Questões de Concurso
Sobre estrutura das palavras: radical, desinência, prefixo e sufixo em português
Foram encontradas 1.514 questões
Ano: 2014
Banca:
COSEAC
Órgão:
UFF
Provas:
COSEAC - 2014 - UFF - Auxiliar de Enfermagem
|
COSEAC - 2014 - UFF - Auxiliar Administrativo |
Q497570
Português
O nome composto em destaque no trecho ''estuda as causas da inexistência dessa MATÉRIA-PRIMA na composição das goiabadas'' (3º §), se expresso no plural, terá a variação dos dois elementos. Dos pares de vocábulos compostos abaixo, aquele em que os dois vocábulos também fazem o plural com variação dos dois elementos é:
Q495918
Português
Texto associado
Por uma medicina sem futilidades
Futilidade, segundo o dicionário, significa frivolidade, inutilidade, motivo vão. Em medicina, o termo se aplica aos procedimentos cujos benefícios para o paciente são nulos, insignificantes ou altamente improváveis. Frequentemente, é usado para definir atos e intervenções destinados a prolongar a vida de pacientes terminais com prognósticos considerados irreversíveis.
Tambémdenominada obstinação terapêutica, a questão está enraizada na discussão da ética médica, segundo a qual a morte deve ser evitada a qualquer custo. O desenvolvimento tecnológico reforçou essa conduta ao oferecer medicamentos e equipamentos que possibilitam o prolongamento da vida dentro das unidades de tratamento intensivo.
Estabelecer os limites entre a utilidade e a futilidade é um dos maiores dilemas da medicina. A luta em favor da vida é justa, legítima e faz parte da natureza humana. No entanto, levado a extremos nos casos irreversíveis, esse esforço pode prejudicar os doentes em vez de trazer benefício, além de impor grande sofrimento aos familiares.
O Código de Ética Médica adotado no Brasil reforça o caráter antiético da eutanásia. Mas também classifica como não indicado o prolongamento artificial da vida, com sofrimento para o doente sem perspectiva de cura ou melhora. Ele orienta que nas situações clínicas irreversíveis e terminais o médico evite procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários.
Na revisão do Código feita em 2010, foi incluída pela primeira vez a ortotanásia como alternativa a ser considerada em casos terminais. Trata-se da promoção de cuidados paliativos, como controle da dor e de outros sintomas, para dar ao paciente conforto e bem-estar físico e emocional em seu final de vida.
Assim como há rígidos critérios técnicos para definir que o estado do paciente é irreversível, também existem normas para a aplicação da ortotanásia. A principal delas é que a decisão somente pode ser tomada com o consentimento do próprio doente ou dos familiares.
Para isso, é fundamental que toda a equipe envolvida esteja alinhada e partilhe a tarefa de dar ao paciente e/ou aos familiares todas as informações de forma detalhada e transparente. O diálogo sincero e aberto permite que a decisão seja mais serena e consciente, facilitando a aceitação da realidade e garantindo a dignidade daqueles cuja vida vai chegando ao fim.
(Einstein Saúde. Responsável técnico: Dr. Miguel Cendorogio Neto. Revista Veja, 23/10/13)
Futilidade, segundo o dicionário, significa frivolidade, inutilidade, motivo vão. Em medicina, o termo se aplica aos procedimentos cujos benefícios para o paciente são nulos, insignificantes ou altamente improváveis. Frequentemente, é usado para definir atos e intervenções destinados a prolongar a vida de pacientes terminais com prognósticos considerados irreversíveis.
Tambémdenominada obstinação terapêutica, a questão está enraizada na discussão da ética médica, segundo a qual a morte deve ser evitada a qualquer custo. O desenvolvimento tecnológico reforçou essa conduta ao oferecer medicamentos e equipamentos que possibilitam o prolongamento da vida dentro das unidades de tratamento intensivo.
Estabelecer os limites entre a utilidade e a futilidade é um dos maiores dilemas da medicina. A luta em favor da vida é justa, legítima e faz parte da natureza humana. No entanto, levado a extremos nos casos irreversíveis, esse esforço pode prejudicar os doentes em vez de trazer benefício, além de impor grande sofrimento aos familiares.
O Código de Ética Médica adotado no Brasil reforça o caráter antiético da eutanásia. Mas também classifica como não indicado o prolongamento artificial da vida, com sofrimento para o doente sem perspectiva de cura ou melhora. Ele orienta que nas situações clínicas irreversíveis e terminais o médico evite procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários.
Na revisão do Código feita em 2010, foi incluída pela primeira vez a ortotanásia como alternativa a ser considerada em casos terminais. Trata-se da promoção de cuidados paliativos, como controle da dor e de outros sintomas, para dar ao paciente conforto e bem-estar físico e emocional em seu final de vida.
Assim como há rígidos critérios técnicos para definir que o estado do paciente é irreversível, também existem normas para a aplicação da ortotanásia. A principal delas é que a decisão somente pode ser tomada com o consentimento do próprio doente ou dos familiares.
Para isso, é fundamental que toda a equipe envolvida esteja alinhada e partilhe a tarefa de dar ao paciente e/ou aos familiares todas as informações de forma detalhada e transparente. O diálogo sincero e aberto permite que a decisão seja mais serena e consciente, facilitando a aceitação da realidade e garantindo a dignidade daqueles cuja vida vai chegando ao fim.
(Einstein Saúde. Responsável técnico: Dr. Miguel Cendorogio Neto. Revista Veja, 23/10/13)
Na palavra destacada em “caráter ANTIÉTICO”. o prefixo significa:
Ano: 2015
Banca:
CONSULPLAN
Órgão:
HOB
Provas:
CONSULPLAN - 2015 - HOB - Agente de Administração
|
CONSULPLAN - 2015 - HOB - Técnico de Serviços de Saúde - Técnico em Enfermagem |
CONSULPLAN - 2015 - HOB - Técnico de Nível Médio - Técnico em Eletrônica |
CONSULPLAN - 2015 - HOB - Técnico de Nível Médio - Técnico em Informática |
CONSULPLAN - 2015 - HOB - Técnico de Serviços de Saúde - Técnico em Radiologia |
CONSULPLAN - 2015 - HOB - Técnico de Serviços de Saúde - Patologia Clínica |
CONSULPLAN - 2015 - HOB - Técnico de Serviços de Saúde - Técnico em Nutrição |
Q495055
Português
Texto associado
Repolhos iguais
Sempre me impressiona o impulso geral de igualar a todos: ser diferente, sobretudo ser original, é defeito. Parece perigoso. E, se formos diferentes, quem sabe aqui e ali uma medicaçãozinha ajuda. Alguém é mais triste? Remédio nele. Deprimido? Remédio nele (ainda que tenha acabado de perder uma pessoa amada, um emprego, a saúde). Mais gordinho? Dieta nele. Mais alto? Remédio na adolescência para parar de crescer. Mais relaxado na escola? Esse é normal. Mais estudioso, estudioso demais? A gente se preocupa, vai virar nerd (se for menina, vai demorar a conseguir marido).
