Questões de Concurso
Comentadas sobre acentuação gráfica: proparoxítonas, paroxítonas, oxítonas e hiatos em português
Foram encontradas 1.205 questões
A respeito das palavras acentuadas no texto, analise as seguintes assertivas:
I. As palavras ‘voluntários’ (l.16) e ‘reservatório’ (l.26) são acentuadas devido à mesma regra.
II. As palavras ‘cérebro’ (l.09) e ‘psicológicos’ (l.12) são acentuadas por serem proparoxítonas.
III. Se o acento das palavras ‘será’ (l.09) e ‘até’ (l.15) fossem retirados, ambas continuariam existindo na língua portuguesa, mas assumiriam outra classe gramatical.
IV. Se a palavra ‘interpretável’ (l.29) fosse passada para o plural, não seria necessário o uso do acento gráfico.
Quais estão INCORRETAS?
Avalie as afirmações que seguem sobre os vocábulos acentuados que compõem o título do texto: As melhores notícias que não chegam até nós.
I. Os acentos gráficos nas quatro palavras presentes no título justificam-se por regras distintas.
II. Apenas uma das palavras, sem o acento gráfico, ainda se constituiria em vocábulo da língua portuguesa.
III. No que tange à classe gramatical, ao retirarmos o acento gráfico da palavra nós, ela permaneceria com a mesma classificação.
Quais estão INCORRETAS?
TRINTA ANOS DE UMA FRASE INFELIZ
Ele não podia ter arrumado outra frase? Vá lá que haja perpetrado grande feito indo à Lua, embora tal empreendimento soe hoje exótico como uma viagem de Gulliver. Mas Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, precisava ter dito: “Este é um passo pequeno para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”? Não podia ter-se contentado com algo mais natural (“Quanta poeira” por exemplo), menos pedante (“Quem diria, conseguimos”), mais útil como informação (“Andar aqui é fácil/difícil; gostoso/dói a perna”) ou mais realista (“Estou preocupado com a volta”)?
Não podia. Convencionou-se que eventos solenes pedem frases solenes. Era preciso forjar para a ocasião uma frase “histórica”. Não histórica no sentido de que fica guardada para a posteridade – a posteridade guarda também frases debochadas, como “Se eles não têm pão, comam brioches”. Histórica, no caso, equivale à frase edificante. É a história em sua versão, velhusca e fraudulenta, de “Mestra da Vida”, a História rebaixada a ramo da educação moral e cívica. À luz desse entendimento do que é “histórico”, Armstrong escolheu sua frase. Armstrong teve tanto tempo para pensar, no longo período de preparativos, ou outros tiveram tempo de pensar por ele, no caso de a frase lhe ter sido oferecida de bandeja, junto com a roupa e os instrumentos para a missão, e foi sair-se com um exemplar do primeiro gênero. Se era para dizer algo bonito, por que não recitou Shakespeare? Se queria algo inteligente, por que não encomendou a Gore Vidal ou Woody Allen?
(Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 2000)
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
Das Disposições Preliminares
[...]
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016).
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
A) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
B) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
C) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
D) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm Acesso em 20/04/2017.
Açaí faz bem para a cabeça
Pesquisadores brasileiros e canadenses testam o potencial do fruto
contra doenças neuropsiquiátricas, como a bipolaridade
Uma iguaria paraense com sucesso no Brasil todo, o açaí já foi associado ao melhor controle do colesterol e à prevenção do câncer. Agora, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e da Universidade de Toronto, no Canadá, adicionam outra façanha à lista: a possível melhora no quadro de transtorno bipolar.
É que o extrato do fruto reverteu, em laboratório, uma disfunção nas mitocôndrias, organelas que produzem energia para as células – na doença, elas acabam liberando os perigosos radicais livres. “Além disso, houve redução na inflamação”, conta o biomédico Alencar Kolinski Machado, um dos brasileiros envolvidos no projeto. “Sabemos que indivíduos bipolares têm uma ativação inflamatória crônica”, informa.
