Questões de Concurso
Sobre acentuação gráfica: proparoxítonas, paroxítonas, oxítonas e hiatos em português
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Nem as canções de Adoniran Barbosa, nem as de Rita Lee. A “mais completa tradução de São Paulo" talvez se encontre numa obra mítica e irregular do Modernismo brasileiro, muito citada e pouco lida: Paulicéia desvairada, de Mário de Andrade.
Publicada em 1922 e referência obrigatória em qualquer manual de literatura, a obra sempre é examinada a partir de seu célebre prefácio (Prefácio interessantíssimo), em que o autor deslinda as diferenças entre a poesia futurista e a poesia moderna.
Disponível em http://educaterra.terra.com.br/literatura/temadomes/2004/01/19/001.htm Publicado em jan. 2004. Acesso em ago. 2012.
De acordo com as novas regras do acordo, a palavra do texto acima que deve ser redigida sem acento gráfico é:
A Assembleia Geral das Nações Unidas é o orgão intergovernamental, plenário e deliberativo da Organização das Nações Unidas, e é composto por todos os paises membros, tendo cada um direito a um voto. No que respeita ao processo de deliberação, as questões importantes são votadas por maioria de dois terços dos membros presentes e votantes enquanto as questões restantes são votadas por maioria simples. É um forum político que, igualmente, supervisiona e coordena o trabalho das agencias.
Acesso em set. 2012.
No texto acima, foram retirados os acentos gráficos de algumas das palavras grifadas. Para que o texto volte a estar em consonância com o novo Acordo Ortográfico, devem receber acento gráfico as seguintes palavras:
Texto 01
Cresce o número de casos de microcefalia
por André de Souza / Antonio Werneck, 29/12/2015 16:36 / Atualizado
29/12/2015 16:54
RIO E BRASÍLIA - O número de bebês suspeitos de
microcefalia relacionados ao vírus zika no Estado do Rio aumentou 25,6%,
revelou o Ministério da Saúde ao divulgar, nesta terça-feira, o último boletim
epidemiológico do ano sobre a doença. Segundo o ministério, os casos subiram de
82 para 103 em relação ao último boletim divulgado na semana passada. A
quantidade de municípios com registros de microcefalia também aumentou: passou
de 18 para 19.
Até o último sábado, o Brasil registrou 2.975 casos
suspeitos de microcefalia relacionados ao vírus zika, distribuídos por 656
municípios de 20 unidades da federação. Um aumento de cerca de 7% no número de
casos em relação ao último informe. Além disso, há 40 possíveis mortes ligadas
à doença que estão sob investigação. Os números fazem parte de boletim
divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde. No boletim anterior,
liberado na terça passada, eram 2.782 casos e 40 óbitos suspeitos. Em 2014, em
todo o Brasil, foram registrados 147 casos suspeitos de microcefalia.
A microcefalia é uma malformação em que os bebês nascem
com a cabeça menor do que o tamanho normal e, em 90% das vezes, está associada
a retardo mental. O Ministério da Saúde comprovou a relação da epidemia da
doença com o vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor
de outras duas doenças: dengue e chikungunya. Os sintomas da febre zika são
manchas vermelhas na pele, febre intermitente, conjuntivite, dores nas
articulações, nos músculos e de cabeça. Mas em alguns casos, ela é
assintomática, ou seja, a pessoa infectada não apresenta sintomas.
O estado de Pernambuco continua sendo o que tem o maior
número de casos suspeitos: 1.153. Em seguida vêm outros do Nordeste: Paraíba
(476), Bahia (271), Rio Grande do Norte (154), Sergipe (146), Ceará (134) e
Alagoas (129). Depois aparece o Rio de Janeiro: 103 casos suspeitos. Apenas
sete estados não têm casos suspeitos: Acre, Amapá, Amazonas, Paraná, Rondônia,
Roraima e Santa Catarina.