Não podemos, mas queremos tornar tudo homogêneo: meninas usam o mesmo cabelo, a mesma roupa, os mesmos trejeitos; meninos, aquele boné virado. Igualdade antes de tudo, quando a graça, o poder, a força estão na diversidade. Narizes iguais, bocas iguais, sobrancelhas iguais, posturas iguais. Não se pode mais reprovar crianças e jovens na escola, pois são todos iguais. Serão? É feio, ou vergonhoso, ter mais talento, ser mais sonhador, ter mais sorte, sucesso, trabalhar mais e melhor.
Vamos igualar tudo, como lavouras de repolhos, se possível… iguais. E assim, com tudo o que pode ser controlado com remédios, nos tornamos uma geração medicada. Não todos - deixo sempre aberto o espaço da exceção para ser realista, e respeitando o fato de que para muitos os remédios são uma necessidade -, mas uma parcela crescente da população é habitualmente medicada. Remédios para pressão alta, para dormir, para acordar, para equilibrar as emoções, para emagrecer, para ter músculos, para ter um desempenho sexual fantástico, para ter a ilusão de estar com 30 anos quando se tem 70. Faz alguns anos reina entre nós o diagnóstico de déficit de atenção para um número assustador de crianças. Não sou psiquiatra, mas a esta altura de minha vida criei e acompanhei e vi muitas crianças mais agitadas, ou distraídas, mas nem por isso precisadas de medicação a torto e a direito. Fala-se não sei em que lugar deste mundo louco, em botar Ritalina na merenda das escolas públicas. Tal fúria de igualitarismo esconde uma ideologia tola e falsa.
Se déssemos a 100 pessoas a mesma quantidade de dinheiro e as mesmas oportunidades, em dois anos todas teriam destino diferente: algumas multiplicariam o dinheiro; outras o esbanjariam; outras o guardariam; outras ainda o dedicariam ao bem (ou ao mal) alheio.
Então, quem sabe, querer apaziguar todas as crianças e jovens com medicamentos para que não estorvem os professores já desesperados por falta de estímulo e condições, ou para permitir aos pais se preocuparem menos, ou ajudar as babás enquanto os pais trabalham ou fazem academia ou simplesmente viajam, nem valerá a pena. Teremos mais crianças e jovens aturdidos, crianças e jovens mais violentos e inquietos quando a medicação for suspensa. Bastam, para desatenção, agitação e tantas dificuldades relacionadas, as circunstâncias da vida atual. [...]
Mudar de vida é difícil. Em lugar de correr mais, parar para pensar, roubar alguns minutos para olhar, contemplar, meditar, também é difícil, pois é fugir do padrão. Então seguimos em frente, nervosos com nossos filhos mais nervosos. Haja psicólogo, psiquiatra e medicamento para sermos todos uns repolhos iguais.
( LUFT, Lya. Revista Veja - 07 de maio de 2014.)
Sempre me impressiona o impulso geral de igualar a todos: ser diferente, sobretudo ser original, é defeito. Parece perigoso. E, se formos diferentes, quem sabe aqui e ali uma medicaçãozinha ajuda. Alguém é mais triste? Remédio nele. Deprimido? Remédio nele (ainda que tenha acabado de perder uma pessoa amada, um emprego, a saúde). Mais gordinho? Dieta nele. Mais alto? Remédio na adolescência para parar de crescer. Mais relaxado na escola? Esse é normal. Mais estudioso, estudioso demais? A gente se preocupa, vai virar nerd (se for menina, vai demorar a conseguir marido).
Não podemos, mas queremos tornar tudo homogêneo: meninas usam o mesmo cabelo, a mesma roupa, os mesmos trejeitos; meninos, aquele boné virado. Igualdade antes de tudo, quando a graça, o poder, a força estão na diversidade. Narizes iguais, bocas iguais, sobrancelhas iguais, posturas iguais. Não se pode mais reprovar crianças e jovens na escola, pois são todos iguais. Serão? É feio, ou vergonhoso, ter mais talento, ser mais sonhador, ter mais sorte, sucesso, trabalhar mais e melhor.
Vamos igualar tudo, como lavouras de repolhos, se possível… iguais. E assim, com tudo o que pode ser controlado com remédios, nos tornamos uma geração medicada. Não todos - deixo sempre aberto o espaço da exceção para ser realista, e respeitando o fato de que para muitos os remédios são uma necessidade -, mas uma parcela crescente da população é habitualmente medicada. Remédios para pressão alta, para dormir, para acordar, para equilibrar as emoções, para emagrecer, para ter músculos, para ter um desempenho sexual fantástico, para ter a ilusão de estar com 30 anos quando se tem 70. Faz alguns anos reina entre nós o diagnóstico de déficit de atenção para um número assustador de crianças. Não sou psiquiatra, mas a esta altura de minha vida criei e acompanhei e vi muitas crianças mais agitadas, ou distraídas, mas nem por isso precisadas de medicação a torto e a direito. Fala-se não sei em que lugar deste mundo louco, em botar Ritalina na merenda das escolas públicas. Tal fúria de igualitarismo esconde uma ideologia tola e falsa.
Se déssemos a 100 pessoas a mesma quantidade de dinheiro e as mesmas oportunidades, em dois anos todas teriam destino diferente: algumas multiplicariam o dinheiro; outras o esbanjariam; outras o guardariam; outras ainda o dedicariam ao bem (ou ao mal) alheio.
Então, quem sabe, querer apaziguar todas as crianças e jovens com medicamentos para que não estorvem os professores já desesperados por falta de estímulo e condições, ou para permitir aos pais se preocuparem menos, ou ajudar as babás enquanto os pais trabalham ou fazem academia ou simplesmente viajam, nem valerá a pena. Teremos mais crianças e jovens aturdidos, crianças e jovens mais violentos e inquietos quando a medicação for suspensa. Bastam, para desatenção, agitação e tantas dificuldades relacionadas, as circunstâncias da vida atual. [...]
Mudar de vida é difícil. Em lugar de correr mais, parar para pensar, roubar alguns minutos para olhar, contemplar, meditar, também é difícil, pois é fugir do padrão. Então seguimos em frente, nervosos com nossos filhos mais nervosos. Haja psicólogo, psiquiatra e medicamento para sermos todos uns repolhos iguais.
( LUFT, Lya. Revista Veja - 07 de maio de 2014.)
“E, se formos diferentes, quem sabe aqui e ali uma medicaçãozinha ajuda.” (1º§) O vocábulo sublinhado tem como processo de formação de palavras denominado
Ano: 2014
Banca:
FAFIPA
Órgão:
Prefeitura de Maria Helena - PR
Prova:
FAFIPA - 2014 - Prefeitura de Maria Helena - PR - Professor - Ensino Fundamental |
Q494896
Português
Texto associado
Sugestão para as Copas do futuro
Ao xeretar sites internacionais para saber como os estrangeiros veem a Copa no Brasil, descubro que até em Taiwan, aquela porção da velha China que não abraçou o comunismo, o povo está passando as noites em claro para acompanhar os jogos de futebol.
