Questões de Português - Crase para Concurso
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O que acontece quando se divide a casa com quem não cumpre suas tarefas domésticas
Ana Carolina Prado
Quem mora ou já morou em república sabe que, ainda que você e seus companheiros de casa se gostem, a coisa não é sempre uma maravilha. Na verdade, pode ser meio infernal às vezes. E isso se deve, em grande parte, a diferenças na forma como cada um encara o trabalho doméstico. Quer ver uma receita infalível para brigas? Você, neurótico por limpeza, resolve morar com alguém que costuma deixar um rastro de farelos por onde passa e largar pratos e embalagens sujos em cima da pia por dias.
Essa diferença de limites do que é aceitável ou não na convivência diária foi objeto de estudo dos pesquisadores Sarah Riforgiate, da Universidade Estadual do Kansas, e Jess Alberts e Paul Mongeau, da Universidade Estadual do Arizona. Diferente do que se possa imaginar, não foi nenhuma experiência pessoal que os inspirou: tudo começou depois de Alberts ler um estudo dizendo que abelhas e formigas têm diferentes níveis de tolerância para as tarefas não concluídas. Sim, até elas. Se abelhas com níveis muito díspares são colocadas juntas, a mais perturbada com o baixo nível de mel produzido acaba trabalhando mais – muitas vezes, até a morte. Isso fez com que se perguntassem se os humanos apresentam um comportamento parecido (claro, nada que chegue perto de precisar esfregar o chão do banheiro até morrer, esperamos).
Então, os pesquisadores analisaram pares de pessoas do mesmo sexo com idades entre 19 e 20 anos que dividiam apartamentos ou quartos. A conclusão foi que, de fato, essas diferenças realmente são prejudiciais para os relacionamentos e resultam em menor satisfação na amizade e maior propensão a conflitos. Nenhuma surpresa até aí. Mas olha só as outras implicações:
“Diferentes limites impactam negativamente a ideia de gratidão”, diz Riforgiate. Segundo ela, tanto no caso de um casal que mora junto ou no de companheiros de moradia, a pessoa com o menor nível de tolerância à bagunça muitas vezes sente-se incomodada e acaba fazendo todo o trabalho. A repetição desse comportamento pode fazer com que o companheiro deixe de considerar tais tarefas como problema seu e os deixe sempre para a outra pessoa. “Assim, acabamos achando que não precisamos mais ser gratos pelo trabalho do nosso parceiro nem tentar compensá-lo, pois passamos a pensar que ele não fez nada além de sua obrigação”, completa. E aí entramos na mesma questão daquele estudo sobre casais fazerem pequenos sacrifícios diários: um dos lados trabalha e se cansa mais e o outro nem percebe o que foi feito. Frustração na certa.
O que fazer para evitar problemas, então? Segundo os autores, conversar muito – especialmente antes de se mudar – para identificar possíveis diferenças na forma de encarar as responsabilidades e estabelecer uma divisão de tarefas.
Além disso, Riforgiate destaca que uma falha em completar uma tarefa específica nem sempre é pura preguiça ou falta de consideração. Pode ser que ela apenas não tenha percebido ainda que isso é um problema para o outro. “Nós realmente damos atributos negativos para as pessoas com quem vivemos – sejam companheiros de quarto ou parceiros românticos – que não são úteis para a nossa relação e que podem, na verdade, não ter nada a ver com a realidade”, diz Riforgiate.
O próximo passo do grupo de pesquisadores é estudar duplas mistas de roommates e achar uma forma de usar os resultados das pesquisas para ajudar as pessoas a escolherem bem seus companheiros de casa, além de desenvolver estratégias de comunicação para melhorar os relacionamentos entre eles.
Adaptado de http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-funcionam/ page/2/
Leia o texto “Procura-se restaurante sem TV”, para responder
à questão.
No fim de semana passado, fui com a família a um dos nossos restaurantes prediletos. É um desses lugares com cardápio gigante e pratos idem, ideal para um almoção de domingo. Um dos atrativos do lugar é um agradável jardim com mesas ao ar livre. O jardim é a parte do restaurante preferida por famílias. Fica cheio de crianças nos fins de semana.
Ao chegar, tivemos uma surpresa: o restaurante havia colocado uma enorme televisão no jardim, com caixas de som espalhadas por todo o lugar. A TV exibia – juro – um programa sobre o cultivo de orégano.
Somos clientes antigos do lugar. Vamos tanto que até conhecemos os donos. Perguntei por que haviam decidido instalar o aparelho.
