Questões de Português - Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo) para Concurso
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Leia a tirinha abaixo, de Calvin e Haroldo, para responder à questão .
Leia a tirinha abaixo, de Calvin e Haroldo, para responder à questão.
De acordo com os verbos contidos na tirinha, assinale a
alternativa correta.
Atenção! O texto é subsídio para a questão.
'Passei minha vida com medo de ser chamada de gorda,
até descobrir o movimento Body Positivity'
Charlie Jones
Agora, com mais de um milhão de seguidores no Instagram, ela recentemente foi ao Parlamento britânico defender que a gordofobia deve ser reconhecida como uma forma de preconceito.
Demorou quase duas décadas para que Megan aceitasse seu corpo. Até então, ela saía e entrava de dietas, passou por anorexia e ficou um tempo internada em um hospital psiquiátrico.
Aos 21, tendo abandonado a faculdade, ela chegou ao peso que queria. Mesmo assim, "odiava tudo" sobre si mesma.
"Sabia que não importava o peso que eu atingisse, nunca seria o suficiente", diz Megan, agora com 26 anos. "Não podia continuar com aquela vida. Eu sabia que tinha de ter mais. Meu distúrbio alimentar tomou tanto de mim — perdi muito tempo, e me recusei a permitir que meu distúrbio tomasse mais de mim."
"Deparei com a imagem de uma mulher no Instagram usando um biquíni e falando sobre aceitar seu corpo, sem fazer dietas e vivendo sua vida como ela era. Nunca tinha pensado que tinha essa opção."
Megan começou a publicar mensagens e fotos de positividade sobre seu corpo na conta de Instagram Bodyposipanda, ganhando milhares de seguidores. Ela se refere a si mesma como "chubby" (algo como "gordinha") nas publicações e quer que seguidores abracem esse tipo de linguagem.
"A palavra ‘gorda’ tinha o poder de me derrubar. Passei a vida toda com medo de ser chamada de gorda, não conseguia nem ver essa palavra", ela diz. "Quando eu encontrei o movimento 'body positivity', meus olhos se abriram para toda uma forma de ver isso. É só uma palavra, uma forma de descrever seu corpo e precisamos nos apropriar disso."
"Body positivity" significa "positividade sobre o corpo".
[...]
Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/geral-50452493
Estudo: donos de cães têm 65% mais chance de sobreviver a um infarto
Qualquer pessoa que convive com um cachorro sabe que o nosso melhor amigo traz uma série de benefícios. Mas estudos recentes sugerem que os cães estão nos ajudando muito além do fornecimento de amor e amizade sem fim.
Um desses estudos – “Donos de cães e sobrevivência após um grande evento cardiovascular” – constatou que os tutores têm vários outros benefícios. Depois de hospitalizados, eles apresentam:
– Risco 33% menor de morte por ataques cardíacos em pessoas que vivem apenas com o cão – Risco 15% menor de morte por ataques cardíacos em pessoas que vivem com o cão, um parceiro ou criança
– Risco 27% menor de morte em pacientes com AVC que moram apenas com o cão
– Risco 12% menor de morte em pacientes com AVC que vivem com o cão, um parceiro ou criança
Para reunir esses dados, o estudo usou o Registro Nacional de Pacientes da Suécia. Por meio dele, identificou pacientes com idades entre 40 e 85 anos e que apresentaram infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral isquêmico, entre 1º de janeiro de 2001 e 31 de dezembro de 2012.
Eles analisaram informações demográficas, dados de propriedade do cão e causa de morte dos pacientes, quando aplicável.
Tove Fall, co-autor do estudo e professor de epidemiologia molecular na Universidade de Uppsala, na Suécia, explica que a posse de cães pode dar aos tutores a motivação para se levantar e se mover. E isso ajuda os cães a fazer o exercício necessário para se manterem saudáveis.
Ao fazer este exercício, os pais que estão evitando o estilo de vida sedentário, que pode contribuir para a morte prematura.
Queda no risco de morte
Em outro estudo, os pesquisadores examinaram os dados de 3,8 milhões de pessoas em 10 estudos separados. Eles descobriram foi que os donos de cães têm:
– 24% de risco reduzido de mortalidade por todas as causas
– 65% de risco reduzido de mortalidade após um ataque cardíaco
– 31% de risco reduzido de mortalidade por problemas cardiovasculares
No entanto, embora esses estudos criem associações promissoras entre a posse de cães e a saúde humana, eles não provam causalidade ou um vínculo definitivo entre os dois.