O que não seria nada de extraordinário, a não ser pelo fato de que, lá, o esporte nacional é o beisebol. Futebol, aliás, ainda é coisa rara em Taiwan: hoje, o país ocupa a 176.ª posição dentre as 207 do ranking da Fifa, atrás, por exemplo, da Suazilândia e das Ilhas Comores. Atrás, inclusive, da Índia, país que possui uma relação sui generis com quase todos os esportes, já que, a despeito de sua gigantesca população, não parece tão preocupado em brilhar nos grandes torneios internacionais, exceção feita às competições de críquete.
As madrugadas de Copa do Mundo em Taiwan apenas confirmam a óbvia transnacionalização do futebol. Algo que, por um lado, justifica as bilionárias e constrangedoras exigências feitas pela Fifa aos países-sede. Por outro lado, porém, o mesmo agigantamento institucional tende a fazer com que o torneio seja sediado, sempre, por países que já disponham de toda a infraestrutura e dos recursos necessários ou, então, por aqueles que, como o Brasil, a África do Sul e a Rússia (sede em 2018), usam a Copa como forma de afirmação de protagonismo internacional.
É aí, então, que a coisa fica mais curiosa, que assume ares de paradoxo, uma vez que, ao mesmo tempo em que se transnacionaliza e se desenraiza, o esporte acaba por se concentrar em certas áreas do globo, o que reproduz uma lógica geopolítica (centro x periferia) muito conhecida.
Algo que, podemos pensar, pouco importa, desde que possamos ligar a tevê e ver os jogos. A Copa, afinal, é um colosso que só comporta a poesia que, por um bom preço, sai dos pés dos jogadores.
Mesmo assim, fico imaginando que não seria desinteressante assistir, a exemplo do que aconteceu em 2002, a torneios mundiais de futebol sediados por dois ou mais países. Uma Copa dos Países Bálticos, por exemplo; dos Países Baixos; do norte da África; do Cone Sul; e até, coisa cada vez menos improvável, Taiwan-China. O que, no mínimo, tornaria a coisa mais sustentável, e a Fifa, uma instituição mais simpática.
Disponível em:
http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas
Ao xeretar sites internacionais para saber como os estrangeiros veem a Copa no Brasil, descubro que até em Taiwan, aquela porção da velha China que não abraçou o comunismo, o povo está passando as noites em claro para acompanhar os jogos de futebol.
O que não seria nada de extraordinário, a não ser pelo fato de que, lá, o esporte nacional é o beisebol. Futebol, aliás, ainda é coisa rara em Taiwan: hoje, o país ocupa a 176.ª posição dentre as 207 do ranking da Fifa, atrás, por exemplo, da Suazilândia e das Ilhas Comores. Atrás, inclusive, da Índia, país que possui uma relação sui generis com quase todos os esportes, já que, a despeito de sua gigantesca população, não parece tão preocupado em brilhar nos grandes torneios internacionais, exceção feita às competições de críquete.
As madrugadas de Copa do Mundo em Taiwan apenas confirmam a óbvia transnacionalização do futebol. Algo que, por um lado, justifica as bilionárias e constrangedoras exigências feitas pela Fifa aos países-sede. Por outro lado, porém, o mesmo agigantamento institucional tende a fazer com que o torneio seja sediado, sempre, por países que já disponham de toda a infraestrutura e dos recursos necessários ou, então, por aqueles que, como o Brasil, a África do Sul e a Rússia (sede em 2018), usam a Copa como forma de afirmação de protagonismo internacional.
É aí, então, que a coisa fica mais curiosa, que assume ares de paradoxo, uma vez que, ao mesmo tempo em que se transnacionaliza e se desenraiza, o esporte acaba por se concentrar em certas áreas do globo, o que reproduz uma lógica geopolítica (centro x periferia) muito conhecida.
Algo que, podemos pensar, pouco importa, desde que possamos ligar a tevê e ver os jogos. A Copa, afinal, é um colosso que só comporta a poesia que, por um bom preço, sai dos pés dos jogadores.
Mesmo assim, fico imaginando que não seria desinteressante assistir, a exemplo do que aconteceu em 2002, a torneios mundiais de futebol sediados por dois ou mais países. Uma Copa dos Países Bálticos, por exemplo; dos Países Baixos; do norte da África; do Cone Sul; e até, coisa cada vez menos improvável, Taiwan-China. O que, no mínimo, tornaria a coisa mais sustentável, e a Fifa, uma instituição mais simpática.
Disponível em:
http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas
Os prefixos são morfemas que se colocam antes dos radicais para modificar-lhes o sentido. Sabendo disso, observe a frase: “Mesmo assim, fico imaginando que não seria desinteressante assistir, a exemplo do que aconteceu em 2002, a torneios mundiais de futebol sediados por dois ou mais países”. A palavra em destaque apresenta o prefixo-des. Qual sentido este prefixo agrega à palavra “interessante”?
Ano: 2015
Banca:
INSTITUTO AOCP
Órgão:
EBSERH
Provas:
AOCP - 2015 - EBSERH - Engenheiro Eletricista
|
AOCP - 2015 - EBSERH - Analista Administrativo - Estatística |
INSTITUTO AOCP - 2015 - EBSERH - Analista Administrativo - Administração Hospitalar |
INSTITUTO AOCP - 2015 - EBSERH - Engenheiro Mecânico |
AOCP - 2015 - EBSERH - Engenheiro Clínico |
Q494847
Português
Texto associado
O verão em que aprendi a boiar
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas capacidades
fazem de nós pessoas diferentes do que éramos
IVAN MARTINS
Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acredito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um gosto especial.
Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transformou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A cidade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia. Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era diferente - e pior - do que descer a mesma avenida com as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia insuspeitada.
Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me parece, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que, mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou inteiramente.
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra descoberta temporã.
Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes, num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Brava, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente consegui boiar.
Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esforço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação de balançar ao ritmo da água - sinto dizer, mas vocês se esqueceram de como tudo isso é bom.
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a ela. Boiar é fazer parte dela - assim como do sol e das montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e isso, curiosamente, não é fácil.
Essa experiência me sugeriu algumas considerações sobre a vida em geral.
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorporando novidades que nos transformam. Somos geneticamente elaborados para lidar com o novo, mas não só. Também somos profundamente modificados por ele. A cada momento da vida, quando achamos que tudo já aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
Suspeito que isso tenha importância também para os relacionamentos.
Se a gente não congela ou enferruja - e tem gente que já está assim aos 30 anos - nosso repertório íntimo tende a se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação. Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro, em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustração e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça, em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sentido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia do outro e de si mesmo, no mundo.
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas precisam ser aprendidas.
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tempo, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de forma relaxada e consciente um grande amor.