“Cansei de perder clientes porque não tínhamos TV”, disse um dos proprietários. “Tem gente que chega aqui, pergunta se tem TV e, quando digo que não, vai embora.”
Triste, mas verdadeiro: achar um restaurante sem TV está ficando cada vez mais difícil. Entendo que um restaurante de PF ou de almoço comercial tenha TV nas paredes para os clientes verem as notícias ou os gols da noite anterior. É claro que já fui com amigos a bares para assistir a jogos. Ninguém é contra a televisão. Mas não consigo entender como uma família prefere ficar vendo um programa sobre plantação de orégano a conversar.
Nosso almoço foi uma depressão só: o som do programa impedia qualquer tentativa de comunicação. Era impossível escapar do barulho da TV, já que as caixas cobriam toda a área do lugar.
O pior é que o dono do restaurante tinha razão: as famílias pareciam estar gostando do programa. Na mesa ao lado, um casal passou o almoço todo sem trocar uma palavra, aparentemente hipnotizado pelas informações sobre a melhor época para plantar orégano.
Perdemos outro de nossos restaurantes favoritos. Uma pena. Mas tenho certeza de que o lugar, agora com TV, não vai sentir nossa falta.
(André Barcinski, Folha de S.Paulo, 09.05.2012. Adaptado)
Considere a frase.
O autor não se opõe ___ existência de TV em bares e restaurantes e afirma que há situações em que ela é bem-vinda, ____ exemplo do horário de almoço, quando os clientes aproveitam esse curto período para estar _____ par das últimas notícias e dos gols do campeonato.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas dessa frase devem ser preenchidas, correta e respectivamente, por:
Considere a figura apresentada e as afirmativas formuladas a partir dela.
Em se tratando da compra responsável da madeira, as obras da construção civil, empregando apenas 14% da produção, são um segmento com grande potencial de expansão. Em polos opostos, estão o setor moveleiro, com somente 6% do destino da madeira certificada, e a indústria do papel e celulose, com 80% do consumo. Para a mudança desse quadro, um dos desafios é alterar a tendência de os empresários substituírem a madeira por receio de estarem consumindo um produto ilegal.
Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) em cada afirmativa.
( ) Se o segmento Em se tratando da for reescrito como Em referência a , criam-se condições para a ocorrência da crase.
( ) Sem prejuízo do sentido e da coerência, o segmento Em polos opostos pode ser reescrito como Contraditoriamente.
( ) Sem alteração da adequação à norma-padrão da escrita, o verbo auxiliar da locução estarem consumindo pode ser reescrito na forma singular.
A sequência correta é
A questão foi elaborada tendo como base o texto de Reinaldo José Lopes, a seguir.
Em livro ambicioso, sociólogo analisa incertezas do futuro
Falta de ambição claramente não é o problema de A Era do Imprevisto: A Grande Transição do Século 21, novo livro do sociólogo mineiro Sérgio Abranches. Se o leitor já se perguntou, como imagino, que diabos está acontecendo com o mundo nos últimos anos e o que pode vir daqui para a frente, a obra do especialista formula algumas respostas – imaginativas, provisórias e diabolicamente complicadas.
Ele tem se especializado na interface entre política global e questões ambientais, uma conexão que, por si só, já seria suficiente para produzir calvície e gastrite nos espíritos mais serenos. Esse eixo político-ambiental está no cerne do livro, mas o sociólogo também tenta investigar como a ascensão das redes sociais pode afetar a organização da sociedade do futuro; como o conhecimento emergente (biotecnologia, nanotecnologia, inteligência artificial) pode transformar a vida humana neste século; e o que a tradição filosófica ocidental e as descobertas da biologia evolucionista têm a dizer sobre nossa natureza e nosso futuro como espécie.
Para Abranches, a sede de ir ao cerne de todas essas questões existenciais se justifica pelo próprio subtítulo do livro: estaríamos vivendo “a grande transição do século 21”, um ponto de virada tão importante, à sua maneira, quanto o Renascimento do século 16 ou a Revolução Industrial do século 18.
Num cenário fulcral como esse, nada mais lógico que tudo pareça bagunçado e em crise permanente. Estruturas políticas, sociais, econômicas e culturais velhas ainda estão se encaminhando lentamente para o leito de morte, enquanto suas substitutas passam por um parto difícil. Resultado: sensação perpétua de caos e desalento, ainda que o momento também esteja repleto de potencialidades positivas.