De acordo com Machado, é provável que o consumo do fruto (e não só do extrato) já traga vantagens. Um estudo demonstrou, por exemplo, que 120 mililitros do suco por dia promoveram um efeito anti-inflamatório capaz de amenizar a dor. O açaí na tigela cairia igualmente bem, pois contém a polpa do alimento. Basta evitar certos acompanhamentos, como xarope de guaraná e leite condensado. Prefira frutas naturais e um pouco de mel – e não abuse da granola.
Disponível em: <http://super.abril.com.br/saude/acai-faz-bem-para-a-cabeca/>
Considerando as ideias e os aspectos linguísticos desse texto, julgue o item a seguir.
Os vocábulos “têm” e “também” são acentuados de
acordo com a mesma regra de acentuação gráfica.
Leia o texto para responder à questão.
A moléstia conservou durante muitos dias – dias angustiosos e terríveis – um caráter de excessiva gravidade; durante longo tempo, Fadinha, que estava com todo o corpo cruelmente invadido pela medonha erupção, teve a existência por um fio. Entretanto, os cuidados da ciência e a ciência dos cuidados triunfaram do mal, e Fadinha ficou boa, completamente boa, depois de ter estado suspensa entre a vida e a morte.
Ficou boa, mas desfigurada: a moça mais bonita do Rio de Janeiro transformara-se num monstro. Aquele rosto intumescido e esburacado não conservara nada, absolutamente nada da beleza célebre de outrora. Ela, porém, consolou-se vendo que o amor de Remígio, longe de enfraquecer, crescera, fortificado pelo espetáculo do seu martírio.
A mãe, conquanto insensível às boas ações, não pôde disfarçar a admiração e o prazer que o moço lhe causou no dia em que lhe pediu a filha em casamento, dizendo:
– Só havia um obstáculo à minha felicidade: era a formosura – de Fadinha. Agora que esse obstáculo desapareceu, espero que a senhora não se oponha a um enlace que era o desejo de seu marido.
Realizou-se o casamento. D. Firmina, desprovida sempre de todo o senso moral, entendeu que devia ser aproveitado o rico enxoval oferecido pelo primeiro noivo; Remígio, porém, teve o cuidado de fazer com que o restituíssem ao barão. A cerimônia efetuou-se com toda a simplicidade, na matriz do Engenho Novo.
Um ano depois do casamento, Fadinha estava outra vez bonita, não da boniteza irradiante e espetaculosa de outrora, mas, enfim, com um semblante agradável, o quanto bastava para regalo dos olhos enamorados do esposo. Remígio dizia, sinceramente, quem sabe? que a achava assim mais simpática, e os sinais das bexigas lhe davam até um “não sei quê”, que lhe faltava dantes.
– Não é bela que me inquiete, nem feia que me repugne. Era assim que eu a desejava.
O caso é que ambos foram muito felizes. Ainda vivem. Remígio é atualmente um alto funcionário, pai de cinco filhos perfeitamente educados.
(Arthur Azevedo, “A moça mais bonita do Rio de Janeiro”.
Em: Seleção de Contos, 2014. Adaptado)
Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.
Leia o texto a seguir para responder a questão sobre seu conteúdo.
O DESAFIO DE ENSINAR COMPETÊNCIAS
Por: Júlio Furtado. Para: Revista Língua Portuguesa. Adaptado de: http://linguaportuguesa.uol.com.br/o-desafio-de-ensinar-competencias/ Acesso em 28 abr 2017.
O discurso do ensino de habilidades e competências ganhou força a partir de 1998, com a instituição do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, que, a princípio, foi criado como mecanismo indutor de mudanças metodológicas nesse segmento. Acreditava-se que a existência de um exame que exigisse dos egressos competências e habilidades capazes de resolver as situações-problemas por ele colocadas iria influenciar na mudança de postura dos professores. Essa necessidade está pautada numa nova cultura que modifica as formas de produção e apropriação dos saberes. Estamos vivendo uma era pragmática em que o saber fazer e o saber agir são os “carros-chefes” para o sucesso.
