Questões de Literatura para Concurso
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Considerando as ideias do texto precedente e a relação que ele estabelece com aspectos da historiografia literária brasileira, julgue o item subsequente.
Por se tratar de “Romance da zona pastoril” (ℓ.23), Vidas Secas apresenta um realismo social ininteligível a regiões urbanas do país.
Considerando as ideias do texto precedente e a relação que ele estabelece com aspectos da historiografia literária brasileira, julgue o item subsequente.
De acordo com o texto, Euclides da Cunha antecipou marcas da prosa de ficção da segunda geração modernista, entre elas a preocupação com o impacto do meio sobre o indivíduo.
Considerando as ideias do texto precedente e a relação que ele estabelece com aspectos da historiografia literária brasileira, julgue o item subsequente.
Além de José Lins do Rego e Graciliano Ramos, mencionados
no texto, Rachel de Queiroz também compôs a chamada
geração de 1930, a qual guarda estreita relação com
o regionalismo romântico do século XIX.
Considerando as ideias do texto precedente e a relação que ele estabelece com aspectos da historiografia literária brasileira, julgue o item subsequente.
Dada a preocupação com os problemas regionais, o autor do
texto considera Graciliano Ramos e Euclides da Cunha
escritores do Naturalismo, estética literária cujo expoente
maior no Brasil foi Aluísio Azevedo.
Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário em que foi produzido e à produção literária machadiana.
Para compor um panorama da sociedade carioca do
século XIX, Machado de Assis elege, principalmente nos
romances da segunda fase de sua produção, protagonistas
pertencentes às classes populares, como é o caso de Bento
Santiago, narrador de Dom Casmurro.
Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário em que foi produzido e à produção literária machadiana.
A crueldade e a rebeldia que caracterizam o menino Brás
Cubas se contrapõem à imagem idealizada de infância,
própria de autores românticos.
Julgue o próximo item, com relação ao fragmento de texto apresentado, ao contexto histórico-literário em que foi produzido e à produção literária machadiana.
A obra da qual esse fragmento de texto foi extraído pertence
à segunda fase da produção machadiana e inaugura a estética
realista no Brasil.
Considerando o poema apresentado, julgue o item a seguir, a respeito do Romantismo brasileiro.
O Romantismo no Brasil apresentou postura de combate a
conjunturas adversas, como na luta em favor do abolicionismo,
representada tanto no poema de Castro Alves como no
romance Inocência, de Visconde de Taunay.
Considerando o poema apresentado, julgue o item a seguir, a respeito do Romantismo brasileiro.
Diferentemente da segunda geração romântica, marcada
pelo sentimentalismo exacerbado, a poesia de Castro Alves
afirma-se como instrumento de luta e de reformas sociais.
Considerando o poema apresentado, julgue o item a seguir, a respeito do Romantismo brasileiro.
O uso de vocativo e de pontuação expressiva constitui recurso
textual que colabora para atribuir ao texto tom característico da
oratória, próprio da poesia condoreira.
Considerando o poema apresentado, julgue o item a seguir, a respeito do Romantismo brasileiro.
Esse poema de Castro Alves é representativo da poesia da
primeira geração romântica, cujo projeto era fundado na
perspectiva nacionalista e buscava libertar a literatura
brasileira das influências literárias portuguesas.
Considere os dois poemas:
Em relação aos poemas, é correto afirmar:
BANHO (RURAL)
De cabaça na mão, céu nos cabelos
à tarde era que a moça desertava
dos arenzés da alcova. Caminhando
um passo brando pelas roças ia
nas vingas nem tocando; reesmagava
na areia os próprios passos, tinha o rio
com margens engolidas por tabocas,
feito mais de abandono que de estrada
e muito mais de estrada que de rio
onde em cacimba e lodo se assentava
água salobre rasa. Salitroso
era o também caminho da cacimba
e mais: o salitroso era deserto.
A moça ali perdia-se, afundava-se
enchendo o vasilhame, aventurava
por longo capinzal, cantarolando:
desfibrava os cabelos, a rodilha
e seus vestidos, presos nos tapumes
velando vales, curvas e ravinas
(a rosa de seu ventre, sóis no busto)
libertas nesse banho vesperal.
Moldava-se em sabão, estremecida,
cada vez que dos ombros escorrendo
o frio d'água era carícia antiga.
Secava-se no vento, recolhia
só noite e essências, mansa carregando-as
na morna geografia de seu corpo.
