Questões de Concurso Comentadas sobre denotação e conotação em português

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Q701481 Português
Uma velhinha
   Quem me dera um pouco de poesia, esta manhã, de simplicidade, ao menos para descrever a velhinha do Westfália! É uma velhinha dos seus setenta anos, que chega todos os dias ao Westfália (dez e meia, onze horas), e tudo daquele momento em diante começa a girar em torno dela. Tudo é para ela. Quem nunca antes a viu, chama o garçom e pergunta quem ela é. Saberá, então, que se trata de uma velhinha “de muito valor”, professora de inglês, francês e alemão, mas “uma grande criadora de casos”.
  Não é preciso perguntar de que espécie de casos, porque, um minuto depois, já a velhinha abre sua mala de James Bond, de onde retira, para começar, um copo de prata, em seguida, um guardanapo, com o qual começa a limpar o copo de prata, meticulosamente, por dentro e por fora. Volta à mala e sai lá de dentro com uma faca, um garfo e uma colher, também de prata. Por último o prato, a única peça que não é de prata. Enquanto asseia as “armas” com que vai comer, chama o garçom e manda que leve os talheres e a louça da casa. Um gesto soberbo de repulsa.
  O garçom (brasileiro) tenta dizer alguma coisa amável, mas ela repele, por considerar (tinha razão) a pronúncia defeituosa. E diz, em francês, que é uma pena aquele homem tentar dizer todo dia a mesma coisa e nunca acertar. O lha-nos e sorri, absolutamente certa de que seu espetáculo está agradando. Pede um filet e recomenda que seja mais bem do que mal passado. Recomenda pressa, enquanto bebe dois copos de água mineral. Vem o filet e ela, num resmungo, manda voltar, porque está cru. Vai o filet, volta o filet e ela o devolve mais uma vez alegando que está assado demais. Vem um novo filet e ela resolve aceitar, mas, antes, faz com os ombros um protesto de resignação.
   Pela descrição, vocês irão supor que essa velhinha é insuportável. Uma chata. Mas não. É um encanto. Podia ser avó da Grace Kelly. Uma mulher que luta o tempo inteiro pelos seus gostos. Não negocia sua comodidade, seu conforto. Não confia nas louças e nos talheres daquele restaurante de aparência limpíssima. Paciência, traz de sua casa, lavados por ela, a louça, os talheres e o copo de prata. Um dia o garçom lhe dirá um palavrão? Não acredito. A velhinha tão bela e frágil por fora, magrinha como ela é, se a gente abrir, vai ver tem um homem dentro. Um homem solitário, que sabe o que quer e não cede “isso” de sua magnífica solidão.
(MARIA, Antônio. “Com Vocês, Antônio Maria". Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1964, p. 262.)

“A velhinha tão bela e frágil por fora, magrinha como ela é...” (§4)

No fragmento acima, os nomes “velhinha” e “magrinha” foram empregados com o sufixo -inha. Este sufixo é usado em português para exprimir o diminutivo sintético nos nomes substantivos. Assim, pode-se depreender que em ambos os nomes o sufixo tem valor semântico conotativo, exprimindo, respectivamente:

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Q701188 Português
Leia o texto.

É noite. Sinto que é noite
Não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
Mas porque dentro de mim,
No fundo de mim, o grito
Se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite, que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
Noite nas águas, na pedra.