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez rapidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coisas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser. Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de melhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se pode tentar boiar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martin...
verao-em-que-aprendi-boiar.html
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas capacidades
fazem de nós pessoas diferentes do que éramos
IVAN MARTINS
Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acredito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um gosto especial.
Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transformou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A cidade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia. Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era diferente - e pior - do que descer a mesma avenida com as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia insuspeitada.
Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me parece, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que, mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou inteiramente.
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra descoberta temporã.
Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes, num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Brava, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente consegui boiar.
Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esforço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação de balançar ao ritmo da água - sinto dizer, mas vocês se esqueceram de como tudo isso é bom.
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a ela. Boiar é fazer parte dela - assim como do sol e das montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e isso, curiosamente, não é fácil.
Essa experiência me sugeriu algumas considerações sobre a vida em geral.
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorporando novidades que nos transformam. Somos geneticamente elaborados para lidar com o novo, mas não só. Também somos profundamente modificados por ele. A cada momento da vida, quando achamos que tudo já aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
Suspeito que isso tenha importância também para os relacionamentos.
Se a gente não congela ou enferruja - e tem gente que já está assim aos 30 anos - nosso repertório íntimo tende a se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação. Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro, em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustração e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça, em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sentido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia do outro e de si mesmo, no mundo.
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas precisam ser aprendidas.
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tempo, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de forma relaxada e consciente um grande amor.
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez rapidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coisas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser. Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de melhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se pode tentar boiar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martin...
verao-em-que-aprendi-boiar.html
Assinale a alternativa correta em relação à ortografa dos pares.
Ano: 2009
Banca:
PC-RS
Órgão:
PC-RS
Prova:
PC-RS - 2009 - PC-RS - Escrivão de Polícia Civil - Prova 1 |
Q492207
Português
Considere seguintes informações sobre as palavras do texto certas (C) ou erradas (E):
I. Se retirarmos o sufixo da palavra infelizmente (linha 31) ela mudará de classe gramatical.
II -O sufixo da palavra baixissimo (linha 30) conferiu ao adjetivo baixo a mudança para classe gramatical de advérbio de intensidade.
III - A palavra teve (linha 55) e um exemplo de abreviação.
IV. As palavras arrogância (linha 38), existencial (linha 49) e preconceituoso (linha 62) , foram adicionados sufixos que transformaram essas palavras em adjetivos.
Assinale a sequência correta.
I. Se retirarmos o sufixo da palavra infelizmente (linha 31) ela mudará de classe gramatical.
II -O sufixo da palavra baixissimo (linha 30) conferiu ao adjetivo baixo a mudança para classe gramatical de advérbio de intensidade.
III - A palavra teve (linha 55) e um exemplo de abreviação.
IV. As palavras arrogância (linha 38), existencial (linha 49) e preconceituoso (linha 62) , foram adicionados sufixos que transformaram essas palavras em adjetivos.
Assinale a sequência correta.
Q492160
Português
Texto associado
O grande desastre aéreo de ontem
Para Cândido Portinari
Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava urna flor para a noiva, abraçado com a hélice. E o violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira negra e seu estradivarius1. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na explosão. Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor. Vejo sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue dos poetas mártires. Vejo a nadadora belíssima, no seu último salto de banhista, mais rápida porque vem sem vida. Vejo três meninas caindo rápidas, enfunadas2, como se dançassem ainda. E vejo a louca abraçada ao ramalhete de rosas que ela pensou ser o paraquedas, e a prima-dona3 com a longa cauda de lantejoulas riscando o céu como urn cometa. E o sino que ia para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos. Presumo que a moça adormecida na cabine ainda vem dormindo, tão tranquila e cega! Ó amigos, o paralítico vem com extrema rapidez, vem como uma estrela cadente, vem com as pernas do vento. Chove sangue sobre as nuvens de Deus. E há poetas miopes que pensam que é o arrebo!4.
LIMA, Jorge de. Poesia completa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980,2v,v.1,p.237).
1. aportuguesamento para a famosa marca de violinos:
Stradivárius.
2. retesadas, infladas, enrijecidas.
3. cantora que faz o papel principal em uma opera.
Para Cândido Portinari
Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava urna flor para a noiva, abraçado com a hélice. E o violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira negra e seu estradivarius1. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na explosão. Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor. Vejo sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue dos poetas mártires. Vejo a nadadora belíssima, no seu último salto de banhista, mais rápida porque vem sem vida. Vejo três meninas caindo rápidas, enfunadas2, como se dançassem ainda. E vejo a louca abraçada ao ramalhete de rosas que ela pensou ser o paraquedas, e a prima-dona3 com a longa cauda de lantejoulas riscando o céu como urn cometa. E o sino que ia para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos. Presumo que a moça adormecida na cabine ainda vem dormindo, tão tranquila e cega! Ó amigos, o paralítico vem com extrema rapidez, vem como uma estrela cadente, vem com as pernas do vento. Chove sangue sobre as nuvens de Deus. E há poetas miopes que pensam que é o arrebo!4.
LIMA, Jorge de. Poesia completa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980,2v,v.1,p.237).
1. aportuguesamento para a famosa marca de violinos:
Stradivárius.
2. retesadas, infladas, enrijecidas.
3. cantora que faz o papel principal em uma opera.
Assinale a alternativa em que as palavras apresentam sufixos de mesmo sentido:
Ano: 2014
Banca:
CESGRANRIO
Órgão:
IBGE
Prova:
CESGRANRIO - 2014 - IBGE - Agente de Pesquisas e Mapeamento |
Q490898
Português
O verbo contrapor, presente no texto na forma verbal contrapõe (L. 34), dá origem ao substantivo derivado contraposição, grafado com ç.
Os dois verbos que formam substantivos derivados grafados com ç são
Os dois verbos que formam substantivos derivados grafados com ç são
Q489571
Português
Nas palavras da língua portuguesa contemporânea existem prefixos gregos e latinos equivalentes semanticamente. Segundo o gramático Rocha Lima (2000), os prefixos gregos a-, an-, como em acéfalo e anônimo, e os prefixos latinos des-, in-, como em desleal e incapaz, são equivalentes em significado, indicando privação, afastamento, separação, negação, oposição.
Analise o significado das palavras a seguir e selecione a alternativa em que todas elas apresentam um dos prefixos acima exemplificados, com seu respectivo significado.
Analise o significado das palavras a seguir e selecione a alternativa em que todas elas apresentam um dos prefixos acima exemplificados, com seu respectivo significado.
Ano: 2015
Banca:
FUNRIO
Órgão:
UFRB
Provas:
FUNRIO - 2015 - UFRB - Contador
|
FUNRIO - 2015 - UFRB - Pedagogo |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Assistente Social |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Tecnólogo - Gestão Pública |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Técnico em assuntos educacionais |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Secretário executivo |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Químico |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Produtor cultural |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Museólogo |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Economista |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Diretor de programa |
FUNRIO - 2015 - UFRB - Bibliotecário - Documentalista |
Q488838
Português
A questão tomou por base o trecho inicial de um artigo publicado na revista Espaço Pedagógico.