Depois, voltava lentamente os rastos
em deriva à cacimba, se encontrava
nas águas: infinita, liquefeita.
Então era que a moça regressava
tendo nos olhos cânticos e aromas
apreendidos no entardecer rural.
Fonte: MAMEDE, Z. O arado. Rio de Janeiro: São José, 1954. p.17-18.
O BANHO DA CABLOCA
Teima dos sapos...
Chiado dos ramos nos balcedos...
Chóóóóó... da levada...
— Noitinha —
Acocorada num cepo põe sobre os cabelos compridos
As primeiras cuias d’água: — Choá! Choá! Choá” —
A lua treme n’água remexida...
Ruque! ruque! das mãos esfregando as carnes rijas...
Um pedaço de canção alegra o banho...
E a teima dos sapos: — foi! Não foi!
E a camisa é posta sobre a carne molhada e nova
E a sombra passa entre as árvores — ligeira — úmida e morna —
Num pedaço de canção que alegrou o banho...
Fonte: FERNANDES, J. Livro de poemas. Introdução, organização e notas de Maria Lúcia de Amorim Garcia.
5. ed. Natal: EDUFRN, 2008. p. 49.
Considere os comentários:
(I)
Obra inovadora, uma narrativa poética, na qual plantas, pássaros e insetos são apresentados de forma afetiva. Constitui um romance de costumes que traz a vida e a morte de pequenos animais. Esses vivem em uma chácara urbana, onde a batalha pela vida pode significar a luta pela sobrevivência humana.
(II)
Currais Novos e o Seridó são o ambiente dessa narrativa em primeira pessoa. O narrador é um menino do sertão que vem morar na cidade para estudar. A linguagem apresenta-se duramente poética, sem rodeios, confrontando o rural e o urbano.
(III)
A narrativa desenvolve-se na Natal do início do século XX, período em que a cidade sofreu grandes transformações impulsionadas pelos ecos de uma modernidade que acontecia nas grandes metrópoles. A personagem principal, de comportamento, supostamente, transgressor, acaba se rendendo às imposições sociais e abdicando de seus desejos.
(IV)
A transformação da personagem principal, um sertanejo submisso e libidinoso da região do Seridó, é motivo para tornar visíveis elementos tradicionais dessa região norte-rio-grandense. A narrativa, construída à semelhança das narrativas de cordel, evidencia mitos, lendas e diversas figuras que compõem a cultura popular.
Fonte: FUNCERN, 2017.
Considerando o percurso da prosa da literatura do Rio Grande do Norte, os comentários referem-se,
respectivamente, aos seguintes romances:
Considere o excerto:
Romantismo, indianismo, nativismo e paixão pela cultura popular vingaram no mesmo clima de emancipação do Antigo Regime. O processo atravessou duas ou três gerações e, embora tenha sido mais agudo no período das independências, persistiu até o século seguinte, resistindo bravamente às ondas cosmopolitas do pensamento evolucionista, aqui ajustadas e filtradas de tal modo que se misturaram generosamente com o folclorismo romântico.No Brasil, trabalhos de levantamento e transcrição dos materiais de base foram empreendidos por José de Alencar, Juvenal Galeno, Celso de Magalhães, Couto de Magalhães, Sílvio Romero, João Ribeiro e, no século XX, por Amadeu Amaral, Mário de Andrade, Renato Almeida, Lindolfo Gomes, Augusto Meyer, Câmara Cascudo, Gustavo Barroso, Cavalcanti Proença, Oswaldo Elias Xidieh, Theo Brandão, Ariano Suassuna e tantos outros. Colheram todos a relação entre os agentes da cultura não letrada, quase sempre anônimos, e a palavra oral, pois o imaginário popular se exprimiu, durante séculos, abaixo do limiar da escrita.
No conjunto, o que aconteceu foi uma verdadeira operação de passagem, pela qual o letrado brasileiro foi incorporando ao repertório do leitor culto os signos e as imagens de um estilo de vida interiorano, rústico e pobre. Valorizando estética e moralmente as tradições populares, carreava-se a água para o moinho das identidades regionais e, no limite, da identidade nacional.
Fonte: BOSI, A. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 259-260.