O saber idealista platônico perdeu lugar nesse mundo. O que importa não são as ideias, as abstrações, mas os resultados, as concretudes, as ações. O mundo vem mudando num ritmo acelerado e “arrastando” consigo novos paradigmas que precisam ser colocados em prática antes de serem refletidos, compreendidos e “digeridos”. O discurso do currículo por habilidades e competências vem ganhando cada vez mais força porque se projetou na escola uma missão social urgente: a de produzir profissionais mais competentes que sejam cidadãos mais conscientes.
Essa missão exige que a escola seja pragmática e utilitarista, abandonando tudo que não leve diretamente ao desenvolvimento de competências. Embora perigosa, essa concepção vem se impondo nos processos de elaboração e planejamento curricular. Outra razão pode ser encontrada nos tipos de exigências que o Mercado e o mundo em geral vêm fazendo às pessoas. Buscam-se pessoas que saibam fazer e que tenham capacidade de planejar e resolver problemas. Todas essas questões apresentaram à escola um aluno que não se interessa por saberes sem sentido ou sem utilidade imediata.
Eis aqui outro perigo: render-se ao utilitarismo do aluno. [...] Tudo isso contribuiu para que se acreditasse piamente que organizar o currículo escolar por habilidades e competências forma um aluno mais preparado para enfrentar o mundo [...].
Outra questão fundamental que se coloca necessária é termos clareza sobre o conceito de habilidade e de competência, conceitos muito utilizados e pouco refletidos. Os conceitos de habilidade e de competência causam muita confusão e não são poucas as tentativas de diferenciá-los. Podemos dizer, de forma simplista, que habilidades podem ser desenvolvidas através de treinamento enquanto que competências exigem muito mais do que treinamento em seu processo de desenvolvimento. Tomemos o exemplo de falar em público. É treinável, embora requeira conhecimento, experiência e atitude, logo, é uma habilidade. Da mesma forma, podemos classificar o ato de ler um texto, de resolver uma equação ou de andar de bicicleta.
[...] A escola que realmente quiser implantar um
currículo estruturado por competências precisará exorcizar
alguns velhos hábitos que inviabilizam tal proposta. O primeiro deles é o hábito de apresentar o conteúdo na sua
forma mais sistematizada. Esse hábito é difícil de ser
exorcizado porque alunos e professores concordam e
usufruem de benefícios trazidos por ele. Ao apresentar o
conteúdo de forma organizada e sistematizada, com o
argumento de que o aluno “entende melhor”, o professor
está “poupando” o aluno de encarar e resolver situações-problemas.
O aluno, por sua vez, recebe de muito bom
grado o conteúdo “mastigadinho” e atribui todo o trabalho
de compreensão do conteúdo à habilidade de “explicar”
do professor. Não é raro ouvirmos de alunos que ele não
aprendeu porque o professor não explicou direito.
Sabe aquele seu amigo "vergonha alheia" que tenta, de todos os jeitos, contar uma piada hilária e parece não se ligar de que os outros não estão achando graça? Imagine se ele estivesse fadado a fazer isso o tempo todo, sem interrupções. É por essa situação que passam pessoas que sofrem com Witzelsucht, um distúrbio que faz com que o paciente não pare de fazer comentários achando que são engraçados.
Essa doença, normalmente, não aparece do nada. Ela pode ser resultante de um derrame ou de alguma lesão na região frontal do lado direito do cérebro, a área responsável por sua personalidade. Qualquer mudança sofrida por lá pode alterar seu gosto e o seu humor, normalmente o deixando mais eufórico (a título de curiosidade, alterações no lado esquerdo deixam a pessoa irritada e depressiva).
Mas antes que você pense que fazer umas piadas a mais e ser sorridente o tempo todo não é ruim, é bom conhecer casos de pessoas que sofrem com Witzelsucht. Um homem de 56 anos, por exemplo, sofreu um derrame e, além de desenvolver o distúrbio, passou a ser viciado em sexo. Ele fazia piadas de cunho sexual o tempo todo, afastando qualquer mulher ao seu redor – e ele era casado. E o pior: ele não conseguia parar, mesmo quando médicos estavam conduzindo exames nele.