O diretor do programa de insuficiência cardíaca do Boston VA Healthcare System, instrutor da Harvard Medical School e autor de “Estado do Coração: Explorando a História, Ciência e Futuro da Cardiopatia”, Haider Warraich, disse à NBC News que, embora esses estudos sejam “interessantes e provocativos, não basta que eu recomende que os pacientes adotem um cão para diminuir o risco de morte”.
Disponível em https://petepop.ig.com.br/estudo-donos-de-caes-tem-65-mais-chance-de-sobreviver-a-um-infarto/
Cultura clonada e mestiçagem
Levantar hoje a questão da cultura é colocar-se em uma encruzilhada para a qual convergem, embora também se oponham, o avanço da globalização e a persistência das identidades nacionais. Mas a cultura não pode mais, presentemente, construir-se sem uma tensão constitutiva, existencial e vital entre o universal, o regional, o nacional e o comunitário.
Apesar de as culturas se manterem arraigadas em seus contextos nacionais, torna-se cada vez mais difícil acreditar que os conceitos tradicionais de identidade, povo ou nação sejam "intocáveis". De fato, jamais nossas sociedades conheceram ruptura tão generalizada com tradições centenárias. Devemos, porém, indagar se as evoluções contemporâneas, em geral apresentadas como possíveis ameaças a essas tradições, inclusive a do Estado-nação, não constituiriam terrenos férteis para a cultura, ou seja, favoráveis à coexistência das diversidades. Um duplo obstáculo seria então evitado: a coesão domesticada e a uniformização artificial.
O primeiro obstáculo advém da fundamentação do modelo hegemônico de identificação em uma cultura única, total, dominante, integrativa. Esta era percebida como algo estático e definitivo. Era brandida como uma arma, cujos efeitos só hoje avaliamos: neste século, vimos as culturas mais sofisticadas curvarem-se à barbárie; levamos muito tempo até perceber que o racismo prospera quando faz da cultura algo absoluto. Conceber a cultura como um modo de exclusão conduz inevitavelmente à exclusão da cultura. Por isso, o tema da identidade cultural, que nos acompanha desde as primeiras globalizações, é coisa do passado.
Mas a cultura não deve emancipar-se da identidade nacional deixando-se dominar pela globalização e pela privatização. As identidades pós-nacionais que estão surgindo ainda não demonstraram sua capacidade de resistir à desigualdade, à injustiça, à exclusão e à violência. Subordinar a cultura a critérios elaborados nos laboratórios da ideologia dominante, que fazem a apologia das especulações na bolsa, dos avatares da oferta e da demanda, das armadilhas da funcionalidade e da urgência, equivale a privá-la de seu indispensável oxigênio social, a substituir a tensão criativa pelo estresse do mercado. Neste sentido, dois grandes perigos nos ameaçam. O primeiro é a tendência atual a considerar a cultura um produto supérfluo, quando, na realidade, ela poderia representar para as sociedades da informação o que o conhecimento científico representou para as sociedades industriais. Frequentemente se esquece que reparar a fratura social exige que se pague a fatura cultural: o investimento cultural é também um investimento social.
O segundo perigo é o "integrismo eletrônico". Das fábricas e dos supermercados culturais emana uma cultura na qual o tecnológico tem tanta primazia que se pode considerá-la desumanizada.
Mas como "tecnologizar" a cultura reduzindo-a a um conjunto de clones culturais e pretender que ela continue a ser cultura? A cultura clonada é um produto abortado, porque, ao deixar de estabelecer vínculos, deixa de ser cultura. O vínculo é seu signo característico, sua senha de identidade. E esse vínculo é mestiçagem - portanto o oposto da clonagem. A clonagem é cópia; e a mestiçagem, ao contrário, cria um ser diferente, embora também conserve a identidade de suas origens. Em todas as partes onde se produziu, a mestiçagem manteve as filiações e forjou uma nova solidariedade que pode servir de antídoto à exclusão.
Parafraseando Malraux, eu diria que o terceiro milênio será mestiço, ou não será.
