Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
1. “Máquinas similares às hoje existentes serão construídas a custos mais baixos, mas com velocidades mais rápidas de processamento.” Assim, em um artigo de 1965, o empreendedor Gordon Moore, hoje com 90 anos de idade, apresentou sua célebre
ideia. Pela “Lei de Moore”, a cada dois anos, em média, o desempenho dos chips de computador dobra, sem que aumentem os
custos de fabricação. A máxima, irretocável, à exceção de pequenos detalhes, funcionou tal qual intuíra Moore. É uma regra que
pode, contudo, estar com os dias contados.
2. Vive-se, hoje, uma revolução tecnológica afeita a deixar no passado o raciocínio da duplicação de capacidade de cálculos à
base de silício: é a computação quântica. Ela poderá nos levar a distâncias inimagináveis: tarefas que o computador mais poderoso
do planeta demoraria 10.000 anos para completar seriam feitas em minutos.
3. A computação quântica, até o início desta década, não passava de teoria. Nos últimos anos, começou a ser testada, com
sucesso parcial, até conseguir tração que parece se encaminhar para uma nova história. Um documento da NASA, vazado recentemente, mostra que uma empresa, ao criar o primeiro computador quântico funcional da história, pode estar próxima de romper com
o paradigma imposto pela Lei de Moore.
4. A revelação foi resultado de uma distração. Algum funcionário da NASA, também envolvido com o projeto, acidentalmente
publicou no site da agência espacial um estudo que mostra o feito, realizado por meio de uma máquina, ainda sob sigilo. O arquivo, já
programado para ser divulgado oficialmente, permaneceu poucos segundos no ar, mas foi flagrado pelo jornal Financial Times.
5. O avanço ainda se restringe a âmbitos estritamente técnicos, sem utilidade cotidiana, mas já é apelidado de “o Santo Graal da
computação”. Isso porque o feito, se comprovado, atingiu o que se conhece como “supremacia quântica”. A nomenclatura indica um
momento da civilização em que os computadores talvez sejam tão (ou mais) competentes quanto os seres humanos.
6. O cientista da computação Scott Aaronson disse, em entrevista: “Isso não causará mudança imediata na vida das pessoas.
Mas só por enquanto, pois se trata do início de um caminho que levará a transformações radicais em diversas áreas”. Vale lembrar
que o computador que usamos hoje também começou com um passo singelo, em 1843, quando a matemática inglesa Ada Lovelace
(1815-1852) publicou um diagrama numérico que veio a ser considerado o primeiro algoritmo computacional.
(Adaptado de: Revista Veja, edição de 09/10/2019, p. 79)