Carlos Drummond de Andrade
Avalie a veracidade das afirmações feitas sobre o texto. 1. A palavra “noite” está sendo usada em sentido conotativo. 2. O termo “noite” evoca significados de valor negativo. 3. A palavra sublinhada no texto é um verbo conjugado no imperfeito do subjuntivo. 4. Na expressão “se calou” temos uma ênclise, em relação à posição do pronome oblíquo. 5. É noite porque a sombra desceu sobre a terra. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
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Q699961 Português
COMO PROCESSAR QUEM NÃO NOS REPRESENTA?
Não somos vândalos. E deveríamos ganhar flores. Cidadãos que respeitam as regras são diariamente maltratados por serviços públicos ineficientes. Como processar o prefeito e o governador se nossos impostos não se traduzem no respeito ao cidadão? Como processar um Congresso que se comporta de maneira vil, ao manter como deputado, em voto secreto, o presidiário Natan Donadon, condenado a 13 anos por roubo de dinheiro público?
Se posso ser multada (e devo ser) caso jogue no chão um papel de bala, por que não posso multar o prefeito quando a cidade não funciona? E por que não posso multar o governador, se o serviço público me provoca sentimentos de fúria e impotência? Como punir o vandalismo moral do Estado? Ah, pelo voto. Não, não é suficiente. Deveríamos dispor de instrumentos legais para processar quem abusa do poder contra os eleitores – e esse abuso transcende partidos e ideologias. [...]
(Texto retiradodo artigo de Ruth Aquino. Revista Época, 02/09/2103.)
As palavras compreendem tanto uma forma material (significante) quanto um conteúdo semântico (significado). Tal conteúdo pode ser denotativo ou conotativo. Com base nisso, aponte o item que analisa corretamente tais conceitos:
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Q696434 Português
TEXTO 01 
                                                            A violência de todos nós
     A viralização de um vídeo postado nas redes sociais repercutiu de forma bombástica, inicialmente chocando a opinião pública estrangeira. Como efeito, despertou as autoridades e a população em geral por aqui. Tratava-se do estupro coletivo de uma menina carioca de 16 anos. O episódio, brutal e revoltante – para usar apenas dois dos inúmeros e insuficientes adjetivos possíveis –, reacendeu o tema do estupro de mulheres, praticado de forma endêmica e assustadoramente alta no Brasil. De quando em quando, diante de algum novo episódio e de forma que poderíamos chamar espasmódica, ressurge, para em seguida desaparecer (...) – tal qual a dengue ou a Zica, em tempos de pico epidêmico.
       Não foi diferente desta vez: a mídia, em todas as suas modalidades, vem incansavelmente abordando o assunto. Grupos feministas, intelectuais, jornalistas, políticos, a polícia e a população em geral, dentro e fora da mídia, vêm se pronunciando. Estamos em tempos de pico novamente. Entenda-se aqui a falta de um real interesse em pensar, de forma consistente e permanente, políticas públicas eficazes para promover a equidade entre os gêneros. Cada vez que há um novo episódio, o que se vê são promessas de acirramento das leis, aliadas a medidas punitivas: sempre algo feito a posteriori, como são os casos de polícia. Procura-se apurar os fatos, dá-se andamento a intermináveis processos, eventualmente punem-se os culpados, até que apareçam novas vítimas e a roda volte a girar na mesma vergonhosa direção. Não existem programas de caráter preventivo, duradouros, de longo e amplo alcance para toda a população, especialmente voltados para as crianças e os jovens. A mudança de um tipo de mentalidade e, consequentemente, de comportamento só é possível com um trabalho permanente formulado e posto em prática com diversos setores de uma sociedade. A maneira como o estupro e a violência contra as mulheres são tratados em nossa sociedade é reveladora da ideologia subjacente: estupro é um tema que diz respeito exclusivamente às mulheres! Não é pensado como assunto que nos implica a todos! Que nos agride eticamente como cidadãos e nos envergonha e ofende como seres humanos.
(Revista Scientific American – mentecérebro. Ano XI, Nº 282, julho/16. Por Susana Muszkat – Psicanalista – p. 14)  
Assinale a opção na qual a linguagem de palavras/expressões/frases em destaque é utilizada em sentido denotativo, não figurado.
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Q689290 Português
Texto I
Pesquisa inédita realizada pela CNDL e SPC Brasil buscou avaliar o perfil dos brasileiros adimplentes e inadimplentes, sendo considerados como: a) adimplentes: aqueles que pagam regularmente suas compras e dificilmente têm seu nome negativado nos sistemas de proteção ao crédito. b) inadimplentes: aqueles que não pagam regularmente suas compras e, possivelmente, têm seu nome negativado nos sistemas de proteção ao crédito.
[...]
Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2016.
Texto II
[...]
Pare de acumular dívidas. Corte os cartões de crédito e jogue os cheques fora, para não soltar uma borracha. Não peça mais cartões ou financiamentos. Fique longe de empréstimos consignados. Se não pode comprar algo hoje, também não pode amanhã [...].
Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2016. 
Considerando a linguagem desses dois fragmentos textuais, verifica-se que
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Q689288 Português
Ao observar a tirinha, é possível perceber que o verbo rolar adquiriu uma multiplicidade de sentidos. Essa multiplicidade de sentidos que uma mesma palavra pode apresentar, em diferentes contextos de uso, chama-se
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Ano: 2012 Banca: IF-SP Órgão: IF-SP Prova: IF-SP - 2012 - IF-SP - Auxiliar de Biblioteca |
Q688915 Português

As palavras podem apresentar dois sentidos: denotativo ou conotativo. Analise os períodos:

I – A estrela brilha no céu.

