Questões de Português - Análise sintática para Concurso

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Q1682792 Português

    Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em meu entredormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado e olhei atônito para um tipo de chiru, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:

— Pois é! Não vê que eu sou o sereno...

Mário Quintana. In: As cem melhores crônicas brasileiras. São Paulo: Objetiva, 2007.

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item. 
Em “Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: ‘Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!’“, os termos “Tia Tula” e “menino” desempenham a mesma função sintática nas orações em que ocorrem, o que justifica o fato de serem isolados por vírgulas.
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Q1682489 Português
O verão da inteligência artificial

     Panaceia ou armadilha diabólica são as posições extremas no espectro de quem discute Inteligência Artificial (IA) e as consequências de sua aplicação. Provavelmente a verdade (mas, o que é “verdade?”) deve localizar-se em algum ponto intermediário. E tanto os apologéticos como os apocalípticos obtém apoio de peso: o próprio Stephen Hawking teria declarado que “conseguir sucesso na criação real de IA poderá ser o maior evento da história da nossa civilização. Ou o pior. Não sabemos...”
      O que ajuda a carrear tanta atenção à IA é que, talvez levianamente, grudamos o rótulo de IA em muitas coisas que seriam, apenas, sofisticada tecnologia, tratamentos estatísticos e exame de correlação de dados.
       Reconhecimento facial, por exemplo, é um tema de pesquisa desde os anos 60, e até recentemente não relacionado a IA. O mesmo se pode dizer das eficientíssimas máquinas de busca de que dispomos da internet de hoje. Foi o rápido e contínuo desenvolvimento do poder computacional que, aplicado a algoritmos, permitiu que usássemos a impressão digital, ou imagem da íris, ou reconhecimento facial como identificadores pessoais de acesso. Processamento, associado a capacidade quase ilimitada de armazenamento e intercomunicação em rede, gerou ferramentas de busca e de localização.
       Parece vontade de “dourar a pílula” da IA – por si já muito poderosa – colocar tudo sob o mesmo guarda-chuva. Aliás, cunha-se a sigla IA (Inteligência Artificial) para designar essa simplificação matreira e oportunista.
     Os exemplos citados podem ser muito potencializados com a introdução da IA. Algoritmos fixos usados tornam-se dinâmicos: “aprendem” com seus próprios erros e resultados e buscam refinar sua ação. Não se trata mais, apenas, de identificar uma face, mas de detectar o estado de espírito do indivíduo e, se possível, inferir suas intenções. Não estamos simplesmente encontrando coisas na rede, mas recebendo resultados personalizados que, além de ter maior sintonia com o que procuramos, procuram causar mais impacto no que faremos depois. O céu (ou o inferno...) é o limite do que se pode conseguir quando sistemas evoluem a partir da sua própria experiência, afastam-se do seu funcionamento original e chegam a obter autonomia de difícil predição ou controle.
        Há, assim, um efeito “moda” sobreposto a um real e afetivo progresso rumo a uma IA exuberante. Se previsões alarmantes, como 1984, de George Orwell ou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, parecem estar se concretizando rapidamente, outras mais otimistas e animadoras, como robôs domésticos, viagens interplanetárias e carros totalmente autônomos ainda situam-se no campo das possibilidades. A história da IA começa nos anos 60 e apresenta uma “ciclotimia”: passa-se de momentos de euforia para momentos de retração, que ficaram conhecidos como os “invernos da IA”.
      Estamos claramente num pleno verão, um pouco forçado, mas indiscutível. Há também alguns indícios de reconhecimento: levantam-se dúvidas sobre “carros automáticos”, se chegaremos mesmo à singularidade de Ray Kurzweil etc.. Há quem prenuncie um novo inverno pela frente. Se esse inverno vier, que seja na forma de oportunidades para avaliar riscos e benefícios, o uso ética e controle de tecnologias críticas que representam a ameaças à civilização.
        Ou seja, que esse inverno traga um renascimento auspicioso como Shakespeare coloca na boca de Ricardo III: “... o inverno do nosso descontentamento converte-se agora em glorioso verão... e todas as nuvens que ameaçavam nossa casa estão enterradas no mais profundo dos oceanos”.

(Disponível em: https://link.estadao.com.br/noticias/geral,o-verao-dainteligencia-artificial,70003166362. Demi Getschko.)
Analise as afirmativas a seguir.

I. Em “[...] até recentemente não relacionado a IA” e “[...] associado a capacidade quase ilimitada de armazenamento”, há incorreção gramatical.

II. As palavras destacadas em “o mesmo se pode dizer” ese previsões alarmantes” desempenham a mesma função sintática, por isso recebem a mesma classificação.

III. Em “A história da IA começa nos anos 60 e apresenta uma ‘ciclotimia’: passa-se de momentos de euforia para momentos de retração, [...]”, os dois-pontos poderiam ser substituídos por “ou seja” sem prejudicar o sentido do trecho.