Abranches está convicto de que a falta de controle sobre o capitalismo tem solapado o funcionamento das democracias. “As leis de mercado são hoje um eufemismo que designa a combinação entre controle oligopolista e hegemonia do capital financeiro”, resume. Nesse cenário, poucos decidem os destinos de bilhões.
Onde ver esperança? Para Abranches, será crucial usar as possibilidades do ciberespaço para criar um modelo de participação política mais direto, evitando que a democracia representativa se transforme de vez em oligarquia. Resta saber como fazer isso sem que as redes sociais se transformem numa reunião de condomínio improdutiva de dimensões planetárias.
(Reinaldo José Lopes, Folha de S. Paulo, 27.05.2017. Adaptado)
Amor pelo Ártico
Atividade do Greenpeace no Rio pede proteção a um dos ecossistemas
mais ameaçados do planeta.
A ação aconteceu simultaneamente em 36 países
Voluntários brasileiros se reúnem na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, e se juntam ao Dia Mundial de ação para proteger o Ártico.
O Rio de Janeiro foi uma das 280 cidades, em 36 países, que participou, neste sábado, de um ato do Greenpeace em defesa do Ártico, um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta devido aos efeitos do aquecimento global.
Mais de 20 voluntários usaram seus próprios corpos para formar, nas areias de Botafogo, a mensagem I love Arctic (Eu amo o Ártico) – mote da ação que envolveu milhares de pessoas em todo o mundo.
A campanha do Greenpeace em proteção ao Ártico foi lançada em junho de 2012, durante a Rio+20. A organização defende a criação de um santuário mundial na área em torno do polo norte, que seria dedicado exclusivamente à pesquisa. Pela proposta, a exploração de petróleo em alto mar e a pesca predatória seriam banidas.
A pesca intensiva, em lugares antes congelados, prejudica comunidades nativas da região que sobrevivem dessa atividade, além de causar desequilíbrios ao ecossistema marítimo. Além disso, a exploração de petróleo em um local inóspito e frio como o Ártico torna a operação altamente arriscada. Um vazamento de óleo ali teria efeitos devastadores e irreversíveis.
De acordo com Cristine Rosa, coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, a intenção da atividade deste sábado foi ressaltar a importância que a população tem em apoiar a campanha e pedir que seus governantes ajudem a levar a discussão à Assembleia Geral da ONU.
“O Ártico está derretendo a um ritmo nunca antes visto e seu desaparecimento vai acelerar ainda mais o aquecimento global e as mudanças climáticas”, disse Rosa. “Por isso, proteger o Ártico é proteger a todos nós”, concluiu.
(Disponível em: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Amor-pelo-Artico1/. Acesso em: 07/12/2013)
Analise as afirmativas a seguir.
I. A ocorrência dos acentos nas palavras “voluntários” e “países” justifica-se pela mesma regra gramatical.
II. A ocorrência do acento grave indicador de crase, no quarto parágrafo do texto, justifica-se devido à regência do vocábulo “dedicado” e por ser “pesquisa” uma palavra feminina que admite o artigo “a”.
III. No 6º parágrafo do texto, justifica-se o uso das vírgulas por isolarem um aposto.
IV. No último parágrafo, o uso das aspas objetiva assinalar um termo que necessita ser realçado.
Estão corretas as afirmativas
Baixa estatura, mobilidade reduzida e articulações inflamadas podem não vir _____ mente quando se pensa na sobrevivência do mais apto. Mas a evolução humana pode sugerir outra interpretação.
Em novo estudo, pesquisadores constataram que, _____ medida que os humanos primitivos migravam para os climas mais frios do norte, uma mutação genética que reduz a altura em cerca de um centímetro e eleva o risco de osteoartrite em 80% pode tê-los ajudado _____ sobreviver _____ mais recente era glacial. Embora algumas características dessa mutação possam parecer desfavoráveis agora, elas eram vantajosas para os primeiros humanos _____ se aventurarem fora da África há cerca de 60 mil anos. [...]
A estatura reduzida pode ter ajudado esses humanos pré-históricos a reter calor e impedir a queimadura do frio das extremidades, asseguram os autores. A mutação também pode ter reduzido o risco de fraturas ósseas mortais causadas por quedas nas superfícies geladas. Mas o mesmo gene eleva o risco de artrite na era moderna quando vivemos muito além da idade reprodutiva.
O estudo examinou variantes do gene GDF5, [...] conhecido por estar envolvido no crescimento ósseo e na formação das articulações. Os pesquisadores queriam compreender como as sequências de DNA ao seu redor podem afetar a expressão do gene, concentrado na região que batizaram de GROW1.