Já uma mulher que teve um pequeno derrame aos 57 anos de idade e ao ter Witzelsuch parou de cuidar da higiene, só se interessava por suas próprias piadas. Afinal, vale lembrar também que pessoas com o distúrbio podem adorar suas próprias anedotas, mas são insensíveis às dos outros. Ou seja: não adianta tentar fazê-los rir, eles só entendem o próprio humor.
Não existem muitas formas de tratar a doença. Os médicos apelam para incansáveis sessões de terapia, nas quais devem explicar o tempo todo para os pacientes que suas piadas não são engraçadas. Outro método é a administração de remédios para estabilizar a condição emocional.
(Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2017/05/conheca-doenca-que-faz-com-que-pacientes-nao-parem-de-contar-piadas.html.
Adaptado)
Considerando os aspectos linguísticos do texto e as ideias nele expressas, julgue o item.
As palavras “saúde” e “flúor” são acentuadas de acordo
com a mesma regra de acentuação gráfica, pois ambas
são paroxítonas.
Grudados no Facebook
Eu resistir o quanto pude, mas acabei sucumbindo no ano passado, por necessidade profissional e também para “conhecer o inimigo”, já que meus filhos inevitavelmente usariam a plataforma.
Logo em um dos primeiros posts, uma provocação aos jovens chamada “Você quer mesmo ser cientista?”, descobri o poder do Facebook: através de compartilhamentos, foram centenas de curtidas em um dia só – e eu me descobrir grudada na tela, acompanhando as curtidas e os comentários que chegavam.
Por que o Facebook tem o poder de transfixar o usuário em sua frente? Um grupo de neurocientistas alemães suspeitou que a resposta estivesse no retorno positivo que a plataforma oferece por meio das curtidas públicas aos posts de usuários.
As curtidas servem como uma indicação reputação social do usuário, e ter boa reputação é algo valioso por aumentar a chance de ser alvo de boa vontade e cooperação dos outros.
Mas nem sequer é preciso pensar a respeito para apreciar o valor da boa reputação: descobrir que gostam da gente ou receber outras formas de avaliação positiva são estímulos fortes para o estriado ventral, estrutura do sistema de recompensa do cérebro que nos premia com uma sensação de prazer quando algo positivo acontece. Mais tarde, a lembrança desse reforço positivo serve como uma motivação para repetir o que deu certo – e assim a causa de boa reputação se afirma.
Os pesquisadores da Universidade Livre de Berlim examinaram a relação entre a intensidade de uso da plataforma e a sensibilidade do cérebro dos usuários a recompensas de dois tipos: monetárias e sociais.
O resultado foi uma correlação clara entre a intensidade com que o estriado ventral de cada voluntário respondia a avaliações sociais positivas de boa reputação, na forma de adjetivos associados à sua pessoa, e a frequência de uso do Facebook por cada voluntário. A sensibilidade a retorno monetário não importa: aqueles que mais usam a plataforma são as pessoas que sentem mais prazer em ser avaliadas positivamente pelos outros.
A descoberta explica por que o Facebook é um sistema tão poderoso quanto um videogame: justamente por que funciona como um videogame, onde você aperta alguns botões e descobre imediatamente, pelas opiniões dos outros, se o resultado foi positivo. Como esse é um videogame de adultos que se leva no bolso, é difícil resistir a “jogar” o tempo todo...
SUZANA HERCULANO-HOUZEL é neurocientista, professora da UFRJ
e apresentadora do programa Cerebrando (cerebrando.net).
(Folha de S. Paulo, 01/04/2017.)
O Dia da Consciência Negra
[...]