Quando se trata de óbitos suspeitos, Bahia e Rio Grande do
Norte ficam no topo da tabela, com dez casos cada. Em seguida vêm Paraíba (5),
Sergipe (5), Pernambuco (3) e Minas Gerais (2).
O Ministério da Saúde continua recomendando que as
gestantes adotem medidas para reduzir a presença do mosquito transmissor. Isso
inclui eliminação de criadouros, usos de calças e camisas de manga comprida,
aplicação de repelentes e, se possível, instalação de telas nas janelas.
TEXTO
02
O objetivo do exame é avaliar o conhecimento dos alunos
do
último ano dos cursos de graduação
Por Redação, com ABr ,
de Brasília: dezembro 22, 2015. Jornal Correio do Brasil,
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) publicou na edição desta terça-feira do Diário Oficial
da União as notas dos cursos superiores no Exame Nacional de Desempenho de
Estudantes (Enade) 2014. O objetivo do exame é avaliar o conhecimento dos
estudantes do último ano dos cursos de graduação sobre o conteúdo programático,
suas habilidades e competências.
O resultado é usado para compor índices que medem a
qualidade de cursos e instituições de ensino superior. Os estudantes devem
fazer o Enade para obter o diploma, no entanto, não existe um desempenho
obrigatório aos alunos.
Na última sexta-feira, o ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, anunciou que o exame passará por um processo de aprimoramento em
2016. Entre as novidades está a inserção da nota do exame no currículo do
aluno, de forma que possa contar como critério para acesso à pós-graduação.
Outra mudança para o ano que vem é a implantação do Enade
Digital, para a aplicação da prova, e um mecanismo de avaliação mais preciso do
desempenho da instituição na formação dos alunos. Serão incorporadas à nota
final a taxa de desistência (estudantes que abandonaram o curso) e a evolução
de desempenho, que compara a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), de
ingresso na instituição, com a do Enade, na conclusão do curso.
TEXTO
03
Exposição Arte na Capa abre 2016 falando de cinema em
Resende
Os 120 anos da
sétima arte serão o tema de janeiro
Jornal Povo do
estado do Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2015, ANO I, nº 352
A Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda vai começar 2016
dando seguimento à exposição Arte na Capa, que no próximo mês terá como tema os
120 anos do cinema. A mostra, organizada pelo Museu da Imagem e do Som (MIS),
começará no dia 4 de janeiro e vai até o dia 29 do mesmo mês.
Montada de forma diferente, a exposição contará com
diversos itens relacionados ao universo do cinema, como 17 capas de vinil com
trilhas sonoras de filmes, revistas e livros do segmento e películas em mídias
VHS e vídeo laser. Também poderão ser vistos equipamentos usados na produção cinematográfica
como câmeras, projetor e editor.
De acordo com o diretor do museu, Guilherme Rodrigues, a
visitação ao longo de 2015 foi recorde para o projeto, que teve início em
fevereiro do ano passado abordando a temática de sambas-enredo de escolas de
samba.
- Estamos quase alcançando o número de 3.500 visitas neste
ano, o que para nós é gratificante e ao mesmo tempo surpreendente. Além das
visitas individuais, também recebemos muitos grupos escolares voluntariamente e
também através do projeto Turismo nas Escolas. Nesses dias, a média é de 40 a
60 visitantes - conta Guilherme.
O Museu da Imagem e do Som funciona dentro da Casa da
Cultura, na Rua Dr. Luís da Rocha Miranda, 117, no Centro Histórico. Grupos
interessados em agendar visitas podem entrar em contato pelo telefone (24)
3354- 7530.
A fragilidade da vida
A ideia de que a vida é frágil demais nos assusta .......... cada instante!
Remete-nos à reflexão importante sobre o modo de ser do homem contemporâneo. Este homem que trabalha, trabalha e trabalha e que nunca se encontra realizado profissionalmente, vivendo em uma busca constante, em sua __________ profissional e pessoal. Cada vez mais vivemos numa sociedade da técnica, sociedade esta, digitalizada, em que tudo parece previsível, passível de transformação numérica. E é justamente no íntimo dessa convicção sobre o exato, que o inesperado faz sua intromissão devastadora, deixando marcas na história da humanidade. Na forma brutal, de um acidente fatal, onde a morte aproxima-se no recôndito do corpo de pessoas que estavam em um avião, que se abate sobre um edifício, causando-nos tamanha perplexidade e um sentimento enorme de impotência.