Depois de analisar a sequência GROW1 no banco de dados do Projeto dos Mil Genomas, uma coleção de sequências de populações humanas do mundo inteiro, os pesquisadores identificaram uma mudança em um nucleotídeo, o material básico do DNA. A alteração predomina entre europeus e asiáticos, mas é rara em africanos. Para ver se a mutação era casual ou se realmente provocou baixa estatura, eles testaram a mudança no nucleotídeo em camundongos e viram que ela reduzia o tamanho dos ossos longos, da mesma forma como se acredita que ocorre em humanos. [...]
“A própria abundância da mudança significa que ela poderia contribuir em vários casos de artrite”, dizem os pesquisadores. Um paradoxo evolutivo similar pode ser visto na anemia falciforme, enfermidade em que um número baixo de glóbulos vermelhos dificulta o transporte adequado de oxigênio pelo organismo. Uma variante genética causa um índice elevado da doença em populações africanas, mas ela foi favorecida porque também confere proteção contra a malária.
(Aneri Pattani, 23/07/2017. Disponível em:: <https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/the-new-york-times/2017/07/23/como-a-baixa-estaturaajudou-nossos-ancestrais-a-sobreviverem-a-era-do-gelo.htm>
Considere o trecho abaixo:
____ voltas com novas denúncias, a polícia reabriu ____ investigações e ouviu novas testemunhas. Com os novos depoimentos prestados ____ polícia, foi possível relacionar os furtos ____ um dos moradores do condomínio.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas acima.
Soul e black music temperam novo churrasco de Seu Jorge
Em time que está ganhando não se mexe, certo? Talvez. A máxima dos técnicos de futebol das antigas foi seguida à risca apenas em parte por Seu Jorge no lançamento de seu novo álbum, Musica para Churrasco – Volume II.
Gazeta do Povo, caderno G, 6 abr. 2015, p. 1 (excerto).
O acento grave, indicativo da ocorrência de crase, pode ter várias justificativas em língua portuguesa. No texto lido,
há uma ocorrência de crase em “à risca”. Assinale a alternativa cujo acento grave pode ser justificado pelo mesmo
motivo que ocorre no texto.
Começam os alertas de fim da TV analógica
Julia Borba
De Brasília
O desligamento da TV analógica e o início da transmissão exclusiva dos canais de TV aberta no modelo digital começam em novembro.
Inicialmente, apenas a cidade de Rio Verde (GO) será afetada. Ela foi a escolhida pelo governo federal como piloto para a alteração.
O cronograma fixado pelo Ministério das Comunicações prevê que o processo ocorrerá gradualmente entre 2016 e 2018 em todo país.
De abril a novembro de 2016, por exemplo, capitais como Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia e Rio entrarão na lista – nessa ordem.
A partir de hoje, moradores das cidades que estão nesse primeiro bloco, que compreende o Distrito Federal e outras 11 cidades do interior goiano e mineiro, começarão a ser alertados sobre a mudança.
A intenção da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) é que os alertas iniciem sempre com uma antecedência de 12 meses, dando tempo para adaptação dos aparelhos pelas famílias.
O aviso ocorrerá durante a transmissão da programação da TV. Uma letra "A" aparecerá na tela quando o canal estiver sendo transmitido com a tecnologia analógica. Na parte inferior do televisor, um texto dirá que aquela programação estará disponível apenas em formato digital a partir de determinada data.
Inclusão – Para assistir aos canais na tecnologia digital, os televisores antigos terão de ser ligados a um conversor digital ou trocados por aparelhos mais modernos.
Segundo regras estabelecidas pela agência reguladora, a troca do modelo só será autorizada, em cada município, quando mais de 93% das residências tiverem captando o sinal com a nova tecnologia.
"A palavra de ordem é inclusão. Vamos trabalhar para que não haja exclusão de nenhum domicílio. Claro que há complexidades nesse processo, mas vamos fazer pesquisas para identificar se há regiões que precisam de políticas específicas [para adaptação da população] a serem definidas no momento oportuno", disse o ministro Ricardo Berzoini (Comunicações).
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/04/1613597-comecam-os-alertas-de-fim-da-tv-analogica.shtml>
Considere o período e as afirmativas a seguir.