O assunto é delicado; em questão de raça, deve-se tocar nela com dedos de veludo. Pode ser que eu esteja errada, mas parece que no tema de raça, racismo, negritude, branquitude, nós caímos em preconceito igual ao dos racistas. O europeu colonizador tem - ou tinha - uma lei: teve uma parte de sangue negro - é negro. Por pequena que seja a gota de sangue negro no indivíduo, polui-se a nobre linfa ariana, e o portador da mistura é "declarado negro”. E os mestiços aceitam a definição e - meiões, quarteirões, octorões - se dizem altivamente “negros", quando isso não é verdade. Ao se afirmar “negro” o mestiço faz bonito, pois assume no total a cor que o branco despreza. Mas ao mesmo tempo está assumindo também o preconceito do branco contra o mestiço. Vira racista, porque, dizendo-se negro, renega a sua condição de mulato, mestiço, half-breed, meia casta, marabá, desprezados pela branquidade. Aliás, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, que não afeta só os brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
Eu acho que um povo mestiço, como nós, deveria assumir tranquilamente essa sua condição de mestiço; em vez de se dizer negro por bravata, por desafio - o que é bonito, sinal de orgulho, mas sinal de preconceito também. Os campeões nossos da negritude, todos eles, se dizem simplesmente negros. Acham feio, quem sabe até humilhante, se declararem mestiços, ou meio brancos, como na verdade o são. “Black is beautiful” eu também acho. Mas mulato é lindo também, seja qual for a dose da sua mistura de raça. Houve um tempo, antes de se desenvolver no mundo a reação antirracista, em que até se fazia aqui no Rio o concurso “rainha das mulatas”. Mas a distinção só valia para a mulata jovem e bela. Preconceito também e dos péssimos, pois a mulata só era valorizada como objeto sexual, capaz de satisfazer a consciência dos homens.
A gente não pode se deixar cair nessa armadilha dos brancos. A gente tem de assumir a nossa mulataria. Qual brasileiro pode jurar que tem sangue “puro” nas veias, - branco, negro, árabe, japonês?
Vejam a lição de Gilberto Freyre, tão bonita. Nós todos somos mestiços, mulatos, morenos, em dosagens várias. Os casos de branco puro são exceção (como os de índios puros - tais os remanescentes de tribos que certos antropólogos querem manter isolados, geneticamente puros - fósseis vivos - para eles estudarem...). Não vale indagar se a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro, se nasceu em taba de índio ou na casa-grande. Todas elas somos nós, qualquer procedência Tudo é brasileiro. Quando uma amiga minha, doutora, participante ilustre de um congresso médico, me declarou orgulhosa “eu sou negra” - não resisti e perguntei: “Por que você tem vergonha de ser mulata?” Ela quase se zangou. Mas quem tinha razão era eu. Na paixão da luta contra a estupidez dos brancos, os mestiços caem justamente na posição que o branco prega: negro de um lado, branco do outro. Teve uma gota de sangue africano é negro - mas tendo uma gota de sangue branco será declarado branco? Não é.
Ah, meus irmãos, pensem bem. Mulata, mulato também são bonitos e quanto! E nós todos somos mesmo mestiços, com muita honra, ou morenos, como o queria o grande Freyre. Raça morena, estamos apurando. Daqui a 500 anos será reconhecida como “zootecnicamente pura" tal como se diz de bois e de cavalos. Se é assim que eles gostam!
QUEIROZ, Rachel. O Dia da Consciência Negra. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 23nov. 2002. Brasil, caderno 2, p. D16,
Vocabulário:
half-bread: mestiço,
marabá: mameluco.
meião, quarteirão e octorão: pessoas que têm, respectivamente, metade, um quarto e um oitavo de sangue negro.
“Black is beautiful”: “O negro é bonito
Considere as seguintes afirmações sobre aspectos da construção do texto:
I. Em “mas parece que no tema de raça, racismo, negritude, branquitude, nós CAÍMOS em preconceito... Por pequena que seja a gota de sangue negro do INDIVÍDUO”, as palavras destacadas recebem acento pela mesma regra de acentuação.
II. Passando-se para o plural o trecho destacado em “todos desprezam o meia casta, EXEMPLO VIVO DA INFRAÇÃO À LEI TRIBAL.”, mantendo-se o A no singular, o sinal indicativo de crase, obrigatoriamente, não poderia ser usado.
III. Em “E os mestiços aceitam a definição e - meiões, quarteirões, octorões - se dizem altivamente 'negros', quando ISSO não é verdade.”, o elemento destacado se refere a uma ideia anteriormente expressa.