O desenvolvimento científico dos últimos anos, em progressão geométrica, __________ criado condições para uma vida saudável e uma idade avançada, um prolongamento da expectativa de vida que não conhecíamos .......... alguns poucos decênios passados. Somos com isso induzidos a uma segurança absoluta. O __________ torna-se permanente até que o inesperado acontece e leva-nos .......... ter uma nova concepção de vida. O tempo tem nova dimensão na velocidade dos acontecimentos que passam por nós numa sucessão ininterrupta, tudo reduzindo ao instante presente como se fosse eterno. Os dias não __________ fim com o por do sol, prolongando-se pelas noites que se estendem até o raiar do sol.
No entanto, apesar de tudo isso, é terrível constatar que a vida humana é muito frágil. Nossos dias passam velozes. Não nos adianta toda a segurança do mundo, toda a riqueza e poder. Estamos sujeitos sempre aos incômodos, incluindo-se as doenças e .......... morte. Portanto, devemos viver nossos dias com sabedoria, pois, a vida é uma só, uma única e poderosa oportunidade para realizarmos projetos grandiosos e enobrecedores, capazes de produzir efeitos enriquecedores nos outros e principalmente em nós mesmos. Para isso, olhe ao seu redor, perceba o reflexo que causa nos demais, perceba como se sente perante os mesmos e todos os dias perante você próprio. Faça uma autoanálise de como está vivendo.
O que me fez ficar pensando hoje foi o fato de a vida ser tão frágil. Em um momento estamos aqui bem, e em outro, em um piscar de olhos, não estamos mais. Tal fato contribuiu e muito para que eu refletisse e decidisse a viver cada momento, aproveitar cada oportunidade, ficar junto de quem gosto o máximo de tempo possível. Sei que é difícil, mas acho que tenho que parar de esperar que as coisas melhorem, que o trabalho diminua, que eu tenha mais dinheiro, que eu encontre um grande amor para aproveitar o que a vida está me oferecendo agora.
Não sei se estarei aqui daqui a um dia, daqui a um mês, daqui a um ano. Estarei aqui o tempo que me for permitido e quero que esse seja o melhor tempo de todos.
(Marizete Furbino – disponível em www.portaldafamilia.org/artigos - adaptado)
( ) As palavras “conhecíamos" e “incômodos" são acentuadas pela mesma regra.
( ) São paroxítonas terminadas em ditongo as palavras “contemporâneo" e “impotência", por isso acentuadas.
( ) A palavra “frágil", tanto no singular quanto no plural é acentuada pela mesma regra.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
OBS: Não serão exigidas as alterações introduzidas pelo Decreto Federal 6.583/2008 - Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, alterado pelo Decreto nº 7.875/2012 que prevê que a implementação do Acordo obedecerá ao período de transição de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2015, durante o qual coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida.”.
O destino viaja de ônibus
As última vez, nem toda lágrima foi suficiente
Da primeira vez, nem todo amor foi suficiente.
E agora, trêmulo percebo, que nada nunca foi suficiente.”
O problema da sociedade de consumo é que as necessidades são artificialmente estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando os indivíduos a consumirem de maneira alienada.
Multiplicam-se, de maneira intensa e rápida, as ofertas de possibilidades de consumo e a única coisa a que não se tem escolha é não consumir!
Os centros de compras se transformam em “catedrais do consumo", verdadeiros templos cujo apelo ao novo torna tudo descartável e rapidamente obsoleto.
Vendem-se coisas, serviços, ideias. Basta ver como em tempos de eleição é “vendida" a imagem de certos políticos...
