As regiões metropolitanas e as grandes cidades brasileiras
concentram hoje a atenção das autoridades de gestão territorial
em nível local, regional e nacional. O conhecimento da complexa
realidade dessas áreas em suas múltiplas dimensões e de modo
dinâmico torna-se imprescindível para geri-las de forma
eficiente. Não se trata apenas do levantamento de dados brutos,
mas da proficiente manipulação e interpretação desses dados a
partir de processamentos quantitativos (matemáticos e lógicos)
sobre uma base espacial, de forma a revelar características e
processos intrínsecos aos fenômenos em análise. Dito de outra
forma, não basta somente a confecção de mapas digitais
coloridos ilustrando, por exemplo, a exclusão social de uma
determinada cidade por quantis, mas é fundamental que, com o
auxílio de técnicas apropriadas de análise espacial, se possam
extrair tendências do padrão de manifestação da exclusão social
de forma contínua no espaço. Ou ainda, não é suficiente apenas
mapear a ocorrência de crimes em um sistema georreferenciado,
mas sim estudá-los de forma dinâmica, entendendo a sua
proliferação no espaço e no tempo em articulação com inúmeras
variáveis socioeconômicas e biofísicas, e como as estradas
podem atuar como vetores de expansão da criminalidade.
Nessa linha de pensamento, elaborar mapas estáticos de
uso do solo urbano não mais atende às necessidades atuais dos
gestores locais, mas é necessário que se permitam simulações de
diferentes cenários futuros de expansão urbana e dinâmica de uso
do solo em ambiente computacional. Aí reside o desafio da
geoinformação em gestão urbana e regional, que pode ser
entendida como um paradigma emergente na pesquisa multi e
interdisciplinar que se dedica a explorar a extrema complexidade
de problemas socioambientais em um ambiente de Sistemas de
Informações Geográficas (SIG). Openshaw (2000) argumenta
que a geoinformação não se reduz ao uso de técnicas
computacionais para solucionar problemas espaciais, mas se
refere, ao contrário, a uma forma totalmente nova de se fazer
ciência em um contexto geográfico.
Cláudia Maria de Almeida, Gilberto Câmara e Antonio Miguel V. Monteiro (Org.).
Geoinformação em urbanismo. Cidade Real X Cidade Virtual.
São Paulo: Oficina de Texto, 2007, p. 5 e 6. (com adaptações).