As condições contemporâneas de uma sociedade de aprendizagem apresentam-nos novos desafios para as investigações acerca dos processos de formação humana. Enquanto o século XVIII impulsionou-nos aos limites de um modelo de educação alicerçado nas instituições escolares, tão bem descrito nos diferentes regimes disciplinares, a contemporaneidade posiciona-nos na direção de inúmeros deslocamentos. Para além de superar as metanarrativas de uma educação multidimensional, nosso tempo assiste a uma multiplicação dos espaços educativos. Os divulgadores da nova pedagogia, arautos de um mundo globalizado e em conexões permanentes, provocam-nos a pensar desde as condições de uma educação que se dá em todos os espaços: nas cidades, nas mídias, nas políticas ambientais, no consumo, nas escolas e nas diferentes arenas democráticas contemporâneas.
Fonte: http://www.upf.br/seer/index.php/rep/article/view/4308/2834
disciplinares / contemporaneidade / deslocamentos / metanarrativas / multidimensional / globalizado
As seis palavras transcritas do texto têm, do ponto de vista da estrutura mórfica, alguma semelhança?
As condições contemporâneas de uma sociedade de aprendizagem apresentam-nos novos desafios para as investigações acerca dos processos de formação humana. Enquanto o século XVIII impulsionou-nos aos limites de um modelo de educação alicerçado nas instituições escolares, tão bem descrito nos diferentes regimes disciplinares, a contemporaneidade posiciona-nos na direção de inúmeros deslocamentos. Para além de superar as metanarrativas de uma educação multidimensional, nosso tempo assiste a uma multiplicação dos espaços educativos. Os divulgadores da nova pedagogia, arautos de um mundo globalizado e em conexões permanentes, provocam-nos a pensar desde as condições de uma educação que se dá em todos os espaços: nas cidades, nas mídias, nas políticas ambientais, no consumo, nas escolas e nas diferentes arenas democráticas contemporâneas.
Fonte: http://www.upf.br/seer/index.php/rep/article/view/4308/2834
disciplinares / contemporaneidade / deslocamentos / metanarrativas / multidimensional / globalizado
As seis palavras transcritas do texto têm, do ponto de vista da estrutura mórfica, alguma semelhança?
Q488565
Português
Texto associado
Política de facebook
A onda de protestos de junho deve muito a um recurso aparentemente inofensivo: a ferramenta de eventos do Facebook. Todos os protestos eram agendados e compartilhados na própria rede social. E mais do que isso: fatos começaram a ser filmados e postados por cidadãos isolados e grupos organizados, como a Mídia Ninja, sem precisar passar pelas mídias tradicionais. “Não existe mais a separação que se traçava entre o mundo online e o mundo offline, como se fossem dois universos diferentes e a pessoa precisasse sair de um para entrar no outro", diz Wilson Gomes, professor de comunicação da Universidade Federal da Bahia, especialista em democracia digital.
As petições online também começam a fazer diferença. Nos EUA, na Finlândia e na Comunidade Europeia, elas ganharam status oficial e são discutidas na política tradicional. Os americanos foram os pioneiros: por lá, o governo é obrigado a responder a qualquer sugestão que atinja o mínimo de 100 mil assinaturas.[...]
Na Europa, a participação digital rendeu frutos mais concretos. O parlamento finlandês é obrigado a votar qualquer projeto de lei que consiga 50 000 assinaturas - cerca de 1% da população. (A Constituição brasileira também prevê essa possibilidade - a lei da Ficha Limpa só foi votada porque conseguiu, com ajuda das redes sociais, 1,6 milhão de assinaturas.) A diferença é que o Ministério da Justiça finlandês criou sua própria plataforma para facilitar esse tipo de participação. Em março, uma comissão parlamentar vetou o casamento gay e a população respondeu criando uma petição e conseguiu 107 mil assinaturas em 24 horas. [...] Mais de dez leis propostas por essa via já foram aprovadas desde sua criação, em maio de 2012. E nem é preciso ir tão longe: por aqui, a lei que agora obriga as empresas a detalhar nas notas fiscais os impostos embutidos nos preços dos produtos nasceu de uma iniciativa popular das associações comerciais de São Paulo, que bombaram a ideia dentro e fora da internet.
Todas essas tecnologias aumentam nossas possibilidades de cidadão - seja para criar uma nova forma de fazer política, seja para melhorar a velha. Mais importante: elas permitem que isso seja feito em qualquer momento - e não apenas em dia de eleição. “Adinâmica da política está mudando muito rápido. E, se descobrirmos como fazer isso cada vez melhor, tudo é possível", diz Graziela Tanaka, diretora da Change.org , uma das maiores plataformas de petições online do mundo. “Você começa defendendo uma árvore em seu bairro e depois vai acabar lutando por um parque nacional." Sim, esse é só o começo.
César Cerqueira. Revista Superinteressante. Edição de aniversário, agosto de 2013.
A onda de protestos de junho deve muito a um recurso aparentemente inofensivo: a ferramenta de eventos do Facebook. Todos os protestos eram agendados e compartilhados na própria rede social. E mais do que isso: fatos começaram a ser filmados e postados por cidadãos isolados e grupos organizados, como a Mídia Ninja, sem precisar passar pelas mídias tradicionais. “Não existe mais a separação que se traçava entre o mundo online e o mundo offline, como se fossem dois universos diferentes e a pessoa precisasse sair de um para entrar no outro", diz Wilson Gomes, professor de comunicação da Universidade Federal da Bahia, especialista em democracia digital.
As petições online também começam a fazer diferença. Nos EUA, na Finlândia e na Comunidade Europeia, elas ganharam status oficial e são discutidas na política tradicional. Os americanos foram os pioneiros: por lá, o governo é obrigado a responder a qualquer sugestão que atinja o mínimo de 100 mil assinaturas.[...]
Na Europa, a participação digital rendeu frutos mais concretos. O parlamento finlandês é obrigado a votar qualquer projeto de lei que consiga 50 000 assinaturas - cerca de 1% da população. (A Constituição brasileira também prevê essa possibilidade - a lei da Ficha Limpa só foi votada porque conseguiu, com ajuda das redes sociais, 1,6 milhão de assinaturas.) A diferença é que o Ministério da Justiça finlandês criou sua própria plataforma para facilitar esse tipo de participação. Em março, uma comissão parlamentar vetou o casamento gay e a população respondeu criando uma petição e conseguiu 107 mil assinaturas em 24 horas. [...] Mais de dez leis propostas por essa via já foram aprovadas desde sua criação, em maio de 2012. E nem é preciso ir tão longe: por aqui, a lei que agora obriga as empresas a detalhar nas notas fiscais os impostos embutidos nos preços dos produtos nasceu de uma iniciativa popular das associações comerciais de São Paulo, que bombaram a ideia dentro e fora da internet.