A estimulação artificial das necessidades provoca aberrações do consumo: montamos uma sala completa de som, sem gostar de música; compramos biblioteca “a metro", deixando volumes “virgens" nas estantes; adquirimos quadros famosos, sem saber apreciá-los (ou para mantê-los no cofre). A obsolescência dos objetos, rapidamente postos “fora de moda", exerce uma tirania invisível, obrigando as pessoas a comprarem a televisão nova, o refrigerador ou o carro porque o design se tornou antiquado ou porque uma nova engenhoca se mostrou indispensável.
E, quando bebemos Coca-Cola porque “É emoção pra valer!", bebemos o slogan, o costume norte-americano, imitamos os jovens cheios de vida e alegria. Com nosso paladar é que menos bebemos...
Como o consumo alienado não é um meio, mas um fim em si, torna-se um poço sem fundo, desejo nunca satisfeito, um sempre querer mais. A ânsia do consumo perde toda relação com as necessidades reais do homem, o que faz com que as pessoas gastem sempre mais do que têm. O próprio comércio facilita tudo isso com as prestações, cartões de crédito, liquidações e ofertas de ocasião, “dia das mães" (...)
Composição: Chico Buarque
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.
(...)
(Texto retirado do site: http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/construcao.html)
Aprender a desfazer
O mundo tem aprendido que desfazer pode ser bem mais complicado que fazer. Pode ser mais difícil desfazer o aquecimento global. Pode ser impossível desfazer a destruição de uma floresta. Pode ser bem complicado desfazer o desaparecimento de uma espécie.
No campo da tecnologia, entretanto, ainda estamos engatinhando. Quem não terá em casa um equipamento eletrônico antigo que não sabe a quem dar porque ninguém quer, nem onde descartar porque não há um local apropriado e muito menos desmontar, porque quase nunca aprendemos a desfazer, de maneira econômica, aquilo que fizemos em tecnologia?
Funciona assim: quando um equipamento fica velho, pode ter muita riqueza dentro dele para ser reaproveitada. Com a ajuda da internet, você vai conseguir estimar quanto tem de plástico, vidro, metais comuns e preciosos até com boa aproximação. Feitas as contas, descobre-se rapidamente três grandes verdades da tecnologia de descaracterização de equipamentos:
1) Sem escala não há negócio. Não estamos falando de desmontar um celular, mas milhares deles;
2) O custo em tempo para desmontar o equipamento precisa ser muito menor que o valor que houver nele, caso contrário, não valerá a pena;
3) É preciso aproveitar tudo o que houver no equipamento para que a desmontagem seja, de verdade, rentável e não agrida o meio ambiente.
O nome da matéria que trata do assunto? Eco Design ou Design Ecológico e, no Brasil, universidades como a de São Carlos fazem um belo trabalho a respeito. Gosto de definir o assunto como a arte de projetar coisas, pensando em desfazê-las de forma simples e não agressiva, quando não forem mais úteis.
Como um exemplo vale mais que mil parágrafos, vou contar uma história. Corriam os idos dos anos noventa. Duas da manhã, eu virava uma noite de sexta-feira em um cliente na cidade do Rio de Janeiro, longe de casa, mais de uma semana, como na música.
Estávamos eu e um funcionário local, o grande Najan, que de cliente já havia se tornado amigo, tanto que viramos noites juntos no trabalho. De repente, desespero total. Na máquina em que eu trabalhava, um moderníssimo PC 386, não havia um leitor de disquetes de 5 ¼ de polegada. Era gravar um disquete e ganhávamos a liberdade, eu para voltar para casa e encontrar a família e ele direto para a praia ou algum outro merecido prazer da cidade maravilhosa.
- Deixa comigo, diz o Najan! Vou desmontar a unidade daquela máquina ali e trazer para cá, apontando para um equipamento modelo XT de marca que prefiro não dizer, já velho e perto da aposentadoria.