A ministra foi a estrela da equipe governamental.

Vi estrelas quando bati com o pé na porta.

II – No acidente, ele fraturou a cabeça.

Ele foi o cabeça do movimento.

O movimento das diretas fez a cabeça da geração de 80.

Assinale a alternativa correta que apresenta, respectivamente, os sentidos das palavras em negrito.

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Q687664 Português
O Texto II faz uso de linguagem coloquial, representando a realidade cotidiana que lhe serve de temática.
Um substantivo que exemplifica essa linguagem no texto é
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Q684260 Português
Considerando a imagem abaixo de uma marca de refrigerante, sobre as funções da linguagem, pode-se dizer que seu contexto corresponde a predominância da função: Imagem associada para resolução da questão
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Q676921 Português

Jogos Olímpicos Rio 2016 deixarão lições para a segurança corporativa

*Alejandro Raposo - 11 de Março de 2016 - 14h42

O projeto de segurança da informação desenvolvido para os Jogos Olímpicos Rio 2016 é, certamente, o mais complexo já implantado na América Latina nos últimos tempos. Primeiramente, porque tem um portfólio de produtos extremamente amplo, que de ve ser integrado a diversas tecnologias de diferentes marcas e aspectos. Em segundo lugar, pela sua visibilidade, já que atende o maior evento esportivo do mundo, com uma expectativa de 4,8 bilhões de espectadores, segundo seus organizadores.

Todos os projetos de segurança da informação abrangem basicamente três premissas: processos, soluções de segurança e pessoas. A diferença é que os Jogos Olímpicos Rio 2016 têm o tamanho de uma cidade inteligente. Para se ter uma ideia, o time envolvido nas operações será de 136,5 mil pessoas, entre funcionários diretos, indiretos e voluntários, cada um com um nível de permissão e uma dinâmica de trabalho diferentes. Além disso, será preciso atender milhares de atletas, profissionais de mídia e agentes de delegações que circularão durante o evento.

Como não poderia deixar de ser, a expectativa de ataques no País também é gigante, por isso, a preocupação com a segurança cibernética deve ser redobrada em todas as organizações do Brasil e não somente nas entidades envolvidas com a organização dos Jogos. O Internet Security ThreatReport 2015 (ISTR 2015), produzido pela Symantec, mostra uma média de quase um milhão de malwares criados por dia em todo o mundo, proporção que deve seguir crescendo exponencialmente, graças ao processo de sofisticação do cibercrime – com ataques cada vez mais direcionados e assertivos – e à aceleração da digitalização, especialmente na América Latina.

Dados do relatório A Nova Revolução Digital, feito pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), mostram que a penetração da Internet na região mais do que duplicou entre 2006 e 2014, com crescimento passando de 20,7% para 50,1% ao ano. O cenário é semelhante para dispositivos móveis. Entre 2010 e 2013, o número de celulares conectados à Internet na região aumentou, em média, 77% ao ano; em 2014, já somavam 200 milhões. Em 2020, esse número deve ultrapassar os 600 milhões, o que deixará a América Latina atrás somente da Ásia, de acordo com o documento A Economia Móvel - América Latina 2014, produzido pelo GroupeSpeciale Mobile Association (GSMA), entidade que reúne operadoras de telefonia móvel de todo o mundo. Esse crescimento traz, a reboque, um imenso número de novos usuários pouco habituados ao cenário digital, que são vítimas em potencial para ameaças virtuais, inclusive de ataques simples de engenharia social, como spam e alternativas rudimentares.

O aprendizado com esse projeto do Rio 2016, com certeza, levará ao apri moramento das práticas de mercado, pois as ações do Comitê Olímpico Internacional (COI) e do Comitê Organizador Rio 2016 na área de segurança da informação são extremamente bem formuladas, com técnicas e metodologias avançadas. Os processos ocorrem dentro de um padrão e uma sequência que devem ser respeitados, a fim de atingir o objetivo final sem grandes intempéries. Os diversos fabricantes fornecedores trabalham de forma totalmente integrada e com base em parceria mútua, pois a combinação perfeita das soluções determinará o resultado do projeto. Por fim, a criação do ambiente para a disputa dos jogos deve deixar legados para a cidade -sede sob todos os pontos de vista. O objetivo é muito claro: criar um evento no qual todos possam apreciar os jogos e uma estrutura que, de tão eficiente, ninguém veja.