Está correto o que se afirma apenas em
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Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE Provas: CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Arquiteto | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Enfermeiro | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Engenheiro Civil | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Farmacêutico | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Fisioterapeuta | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Fonoaudiólogo | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Médico Veterinário | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Nutricionista | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor de Educação Básica - Artes | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor de Educação Básica - Ciências | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Psicopedagogo | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Psicólogo | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor - Educação Infantil e Ensino Fundamental | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor de Educação Básica - Português | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor de Educação Básica - Matemática | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor de Educação Básica - Libras | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor de Educação Básica - Inglês | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor de Educação Básica - História | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor de Educação Básica - Geografia | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Professor de Educação Básica - Ensino Religioso | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Educador Social | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Profissional de Educação Física | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Biomédico | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Biólogo | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Bibliotecário | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Auditor Fiscal | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Assistente Social | CESPE / CEBRASPE - 2020 - Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE - Profissional - Educação Física |
Q1681842 Português
No trecho “Tal sentimento é uma via de mão dupla: beneficia não só quem o desenvolve, mas também o emissor” (R. 30 e 31), do texto CG1A2-I, a expressão “não só ... mas também” exprime uma relação de
Alternativas
Q1680024 Português
TEXTO
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.

O HÍFEN NO DIVÃ

(1º§) Sempre fui incompreendido. Apesar de ser tão importante fui, muitas vezes, desprezado. Mesmo quando tinha que unir palavras que não poderiam prescindir de mim. Poucas pessoas prestavam atenção às regras. Colocavam-me a seu bel-prazer, achando que estavam até mesmo me fazendo um favor. Isso foi me causando desde um delírio de grandeza até um complexo muito forte de inferioridade. Tentei a indiferença, a prepotência, formas de me proteger. Passei a considerar ignorantes todos aqueles que me desprezavam conscientemente ou não.
(2º§) Minha crise de identidade me levou ao analista. Aliás, pseudo analista. Faço questão de separar essas duas palavras, para mostrar a diferença entre o falso e o legítimo. Não me conformo com a nova ortografia. Estou numa crise existencial ao extremo. Vejo palavras bem à vontade sem a minha presença.
(3º§) Tenho observado pessoas confusas querendo simplesmente me extinguir como fizeram com o trema. Sei que ele foi perdendo importância no nosso país, mas pode se refugiar na Alemanha. Pedi ajuda à reticência, dizendo que ela poderia ser a próxima. Nem me ouviu. Considera-se muito importante, num mundo onde muitos evitam dizer tudo o que pensam. Afirma que é necessária, jamais será extinta, pois existem até mesmo pessoas reticentes, mesmo sem a presença dos três pontos.
(4º§) Tentam simplificar o meu caso, dizendo, muitas vezes, que vale a regra anterior. Como se todos conhecessem e soubessem aplicar regras. Ao invés de simplificar, complicaram tudo. E eu fico vagando entre algumas palavras e querendo permanecer entre outras que não me aceitam mais. O pseudo analista disse que preciso me adaptar. Simplesmente assim. Adaptação. Como se fosse fácil. Pensei que me entenderia, que estaria ao meu lado, lutando por minha posição. Não, acho que está a serviço da Academia Brasileira de Letras.
(5º§) Agora, estou também com mania de perseguição. Completamente perdido. As pessoas evitam palavras antes separadas por mim, por não saberem mais como escrevê-las.
(6º§) Sinto-me abandonado, desprezado, humilhado, vejo palavras deformadas, como: motosserra, autoestima, antirracismo, antissocial, ultrassom. Permaneço entre as cores (azul-marinho, azul-esverdeado, por exemplo), no guarda-roupa (que deprimente), mas não me conformo.
(7º§) Pedi ajuda ao ponto e vírgula para a minha causa. Ele não se importa de não ser bem usado. O acento indicativo de crase simplesmente me ignorou. Tem vários casos e a certeza de que, sendo polêmico, enquanto existirem concursos e vestibulares estará garantido.
(8º§) Preciso encontrar um analista que me entenda, saiba realmente como me sinto. Talvez eu fique morando no seu divã (mesmo que não haja lugar para mim nessa palavra).

(Geni Oliveira - Professora aposentada e escritora.) - (Adaptado)
Marque o que NÃO se comprova na composição textual.
Alternativas
Q1679855 Português
TEXTO I

Cientistas afirmam ter identificado nova variante do coronavírus na Europa

Pesquisa, que ainda não foi publicada em revista científica, aponta que a mutação do Sars-CoV-2 surgiu no início do verão europeu, provavelmente na Espanha, e se espalhou por vários países.

Cientistas de vários institutos e universidades na Suíça e na Espanha afirmam ter identificado uma nova variante do novo coronavírus (Sars-CoV-2) na Europa. Ela foi batizada de 20A.EU1.

O estudo aponta que a nova "versão" do Sars-CoV-2 surgiu em junho, no início do verão europeu, provavelmente na Espanha, e se espalhou por vários países.