Todas essas tecnologias aumentam nossas possibilidades de cidadão - seja para criar uma nova forma de fazer política, seja para melhorar a velha. Mais importante: elas permitem que isso seja feito em qualquer momento - e não apenas em dia de eleição. “Adinâmica da política está mudando muito rápido. E, se descobrirmos como fazer isso cada vez melhor, tudo é possível", diz Graziela Tanaka, diretora da Change.org , uma das maiores plataformas de petições online do mundo. “Você começa defendendo uma árvore em seu bairro e depois vai acabar lutando por um parque nacional." Sim, esse é só o começo.
César Cerqueira. Revista Superinteressante. Edição de aniversário, agosto de 2013.
Em INOFENSIVO, o prefixo IN- significa:
Ano: 2012
Banca:
ADVISE
Órgão:
Prefeitura de Jaboticabal - SP
Prova:
ADVISE - 2012 - Prefeitura de Jaboticabal - SP - Educador Infantil - Professor Adjunto de Educação Básica I, Professor de Educação Básica I |
Q488480
Português
Analise as afirmações sobre ao processo de formação das palavras e assinale a alternativa correta.
I. A palavra segunda-feira é classificada como um processo de hibridismo;
II. A palavra vinagre é identificada pela aglutinação;
III. A palavra inútil é formada pela derivação prefixal.
Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):
I. A palavra segunda-feira é classificada como um processo de hibridismo;
II. A palavra vinagre é identificada pela aglutinação;
III. A palavra inútil é formada pela derivação prefixal.
Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):
Ano: 2014
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
IF-SP
Provas:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2014 - IF-SP - Auxiliar de Biblioteca
|
FUNDEP - 2014 - IF-SP - Auxiliar em Administração |
Q485380
Português
Texto associado
Eu Sei, Mas Não Devia
Clarice Lispector
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo, porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz [...].
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “Hoje não posso ir". A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que se paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar muito mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre o sono atrasado.
A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde de si mesma.
Clarice Lispector
Eu sei, mas não devia. Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo, porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz [...].
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “Hoje não posso ir". A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que se paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar muito mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre o sono atrasado.
A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde de si mesma.
Assinale a alternativa em que TODAS AS PALAVRAS apresentam sufixo de valor diminutivo.
Ano: 2015
Banca:
FGV
Órgão:
DPE-MT
Provas:
FGV - 2015 - DPE-MT - Contador
|
FGV - 2015 - DPE-MT - Administrador |
FGV - 2015 - DPE-MT - Engenheiro Civil |
FGV - 2015 - DPE-MT - Analista de Sistemas |
FGV - 2015 - DPE-MT - Economista |
FGV - 2015 - DPE-MT - Assistente Social |
FGV - 2015 - DPE-MT - Psicólogo |
FGV - 2015 - DPE-MT - Arquiteto |
FGV - 2015 - DPE-MT - Jornalista |
Q485025
Português
Guardar água em vasilhame de material de limpeza
Não adianta lavar mil vezes. Nunca reutilize galões de material de limpeza ou de qualquer outro produto que tenha substância química para guardar água para consumo. A água pode ser contaminada e causar problemas à saúde.
As opções a seguir apresentam formas sublinhadas que indicam o valor semântico de modo correto, à exceção de uma. Assinale-a.
Não adianta lavar mil vezes. Nunca reutilize galões de material de limpeza ou de qualquer outro produto que tenha substância química para guardar água para consumo. A água pode ser contaminada e causar problemas à saúde.
As opções a seguir apresentam formas sublinhadas que indicam o valor semântico de modo correto, à exceção de uma. Assinale-a.
Ano: 2015
Banca:
FGV
Órgão:
DPE-MT
Provas:
FGV - 2015 - DPE-MT - Assistente Administrativo
|
FGV - 2015 - DPE-MT - Assistente de Gabinete |
Q484222
Português
Horóscopo do signo de Virgem, do dia 01 de fevereiro de 2015.
“ Procure agregar aliados com interesses semelhantes aos seus, invista em parcerias corretas. Mercúrio segue retrógrado em Aquário: você ganha mais se unir forças e trabalhar em equipe. Continue com atenção redobrada ao se comunicar. Bom período para ouvir opiniões diferentes, repensar assuntos e se abrir para novos pontos de vista. Bom, também, para revisar equipamentos eletrônicos.”
No termo “retrógrado”, o prefixo tem o mesmo valor semântico que o da palavra
“ Procure agregar aliados com interesses semelhantes aos seus, invista em parcerias corretas. Mercúrio segue retrógrado em Aquário: você ganha mais se unir forças e trabalhar em equipe. Continue com atenção redobrada ao se comunicar. Bom período para ouvir opiniões diferentes, repensar assuntos e se abrir para novos pontos de vista. Bom, também, para revisar equipamentos eletrônicos.”
No termo “retrógrado”, o prefixo tem o mesmo valor semântico que o da palavra
Q483689
Português
Quando se pensa em animais hematófagos, ou seja, que vivem (comem) de sangue, a primeira imagem que vem à cabeça de muita gente é a de um morcego. Esse mamífero levou toda a fama, provavelmente por ter inspirado um dos personagens mais famosos das histórias de terror, o Conde Drácula. (Ciência hoje, UOL)
Nesse segmento, a palavra “hematófago” está explicada por meio de seus radicais componentes; a palavra abaixo que tem sua explicação dada INCORRETAMENTE, seguindo o mesmo padrão, é:
Nesse segmento, a palavra “hematófago” está explicada por meio de seus radicais componentes; a palavra abaixo que tem sua explicação dada INCORRETAMENTE, seguindo o mesmo padrão, é:
Q483084
Português
Texto associado
Vocações
Luís Fernando Veríssimo.
Todos diziam que a Leninha, quando crescesse, ia ser médica. Passava horas brincando de médico com as
bonecas. Só que, ao contrário de outras crianças, quando largou as bonecas, não perdeu a mania. A primeira
vez que tocou no rosto do namorado foi para ver se estava com febre. Só na segunda é que foi com carinho.
Ia porque ia ser médica. Só tinha uma coisa. Não podia ver sangue.
“Mas, Leninha, como é que...”
“Deixa que eu me arranjo.”
Não é que ela tivesse nojo de sangue. Desmaiava. Não podia ver carne malpassada. Ou ketchup. Um
arranhãozinho era o bastante para derrubá-la. Se o arranhão fosse em outra pessoa ela corria para socorrê-la
– era o instinto médico – , mas botava o curativo com o rosto virado.
“Acertei? Acertei?”
“Acertou o joelho. Só que é na outra perna!”
Mas fez o vestibular para medicina, passou e preparou-se para começar o curso.
“E as aulas de Anatomia, Leninha? Os cadáveres?”
“Deixa que eu me arranjo.”
Fez um trato com a Olga, colega desde o secundário. Quando abrissem um cadáver, fecharia os olhos. A
Olga descreveria tudo para ela.