PORTELLA, Eduardo. Texto apresentado na série Conferências do Século XXI, realizada em 1999, e publicado em O
Correio da Unesco, jun., 2000
Leia as afirmativas a seguir:
I. De acordo com as novas regras ortográficas, permanece o acento diferencial em pôr/por. Assim, o vocábulo "Pôr" é verbo e o vocábulo "Por" é preposição. Por exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por ela.
II. Do ponto de vista morfológico, o verbo marca pessoa (1ª, 2ª ou 3ª), número (singular ou plural), tempo (pretérito, presente ou futuro), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e voz (ativa, passiva e reflexiva).
Marque a alternativa CORRETA:
As boazinhas que me perdoem
Qual o elogio que uma mulher adora receber? Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns 700: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais. Diga que ela é uma mulher inteligente, e ela irá com a sua cara. Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número. Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa. Mas não pense que o jogo está ganho: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta. Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que ela é um avião no mundo dos negócios. Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical. Agora quer ver o mundo cair? Diga que ela é muito boazinha.
Descreva uma mulher boazinha. Voz fina, roupas pastéis, calçados rente ao chão. Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana. Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor. Nunca teve um chilique. Nunca colocou os pés num show de rock. É queridinha. Pequeninha. Educadinha. Enfim, uma mulher boazinha.
Fomos boazinhas por séculos. Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos. A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho. Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa. Quietinhas, mas inquietas.
Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas. Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais. Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen. Ser chamada de patricinha é ofensa mortal. Quem gosta de diminutivos, definha.
Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa. Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. As boazinhas não têm defeitos. Não têm atitude. Conformam-se com a coadjuvância. PH neutro. Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.
Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje. Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos. As “inhas” não moram mais aqui. Foram para o espaço, sozinhas.
MEDEIROS, Martha. Liberdade Crônica. Porto Alegre: L&PM, 2014.
As boazinhas que me perdoem
Qual o elogio que uma mulher adora receber? Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns 700: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais. Diga que ela é uma mulher inteligente, e ela irá com a sua cara. Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número. Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa. Mas não pense que o jogo está ganho: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta. Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que ela é um avião no mundo dos negócios. Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical. Agora quer ver o mundo cair? Diga que ela é muito boazinha.
Descreva uma mulher boazinha. Voz fina, roupas pastéis, calçados rente ao chão. Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana. Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor. Nunca teve um chilique. Nunca colocou os pés num show de rock. É queridinha. Pequeninha. Educadinha. Enfim, uma mulher boazinha.
Fomos boazinhas por séculos. Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos. A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho. Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa. Quietinhas, mas inquietas.
Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas. Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais. Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen. Ser chamada de patricinha é ofensa mortal. Quem gosta de diminutivos, definha.
Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa. Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. As boazinhas não têm defeitos. Não têm atitude. Conformam-se com a coadjuvância. PH neutro. Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.
Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje. Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos. As “inhas” não moram mais aqui. Foram para o espaço, sozinhas.
MEDEIROS, Martha. Liberdade Crônica. Porto Alegre: L&PM, 2014.
Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo, também bebendo da água.
– Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo
– disse o lobo, que estava alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome.
– Senhor – respondeu o cordeiro – não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando.
– Você agita a água – continuou o lobo ameaçador – e sei que você andou falando mal de mim no ano passado.
– Não pode – respondeu o cordeiro – no ano passado eu ainda não tinha nascido.
O lobo pensou um pouco e disse:
– Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo.
– Eu não tenho irmão – disse o cordeiro – sou filho único.
– Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue.
Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro, agarrou-o com os dentes e o levou para comer num lugar mais sossegado.
(La Fontaine)
Internet:<www.agenciaamazonia.com.br>
O médico esperava que o paciente ____________bem ao novo tratamento. Sônia não aguentava mais aquela situação e ___________ para tentar resolver o problema. Se __________ tarde, certamente não o ____________.
As lacunas na frase acima são preenchidas corretamente por:
SAÚDE E LIBERDADE
Victor Ruiz Caballero/The New York Times
A epidemia mundial de obesidade é fenômeno concreto e constitui um desafio para as autoridades sanitárias. O excesso de peso, afinal, está associado a uma série de moléstias graves como diabetes, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer.
Diante de uma disparada dos índices de sobrepeso infantil, o governo chileno declarou guerra a alimentos insalubres, impondo mudanças nas embalagens, criando restrições à publicidade e elevando a carga tributária de produtos como os refrigerantes.