Os cientistas não souberam dizer se o aumento de casos no continente está relacionado com a nova variante.

A pesquisa com o resultado do estudo foi divulgada em uma plataforma de pré-print, ou seja, o texto ainda não foi revisado por outros especialistas, etapa na qual as revistas científicas avaliam a qualidade do trabalho e decidem se ele será publicado.

As mutações ocorrem normalmente em vírus, incluindo o Sars CoV-2, e não necessariamente refletem em uma versão "mais forte" ou mais transmissível. Os pesquisadores ainda precisarão estudar o impacto das mudanças no código genético para confirmar qualquer diferença na infecção em seres humanos.

Frequência

De acordo com a pesquisa, a nova variante do vírus tem aparecido com frequência acima de 40% entre os infectados em território espanhol desde julho. Fora da Espanha, ele se manteve em níveis mais baixos até 15 de julho, mas depois chegou a ficar com percentuais entre 40% e 70% em setembro na Suíça, Irlanda e Reino Unido. A mutação também é prevalente na Noruega, Letônia, Holanda e França.

A pesquisa foi feita por cientistas das universidades de Basel, na Suíça; do Instituto Suíço de Bioinformática; do ETH Zürich em Basel; do Instituto de Biomedicina e da Universidade de Valência, na Espanha; e do Centro de Pesquisa Biomédica em Epidemiologia e Rede de Saúde Pública (Ciberesp, na sigla em espanhol), em Madri.

 Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/10/29/cientistas-afirmamter-identificado-nova-variante-do-coronavirus-na-europa.ghtml. Acesso em 05.11.2020
Leia o excerto a seguir:

“Pesquisa, que ainda não foi publicada em revista científica, aponta que a mutação do Sars-CoV-2 surgiu no início do verão europeu, provavelmente na Espanha, e se espalhou por vários países.”

Os termos em negrito estão separados por vírgula. Sobre o uso dessas vírgulas, podemos afirmar que elas foram utilizadas com a função de

I. separar termos de mesma classe de palavras.

II. vocativo.

III. separar expressões explicativas ou de retificação.

É correto o que se apresenta
Alternativas
Q1679675 Português
TEXTO
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.

A EDUCAÇÃO POSSÍVEL

(1º§) Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações sobre o mundo (com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida pública, nem sempre um espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima dos seus já polpudos ganhos, enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo propaganda de bebida num momento em que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem, e muito.

(2º§) Estamos tristemente carentes de bons modelos, e o sucesso da visita do papa também fala disso: além do fator religião, milhares foram em busca de uma figura paternal admirável, que lhes desse esperança de que retidão, dignidade, incorruptibilidade, ainda existem.
(3º§) Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém um professor eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de construir sua vida e desenvolver sua personalidade?
(4º§) É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos ensinar aos alunos o mais elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa.
(5º§) Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar, ler, escrever e falar bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento, é um objetivo fantástico. As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar, escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade.
(6º§) No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de conhecimentos deve aumentar. Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece, nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão mal aplicado: "cidadania".
(7º§) O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos dois primeiros. Ou tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito menos escrever de forma coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender qualquer matéria, sem sequer saber se conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo, frustrados.
(...)
(8º§) Em tudo isso, estamos melancolicamente atrasados. Dizem que nossa economia floresce, mas a cultura, senhores, que inclui a educação (ou vice-versa, como queiram...), anda mirrada e murcha. Mais uma vez, corrigir isso pode ser muito simples. Basta vontade real. Infelizmente, isso depende dos políticos, depende dos governos. Depende de cada um de nós, que os escolhemos e sustentamos.


(Lya Luft é escritora. Texto da VEJA - Edição 2009) - (Adaptado)
Julgue as assertivas com V(Verdadeiro) ou F(Falso). Em seguida, marque a alternativa correta.
(__)O (2º§) inicia com sujeito elíptico, identificado pelo verbo de primeira conjugação seguido de advérbio que modifica o adjetivo com função sintática de predicativo.
(__)Nos termos sublinhados no trecho: "que lhes desse esperança de que retidão, dignidade, incorruptibilidade, ainda existem". - identificamos, respectivamente: pronome oblíquo com função sintática de objeto indireto, preposição imposta pela regência nominal, substantivo abstrato trissílabo paroxítono sem acento gráfico que justifique a tonicidade.
(__)O primeiro período do (3º§) inicia com elemento coesivo adversativo, contém uso de crase imposta pela regência do verbo de terceira conjugação, apresenta dois pontos antes de oração interrogativa.
(__)O primeiro período do (4º§) está escrito com elementos coesivos que enunciam ideia comparativa.
(__)A oração do (4º§): "Projetos inúteis que se nos apresentam". - pode ser reescrita sem alterar o sentido semântico contextual, assim: "Projetos inúteis que são apresentados a nós".
Alternativas
Q1679076 Português
Leia o texto a seguir para responder à questão.