Caixa de ferramentas em punho, eu de cá animado e compilando os programas para gravar e mandar para a produção, ele de lá começa a desmontagem . E é aí que você vai entender um pouco de design ecológico. Vinte minutos depois, saio correndo da minha cadeira para segurar o Najan. Ele, martelo de borracha na mão e desespero nos olhos estufados, dava pancadas, de leve é verdade, na velha máquina e dizia:
- Um pai... Uma pancada... Paga escola a vida inteira... Outra pancada... Para um filho! Se sacrifica! Mais uma pancada... Pra ele projetar uma porcaria dessa. Pancada final.
Na mesa jaziam todas as peças do computador, totalmente desmontado para permitir a remoção de uma simples unidade de disco. Desnecessário dizer que o dia amanheceu antes que a gente terminasse todo o serviço e a devolvêssemos a seu jazigo eterno no seio daquele velho XT.
Se você olhar em volta na sua empresa e perceber que desmontar todos os equipamentos que estão lá vai ser complicado assim, passo o telefone do velho amigo Najan. Talvez ele ainda tenha o bom e velho martelo de borracha.
(Roberto Francisco Souza – Revista Ecológico – adaptado)
( ) Em “No campo da tecnologia, entretanto, ainda estamos engatinhando." A palavra “entretanto" pode ser substituída por “contudo", sem que se altere o sentido do texto.
( ) O sinal de pontuação dois pontos ( : ) após a palavra “assim", no terceiro parágrafo, foi usado para dar início a uma sequência que explica.
( ) Em “... pensando em desfazê-las de forma simples..." o pronome foi empregado proclítico ao verbo.
( ) Em “...você vai conseguir estimar quanto tem de plástico, vidro, metais comuns e preciosos..." as vírgulas são obrigatórias.
( ) As palavras “devolvêssemos", “máquina" e “ganhávamos" são acentuadas pela mesma regra. A sequência correta, de cima para baixo, é:
Pitangueira inspiradora
As árvores daquele bosque tornavam o residencial ainda mais atraente e harmonioso. Em pouco tempo, a pitangueira passou a mesclar o verde das folhas com vários tons de vermelho das frutinhas. Os pássaros sentiam-se em casa, como que num grande refeitório. As duas meninas, Luisa e Mariana, gostavam de brincar no bosque. Naquela manhã, sem nenhum ruído estrondoso, _________ uma fantástica ideia: colher pitangas e vender aos moradores. Colhidas as frutas, tocaram …...... campainha dos apartamentos: três pitangas por um real. Os rendimentos seriam destinados ao Projeto Mão Amiga, que _________ crianças em situação de vulnerabilidade social.
Senti uma grande emoção quando recebi um saquinho com as moedas arrecadadas com a comercialização das pitangas. Um gesto que ultrapassou a quantidade para elevar a solidariedade. Pensei comigo: o mundo não está perdido, como alguns pensam. Quando crianças de sete anos colhem algumas frutinhas para ajudar outras crianças, em situação menos favorável, a esperança de um mundo novo deixa de ser distante e anônima. Nem os pais sabiam do incrível plano de ação fraterna. A alegria contagiou os presentes. O fato não sai da lembrança. Um aprendizado e tanto.
Toda vez que meus olhos alcançarem uma pitangueira recordarei do doce coração das duas meninas que comercializaram pitangas, para auxiliar outras crianças em situação social desfavorável. Onde está alguém fazendo o bem, a emoção se torna incontida. Evidente que esses gestos deveriam estar multiplicados nos diversos ambientes de convivência humana. Afinal, a bondade nunca deixou de ser significativa. Talvez os humanos andaram um tanto esquecidos de tal prática. Aprender com as crianças é alcançar a essência.
Nem todos levam jeito para comercializar pitangas. Porém, todos podem usar da criatividade que é inerente …...... bondade. Faz bem fazer o bem. Se não …...... nada para ser ofertado, ainda assim restam muitas opções: escutar quem necessita desabafar, abraçar quem já não tem motivos para continuar a caminhada, sorrir para quem foi tomado pela tristeza, acolher quem está sem rumo, amar quem nunca provou da gratuidade do amor. Antes que a pitangueira _________ novamente, é importante dar-se conta que somente um coração de criança é capaz de entender que a fraternidade é possível e que a solidariedade é um fruto encontrado em todas as estações.