A meta se mostra, a princípio, correta. Resta saber se os meios escolhidos são os mais indicados.
Objetivos sociais relevantes não raro se chocam com garantias às liberdades individuais. Seria uma intromissão descabida do Estado na vida privada, por exemplo, proibir todo o consumo de álcool para reduzir as mortes no trânsito.
As regras adotadas no Chile não chegam, obviamente, a tamanha arbitrariedade. Ainda assim, ensejam discussão —o tema também está em pauta no Brasil.
Lá, o governo determinou que as embalagens de alimentos que contenham altos teores de sal, açúcar e gordura tragam alertas para o risco de consumir o produto.
Tais normas de rotulagem parecem corretas, desde que se evite o alarmismo. Empresas não podem se furtar à obrigação de fornecer a melhor informação científica disponível sobre o que comercializam.
Mais controversas são as restrições ao marketing, que já baniram ícones como o tigre Tony, dos cereais açucarados Kellogg's. Neste caso se interfere na liberdade de expressão: se disciplinar a publicidade é razoável, o veto total a determinados conteúdos só se justifica em casos extremos.
Também inspira cautela a ideia de elevar a tributação de artigos muito calóricos, a exemplo do que vários países já fazem com o cigarro e o álcool. Embora defensável, o uso de tal instrumento deve mirar apenas o consumo abusivo —não faria sentido, por exemplo, sobretaxar o pão e o macarrão.
Deve-se levar em conta que, diferentemente do cigarro — uma droga que vicia e prejudica não somente seus usuários como aqueles que os cercam —, alimentos são necessários à vida. Mesmo os que engordam não são inadequados para todos a todo momento.
Cabe ao Estado, sem dúvida, promover hábitos saudáveis. Mas há que preservar ao máximo a liberdade das empresas de atuar e, principalmente, a do cidadão de escolher o que vai ou não comer.
Disponível em: [email protected]
SAÚDE E LIBERDADE
Victor Ruiz Caballero/The New York Times
A epidemia mundial de obesidade é fenômeno concreto e constitui um desafio para as autoridades sanitárias. O excesso de peso, afinal, está associado a uma série de moléstias graves como diabetes, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer.
Diante de uma disparada dos índices de sobrepeso infantil, o governo chileno declarou guerra a alimentos insalubres, impondo mudanças nas embalagens, criando restrições à publicidade e elevando a carga tributária de produtos como os refrigerantes.
A meta se mostra, a princípio, correta. Resta saber se os meios escolhidos são os mais indicados.
Objetivos sociais relevantes não raro se chocam com garantias às liberdades individuais. Seria uma intromissão descabida do Estado na vida privada, por exemplo, proibir todo o consumo de álcool para reduzir as mortes no trânsito.
As regras adotadas no Chile não chegam, obviamente, a tamanha arbitrariedade. Ainda assim, ensejam discussão —o tema também está em pauta no Brasil.
Lá, o governo determinou que as embalagens de alimentos que contenham altos teores de sal, açúcar e gordura tragam alertas para o risco de consumir o produto.
Tais normas de rotulagem parecem corretas, desde que se evite o alarmismo. Empresas não podem se furtar à obrigação de fornecer a melhor informação científica disponível sobre o que comercializam.
Mais controversas são as restrições ao marketing, que já baniram ícones como o tigre Tony, dos cereais açucarados Kellogg's. Neste caso se interfere na liberdade de expressão: se disciplinar a publicidade é razoável, o veto total a determinados conteúdos só se justifica em casos extremos.
Também inspira cautela a ideia de elevar a tributação de artigos muito calóricos, a exemplo do que vários países já fazem com o cigarro e o álcool. Embora defensável, o uso de tal instrumento deve mirar apenas o consumo abusivo —não faria sentido, por exemplo, sobretaxar o pão e o macarrão.
Deve-se levar em conta que, diferentemente do cigarro — uma droga que vicia e prejudica não somente seus usuários como aqueles que os cercam —, alimentos são necessários à vida. Mesmo os que engordam não são inadequados para todos a todo momento.
Cabe ao Estado, sem dúvida, promover hábitos saudáveis. Mas há que preservar ao máximo a liberdade das empresas de atuar e, principalmente, a do cidadão de escolher o que vai ou não comer.
Disponível em: [email protected]
Leia, atentamente, o texto.
