A ciência da procrastinação
A briga do ser humano com prazos é ancestral.
Em 800 a.C., o poeta grego Hesíodo achou importante
registrar que não se deve “deixar o trabalho para amanhã
e depois de amanhã”, e o senador romano Cícero tachou
de “odiosa” a mania de os políticos deixarem tudo para
depois. Até hoje é assim.
Todo mundo (todo mundo mesmo) já
______________ alguma vez. E estudos mostram que
20% dos adultos são procrastinadores crônicos – um
batalhão de 20 milhões de pessoas só no Brasil. A
procrastinação é “o atraso intencional e frequente no início
ou no término de uma tarefa que causa desconforto
subjetivo, como ansiedade ou arrependimento”, de acordo
com Joseph Ferrari, professor da Universidade DePaul, de
Chicago.
A origem dessa conduta está numa batalha
interna entre duas áreas cerebrais que se desenvolveram
em momentos distintos da evolução humana. São o córtex
pré-frontal, que está ligado à consciência e nos ajuda ___
pensar no futuro, e o sistema límbico, inconsciente, que só
quer saber dos prazeres imediatos.
Emoções e memórias são coordenadas pelo
sistema límbico, também chamado de cérebro primitivo.
Ele se desenvolveu privilegiando recompensas de curto
prazo, como comidas que contêm muita energia – doces e
gorduras, por exemplo.
As recompensas imediatas não são só
importantes. São boas. Cada vez que consumimos algo
açucarado, uma cascata de dopamina, um dos
neurotransmissores que dão a sensação de bem-estar, é
lançada no sistema nervoso. Ao receber esse reforço da
dopamina, nosso cérebro foi sendo “ensinado” a favorecer
as recompensas de curto prazo. Ações de longo prazo,
como estocar comida para o inverno, não _________
nenhuma gota de dopamina no cérebro. Por isso são
chatas – não dão prazer.
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