O personagem da literatura brasileira que melhor ilustra essa operação de passagem, contribuindo,
significativamente, para a construção da identidade regional e nacional configura-se em
Considere os excertos de poemas da literatura brasileira:
(I)
Lembro-me bem. A ponte era comprida,
E a minha sombra enorme enchia a ponte,
Como uma pele de rinoceronte
Estendida por toda a minha vida!
(II)
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
(III)
O Eden alli vai n’aquella errante
Ilhinha verde – portos venturosos
Cantando à tona d’água, os tão mimosos
Simplices corações, o amado, o amante.
(IV)
Existe um povo que a bandeira empresta
Para cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nesta festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Em relação aos excertos, é correto afirmar:
Transpuseram a prosa formal, inovaram a ficção, dominaram a força dos gêneros, reformularam a sintaxe e poetizaram o romance brasileiro.
Trata-se dos escritores
Considere os excertos:
(I)
[...] no Brasil, contribuiu de maneira importante pelo fato de ter dado posição privilegiada ao meio e à raça como forças determinantes. Ora, meio e raça eram conceitos que correspondiam a problemas reais e a obsessões profundas, pesando nas concepções dos intelectuais e constituindo uma força impositiva em virtude das teorias científicas do momento [...].
Fonte: CANDIDO, A. O discurso e a cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993. p. 152.
(II)
[...] o homem ocidental não mais se conformava em abrir mão das virtualidades da vida terrena que o humanismo [...] e o alargamento espacial da Terra lhe revelaram. Por isso, o conflito entre o ideal de fuga e renúncia do mundo e as atrações e solicitações terrenas. Diante do dilema, em vez da impossível destruição, tentou a conciliação, a incorporação, a absorção.
Fonte: COUTINHO, A. Introdução à literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1990. p. 99.
(III)
[...] A interação familiar, a educação da infância, as relações homem-mulher e homem-paisagem, a vida em sociedade, as instituições políticas e religiosas, tudo vai mudando de imagem e de significado no nível da consciência. Estilhaça-se o espelho em que esta reflete e prolonga a cultura recebida. E os cacos, ainda não rejuntados por uma nova ideologia explícita, vão-se dispondo em mosaico quando os apanha o andamento de uma prosa solta, rápida, impressionista.
Fonte: BOSI, A. Céu, inferno. São Paulo: Duas Cidades, 2010. p. 212-213.
(IV)
A fluência ardorosa do tempo, o gosto pelo nebuloso e antigo, a busca de consolidação da identidade nacional, o rosto pátrio, a afirmação de seus primeiros habitantes, [...], o uso da canção de verso breve, o folhetim, a comédia, certa tendência declamatória e a exploração fremente do sentimento sobre a razão.
Fonte: NEJAR, C. História da literatura brasileira: da carta de Caminha aos contemporâneos. São Paulo: Leya, 2011. p. 93.
Tendo em vista os estilos de época da literatura brasileira, os excertos destacados abordam,
respectivamente,
Texto 10A3DDD
É no seu quarto romance, Vidas secas, publicado em 1938 e, portanto, produto do aprendizado vivido pelo escritor enquanto esteve preso, que emerge pela primeira vez uma visão social completa do processo histórico da modernização, aparecendo com clareza no romance aqueles que ficaram somente com a face do atraso nesse processo.
Em Vidas secas, Graciliano dedica um capítulo do livro para cada membro da família, e demonstra cada ângulo de visão, mas fica claro que o ponto de vista do narrador, é de observar o coletivo, a família, e as saídas possíveis, ainda que, nesse caso, a única disponível seja a da fuga. Mesmo que fique clara uma separação entre o narrador e os personagens, Graciliano é, de uma maneira ou de outra, parte da realidade social que ele está retratando, e não há, portanto, uma relação de distância propriamente dita.
O que se observa, em Vidas Secas, é que não há uma tentativa de dar voz aos camponeses. Graciliano não tem a coragem de entrar na pele de Fabiano, porque ele não sabe as palavras que estão na boca dele, e não quer colocá-las na boca dele. Ele não vai, por uma enorme simpatia que tenha pelo operário, pelo camponês, de repente começar a emprestar conteúdos esperançosos a ele, porque inclusive esse indivíduo não tem a mesma noção de esperança que ele. Não vai impor aos retirantes uma determinada forma de pensamento que fosse compatível com a maneira que ele pensava a marcha da História.
Marisa S. de Mello. Graciliano Ramos: modernista
engajado. Internet: <www.unicamp.br/cemarx/anais>