“Agora estão no fígado. Tem uma cor meio...”
“Por favor. Sem detalhes.”
Conseguiu fazer todo o curso de medicina sem ver uma gota de sangue. Houve momentos em que precisou
explicar os olhos fechados.
“É concentração, professor.”
Mas se formou. Hoje é médica, de sucesso. Não na cirurgia, claro. Se bem que chegou a pensar em convidar
a Olga para fazerem uma dupla cirúrgica, ela operando com o rosto virado e a Olga dando as coordenadas.
“Mais para a esquerda... Aí. Agora corta!”
Está feliz. Inclusive se casou, pois encontrou uma alma gêmea. Foi num aeroporto. No bar onde foi tomar um
cafezinho enquanto esperava a chamada para o embarque puxou conversa com um homem que parecia
muito nervoso.
“Algum problema?” – perguntou, pronta para medicá-lo.
“Não” – tentou sorrir o homem. “É o avião...”
“Você tem medo de voar?”
“Pavor. Sempre tive.”
“Então por que voa?”
“Na minha profissão é preciso.”
“Qual é a sua profissão?”
“Piloto.”
Casaram-se uma semana depois.
Luís Fernando Veríssimo.
Todos diziam que a Leninha, quando crescesse, ia ser médica. Passava horas brincando de médico com as
bonecas. Só que, ao contrário de outras crianças, quando largou as bonecas, não perdeu a mania. A primeira
vez que tocou no rosto do namorado foi para ver se estava com febre. Só na segunda é que foi com carinho.
Ia porque ia ser médica. Só tinha uma coisa. Não podia ver sangue.
“Mas, Leninha, como é que...”
“Deixa que eu me arranjo.”
Não é que ela tivesse nojo de sangue. Desmaiava. Não podia ver carne malpassada. Ou ketchup. Um
arranhãozinho era o bastante para derrubá-la. Se o arranhão fosse em outra pessoa ela corria para socorrê-la
– era o instinto médico – , mas botava o curativo com o rosto virado.
“Acertei? Acertei?”
“Acertou o joelho. Só que é na outra perna!”
Mas fez o vestibular para medicina, passou e preparou-se para começar o curso.
“E as aulas de Anatomia, Leninha? Os cadáveres?”
“Deixa que eu me arranjo.”
Fez um trato com a Olga, colega desde o secundário. Quando abrissem um cadáver, fecharia os olhos. A
Olga descreveria tudo para ela.
“Agora estão no fígado. Tem uma cor meio...”
“Por favor. Sem detalhes.”
Conseguiu fazer todo o curso de medicina sem ver uma gota de sangue. Houve momentos em que precisou
explicar os olhos fechados.
“É concentração, professor.”
Mas se formou. Hoje é médica, de sucesso. Não na cirurgia, claro. Se bem que chegou a pensar em convidar
a Olga para fazerem uma dupla cirúrgica, ela operando com o rosto virado e a Olga dando as coordenadas.
“Mais para a esquerda... Aí. Agora corta!”
Está feliz. Inclusive se casou, pois encontrou uma alma gêmea. Foi num aeroporto. No bar onde foi tomar um
cafezinho enquanto esperava a chamada para o embarque puxou conversa com um homem que parecia
muito nervoso.
“Algum problema?” – perguntou, pronta para medicá-lo.
“Não” – tentou sorrir o homem. “É o avião...”
“Você tem medo de voar?”
“Pavor. Sempre tive.”
“Então por que voa?”
“Na minha profissão é preciso.”
“Qual é a sua profissão?”
“Piloto.”
Casaram-se uma semana depois.
Na sentença: “No bar onde foi tomar um cafezinho...”, o sufixo –zinho, em cafezinho, opera ao enunciado o valor de:
Ano: 2014
Banca:
BIO-RIO
Órgão:
ELETROBRAS
Provas:
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - ADF65
|
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - ADR66 |
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - TCN67 |
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - TEL62 |
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - TEF68 |
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - TEQ59 |
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - TET60 |
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - TTT61 |
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - TTT69 |
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - TST64 |
BIO-RIO - 2014 - ELETROBRAS - Profissional Nível Médio - Suporte I (PMS I) - TEM63 |
Q482695
Português
Texto associado
TEXTO
O INCRÍVEL E O INACREDITÁVEL
“Incrível" e “inacreditável" querem dizer a mesma coisa - e não querem. “Incrível" é elogio. Você acha incrível o que é dificil de acreditar de tão bom. Já inacreditável é o que você se recusa a acreditar de tão nefasto, nefário e nefando - A linha média do Execrável Futebol Clube.
Incrível é qualquer demonstração de um talento superior, seja o daquela moça por quem ninguém dá nada e abre a boca e canta como um anjo, o do mirrado reserva que entra em campo e sai driblando tudo, inclusive o bandeirinha do corner, o do mágico que tira moedas do nariz e transforma lenços em pombas brancas, o do escritor que torneia frases como se as esculpisse.
Inacreditável seria o Jair Bolsonaro na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em substituição ao Feliciano, uma ilustração viva da frase “ir de mal a pior".
Incrível é a graça da neta que sai dançando ao som da Bachiana de Villa-Lobos como se não tivesse só cinco anos, é o ator que nos toca e a atriz que nos faz rir ou chorar só com um jeito da boca, é o quadro que encanta e o pôr do sol que enleva.
Inacreditável é, depois de dois mil anos de civilização cristã, existir gente que ama seus filhos e seus cachorros e se emociona com a novela e mesmo assim defende o vigilantismo brutal, como se fazer justiça fosse enfrentar a barbárie com a barbárie, e salvar uma sociedade fosse embrutecê-la até a autodestruição.
Incrível, realmente incrível, é o brasileiro que leva uma vida decente mesmo que tudo à sua volta o chame para o desespero e a desforra.
Inacreditável é que a reação mais forte à vinda de médicos estrangeiros para suprir a falta de atendimento no interior do Brasil, e a exploração da questão dos cubanos insatisfeitos para sabotar o programa, venha justamente de associações médicas.
Incrível é um solo do Yamandu.
Inacreditável é este verão.
L. f. Veríssimo, O Globo, 13-02-2014
O INCRÍVEL E O INACREDITÁVEL
“Incrível" e “inacreditável" querem dizer a mesma coisa - e não querem. “Incrível" é elogio. Você acha incrível o que é dificil de acreditar de tão bom. Já inacreditável é o que você se recusa a acreditar de tão nefasto, nefário e nefando - A linha média do Execrável Futebol Clube.
Incrível é qualquer demonstração de um talento superior, seja o daquela moça por quem ninguém dá nada e abre a boca e canta como um anjo, o do mirrado reserva que entra em campo e sai driblando tudo, inclusive o bandeirinha do corner, o do mágico que tira moedas do nariz e transforma lenços em pombas brancas, o do escritor que torneia frases como se as esculpisse.
