói há séculos na madeira e nas almas.


BRANDÃO, Raul. Húmus. São Paulo: Carambaia, 2017.

Os traços dos gêneros estão em constante transformação; portanto, no ato de leitura, nos devemos conduzir abertamente pelas mudanças e não por características fixas. Faz-se necessário atentarmos para as expectativas criadas pela própria obra.
SOARES, Angélica. Gêneros literários. São Paulo: Ática, 1993. p. 21.

Em Gêneros literários, Angélica Soares (1993) procura afastar-se de classificações fechadas − conforme explicita a passagem acima −, adotando, para isso, a proposta elaborada por Emil Staiger em Conceitos fundamentais da poética. Preterindo uma compreensão substantiva das categorias de gênero, que vincularia terminantemente as produções a um ou outro rótulo, Staiger volta-se para os traços estilísticos líricos, épicos ou dramáticos que podem estar presentes em um texto, os quais se manifestam, muitas vezes, de maneira combinada. Essa formulação torna-se bastante útil para a análise de obras como a de Raul Brandão, que não se apresenta nos moldes tradicionais da prosa de ficção.
Qual dos aspectos abaixo corresponde a um traço lírico presente no excerto?
Alternativas
Q2006225 Literatura

Poema 1 


O laço de fita


Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...

Prendi meus afetos, formosa Pepita.

Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!

Não rias, prendi-me

Num laço de fita.

 

Na selva sombria de tuas madeixas,

Nos negros cabelos da moça bonita,

Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,

Formoso enroscava-se

O laço de fita.


Meu ser, que voava nas luzes da festa,

Qual pássaro bravo, que os ares agita,

Eu vi de repente cativo, submisso

Rolar prisioneiro

Num laço de fita.


E agora enleada na tênue cadeia

Debalde minh'alma se embate, se irrita...

O braço, que rompe cadeias de ferro,

Não quebra teus elos,

Ó laço de fita!


Meu Deusl As falenas têm asas de opala,

Os astros se libram na plaga infinita.

Os anjos repousam nas penas brilhantes...

Mas tu... tens por asas

Um laço de fita.


Há pouco voavas na célere valsa,

Na valsa que anseia, que estua e palpita.

Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...

Beijava-te apenas...

Teu laço de fita.


Mas ai! findo o baile, despindo os adornos

N'alcova onde a vela ciosa... crepita,

Talvez da cadeia libertes as tranças

Mas eu... fico preso

No laço de fita.


Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.

ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.

Poema 2

objeto
do meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo

seja a estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza

faça qualquer coisa
mas pelo amor de deus
ou de nós dois
seja


LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
A partir da leitura dos poemas de Castro Alves e Paulo Leminski e com base na obra de Alfredo Bosi (2006), analise as afirmativas a seguir: 
I. Em ambos os textos, a temática é o desejo: enquanto no poema de Castro Alves o laço de fita repetido em todas as estrofes simboliza o desejo pela moça que dança no baile; no poema de Leminski, a própria mulher é o objeto de desejo do poeta. II. A poesia lírica de Castro Alves, à qual pertence o poema O laço de fita, é caracterizada pela forma franca e sem culpa de expressar o desejo e os encantos da mulher amada. III. A obra de Paulo Leminski pertence a um momento de renovação da poesia brasileira da década de 1970 em que ressurge o discurso poético e o verso – livre ou metrificado – e se retoma a fala autobiográfica como expressão do desejo e da memória.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
Alternativas
Q2006224 Literatura

Texto 1


 Ali começa o sertão chamado bruto.


Pousos sucedem a pousos, e nenhum teto habitado ou em ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante contra a frialdade das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo. Por toda a parte, a calma da campina não arroteada; por toda a parte, a vegetação virgem, como quando aí surgiu pela vez primeira. 

[...]

Essa areia solta, e um tanto grossa, tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do Sol, quando nela batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.

[...]

Ora é a perspectiva dos cerrados, não desses cerrados de arbustos raquíticos, enfezados e retorcidos de São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosas e elevadas árvores que, se bem não tomem, todas, o corpo de que são capazes à beira das águas correntes ou regadas pela linfa dos córregos, contudo ensombram com folhuda rama o terreno que lhes fica em derredor e mostram na casca lisa a força da seiva que as alimenta; ora são campos a perder de vista, cobertos de macega alta e alourada, ou de viridente e mimosa grama, toda salpicada de silvestres flores; ora sucessões de luxuriantes capões, tão regulares e simétricos em sua disposição que surpreendem e embelezam os olhos; ora, enfim, charnecas meio apauladas, meio secas, onde nasce o altivo buriti e o gravata entrança o seu tapume espinhoso.


Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do Sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro.


TAUNAY, Alfredo d’Escragnolle. Inocência. Porto Alegre: L&PM, 1999.


Texto 2 


Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

− Então patrício? está doente?

− Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi

uma dinheirama do meu patrão...

− A la fresca!...

− É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

− É uma dos diabos, é...; mas não se acoquine, homem!

Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo

correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.

Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes
que outros andantes passassem.
[...]
LOPES NETO, João Simões. Contos gauchescos. Porto Alegre: L&PM, 1998.

Texto 3 

Sua casa ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes.

    Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – “Ninguém entende muita coisa que ela fala...”- dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo: - “Ele xurugou?” – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: - “Tatu não vê a lua...”- ela falasse. [...] 

ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
A partir da análise de Bosi (2006) sobre a obra de Guimarães Rosa, considere as seguintes afirmativas:
I. A escrita de Guimarães Rosa aboliu as fronteiras entre o texto narrativo e o lírico. Grande Sertão: Veredas e as novelas de Corpo de Baile, por exemplo, além de incluir recursos da expressão poética, revitalizam-nos na construção narrativa. II. Sobre os contos da obra Primeiras Estórias, observa-se que, em A menina de lá, ao qual pertence o fragmento do texto 3, há um apelo ao lúdico e ao mágico, enquanto, em O Burrinho Pedrês, o autor desenvolve uma espécie de mimetismo entre o culto e o folclórico. III. A obra de Guimarães Rosa configura-se como um desafio à forma convencional de construção narrativa, pois seus processos mais frequentes pertencem aos domínios do poético e do mítico.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
Alternativas
Respostas
11: B
12: D
13: B
14: C
15: B