Os desafios da conservação da água no Brasil
   Um dos países com maior disponibilidade de recursos hídricos do mundo, o Brasil tem problemas com seus indicadores de água. O acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto no país é desigual. As áreas urbanas tendem a ter índices melhores, enquanto áreas irregulares e afastadas são mais prejudicadas. Além de políticas públicas que assegurem o atendimento, que é dificultado pela distribuição desequilibrada da água e da população no território brasileiro, outro imbróglio é a conservação do próprio recurso, que enfrenta desafios.

Falta de saneamento
   Um dos maiores vilões da qualidade da água no Brasil é a oferta de saneamento básico. Pouco mais da metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de esgoto em 2017, e apenas 46% do esgoto total é tratado, de acordo com o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento.
   Dessa forma, um grande volume de esgoto não coletado ou não tratado é despejado em corpos d'água, provocando problemas ambientais e de saúde. "Essa falta de infraestrutura de saneamento básico tem um impacto brutal na qualidade das águas de todo o país”, diz o especialista Carlos.
   Não só a carência de coleta e de tratamento de esgoto é problemática, mas também a poluição causada por indústrias e pela agricultura, como o lançamento de agrotóxicos. 

Desmatamento, em especial no Cerrado
   O desmatamento de matas ciliares, que acontece em todas as bacias hidrográficas do Brasil, altera a quantidade e a qualidade dos corpos hídricos. Essa vegetação protege o solo, ajuda na infiltração da água da chuva e na alimentação do lençol freático e permite a recarga dos aquíferos.
   Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do solo, a erosão e a taxa de evaporação da água. Segundo José Francisco Gonçalves Júnior, professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a uma indisponibilidade natural de recursos hídricos.
   Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, considerado a "caixa d'água do Brasil" por causa de sua posição estratégica na formação de bacias hidrográficas, vem sendo devastado pela expansão da fronteira agrícola. "Qualquer alteração no Cerrado pode levar a uma degradação de inúmeras bacias hidrográficas de extrema relevância para obtenção de recursos hídricos brasileiros", afirma Gonçalves.
    Para o professor, o uso do solo do bioma teve um efeito positivo na produtividade agrícola, mas a falta de uma regulação mais firme tem levado a uma superexploração, com vários danos. "Perda de território, de recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nascentes e uma degradaçãoediminuição da disponibilidade de água", enumera. 

(Disponível em
https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%C3%ATH%C3%A30-da-%C3%A1 gua-no-brasil/a-47996980)
“Dessa forma, um grande volume de esgoto não coletado ou não tratado é despejado em corpos d'água, provocando problemas ambientais e de saúde”. (3º parágrafo) O trecho destacado expressa em relação ao conjunto da frase uma ideia com valor de:
Alternativas
Q1679074 Português
Leia o texto a seguir para responder à questão.

Os desafios da conservação da água no Brasil
   Um dos países com maior disponibilidade de recursos hídricos do mundo, o Brasil tem problemas com seus indicadores de água. O acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto no país é desigual. As áreas urbanas tendem a ter índices melhores, enquanto áreas irregulares e afastadas são mais prejudicadas. Além de políticas públicas que assegurem o atendimento, que é dificultado pela distribuição desequilibrada da água e da população no território brasileiro, outro imbróglio é a conservação do próprio recurso, que enfrenta desafios.

Falta de saneamento
   Um dos maiores vilões da qualidade da água no Brasil é a oferta de saneamento básico. Pouco mais da metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de esgoto em 2017, e apenas 46% do esgoto total é tratado, de acordo com o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento.
   Dessa forma, um grande volume de esgoto não coletado ou não tratado é despejado em corpos d'água, provocando problemas ambientais e de saúde. "Essa falta de infraestrutura de saneamento básico tem um impacto brutal na qualidade das águas de todo o país”, diz o especialista Carlos.
   Não só a carência de coleta e de tratamento de esgoto é problemática, mas também a poluição causada por indústrias e pela agricultura, como o lançamento de agrotóxicos. 

Desmatamento, em especial no Cerrado
   O desmatamento de matas ciliares, que acontece em todas as bacias hidrográficas do Brasil, altera a quantidade e a qualidade dos corpos hídricos. Essa vegetação protege o solo, ajuda na infiltração da água da chuva e na alimentação do lençol freático e permite a recarga dos aquíferos.
   Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do solo, a erosão e a taxa de evaporação da água. Segundo José Francisco Gonçalves Júnior, professor do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a uma indisponibilidade natural de recursos hídricos.
   Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, considerado a "caixa d'água do Brasil" por causa de sua posição estratégica na formação de bacias hidrográficas, vem sendo devastado pela expansão da fronteira agrícola. "Qualquer alteração no Cerrado pode levar a uma degradação de inúmeras bacias hidrográficas de extrema relevância para obtenção de recursos hídricos brasileiros", afirma Gonçalves.
    Para o professor, o uso do solo do bioma teve um efeito positivo na produtividade agrícola, mas a falta de uma regulação mais firme tem levado a uma superexploração, com vários danos. "Perda de território, de recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nascentes e uma degradaçãoediminuição da disponibilidade de água", enumera. 