*Vice-presidente de Vendas da Symantec para América Latina 


Disponível em: <http://computerworld.com.br/jogos-olimpicos-rio-2016-deixarao-licoes-para-seguranca-corporativa>.

Acesso em: 10 jun. 2016.[Adaptado]

Considerando sua inserção no quinto parágrafo do texto, a palavra Intempéries foi usada em sentido 
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Q672446 Português

Com relação às ideias desenvolvidas no texto II, julgue (C ou E) o item subsecutivo.


Conforme o texto, iñaron é palavra tupi que não é apropriada para denotar o sofrimento de todas as tribos indígenas, mas poderia denotar os sentimentos de fúria de heróis gregos como Agave e Aquiles.

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Q662153 Português

Texto: Quem é carioca

    Claro que não é preciso nascer no Rio de Janeiro para ser genuinamente carioca, ainda que haja nisto um absurdo etimológico. É notório que há cariocas vindos de toda parte, do Brasil e até fora do Brasil. Ainda há pouco tempo chamei Armando Nogueira de carioca do Acre, nascido na remota e florestal cidade de Chapuri. Armando conserva, de resto, a marca acriana num resíduo de sotaque nortista, cuja aspereza nada tem a ver com a fala carioca, que não cospe as palavras, mas antes as agasalha carinhosamente na boca. Mas não é a maneira de falar, ou apenas ela, que caracteriza o carioca. Há sujeitos nascidos, criados e vividos no Rio – poucos, é verdade – que falam cariocamente e não têm, no entanto, nem uma pequena parcela de alma carioca. Agora mesmo estou me lembrando de um, sujeito ranheta, que em tudo que faz ou diz põe aquela eructação subjacente que advém de sua azia espiritual. Este, ainda que o prove com certidão de nascimento, não é carioca nem aqui nem na China. E assim, sem querer, já me comprometi com uma certa definição do carioca, que começa por ser não propriamente, ou não apenas um ser bemhumorado, mas essencialmente um ser de paz com a vida. Por isso mesmo, o carioca, pouco importa sua condição social, é um coração sem ressentimento. Nisto, como noutras dominantes da biotipologia do carioca, há de influir fundamentalmente a paisagem, ou melhor, a natureza desta mui leal cidade do Rio de Janeiro.

      Aqui, mais do que em qualquer outro lugar, é impossível a gente não sofrer um certo aperfeiçoamento imposto pela natureza. A paisagem, de qualquer lado que o olhar se vire, se oferece com a exuberância e a falta de modos de um camelô. O carioca sabe que não é preciso subir ao Corcovado ou ao Pão de Açúcar para ser atropelado por um belo panorama (belo panorama, aliás, é um troço horrível). Por isso mesmo, nunca um só carioca foi assaltado no Mirante Dona Marta, que está armadinho lá em cima à espera dos otários, isto é, dos turistas.

       Pois o que o carioca não é, o que ele menos é – é turista. O que caracteriza o carioca é exatamente uma intimidade com a paisagem, que o dispensa de encarar, por exemplo, a praia de Copacabana com um olhar que não seja o rigorosamente familiar. O carioca não visita coisa nenhuma, muito menos a sua cidade, entendida aqui como entidade global e abstratamente concreta. Ele convive com o Rio de igual para igual e nesta relação só uma lei existe, que é a da cordialidade. O carioca está na sua cidade como o peixe no mar.

      Por tudo isso, qualquer sujeito que não esteja perfeita e estritamente casado com a paisagem ou, mais que isto, com a cidade, não é carioca – é um intruso, um corpo estranho. E é isto o que transparece à primeira vista, não adianta disfarçar. O carioca autêntico, o genuíno mesmo, esse que chegou ao extremo de nascer no Rio, esse não engana ninguém e nunca dá um único fora – sua conduta é cem por cento carioca sem o menor esforço. O carioca é um ser espontâneo, cuja virtude máxima é a naturalidade. Não tem dobras na alma, nem bolor, nem reservas. Também pudera, sua formação, desde o primeiro vagido, foi feita sob o signo desta cidade superlativa, onde o mar e a mata – verde e azul – são um permanente convite para que todo mundo saia de si mesmo, evite a própria má companhia - comunique-se. Sobre esse verde e esse azul, imagine-se ainda o esplendor de um sol que entra pela noite adentro – um sol que se apaga, mas não se ausenta. Diante disto e de mais tudo aquilo que faz a singularidade da beleza do Rio, como não ser carioca?