(Frei Jaime Bettega – Jornal Correio Riograndense – 18/11/2015 – adaptado)
Sempre me impressiona o impulso geral de igualar a todos ser diferente, sobretudo ser original, é defeito Parece perigoso E, se formos diferentes, quem sabe aqui e ali uma medicaçãozinha ajuda.
Alguém é mais triste? Remédio nele. Deprimido? Remédio nele (ainda que tenha acabado de perder uma pessoa amada, um emprego, a saúde). Mais gordinho? Dieta nele. Mais alto? Remédio na adolescência para parar de crescer. Mais relaxado na escola? Esse é normal. Mais estudioso, estudioso demais? A gente se preocupa, vai virar nerd (se for menina, vai demorar a conseguir marido).
Não podemos, mas queremos tornar tudo homogêneo, meninas usam o mesmo cabelo, a mesma roupa, os mesmos trejeitos; meninos, aquele boné virado. Igualdade antes de tudo, quando a graça, o poder, a força estão na diversidade. Narizes iguais, bocas iguais, sobrancelhas iguais, posturas iguais.
Não se pode mais reprovar crianças e jovens na escola, pois são todos iguais. Serão? É feio, ou vergonhoso, ter mais talento, ser mais sonhador, ter mais sorte, sucesso, trabalhar mais e melhor.
Vamos igualar tudo, como lavouras de repolhos, se possível... iguais. E assim, com tudo o que pode ser controlado com remédios, nos tornamos uma geração medicada. Não todos - deixo sempre aberto o espaço da exceção para ser realista, e respeitando o fato de que para muitos os remédios são uma necessidade —, mas uma parcela crescente da população é habitualmente medicada.
Remédios para pressão alta, para dormir, para acordar, para equilibrar as emoções, para emagrecer, para ter músculos, para ter um desempenho sexual fantástico, para ter a ilusão de estar com 30 anos quando se tem 70 Faz alguns anos reina entre nós o diagnóstico de déficit de atenção para um número assustador de crianças.
Não sou psiquiatra, mas a esta altura de minha vida criei e acompanhei e vi muitas crianças mais agitadas, ou distraídas, mas nem por isso precisadas de medicação a torto e a direito. Fala-se, não sei em que lugar deste mundo louco, em botar Ritalina na merenda das escolas públicas. Tal fúria de igualitarismo esconde uma ideologia tola e falsa.
Se déssemos a 100 pessoas a mesma quantidade de dinheiro e as mesmas oportunidades, em dois anos todas teriam destino diferente: algumas multiplicariam o dinheiro; outras o esbanjariam; outras o guardariam; outras ainda o dedicariam ao bem (ou ao mal) alheio.
Então, quem sabe, querer apaziguar todas as crianças e jovens com medicamentos para que não estorvem os professores já desesperados por falta de estímulo e condições, ou para permitir aos pais se preocuparem menos, ou ajudar as babás enquanto os pais trabalham ou fazem academia ou simplesmente viajam, nem valerá a pena.
Teremos mais crianças e jovens aturdidos, crianças e jovens mais violentos e inquietos quando a medicação for suspensa. Bastam, para desatenção, agitação e tantas dificuldades relacionadas, as circunstâncias de vida atual.
Recentemente, uma pediatra experiente me relatou que a cada tantos anos aparecem em seu consultório mais crianças confusas, atônitas, agitadas demais, algumas apenas sofrendo por separações e novos casamentos, em que os filhos, que não querem se separar de ninguém, são puxados de um lado para o outro, sem casa fixa, um centro de referência, um casal de pais sempre os mesmos.
Quem as traz são mães ou pais em igual estado. Correrias, compromissos, ansiedade por estar na crista da onda, por participar e ser o primeiro, por não ficar para trás, por não ser ignorado, por cumprir os horários, as prescrições, os comandos, tudo o que tantas pressões sociais e culturais ordenam, realmente estão nos tornando eternos angustiados e permanentes aflitos.