(Disponível em
https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%C3%ATH%C3%A30-da-%C3%A1 gua-no-brasil/a-47996980)
“Um dos maiores vilões da qualidade da água no Brasil é a oferta de saneamento básico. Pouco mais da metade da população brasileira, 52,4%, tinha coleta de esgoto em 2017, e apenas 46% do esgoto total é tratado” (2º parágrafo). O conectivo que melhor une as duas frases é:
Alternativas
Q1679033 Português

Fogo de palha ou surto de hashtag?


    Num mundo em que nem os números, ou nem sequer os satélites, são confiáveis, ai de nós que queremos formar uma ideia sobre acontecimentos importantes, ainda que apenas modestamente parecida com a realidade. A Amazônia está pegando fogo inteirinha, como aparece naqueles mapas em que os focos são colocados em tamanho perceptível aos olhos, mas evidentemente não compatível com o da vida real? Os incêndios aumentaram 1 quatrilhão por cento? A culpa é de Fulano? Para facilitar um pouco a vida dos obcecados que têm mania de fazer perguntas e não esperar respostas fáceis, alguns filtros podem ser aplicados, em várias situações, na tentativa de distinguir fatos e suas infinitas interpretações.

    Fator hashtag. Está bombando nas redes sociais e não é um gatinho adorável? Desconfie, desconfie muito. É bom ter um canal para expressar sentimentos e opiniões. #metoo, #timesup ou #prayforamazonia são exatamente isso. Servem, dessa forma, para avaliar humores emocionais, não como um prognóstico infalível. Outra pequena dica: gente que nunca rezou por nada e de repente se prostra diante do divino por causa da floresta é como certos candidatos que vão à missa e até comungam em véspera de eleição.

    Fator fofura. Apresentadores ou influenciadores se emocionam e ficam com a voz embargada? Estão tratando de Greta Thunberg, a adolescente sueca em que tantos adultos querem acreditar, ou de macaquinhos indianos chamuscados e transportados por pensamento mágico para a floresta brasileira. Os ultrassensíveis, programados, como todos os humanos, para se comover com filhotes de mamíferos, moram bem longe dela. De perto, independentemente de sua importância e de seus prodígios, as florestas sempre foram fonte de temor. Ah, sim, se aparecer alguém usando cocar, a coisa está perdida. Índios não usam cocar no dia a dia, exceto para efeitos midiáticos.

    Fator uma semana. Passaram-se sete dias e o acontecimento, sem ter mudado em sua essência, sumiu do mapa. Depois do pico do fogo de palha, existe uma tendência a falar mais francamente. Registrem-se as manifestações a favor do “intervencionismo ambiental”. Escreveu um valente professor americano, Lawrence Douglas, comparando-o ao intervencionismo humanitário: “A comunidade internacional precisa assumir a responsabilidade – não, em primeira instância, aplicando a força militar, mas através de sanções comerciais e boicotes econômicos”. Por incrível coincidência, 46 deputados e dezessete ONGs da França propuseram sanções contra a soja e a carne importadas do Brasil. Não é só aqui que tem bancada ruralista.

(Vilma Gryzinski, Veja, 11.09.2019. Adaptado)

É correto afirmar que a expressão destacada na passagem – ... queremos formar uma ideia sobre acontecimentos importantes, ainda que apenas modestamente parecida com a realidade. – introduz, no contexto, relação de sentido de
Alternativas
Q1678220 Português
Leia o texto. Um poema de João Cabral de Mello Neto.

Antes da leitura, saiba que o poema é composto por estrofes que contêm versos (linhas). Este tem quatro estrofes com quatro versos cada uma delas.


O ovo da galinha

O ovo revela o acabamento
a toda mão que o acaricia
daquelas coisas torneadas
num trabalho de toda vida.

E que se encontra também noutras
que entretanto mão não fabrica:
nos corais, nos seixos* rolados
e em tantas coisas esculpidas

cujas formas simples são obra
de mil inacabáveis lixas
usadas por mãos escultoras
escondidas na água, na brisa.

No entretanto, o ovo e apesar
da pura forma concluída,
não se situa no final:
está no ponto de partida.
(*pedras)
Assinale a alternativa em que a vírgula foi corretamente usada e a justificativa para seu uso também está correta.
Alternativas
Q1678218 Português
Leia o texto. Um poema de João Cabral de Mello Neto.

Antes da leitura, saiba que o poema é composto por estrofes que contêm versos (linhas). Este tem quatro estrofes com quatro versos cada uma delas.


O ovo da galinha

O ovo revela o acabamento
a toda mão que o acaricia
daquelas coisas torneadas
num trabalho de toda vida.