A cerimônia que compareci, foi bem planejada pelos organizadores, onde todos os elementos estavam harmoniosos
I. A vírgula depois do verbo “compareci” está incorreta, pois separa o sujeito do predicado.
II. Há um problema de regência: o correto seria “a cerimônia à que compareci”.
Estão corretas as afirmativas:
Avalie as afirmativas a seguir, relativamente ao uso da crase no seguinte fragmento do texto:
Assim, logo voltaremos às urgentes necessidades globais, da guerra à mudança climática e aos refugiados. (l. 46-47)
I. A primeira ocorrência da crase atende à regra geral: o verbo voltar exige o uso da preposição a, e o vocábulo urgentes permite o uso do artigo definido feminino.
II. A expressão o ato de mudar, ao substituir a palavra mudança, implicaria a supressão da crase.
III. A substituição de voltaremos por teremos de volta implicaria alteração de regência.
Quais estão corretas?
Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda a probabilidade de crer que foi coletânea das primeiras duas vizinhas. Essas vizinhas, entre o jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia. Provavelmente começaram a lastimar-se do calor. Um dia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha a camisa mais ensopando que as ervas que comera. Passar das ervas às plantações do morador fronteiro, e logo às tropelias amatórias do dito morador, e ao resto, era a coisa mais fácil, natural e possível do mundo. Eis a origem da crônica
(ASSIS, Machado de. As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva: Rio de Janeiro, 2007, p. 27).
Acorrentados
Quem coleciona selos para o filho do amigo; quem acorda de madrugada e estremece no desgosto de si mesmo ao lembrar que há muitos anos feriu a quem amava; quem chora no cinema ao ver o reencontro de pai e filho; quem segura sem temor uma lagartixa e lhe faz com os dedos uma carícia; quem se detém no caminho para ver melhor a flor silvestre; quem se ri das próprias rugas; quem decide aplicar-se ao estudo de uma língua morta depois de um fracasso sentimental; quem procura na cidade os traços da cidade que passou; quem se deixa tocar pelo símbolo da porta fechada; quem costura roupa para os lázaros; quem envia bonecas às filhas dos lázaros; quem diz a uma visita pouco familiar: Meu pai só gostava desta cadeira; quem manda livros aos presidiários; quem se comove ao ver passar de cabeça branca aquele ou aquela, mestre ou mestra, que foi a fera do colégio; quem escolhe na venda verdura fresca para o canário; quem se lembra todos os dias do amigo morto; quem jamais negligencia os ritos da amizade; quem guarda, se lhe deram de presente, o isqueiro que não mais funciona; quem, não tendo o hábito de beber, liga o telefone internacional no segundo uísque a fim de conversar com amigo ou amiga; quem coleciona pedras, garrafas e galhos ressequidos; quem passa mais de dez minutos a fazer mágicas para as crianças; quem guarda as cartas do noivado com uma fita; quem sabe construir uma boa fogueira; quem entra em delicado transe diante dos velhos troncos, dos musgos e dos liquens; quem procura decifrar no desenho da madeira o hieróglifo da existência; quem não se acanha de achar o pôr-do-sol uma perfeição; quem se desata em sorriso à visão de uma cascata; quem leva a sério os transatlânticos que passam; quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz; quem de repente liberta os pássaros do viveiro; quem sente pena da pessoa amada e não sabe explicar o motivo; quem julga adivinhar o pensamento do cavalo; todos eles são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre.
(CAMPOS, Paulo Mendes. O anjo bêbado. Rio de Janeiro: Sabiá, 1969.)
Leia o texto dos quadrinhos, para responder à questão.
Leia o texto para responder à questão.
Surgiu a Maria da Anália, pediu se eu podia vender um pedaço de toucinho.
– Não vou vender. Quando você engordou e matou o teu porco, eu não fui aborrecer-te.
Ela começou a dizer que queria só o toucinho. Perpassei o olhar no povo. Fitavam o toucinho igual a raposa quando fita uma galinha. Pensei: e se eles invadir o quintal? Resolvi levar o toucinho para dentro de casa o mais depressa possível. Fitei as tabuas do barraco, que já estão podres. Se eles invadir, adeus barraco.
Juro que fiquei com medo...
(Carolina Maria de Jesus. Quarto de despejo –
diário de uma favelada, 1993. Adaptado)
A Maria da Anália visava ___ um pedaço de toucinho, mas seu pedido não chegou ____ sensibilizar a dona do porco que, vendo-se _____ mercê de uma invasão em seu quintal, decidiu recolher-se ____ sua casa.
Assinale a alternativa cujos termos preenchem, correta e respectivamente, as lacunas do enunciado conforme a norma-padrão.