     Apesar de tudo, há gente que consegue viver no Rio anos a fio sem assimilar a cidade e sem ser por ela assimilada. Gente que nunca será carioca, como são, por exemplo, Dom Pedro II e Vinícius de Morais, autênticos cariocas de todos os tempos, segundo Afonso Arinos. A verdade é que nem todo mundo consegue a taxa máxima de “cariocidade”, que tem, por exemplo, um Aloysio Salles. No extremo oposto, está aquele homem público eminente que vi passeando outro dia em Copacabana.Ia de braço com a mulher e, da cabeça aos sapatos, como dizia Eça de Queiroz, proclamava a sua falta de identificação com o que se pode chamar “carioca way of living”. Sapatos, aliás, que não eram esporte, ao contrário da camisa desfraldada. Esse é um que não precisa abrir a boca, já se viu que está no Rio como uma barata está numa sopa de batata, no mínimo, por simples erro de revisão.

Otto Lara Resende. In: Antologia de crônicas: 80 crônicas exemplares / organizada por Herberto Sales. 3 ed. São Paulo: Ediouro, 2010. Páginas 197 - 199

Por mais variados que sejam, os sentidos das palavras situam-se em dois níveis ou planos: o da denotação e o da conotação. Dentre os fragmentos a seguir, o que apresenta um verbo com sentido conotativo é:
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Q655847 Português
A denotação ocorre em:
Alternativas
Q652666 Português
O termo (ou expressão) em destaque, que está empregado em seu sentido próprio, denotativo, ocorre em:
Alternativas
Q647365 Português

                                                           TEXTO I                                                              

                                                         O Assalto

Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:

— Isto é um assalto!

Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de um admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado? 

— Um assalto! Um assalto! — a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado, escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.

Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas?

— Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante! 

O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:

— No que você vai a fim do assalto, eles assaltam sua caixa.

Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar.

Outros ônibus pararam, a rua entupiu.

— Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não

podem dar no pé.

— É uma mulher que chefia o bando!

— Já sei. A tal dondoca loira.

— A loura assalta em São Paulo. Aqui é morena.

— Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.

— Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!

— Vai ver que está caçando é marido.

— Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue

escorrendo!

— Sangue nada, é tomate.

Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas. 

Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção; quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pelo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam: 

— Pega! Pega! Correu pra lá!

— Olha ela ali!

— Eles entraram na Kombi ali adiante!

— É um mascarado! Não, são dois mascarados!

Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído, Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso? 

— Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a

gente com dor-de-barriga, pensando que era metralhadora!

Caíram em cima do garoto, que soverteu na multidão. A

senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:

— É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro

assalto!

                                                                   Carlos Drummond de Andrade
De acordo com o trecho: “Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.” Marque a opção CORRETA.
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Q642958 Português

A respeito das ideias veiculadas no texto CB2A2AAA, julgue o item que se segue.

O termo “responsividade” foi empregado nas linhas 39 e 42 com o sentido de qualidade de quem responde pelos próprios atos, ou pelos de outrem, em situação jurídica passível de punição.

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Q640622 Português

Observe o texto a seguir:

Imagem associada para resolução da questão

Em relação à propaganda, é CORRETO afirmar que na frase

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Q637694 Português

No que se refere aos sentidos do texto I, julgue o próximo item.


A expressão “armar ali a minha tenda” (l.3) foi empregada no texto em sentido figurado.

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Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: EMSERH Prova: FUNCAB - 2016 - EMSERH - Assistente Social |
Q630099 Português

                            O embondeiro que sonhava pássaros

      Esse homem sempre vai ficar de sombra: nenhuma memória será bastante para lhe salvar do escuro. Em verdade, seu astro não era o Sol. Nem seu país não era a vida. Talvez, por razão disso, ele habitasse com cautela de um estranho. O vendedor de pássaros não tinha sequer o abrigo de um nome. Chamavam-lhe o passarinheiro.

      Todas manhãs ele passava nos bairros dos brancos carregando suas enormes gaiolas. Ele mesmo fabricava aquelas jaulas, de tão leve material que nem pareciam servir de prisão. Parecia eram gaiolas aladas, voláteis. Dentro delas, os pássaros esvoavam suas cores repentinas. À volta do vendedeiro, era uma nuvem de pios, tantos que faziam mexer as janelas:

      - Mãe, olha o homem dos passarinheiros!

