Questões de Português - Artigos para Concurso

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Q597098 Português
Texto para responder à questão.

Atenção ao Sábado

    Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço; sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.
    No sábado é que as formigas subiam pela pedra.
   Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho.
   De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana.
    Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não é?
    No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde.
    Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais.
    Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã.
    Domingo de manhã também é a rosa da semana.
    Não é propriamente rosa que eu quero dizer. ]

LISPECTOR, Clarice. Para não Esquecer. São Paulo: Editora Siciliano, 1992. 
No trecho, “Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais.", encontram-se as seguintes classes de palavras: 
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Q595987 Português
                                      Juízes e advogados devem estudar neurociência

    A neurociência busca determinar como o cérebro afeta o comportamento, e o Direito se preocupa em regular o comportamento. Assim, é de se esperar que as descobertas dos neurocientistas tenham um peso cada vez maior nas leis. No Reino Unido, porém, existe uma enorme brecha entre os avanços dos laboratórios e o dia a dia dos tribunais. Não há fóruns de discussão para que cientistas e profissionais da Justiça explorem temas de interesse comum. Em países como o Brasil, não é diferente. E isso traz grandes consequências para a sociedade.
    Uma delas diz respeito à maioridade penal, que é de 10 anos no Reino Unido e de 18 no Brasil. A neurociência indica que os adolescentes não são indivíduos plenamente responsáveis, já que o cérebro continua a se desenvolver até a idade adulta. O córtex pré‐frontal, associado à tomada de decisão e ao controle de impulsos, é a última parte do cérebro que amadurece e isso só se completa ao redor dos 20 anos. É o que mostra o relatório Neurociência e a Lei, fruto de um grupo de trabalho que coordenei e publicado recentemente pela Royal Society [a academia nacional de ciências do Reino Unido]. O amadurecimento tardio do cérebro pode estar associado a comportamentos de risco na adolescência. Veja o caso dos protestos que sacudiram a Inglaterra no verão passado. Muitos manifestantes provocaram incêndios e outros atos criminosos, mas vários deles eram garotos que estavam só passando pelas ruas e se uniram ao vandalismo por impulso. A neurociência confirmou ainda que a taxa de maturação do córtex pré‐frontal varia muito de pessoa para pessoa. Do mesmo jeito que há enormes diferenças na inteligência medida em testes de QI.
    É por isso que os cursos de Direito deveriam incluir matérias sobre ciência – sobretudo psicologia, neurociência e genética. Advogados e juízes deveriam receber treinamento permanente nessas disciplinas como parte de seu desenvolvimento profissional. E também os cursos de graduação em neurociência deveriam incluir as aplicações sociais do que é estudado.
    Em alguns casos, as discrepâncias na função cerebral são levadas em conta pela Justiça. A Suprema Corte dos EUA, por exemplo, estabeleceu que uma pessoa só pode ser executada se tiver um QI acima de 70. Mas as leis ainda revelam anomalias de todo tipo. No Brasil, jovens de 16 anos não podem ser presos, mas podem votar. Na Inglaterra, é crime fazer sexo com menores de 16 anos – também a idade mínima para se casar. Ninguém pode dirigir nas vias públicas inglesas até os 17 anos (ou 14 em muitos estados americanos) e só vota quem tem mais de 18 – apesar da maioridade penal aos 10. Essas variações não são racionais. E as discrepâncias entre os países sugerem que algumas delas são bem arbitrárias. Não cabe a mim dizer se a maioridade penal deve subir ou baixar. Mas os legisladores deveriam se sentir obrigados a explicá‐la, em função do amadurecimento do cérebro: por que ela é de 10 anos na Inglaterra? E por que de 18 no Brasil?

(Nicholas Mackintosh – Professor emérito do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Cambrigde, no Reino Unido.)
“Uma delas diz respeito à maioridade penal,..." (2º§) Nessa frase o acento indicativo de crase resulta da união de uma preposição com um artigo, o mesmo que ocorre em:
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Q595535 Português
                       Reflexões sobre a escassez da água

      Osvaldo Ferreira Valente (Engenheiro florestal, professor aposentado da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e especialista em hidrologia e manejo de pequenas bacias hidrográficas)

Publicação: 05/08/2015 04:00

     
   Tenho 48 anos de atividades pertinentes à produção de água. Tudo começou quando, em 1967, na antiga Universidade Rural do Estado de Minas Gerais, hoje UFV, tive a oportunidade de criar e lecionar a primeira disciplina de hidrologia e manejo de bacias hidrográficas no Brasil para o curso de engenharia florestal. Num tempo em que a água, com exceção do semiárido, era abundante e classificada como bem livre e sem valor econômico, já foi uma aventura. A experiência acumulada carrega, entretanto, a angústia atual de ver o assunto sendo tratado com visão muito pouco fundamentada por conhecimentos científicos da hidrologia e do manejo de bacias hidrográficas. Mas quase sempre, quando um assunto entra na ordem do dia, aparece uma profusão de palpites e os que têm argumentos mais sólidos acabam sufocados pela pilha de soluções oportunistas, advindas dos “especialistas de plantão".

