Texto 8A2-I
Os mediadores de leitura são aquelas pessoas que
estendem pontes entre os livros e os leitores, ou seja, que criam
as condições para fazer com que seja possível que um livro e um
leitor se encontrem. A experiência de encontrar os livros certos
nos momentos certos da vida, esses livros que nos fascinam e que
nos vão transformando em leitores paulatinamente, não tem uma
rota única nem uma metodologia específica; por isso, os
mediadores de leitura não são fáceis de definir. No entanto, basta
lembrar como descobrimos, nos primeiros anos da vida, esses
livros que deixaram rastros em nossa infância e, talvez,
aparecerão nítidas algumas figuras que foram nossos mediadores
de leitura: esses adultos íntimos que deram vida às páginas de um
livro, essas vozes que liam para nós, essas mãos e esses rostos
que nos apresentavam os mundos possíveis e as emoções dos
livros.
Os mediadores de leitura, consequentemente, não estão
somente na escola, mas no lar, nas bibliotecas e nos espaços não
convencionais, como os parques, os hospitais e as ludotecas,
entre outros lugares. Durante a primeira infância, quando a
criança não lê sozinha, a leitura é um trabalho em parceria e o
adulto é quem vai dando sentido a essas páginas que, para o bebê,
não seriam nada, sem sua presença e sua voz. Então, os primeiros
mediadores de leitura são os pais, as mães, os avós e os
educadores da primeira infância e, aos poucos, à medida que as
crianças se aproximam da língua escrita, vão se somando outros
professores, a exemplo dos bibliotecários, dos livreiros e dos
diversos adultos que acompanham a leitura das crianças.
Não é fácil reduzir o trabalho do mediador de leitura a um
manual de funções. Seu ofício essencial é ler de muitas formas
possíveis: em primeiro lugar, para si mesmo, porque um
mediador de leitura é um leitor sensível e perspicaz, que se deixa
tocar pelos livros, que desfruta e que sonha em compartilhá-los
com outras pessoas. Em segundo lugar, um mediador cria rituais,
momentos e atmosferas propícias para facilitar os encontros entre
livros e leitores. Às vezes, pode fazer a hora do conto e ler em
voz alta uma ou várias histórias a um grupo, mas, outras vezes,
propicia leituras íntimas e solitárias ou encontros em pequenos
grupos. Assim, em certas ocasiões, conversa ou recomenda
algum livro; em outras, permanece em silêncio ou se oculta para
deixar que livro e leitor conversem.
Por isso, além de livros, um mediador de leitura lê seus
leitores: quem são, o que sonham e o que temem, e quais são
esses livros que podem criar pontes com suas perguntas, com
seus momentos vitais e com essa necessidade de construir sentido
que nos impulsiona a ler, desde o começo e ao longo da vida.
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