      E os meninos inundavam as ruas. As alegrias se intercambiavam: a gritaria das aves e o chilreio das crianças. O homem puxava de uma muska e harmonicava sonâmbulas melodias. O mundo inteiro se fabulava.

      Por trás das cortinas, os colonos reprovavam aqueles abusos. Ensinavam suspeitas aos seus pequenos filhos - aquele preto quem era? Alguém conhecia recomendações dele? Quem autorizara aqueles pés descalços a sujarem o bairro? Não, não e não. O negro que voltasse ao seu devido lugar. Contudo, os pássaros tão encantantes que são - insistiam os meninos. Os pais se agravavam: estava dito.

      Mas aquela ordem pouco seria desempenhada.

      [...]

      O homem então se decidia a sair, juntar as suas raivas com os demais colonos. No clube, eles todos se aclamavam: era preciso acabar com as visitas do passarinheiro. Que a medida não podia ser de morte matada, nem coisa que ofendesse a vista das senhoras e seus filhos. 6 remédio, enfim, se haveria de pensar.

      No dia seguinte, o vendedor repetiu a sua alegre invasão. Afinal, os colonos ainda que hesitaram: aquele negro trazia aves de belezas jamais vistas. Ninguém podia resistir às suas cores, seus chilreios. Nem aquilo parecia coisa deste verídico mundo. O vendedor se anonimava, em humilde desaparecimento de si:

      - Esses são pássaros muito excelentes, desses com as asas todas de fora.

      Os portugueses se interrogavam: onde desencantava ele tão maravilhosas criaturas? onde, se eles tinham já desbravado os mais extensos matos?

      O vendedor se segredava, respondendo um riso. Os senhores receavam as suas próprias suspeições - teria aquele negro direito a ingressar num mundo onde eles careciam de acesso? Mas logo se aprontavam a diminuir-lhe os méritos: o tipo dormia nas árvores, em plena passarada. Eles se igualam aos bichos silvestres, concluíam.

      Fosse por desdenho dos grandes ou por glória dos pequenos, a verdade é que, aos pouco-poucos, o passarinheiro foi virando assunto no bairro do cimento. Sua presença foi enchendo durações, insuspeitos vazios. Conforme dele se comprava, as casas mais se repletavam de doces cantos. Aquela música se estranhava nos moradores, mostrando que aquele bairro não pertencia àquela terra. Afinal, os pássaros desautenticavam os residentes, estrangeirando-lhes? [...] O comerciante devia saber que seus passos descalços não cabiam naquelas ruas. Os brancos se inquietavam com aquela desobediência, acusando o tempo. [...]

      As crianças emigravam de sua condição, desdobrando-se em outras felizes existências. E todos se familiavam, parentes aparentes. [...]

      Os pais lhes queriam fechar o sonho, sua pequena e infinita alma. Surgiu o mando: a rua vos está proibida, vocês não saem mais. Correram-se as cortinas, as casas fecharam suas pálpebras.

COUTO, Mia. Cada homem é uma raça: contosl Mia Couto - 1ª ed. - São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p.63 - 71. (Fragmento). 

Ao mesmo tempo em que o narrador apresenta, através do discurso indireto livre, a reprovação dos moradores acerca da liberdade de o passarinheiro circular pelas ruas do bairro, também mostra o encantamento causado pela presença do passarinheiro e seus pássaros na vida das crianças da comunidade. Nessa perspectiva, esse contraste de opiniões, reprovação e encantamento, está marcado, no texto, pela palavra/expressão:
Alternativas
Q626802 Português

                                        O gavião


      Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a lua. Olhamos todos para o céu em busca de algo mais sensacional e comovente – o gavião malvado, que mata pombas.

      O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à contemplação de um drama bem antigo, e há o partido das pombas e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros (qualquer palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar o gavião. Os amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na verdade come a sua pombinha com a mesma inocência com que a pomba come seu grão de milho.

      Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das pombas e também o lance magnífico em que o gavião se despenca sobre uma delas. Comer pombas é, como diria Saint-Exupéry, “a verdade do gavião”, mas matar um gavião no ar com um belo tiro pode também ser a verdade do caçador.

      Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro homem.

                                       

 (Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999. Adaptado)

O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no texto – … pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro homem. –, é empregado com sentido
Alternativas
Respostas
461: C
462: B
463: E
464: A
465: A
466: C
467: B
468: C
469: B
470: A
471: E
472: B
473: D
474: D
475: A
476: E
477: B
478: C
479: A
480: E