TESTES DE TV
Walcyr Carrasco
O pedido que mais recebo, como autor de televisão, se resume no seguinte: “Quando tiver testes na Globo, me avisa!”. Tento ser gentil. Explico que esses testes não existem. Não da forma como estão pensando. Nenhuma televisão ou produtora abre testes indiscriminadamente. Imaginem se a Globo avisasse que dia tal, mês tal, haveria testes livres para quem chegasse. Juntaria uma multidão na porta, capaz de demolir o Projac! Sei por mim.
Certa vez, no início de uma novela, recebi inúmeros pedidos para testes pelo Twitter. Faz uns dez anos. Era um asno em termos de internet. Perguntei à produtora de elenco, Rosane, se podia dar o e-mail dela para quem pedisse testes. O produtor de elenco, na televisão, é quem busca os atores, de acordo com perfis de personagens, idades, tipos físicos. Quando não se trata de alguém famoso, com trabalho conhecido, eu e o diretor vemos só o material filtrado pelo produtor, de quem já tem material gravado no departamento de recursos artísticos da Globo. Ou de uma descoberta, quando é um perfil muito específico, como a Angel (Camila Queiroz) de Verdades secretas. Tinha de ter tipo de modelo, mais de 18 anos, mas rosto de ninfeta. Bem, naquela época, dei no Twitter o email da produtora Rosane. No dia seguinte, a internet do Projac caiu, tal o número de mensagens. A Rosane teve de criar outro e-mail. A direção da Globo pediu que eu nunca mais fizesse isso. Imaginem isso fisicamente. Milhares de pessoas pedindo senha para fazer teste. Teste para o quê? Não é assim que se escolhe um papel.
Eu escrevo a trama, chamada sinopse. Anexo a relação de cenários e personagens com o perfil de cada um. Testes, só de acordo com as características exigidas. Entre atores já profissionalizados. Ou seja, que têm o DRT, o direito de exercer a profissão. Para conseguir o DRT, ou se faz um curso legalizado de uns três anos ou se presta um exame no sindicato, com a comprovação de trabalhos em teatro, inclusive. Só com DRT, o ator ou atriz podem se candidatar a um papel. Pode ser a mulher mais linda do mundo. Se a personagem tiver de parecer uma mulher comum, a bonitona não fará o teste. Os atores profissionais sabem disso. Em geral, quem implora por testes tem pouca conexão real com a profissão. Quando eu trabalhava no SBT, vi uma fila de candidatas a assistentes de palco do programa Silvio Santos. Era imensa, dobrava a esquina do estacionamento.
Conhecer alguém ajuda? Claro. Se eu assistir a uma peça, gostar de um trabalho de alguém, indico. Certa vez, fui a um espetáculo, levado pelo produtor de elenco, para ver um determinado ator. Mas gostei de outro, o Fábio Lago, um grande comediante. Levou o papel em Caras & bocas e fez um enorme sucesso. Mas já era um profissional!
Pior é a situação das crianças. Em geral, são as mães, tias e avós encantadas pelo que acham ser um talento. É normal, hoje em dia, que uma criança goste de fazer vídeos, cante, dance. Isso não significa que deseje ser ator mirim. Hoje, com as leis e o Estatuto do Menor, a propaganda de produtos infantis na TV está muito restrita. Usam-se poucas crianças em publicidade, o que diminui o mercado em São Paulo. Uma rede de televisão séria, como a Globo, jamais pegaria um menino paulista para gravar no Rio de Janeiro sem residência carioca, o acompanhamento de um responsável, pai ou mãe, matrícula na escola e jornada diária pequena. Chamar alguém de São Paulo ou de outro Estado para gravar no Rio é difícil. Mas inúmeras “agências de talentos” não contam isso. Cobram a realização de um book fotográfico. Claro, o book é essencial para mostrar o tipo físico, a expressão. Uma boa parte das agências não vai arrumar publicidade alguma. Ou papel em televisão. Vive de fazer books. A família economiza, reúne centavos, faz o book e não tem mais notícias.[...]
O público é sábio, percebe quando um ator é bom. Melhor estar preparado. [...] Se você sonha com um teste na TV, precisa de formação. Talento natural existe. Mas até diamante precisa ser burilado para brilhar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/walcyr-carrasco/noticia/2016/02/testes-de-tv.html (Adaptado)