Está correto apenas o que se afirma em:
TEXTO 7
ONDA CONSERVADORA
Como se forma o pensamento conservador? Como ele ganha mais adeptos na sociedade? Como ele pode vir a conformar maiorias?
Essa discussão remete à questão da imposição de uma visão de mundo que é de uma parte da sociedade como sendo a visão de toda a sociedade. Estamos no campo da produção da ideologia e da disputa pela hegemonia. Não é pela força, mas pelo convencimento que a maioria da sociedade adota uma visão de mundo, valores, um projeto de sociedade, uma forma determinada de convivência social.
Assistimos ainda surpresos a manifestações cada vez mais frequentes de intolerância com aqueles que pensam de modo diverso ou têm outros valores. São expressão de uma direita que se viu estimulada por uma campanha sistemática feita pela mídia, especialmente pela televisão aberta, e por organizações da sociedade civil, como a Fiesp, e “saiu do armário”. Essas manifestações passam a hostilizar aqueles identificados como seus inimigos, sejam eles um partido político, uma religião afro, homossexuais, jovens negros da periferia ou meninos de rua. Guido Mantega, Chico Buarque, Leticia Sabatella, entre muitos outros, recentemente sofreram agressões gratuitas que expressam essa polarização social e política em nossa sociedade.
Texto adaptado do original de Silvio Caccia Brava, editorial ONDA CONSERVADORA, do Le Monde Diplomatique Brasil, edição 112, de 8 de outubro de 2016. http://www.diplomatique.org.br/editorial. php?edicao=112
“Assistimos ainda surpresos a manifestações cada vez mais frequentes de intolerância com aqueles que pensam de modo diverso ou têm outros valores. São expressão de uma direita...”
Em relação a esse trecho que inicia o terceiro parágrafo do texto dado, é correto afirmar que:
Leia o excerto abaixo.
Ele faz parte da crônica “A outra noite” de Rubem Braga.
A outra noite.
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite,
uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo
e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em
cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua
cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade
eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho,
alvas, uma paisagem irreal.
BOLO DE LIQUIDIFICADOR
Ingredientes
• 3 ovos grandes
• 1 xícara (chá) de açúcar
• 2 xícaras (chá) farinha de trigo
• 1 xícara (chá) de chocolate em pó ou achocolatado
• 1/2 xícara (chá) de óleo
• 1 colher (sopa) de fermento em pó cheia
• 1 colher (chá) de bicarbonato
• 1 pitada de sal
• 2 xícara (chá) de água quente
Cobertura
• 1 lata de leite condensado
• 3 colheres de Nescau
• 1/2 caixinha de creme de leite
• Coco ralado ou chocolate granulado
Como fazer
No liquidificador, coloque os ovos, açúcar e óleo.
Bata um pouco, acrescente a água aos poucos até ficar bem clarinho, uns 2 minutos.
À parte, coloque em uma vasilha a farinha, o chocolate em pó e o sal, misture bem e reserve.
De volta ao liquidificador, depois que ficou branquinho, coloque aos poucos a mistura da farinha e chocolate, bata bem.
Depois de bem batido, coloque a colher de fermento em pó e a colher de bicarbonato, bata o mínimo no liquidificador, só para misturar.
Desligue e coloque essa mistura numa forma média untada com margarina e polvilhada com farinha de trigo.
Coloque o bolo para assar em temperatura de 180°, por mais ou menos 40 minutos, dependendo de cada forno.
Esse bolo cresce e não murcha, quando sentir o cheirinho de bolo assado está quase pronto, espete um garfo, se sair limpo, está assado.
Esse bolo fica super macio e bem cozido por dentro.
Cobertura
Coloque o leite condensado em uma panela, junte o achocolatado, mexa bem até dar o ponto de brigadeiro, depois coloque o creme de leite, vai ficar bem líquido.
Continue mexendo até o ponto de brigadeiro de novo.
Depois de pronto, jogue em cima do bolo.
Polvilhe o coco hidratado por cima (opcional).
Adaptado de http://tvg.globo.com/receitas/bolo-de-liquidificador