      Depois desses 48 anos, muitas coisas estão mudadas: nova legislação sobre recursos hídricos, a água sendo considerada um bem escasso e de valor econômico, as bacias hidrográficas sendo nomeadas como unidades básicas de produção e gestão da água, o surgimento dos comitês e das agências de bacias, muitas escolas oferecendo a disciplina de hidrologia e manejo de bacias hidrográficas e muito mais conhecimentos científicos acumulados. De onde vem, então, a minha angústia? Vem da percepção de que está faltando objetividade e embasamento científico e tecnológico (da hidrologia e do manejo de bacias) nos procedimentos propostos para combater a escassez.

      É uma temeridade, para a hidrologia de pequenas bacias, esperar que o reflorestamento ciliar seja sempre capaz de aumentar quantidade de água produzida por nascentes e córregos. Onde estão as pesquisas científicas que comprovam isso? Se as matas ciliares fossem suficientes, estaria muito fácil sanar a escassez. Outra temeridade é acreditar que o combate à falta de água está na dependência exclusiva dos reflorestamentos. O primeiro obstáculo a isso é que o aumento populacional, com ocupação intensa das superfícies das bacias, não permitirá mais aumentar substancialmente as áreas florestadas; o segundo obstáculo é que a ação positiva da floresta no aumento de quantidade de água, se implantada nos locais certos, só virá após 30 ou 40 anos. Até lá o seu efeito poderá ser o contrário. Dá para esperar? 

      Soluções objetivas e racionais para a crise atual englobam o abastecimento artificial de aquíferos subterrâneos por meio da construção de terraços, de caixas de infiltração e de barraginhas, no meio rural, e na assistência técnica aos produtores rurais, que ocupam e exploram as superfícies das bacias para que eles possam reter mais e mais as enxurradas. Também o meio urbano deve colaborar, coletando água de chuva para tarefas domésticas e industriais, construindo cisternas e valas de infiltração e mantendo o máximo possível de áreas permeáveis em seus domínios. Tudo planejado de acordo com as especificidades ambientais e com a capacitação dos envolvidos.

      Concluindo, é um erro concentrar as atenções somente no saneamento básico. É evidente a sua importância, mas ele depende da existência prévia de quantidade suficiente de água nos mananciais. Outro erro é pensar que a conservação de nascentes e córregos é uma operação a ser feita apenas nos seus entornos, com cercamento e reflorestamento das áreas isoladas. Nascentes e córregos são produtos do comportamento de todas as superfícies das pequenas bacias que, antes de estudos hidrológicos específicos, são potenciais áreas de recarga.

Disponível em http://impresso.em.com.br/app/noticia/cadernos/opiniao/2015/08/05/interna_opiniao,157381/reflexoessobre-a-escassez-de-agua.shtml Acesso em 04 set. 2015.
Considere o texto

O avanço rumo ___ um desenvolvimento sustentável depende de diversos fatores, entre os quais estão o estímulo ___ novas tecnologias e o compromisso ético de empresas que tenham como prioridade o respeito ___ causas ambientais.

 A sequência que completa adequadamente as lacunas é
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Q595460 Português
Leia a crônica “Ser Tudo", de Walcyr Carrasco, para responder à questão.

      Ao entrar na sala de um amigo, observo uma luminária idêntica a um chifre. Ele a exibe, orgulhoso.

      – Phillipe Starck1 . Só existem três no Brasil.

      Atarraxo um sorriso de admiração. Como dizer que parece o despojo2 de uma fantasia de Carnaval? Entusiasmado, ele aconselha:

      – Na loja havia uma cadeira de couro de vaca incrível, assinada. Você precisa comprar.

      – Mas não preciso de mais uma cadeira.

      – É uma oportunidade única, e você vai jogar fora?

      Suspiro. É impressionante como as pessoas dão valor a grifes. Há bastante tempo vi uma linda carteira Louis Vuitton com desenho quadriculado. Fui verificar. Meus documentos não cabiam. O vendedor explicou:

      – É que os documentos europeus são de tamanho menor. Os nossos ficam sobrando. Agradeci e ia sair da loja. Um amigo que me acompanhava se escandalizou.

      – Não vai levar? – Onde vou botar minha identidade?

      – Mas, quando você abrir a carteira, todo mundo vai notar. É chique.

      Sou do tipo que só compra quando gosta e espanto-me quando vejo as pessoas se digladiando para ser elegantes.

      É só observar a mania de conhecer vinhos. Se parte das pessoas se dedicasse a estudar os gregos com o mesmo afinco com que decora rótulos, teríamos um país de filósofos. Guerra semelhante acontece entre os que se dizem conhecedores de charuto. O fato é que a maioria seria incapaz de distinguir um cubano de um cigarro de palha do sítio. Respeito os apreciadores das coisas boas da vida. Mas é terrível ver alguém bebendo e fumando só para parecer o que não é, nem precisa ser.

      Inventaram até uma expressão para dizer que alguma coisa é chique e imprescindível. Estava em uma famosa loja de roupas masculinas. A gerente conversava com um rapaz e comentou:

      – Seu sapato é tudo.