E que se encontra também noutras
que entretanto mão não fabrica:
nos corais, nos seixos* rolados
e em tantas coisas esculpidas

cujas formas simples são obra
de mil inacabáveis lixas
usadas por mãos escultoras
escondidas na água, na brisa.

No entretanto, o ovo e apesar
da pura forma concluída,
não se situa no final:
está no ponto de partida.
(*pedras)
Assinale a alternativa correta, considerando o texto.
Alternativas
Q1677037 Português
TEXTO
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.

A EDUCAÇÃO POSSÍVEL

(1º§) Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações sobre o mundo (com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida pública, nem sempre um espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima dos seus já polpudos ganhos, enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo propaganda de bebida num momento em que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem, e muito.

(2º§) Estamos tristemente carentes de bons modelos, e o sucesso da visita do papa também fala disso: além do fator religião, milhares foram em busca de uma figura paternal admirável, que lhes desse esperança de que retidão, dignidade, incorruptibilidade, ainda existem.
(3º§) Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém um professor eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de construir sua vida e desenvolver sua personalidade?
(4º§) É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos ensinar aos alunos o mais elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa.
(5º§) Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar, ler, escrever e falar bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento, é um objetivo fantástico. As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar, escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade.
(6º§) No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de conhecimentos deve aumentar. Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece, nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão mal aplicado: "cidadania".
(7º§) O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos dois primeiros. Ou tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito menos escrever de forma coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender qualquer matéria, sem sequer saber se conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo, frustrados.
(...)
(8º§) Em tudo isso, estamos melancolicamente atrasados. Dizem que nossa economia floresce, mas a cultura, senhores, que inclui a educação (ou vice-versa, como queiram...), anda mirrada e murcha. Mais uma vez, corrigir isso pode ser muito simples. Basta vontade real. Infelizmente, isso depende dos políticos, depende dos governos. Depende de cada um de nós, que os escolhemos e sustentamos.


(Lya Luft é escritora. Texto da VEJA - Edição 2009) - (Adaptado)
Marque o que não se comprova no período: "As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se¹ o aluno souber raciocinar, avaliar, escolher e se² comunicar dentro dos limites de sua idade". 
Alternativas
Q1677034 Português
TEXTO
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.

A EDUCAÇÃO POSSÍVEL

(1º§) Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações sobre o mundo (com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida pública, nem sempre um espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima dos seus já polpudos ganhos, enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo propaganda de bebida num momento em que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem, e muito.

(2º§) Estamos tristemente carentes de bons modelos, e o sucesso da visita do papa também fala disso: além do fator religião, milhares foram em busca de uma figura paternal admirável, que lhes desse esperança de que retidão, dignidade, incorruptibilidade, ainda existem.
(3º§) Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém um professor eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de construir sua vida e desenvolver sua personalidade?
(4º§) É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos ensinar aos alunos o mais elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa.
(5º§) Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar, ler, escrever e falar bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento, é um objetivo fantástico. As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar, escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade.
(6º§) No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de conhecimentos deve aumentar. Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece, nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão mal aplicado: "cidadania".
(7º§) O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos dois primeiros. Ou tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito menos escrever de forma coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender qualquer matéria, sem sequer saber se conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo, frustrados.
(...)
(8º§) Em tudo isso, estamos melancolicamente atrasados. Dizem que nossa economia floresce, mas a cultura, senhores, que inclui a educação (ou vice-versa, como queiram...), anda mirrada e murcha. Mais uma vez, corrigir isso pode ser muito simples. Basta vontade real. Infelizmente, isso depende dos políticos, depende dos governos. Depende de cada um de nós, que os escolhemos e sustentamos.


(Lya Luft é escritora. Texto da VEJA - Edição 2009) - (Adaptado)
TEXTO O texto abaixo servirá de base para responder a questão.
A EDUCAÇÃO POSSÍVEL
(1º§) Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações sobre o mundo (com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida pública, nem sempre um espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima dos seus já polpudos ganhos, enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo propaganda de bebida num momento em que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem, e muito.
(2º§) Estamos tristemente carentes de bons modelos, e o sucesso da visita do papa também fala disso: além do fator religião, milhares foram em busca de uma figura paternal admirável, que lhes desse esperança de que retidão, dignidade, incorruptibilidade, ainda existem. (3º§) Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém um professor eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de construir sua vida e desenvolver sua personalidade? (4º§) É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos ensinar aos alunos o mais elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa. (5º§) Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar, ler, escrever e falar bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento, é um objetivo fantástico. As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar, escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade. (6º§) No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de conhecimentos deve aumentar. Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece, nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão mal aplicado: "cidadania". (7º§) O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos dois primeiros. Ou tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito menos escrever de forma coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender qualquer matéria, sem sequer saber se conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo, frustrados. (...) (8º§) Em tudo isso, estamos melancolicamente atrasados. Dizem que nossa economia floresce, mas a cultura, senhores, que inclui a educação (ou vice-versa, como queiram...), anda mirrada e murcha. Mais uma vez, corrigir isso pode ser muito simples. Basta vontade real. Infelizmente, isso depende dos políticos, depende dos governos. Depende de cada um de nós, que os escolhemos e sustentamos.