Mudar de vida é difícil. Em lugar de correr mais, parar para pensar, roubar alguns minutos para olhar, contemplar, meditar, também é difícil, pois é fugir do padrão. Então seguimos em frente, nervosos com nossos filhos mais nervosos. Haja psicólogo, psiquiatra e medicamento para sermos todos uns repolhos iguais.
Lya Luft, disponível em [http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/lema-livre/iya-luft-repoihos-iguais/], publicado em 10/5/2014, consultado em 18/10/2014.
I. Em sua maneira de andar há um quê de menina, embora já seja uma mulher.
II. Por quê você está rindo da situação? Não é o caso, com certeza.
III. Não sei o quê ela viu nesse rapaz, ele não tem modos e é grosseiro com todos!
IV. Quê bom você haver resolvido voltar a estudar!
Os termos “quê", acentuados, foram empregados em consonância com a norma culta no(s) período(s) apresentado(s) em:
▪ Frase 1: O comércio entre os países do Mercosul quadruplicaram nos últimos anos – e fazem os melhores negócios quem se comunica melhor. ▪ Frase 2: O péssimo estado de conservação de muitas rodovias catarinenses causam prejuízos de milhões de reais aos cofres públicos.
Sobre elas, assinale a alternativa correta.
As crianças e a conta do mês
Braulio Tavares
Eu nunca soube quanto meu pai ganhava de salário, nunca soube quanto era o aluguel que ele pagava antes de comprar a casa própria. Na minha casa, havia umas noites em que meu pai e minha mãe sentavam à mesa da sala, após o jantar, e em vez das cartas de “crapô” (um jogo de baralho que era o grande passatempo da família) espalhavam sobre ela as contas do mês. E começava aquela ladainha de sempre. “Pagamos esta, deixamos esta outra esperando...” As contas são sempre mais do que o que a gente tem no momento, então é preciso fazer esse malabarismo, melhor deixar que todas atrasem um pouquinho do que deixar uma delas atrasar demais.
O detalhe é que quando a gente se aproximava para acompanhar eles diziam: “Vá brincar, papai e mamãe estão cuidando de coisas sérias” – não eram essas as palavras, mas era a intenção. Hoje, já tendo passado pelo penoso processo de acompanhar os filhos na entrada da idade adulta, fico me perguntando se não seria melhor puxar as crianças desde cedo para dentro desse processo. Crianças só ficam sabendo dessas coisas quando o problema se tornou grande, quando os pais já estão se descabelando, batendo boca, irritados: “Mas não é possível, dois meses de atraso no colégio, os meninos estão sendo cobrados na frente da classe toda!”
Seria interessante dar uma ideia, desde cedo, de como a casa é administrada. Crianças sentem, com razão, que têm direito àquilo tudo: casa, comida, brinquedo, tudo o mais. O.k., não precisam devolver uma parte da mesada. Mas, seria bom que tivessem ideia de quanto custa aquela estrutura toda à sua volta. Crianças parecem pensar que os pais têm um suprimento inesgotável de dinheiro e quando negam alguma coisa é por sovinice ou má vontade. O pagamento das contas da casa é um processo totalmente invisível aos olhos dos filhos. Ninguém sabe nada, porque não é com eles. Com eles é pedir o dinheiro do cinema, do ônibus, do lanche, um direito seu.
Penso hoje, que se eu tivesse participado mais daqueles serões na mesa da sala, percebendo a proporção dos ganhos e dos gastos, isso teria me ajudado a administrar melhor minhas várias casas, depois que virei adulto. Não custa muito. É uma espécie de dever de casa que se faz uma vez por mês, não mais do que isso, mas pode ajudar a gente a deixar mais nítidas em todas as ideias e a convicção emocional de que “estamos todos no mesmo barco”.
Fonte: Disponível em: http://goo.gl/vG4m9x