      O elogiado sorriu como se tivesse ganho a Mega-Sena.

      – Eu sei. É mesmo. Tudo.

      Como um sapato pode ser tudo?

      Falando assim, parece que estou me referindo aos ricos ou à classe média abastada. Coisa nenhuma. Muitas pessoas gastam o pouco que ganham para ter roupa com etiqueta. Quanto mais jovens, mais estritos3 : é preciso usar os tênis que todos usam, botar o jeans, a calça. Caso contrário, serão desdenhados como o patinho feio. Fico pensando: nessa ânsia por ser especiais, as pessoas tornam-se idênticas. Ser “tudo" acaba sendo um bom caminho para terminar em nada.

                                                                                       (VejaSP, 05.04.2000. Adaptado)

1. Phillipe Starck: designer francês

2. despojo: resto, sobra

3. estrito: rigoroso, exato
Considere o trecho reescrito a partir do texto.

O amigo, ___ quem o narrador fez uma visita, ao recebê-lo em sua casa, fez menção ___ uma nova luminária que enfeitava a sala. O narrador fingiu admiração, mas na verdade ficou indiferente ____ peça decorativa que, a seu ver, parecia restos de Carnaval.

Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas desse trecho devem ser preenchidas, correta e respectivamente, por:
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Q594368 Português

                                    O QUE DIZEM AS CAMISETAS

                                                                                     Carlos Drummond de Andrade 

1º       Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tenha nada escrito.

2º       – Que é que ele está anunciando? – Indagou o cabo eleitoral, ___________, – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!

3º       – O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.

4º       – Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro.  

5º       A discussão ia rolar, quando apareceu Christiane Torloni, pedestre, ostentando bem visível, no peito, o nome de Eduardo Mascarenhas. Todos ficaram deslumbrados.

6º       – Nessa eu votaria até para presidente. Da República, do Banco Central, da ONU, de qualquer troço – exclamou outro.

7º       – Ela não é candidata.

8º       – E precisa?

9º       Ficou patente que as pessoas reparam mais no rosto do que na inscrição, embora a falta de inscrição provoque a idéia de que falta alguma coisa – a identidade, o nariz, sei lá.

10       Vi na rua Sete de Setembro um homem que trazia a inscrição “Guiné-pipi” na frente e nas costas. 

11       – Candidato a vereador? – Perguntei. – De que partido?

12       – Não senhor. Erva contra reumatismo. Quer experimentar? É um porrete.

13       – Obrigado, amigo. O dr. Nava já cuida do meu.

14       – Mas qualquer problema, o senhor não tenha cerimônia. É só dizer, que eu falo com os colegas, conforme o caso. Ou o senhor mesmo fala, se encontrar com um deles.

15       – E como é que eu vou saber?

16       – Pela camiseta, é claro. Tem o Cipó- Azougue, que é balaço contra eczema, aliás, pessoalmente, é um cara ótimo. O Beldroega (faz pouco ele passou por aqui) toma conta do fígado e depura o sangue. Do Sete-Folhas, que é até meu vizinho, vejo que o senhor não carece, pois é para emagrecer. Agora, convém não esquecer o Boldo. Lá um dia a gente tem uma ressaca, e o Boldo resolve.

17       Vi que as camisetas da medicina natural são numerosas, mas as de uísques, vinhos alemães, motos, motéis, cigarros, antigripais, cursinhos, judô, budismo, loteria, jogo de búzios, etc. não fazem por menos. Hoje em dia não há produto que não tenha, além dos comunicadores remunerados, outros absolutamente gratuitos, e estes são maioria. Todo mundo anuncia alguma coisa, e a camiseta é o cartaz na pele. Sendo de notar que há tendência para anunciar até no bumbum. Mas este é um ramo ainda experimental (...).  

18       Quis empreender pesquisa de campo no domínio das inscrições no anverso e no reverso do vestuário. _________ porque teria de elaborar um código de classificação muito complexo, tamanha a variedade de interesses humanos que se refletem numa etiqueta comercial, industrial, política, esportiva, religiosa, onírica. Hoje em dia a camiseta serve para tudo, até (não principalmente) para vestir. E acompanha também a veloz deterioração das coisas, sinal de finitude hoje mais visível do que nunca. _______, como as coisas acabam cada vez mais depressa! Não há mais condições para gravar palavras eternas em muros de catedral. Hoje estampam-se recados em camisetas descartáveis. Como esta crônica.

                                                     Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987. p. 38-40.  

Analise as afirmativas e marque (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas e, em seguida, assinale a sequência correta de cima para baixo:

( ) É só dizer, que eu falo – pronome relativo.

( ) Estes são maioria – pronome demonstrativo.

( ) Anuncia alguma coisa – pronome indefinido.

( ) Ponderou um senhor moderado – artigo definido.

( ) Outros absolutamente gratuitos – substantivo. 

Quais afirmativas estão corretas?  


Alternativas
Respostas
1051: E
1052: C
1053: A
1054: C
1055: A