(Lya Luft é escritora. Texto da VEJA - Edição 2009) - (Adaptado)
Julgue as assertivas com V(Verdadeiro) ou F(Falso). Em seguida, marque a alternativa correta.
(__)O (2º§) inicia com sujeito elíptico, identificado pelo verbo de primeira conjugação seguido de advérbio que modifica o adjetivo com função sintática de predicativo.
(__)Nos termos sublinhados no trecho: "que lhes desse esperança de que retidão, dignidade, incorruptibilidade, ainda existem". - identificamos, respectivamente: pronome oblíquo com função sintática de objeto indireto, preposição imposta pela regência nominal, substantivo abstrato trissílabo paroxítono sem acento gráfico que justifique a tonicidade.
(__)O primeiro período do (3º§) inicia com elemento coesivo adversativo, contém uso de crase imposta pela regência do verbo de terceira conjugação, apresenta dois pontos antes de oração interrogativa.
(__)O primeiro período do (4º§) está escrito com elementos coesivos que enunciam ideia comparativa.
(__)A oração do (4º§): "Projetos inúteis que se nos apresentam". - pode ser reescrita sem alterar o sentido semântico contextual, assim: "Projetos inúteis que são apresentados a nós".
Alternativas
Q1676494 Português

Pai não entende nada


A filha de 14 anos chega para o pai e diz:

- Pai, preciso comprar um biquíni novo.

- Mas filha, você comprou um biquíni no ano passado.

- Ah pai, quero um biquíni novo.

- Filha, teu biquíni é novo. E você nem cresceu tanto assim.

- Mas eu quero, pai.

- Tá bom, filha. Pegue esse dinheiro e compre um biquíni maior.

- Maior não, pai. Menor.

Pai não entende nada mesmo!


Luís Fernando Veríssimo.

A vírgula pode não só ser usada para indicar pausas na leitura, como pode também provocar mudança de sentido. Observe abaixo:
Pai não entende nada mesmo! Pai, não entende nada mesmo!
No primeiro exemplo está sendo afirmado que o pai não entende, enquanto no segundo alguém está falando ao seu pai que ele não entende. No primeiro exemplo, o vocábulo "pai" exerce a função de sujeito da oração; e no segundo, qual a função exercida pela mesma palavra? 
Alternativas
Q1675793 Português

Analise o texto abaixo para responder a próxima questão:


O Meu Guri


Quando, seu moço, nasceu meu rebento

Não era o momento dele rebentar

Já foi nascendo com cara de fome

E eu não tinha nem nome pra lhe dar

Como fui levando, não sei lhe explicar

Fui assim, levando, ele a me levar

E na sua meninice Ele um dia me disse que chegava lá


Olha aí!

Olha aí!


Olha aí!

Ai, o meu guri, olha aí!

Olha aí!

É o meu guri e ele chega


Chega suado e veloz do batente

Traz sempre um presente pra me encabular

Tanta corrente de ouro, seu moço

Que haja pescoço pra enfiar

Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro

Chave, caderneta, terço e patuá

Um lenço e uma penca de documentos

Pra finalmente eu me identificar, olha aí!


Olha aí!

Ai, o meu guri, olha aí!

Olha aí!

É o meu guri e ele chega

Chega no morro com carregamento

Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador

Rezo até ele chegar cá no alto

Essa onda de assalto está um horror

Eu consolo ele, ele me consola

Boto ele no colo pra ele me ninar

De repente, acordo, olho pro lado

E o danado já foi trabalhar, olha aí!


Olha aí! (Ah, olha aí)

Ai, o meu guri, olha aí! (Ah, olha aí meu guri)

Olha aí! (Ah, meu guri)

É o meu guri e ele chega (olha aí meu guri)


Chega estampado, manchete, retrato

Com venda nos olhos, legenda e as iniciais

Eu não entendo essa gente, seu moço

Fazendo alvoroço demais


O guri no mato, acho que tá rindo

Acho que tá lindo de papo pro ar

Desde o começo, eu não disse, seu moço

Ele disse que chegava lá


Olha aí!

Olha aí!


Olha aí! (Ah, olha aí)

Ai, o meu guri, olha aí! (Ah, olha aí meu guri)

Olha aí! (Ah, meu guri)

É o meu guri (olha aí meu guri)


Chico Buarque

A canção é iniciada com o eu-lírico dirigindo aos leitores/ouvintes da canção, para isso ela usa a expressão "seu moço". Sintaticamente esse recurso é conhecido como:
Alternativas
Q1675771 Português
Assinale abaixo a oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo:
Alternativas
Q1675770 Português
A respeito da teoria gramatical sobre os termos sintáticos do enunciado, assinale a alternativa correta:
Alternativas
Q1675767 Português
Eu gostaria que você terminasse este trabalho para poder fazer o próximo com mais tranquilidade.
No enunciado acima há três orações, sendo uma principal e as outras duas subordinadas a ela por exercerem nela funções sintáticas secundárias. Assinale abaixo a alternativa que contém a análise sintática correta da relação de sentido entre as duas subordinadas com a principal:
Alternativas
Q1675708 Português

Para responder a questão, leia com atenção o texto a seguir.


Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!”. E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!”.


(Rubem Braga)

Com base no texto de Rubem Braga, marque (V) para as afirmativas VERDADEIRAS e (F) para as FALSAS.
( ) Em “E então a contasse para”, há omissão do “que” e o termo “então” estabelece uma sequência explicativa. ( ) No segundo período, a conjunção “e” foi reiterada várias vezes para dar sequência às ideias por meio de orações coordenadas sindéticas. ( ) As retomadas da palavra “engraçada” e da conjunção “que” (tão...que), que conecta os diversos períodos, estabelecem coesão e garantem a progressão temática. ( ) Em “risse tanto que chegasse a chorar”, a oração subordinada estabelece uma relação de causa, permitindo a construção da oposição “risse-chorar”. ( ) A locução “ai meu Deus” e o termo “Ah” não fazem parte das estruturas das orações do período em que aparecem.
Marque a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.


Alternativas
Q1675188 Português
A grande árvore e o bambu

    O mestre e seu jovem discípulo caminhavam em silêncio pela estrada que ligava o templo ao vilarejo. Na noite anterior uma forte tempestade havia caído na região e havia muitas folhas e galhos espalhados pelo caminho. A certa altura, os dois foram obrigados a saltar o tronco de uma grande árvore que havia tombado e expunha um emaranhado de raízes retorcidas.
    – Há certas coisas que não compreendo – disse o discípulo. – Como é possível que uma árvore tão forte, com raízes assim robustas, tombe por causa da tempestade, enquanto outras plantas frágeis continuam de pé?
    O mestre parou de caminhar e olhou ao seu redor, como se procurasse alguma coisa. Depois de instantes, disse ao discípulo:
    – Vê aquela moita de bambus ali adiante, na margem do caminho?
    – Sim!
    – Durante as grandes tempestades, as varas do bambu se agitam de um lado para o outro, chegam quase a tocar o chão. Elas se submetem à força dos ventos, mas, quando a tormenta passa, estão novamente como sempre estiveram, firmes e intactas, como se nada tivesse acontecido.
    O discípulo contemplou a moita a alguns metros de distância. Por um instante, lembrou-se das pescarias que fazia quando criança, usando uma fina vara de bambu. Lembrou-se de como a vara vergava, sem jamais quebrar, quando um peixe grande abocanhava a isca.
    O mestre continuou:
    – Já a árvore que acabamos de saltar não resistiu à tempestade porque seu tronco, grosso e rígido, era incapaz de se curvar. Ao longo de toda a sua vida, ela veio resistindo, imóvel, às tempestades violentas, perdendo muitas folhas e galhos. Até que, um dia, não pôde suportar seu próprio peso e sucumbiu.
    O discípulo, já habituado com as parábolas do mestre, permaneceu em silêncio, aguardando o ensinamento que estava por vir.
    – Assim também é com os homens – prosseguiu o mestre.
    – Há os que procuram resistir às tormentas da vida e se enrijecem, se agarram com todas as forças ao que conhecem, recusam-se a mudar. E há os que aceitam as adversidades, adaptam-se às circunstâncias e sofrem mudanças, mas continuam inteiros.
‘‘Os primeiros temem as tempestades, mas não conseguem evitá-las. Os segundos sabem que as tempestades são inevitáveis, mas não as temem’’
(http://sucessocoach.com.br/a-grande-arvore-e-o-bambu/)
Observe as informações acerca do texto, julgando-as certas (C) ou erradas (E):
( ) No primeiro parágrafo do texto predomina uma sequência narrativa; ( ) “Durante as grandes tempestades, as varas do bambu se agitam de um lado para o outro, chegam quase a tocar o chão.” No trecho há período simples; ( ) “Há os que procuram resistir às tormentas da vida e se enrijecem”. A palavra destacada “os”, no contexto, é classificada morfologicamente como pronome; ( ) “...estão novamente como sempre estiveram, firmes e intactas”. A palavra destacada “como” é uma conjunção adverbial conformativa.
A sequência correta de cima para baixo é:
Alternativas
Respostas
1121: E
1122: D
1123: E
1124: B
1125: C
1126: B
1127: A
1128: B
1129: B
1130: E
1131: C
1132: A
1133: E
1134: E
1135: A
1136: B
1137: C
1138: B
1139: E
1140: B