Inacreditável seria o Jair Bolsonaro na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em substituição ao Feliciano, uma ilustração viva da frase “ir de mal a pior".
Incrível é a graça da neta que sai dançando ao som da Bachiana de Villa-Lobos como se não tivesse só cinco anos, é o ator que nos toca e a atriz que nos faz rir ou chorar só com um jeito da boca, é o quadro que encanta e o pôr do sol que enleva.
Inacreditável é, depois de dois mil anos de civilização cristã, existir gente que ama seus filhos e seus cachorros e se emociona com a novela e mesmo assim defende o vigilantismo brutal, como se fazer justiça fosse enfrentar a barbárie com a barbárie, e salvar uma sociedade fosse embrutecê-la até a autodestruição.
Incrível, realmente incrível, é o brasileiro que leva uma vida decente mesmo que tudo à sua volta o chame para o desespero e a desforra.
Inacreditável é que a reação mais forte à vinda de médicos estrangeiros para suprir a falta de atendimento no interior do Brasil, e a exploração da questão dos cubanos insatisfeitos para sabotar o programa, venha justamente de associações médicas.
Incrível é um solo do Yamandu.
Inacreditável é este verão.
L. f. Veríssimo, O Globo, 13-02-2014
O texto se inicia pela afirmação do autor de que“incrível"e “inacreditável" querem dizer a mesma coisa. Essa afirmação deriva do fato de que:
Ano: 2014
Banca:
INAZ do Pará
Órgão:
BANPARÁ
Prova:
INAZ do Pará - 2014 - BANPARÁ - Médico do Trabalho |
Q482600
Português
Texto associado
Vocações
Luís Fernando Veríssimo
Todos diziam que a Leninha, quando crescesse, ia ser médica. Passava horas brincando de médico com as bonecas. Só que, ao contrário de outras crianças, quando largou as bonecas não perdeu a mania. A primeira vez que tocou no rosto do namorado foi para ver se estava com febre. Só na segunda é que foi com carinho. Ia porque ia ser médica. Só tinha uma coisa. Não podia ver sangue.
“Mas, Leninha, como é que..."
“Deixa que eu me arranjo."
Não é que ela tivesse nojo de sangue. Desmaiava. Não podia ver carne malpassada. Ou ketchup.
Um arranhãozinho era o bastante para derrubá-la. Se o arranhão fosse em outra pessoa ela corria para
socorrê-la - era o instinto médico - , mas botava o curativo com o rosto virado.
“Acertei? Acertei?"
“Acertou o joelho. Só que é na outra perna!" Mas fez o vestibular para medicina, passou e preparou-se para começar o curso.
“E as aulas de Anatomia, Leninha? Os cadáveres?"
“Deixa que eu me arranjo."
Fez um trato com a Olga, colega desde o secundário. Quando abrissem um cadáver, fecharia os olhos.
A Olga descreveria tudo para ela.
“Agora estão no fígado. Tem uma cor meio..."
“Por favor. Sem detalhes."
Conseguiu fazer todo o curso de medicina sem ver uma gota de sangue. Houve momentos em que
precisou explicar os olhos fechados.
“É concentração, professor."
Mas se formou. Hoje é médica, de sucesso. Não na cirurgia, claro. Se bem que chegou a pensar em convidar a Olga para fazerem uma dupla cirúrgica, ela operando com o rosto virado e a Olga dando as coordenadas.
“Mais para a esquerda... Aí. Agora corta!"
Está feliz. Inclusive se casou, pois encontrou uma alma gêmea. Foi num aeroporto. No bar onde foi
tomar um cafezinho enquanto esperava a chamada para o embarque puxou conversa com um homem que parecia muito nervoso.
“Algum problema?" - perguntou, pronta para medicá-lo.
“Você tem medo de voar?"
“Pavor. Sempre tive."
“Então por que voa?"
“Na minha profissão é preciso." “Qual é a sua profissão?"
“Piloto."
Casaram-se uma semana depois.
Luís Fernando Veríssimo
Todos diziam que a Leninha, quando crescesse, ia ser médica. Passava horas brincando de médico com as bonecas. Só que, ao contrário de outras crianças, quando largou as bonecas não perdeu a mania. A primeira vez que tocou no rosto do namorado foi para ver se estava com febre. Só na segunda é que foi com carinho. Ia porque ia ser médica. Só tinha uma coisa. Não podia ver sangue.
“Mas, Leninha, como é que..."
“Deixa que eu me arranjo."
Não é que ela tivesse nojo de sangue. Desmaiava. Não podia ver carne malpassada. Ou ketchup.
Um arranhãozinho era o bastante para derrubá-la. Se o arranhão fosse em outra pessoa ela corria para
socorrê-la - era o instinto médico - , mas botava o curativo com o rosto virado.
“Acertei? Acertei?"
“Acertou o joelho. Só que é na outra perna!" Mas fez o vestibular para medicina, passou e preparou-se para começar o curso.
“E as aulas de Anatomia, Leninha? Os cadáveres?"
“Deixa que eu me arranjo."
Fez um trato com a Olga, colega desde o secundário. Quando abrissem um cadáver, fecharia os olhos.
A Olga descreveria tudo para ela.
“Agora estão no fígado. Tem uma cor meio..."
“Por favor. Sem detalhes."
Conseguiu fazer todo o curso de medicina sem ver uma gota de sangue. Houve momentos em que
precisou explicar os olhos fechados.
“É concentração, professor."
Mas se formou. Hoje é médica, de sucesso. Não na cirurgia, claro. Se bem que chegou a pensar em convidar a Olga para fazerem uma dupla cirúrgica, ela operando com o rosto virado e a Olga dando as coordenadas.
“Mais para a esquerda... Aí. Agora corta!"
Está feliz. Inclusive se casou, pois encontrou uma alma gêmea. Foi num aeroporto. No bar onde foi
tomar um cafezinho enquanto esperava a chamada para o embarque puxou conversa com um homem que parecia muito nervoso.
“Algum problema?" - perguntou, pronta para medicá-lo.
“Você tem medo de voar?"
“Pavor. Sempre tive."
“Então por que voa?"
“Na minha profissão é preciso." “Qual é a sua profissão?"
“Piloto."
Casaram-se uma semana depois.
Na sentença: “Todos diziam que a Leninha, quando crescesse, ia ser médica” e na sentença: “Um arranhãozinho era o bastante para derrubá-la”, encontramos os sufixos –inha e -zinho, respectivamente, operando qual valor?
Ano: 2014
Banca:
PR-4 UFRJ
Órgão:
UFRJ
Provas:
PR-4 UFRJ - 2014 - UFRJ - Assistente em Administração
|
PR-4 UFRJ - 2014 - UFRJ - Assistente de Alunos |
Q481949
Português
No texto, o autor se refere aos adeptos do uso do suco de clorofila como naturebas (1º §, l. 9). Assinale a alternativa em que a formação sufixal apresenta o mesmo valor semântico da palavra destacada: