Questões de Concurso Sobre flexão verbal de pessoa (1ª, 2ª, 3ª pessoa) em português

Foram encontradas 1.208 questões

Q3168003 Português
Leia o texto a seguir para responder à questão. 

A tarde 

    Desde cedo soprara tão forte o noroeste com seu cheiro de mar, com seu ímpeto de espumas e de cavalos empinados, mas ele amainou antes do fim da tarde, e a tarde de repente ficou mansa. Tão mansa que as pessoas mais distraídas que iam pelas ruas tiveram a impressão de ouvir, no meio de todos os ruídos urbanos, um pequeno silêncio – que era um sinal de sossego. 

     As nuvens começaram a se mover devagar, e eram leves e brancas, e era como se a tarde tivesse pena da cidade e de sua aflição e quisesse dizer aos homens: “eu sou vossa mãe e vossa irmã e estou aqui; tende calma”. Então me deu uma grande calma, porque eu ouvi essa mansa voz da tarde; ouvi e obedeci. 

     Passaram dois homens discutindo, um gesticulava, o outro tinha a cara vermelha; também a mim me acontece andar com outro homem na rua, e discutir; entretanto, eles me pareceram absurdos, e tive tanta pena porque estavam nervosos que pensei em lhes dizer: “Desculpe interrompê-los, cavalheiros”. 

    Um deles deteria o gesto que fazia com a mão que tinha um jornal; o outro me olharia por sobre os óculos; e então me sentiria tímido para dar o meu recado, e talvez dissesse: “desculpem, eu me enganei”. Mas quando eles fossem se afastando e o de jornal começasse a dizer ao outro: “olhe só uma coisa…” é possível que eu tomasse coragem, e dissesse: “Por favor, eu queria lhes dar uma informação…”. 

    Então, o de óculos, tendo ouvido mal, talvez me perguntasse um pouco irritado: “qual é a informação que o senhor deseja?”; e eu diria que não queria ter, mas sim dar uma informação. “Dar uma informação?”, perguntaria quase asperamente ou, quem sabe, asperamente, o de jornal na mão. E eu então diria baixo: “a tarde chegou”. 

   – “Quem chegou?” – perguntaria o de óculos, pensando talvez em Ademar (de Barros?), talvez em Carmem (Miranda). 

     – A tarde

     Eles me olhariam estupefatos. Mas, olhando suas caras, eu veria que nelas próprias já ia se refletindo a mansa luz da tarde pálida; e naquele instante em que as caras ficassem imóveis me olhando, a tarde, mãe de todos, faria um pequeno carinho com sua mão de luz pálida e de leve brisa, uma carícia de mãe e de irmã. Vendo isso eu sorriria um instante; e, muito embaraçado, me afastaria depressa. Eles me olhariam e começariam a rir de mim, mas depois de rir se sentiriam mais mansos e quase amigos e quase felizes, na doçura da tarde.


BRAGA, R. A tarde. Correio da Manhã. Disponível em 

<https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/10109/a- tarde>. 


A pessoa gramatical indicada no verbo “ter” em “‘eu sou vossa mãe e vossa irmã e estou aqui; tende calma’” corresponde à: 
Alternativas
Q3165231 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Os grandes avanços da humanidade que teriam sido impossíveis sem a cola

Sem a cola, a vida moderna literalmente desmoronaria.

Dos telefones e aviões até os edifícios e calçados, grande parte do nosso mundo se mantém unido graças aos adesivos.

Não é exagero dizer que a cola foi a base de muitos dos nossos maiores avanços tecnológicos. Ao lado do domínio do fogo e das ferramentas de pedra, a capacidade de produzir adesivos foi uma das grandes conquistas dos nossos antepassados.

Nós usamos a cola há muito tempo. "Ela está presente desde a pré-história", destaca a professora Geeske Langejans, da Universidade de Delft, na Holanda.

"Os usos mais antigos são para produzir ferramentas, como uma folha fixada a um cabo para fazer uma faca", explica ela. "Uma ferramenta com cabo é mais precisa e pode gerar mais força."

Mas os adesivos podem fazer muito mais do que isso. "Alguns deles são impermeáveis, de forma que poderiam ser aplicados sobre um cesto, servindo de reforço e impermeabilização."

A cola também participou das primeiras formas de arte. "Se você tivesse um pigmento e quisesse aderi-lo à parede da caverna, precisaria acrescentar algo... uma resina ou amido", explica a professora.

A cola também ajudou os povos pré-históricos a brincar.

"Os adesivos também podem ser grossos, como a argila ou massa, de forma que permitiam produzir objetos - e sabemos que os jogos de mesa pré-históricos, às vezes, incluíam peças feitas de resina."

A cola mais antiga conhecida tem cerca de 190 mil anos, segundo Langejans. "Ele foi encontrado na Itália, em duas lascas de pedra muitos simples. São objetos feitos por neandertais."

O fascinante é que pesquisar rastros como estes não só revela informações sobre a forma de uso desses materiais, mas também oferece uma visão de como eram esses primeiros hominídeos.

(https://www.bbc.com/portuguese/articles/c5ydex2enpno)
"Nós usamos a cola há muito tempo."
Os verbos impessoais são aqueles que não admitem sujeito e, portanto, são flexionados na 3ª pessoa do singular.
No enunciado acima, o verbo 'haver' foi empregado para indicar tempo, estando como impessoal.

Nas orações a seguir, os verbos também devem ser empregados no singular por serem impessoais, EXCETO: 
Alternativas
Q3164046 Português

Assinale a alternativa INCORRETA conforme a classe morfológica descrita.

Alternativas
Q3163470 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Os grandes avanços da humanidade que teriam sido impossíveis sem a cola

Sem a cola, a vida moderna literalmente desmoronaria.

Dos telefones e aviões até os edifícios e calçados, grande parte do nosso mundo se mantém unido graças aos adesivos.

Não é exagero dizer que a cola foi a base de muitos dos nossos maiores avanços tecnológicos. Ao lado do domínio do fogo e das ferramentas de pedra, a capacidade de produzir adesivos foi uma das grandes conquistas dos nossos antepassados.

Nós usamos a cola há muito tempo. "Ela está presente desde a pré-história", destaca a professora Geeske Langejans, da Universidade de Delft, na Holanda.

"Os usos mais antigos são para produzir ferramentas, como uma folha fixada a um cabo para fazer uma faca", explica ela. "Uma ferramenta com cabo é mais precisa e pode gerar mais força."

Mas os adesivos podem fazer muito mais do que isso. "Alguns deles são impermeáveis, de forma que poderiam ser aplicados sobre um cesto, servindo de reforço e impermeabilização."

A cola também participou das primeiras formas de arte. "Se você tivesse um pigmento e quisesse aderi-lo à parede da caverna, precisaria acrescentar algo... uma resina ou amido", explica a professora.

A cola também ajudou os povos pré-históricos a brincar.

"Os adesivos também podem ser grossos, como a argila ou massa, de forma que permitiam produzir objetos - e sabemos que os jogos de mesa pré-históricos, às vezes, incluíam peças feitas de resina."

A cola mais antiga conhecida tem cerca de 190 mil anos, segundo Langejans. "Ele foi encontrado na Itália, em duas lascas de pedra muitos simples. São objetos feitos por neandertais."

O fascinante é que pesquisar rastros como estes não só revela informações sobre a forma de uso desses materiais, mas também oferece uma visão de como eram esses primeiros hominídeos.

(https://www.bbc.com/portuguese/articles/c5ydex2enpno)
"Nós usamos a cola há muito tempo."
Os verbos impessoais são aqueles que não admitem sujeito e, portanto, são flexionados na 3ª pessoa do singular.
No enunciado acima, o verbo 'haver' foi empregado para indicar tempo, estando como impessoal.

Nas orações a seguir, os verbos também devem ser empregados no singular por serem impessoais, EXCETO: 
Alternativas
Q3151591 Português
Sons que confortam







MEDEIROS, M. Sons que confortam. In: Felicidade Crônica. Porto Alegre: L&PM, 2014.
“Nunca na vida ouvira um som mais lindo” (linha 3). O verbo negritado, no trecho anterior, está corretamente transposto para a segunda pessoa do plural do pretérito imperfeito do indicativo em
Alternativas
Ano: 2024 Banca: IADES Órgão: CFM Prova: IADES - 2024 - CFM - Bibliotecário |
Q3149425 Português
Ética no contexto profissional
    Quando participamos de um processo seletivo para determinado cargo, algumas empresas apresentam sua missão e seus valores, a fim de encontrar um colaborador que se enquadre no perfil desejado por elas. A partir da contratação, o profissional já sabe que haverá normas de conduta em relação à sua área de trabalho, bem como em relação às pessoas que a integram. Nesse sentido, ser ético profissionalmente é contribuir para o bom andamento das atividades e beneficiar o clima organizacional de forma sadia e harmoniosa. Agir no ambiente de trabalho, e fora dele, como gostaríamos que agissem conosco é um ótimo exemplo de ética.
MARTINS, Luciane Alves Branco. Disponível em: <https://blog- educacao.sesirs.org.br/a-etica-no-ambiente-de-trabalho/>. Acesso em: 22 set. 2024, com adaptações.
Considerando as regras de concordância prescritas pela norma-padrão, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q3147677 Português
        É ponto pacífico que um dos legados da linguística de grande utilidade no contexto escolar é a visão não preconceituosa sobre línguas e variedades de línguas. Esse foi um legado da linguística estrutural que se consolidou com os desenvolvimentos subsequentes da linguística, sobretudo a sociolinguística variacionista. Essa visão não preconceituosa derivou naturalmente da perspectiva da língua como estrutura, daí que o caráter não normativo da linguística se opôs frontalmente à atitude de preconceito linguístico que existia até então. Exemplos de preconceito linguístico são o conceito de língua primitiva (i.e., a ideia de que a povos de cultura dita “primitiva” correspondem línguas igualmente “primitivas”), a valoração de certas variedades de língua ou registros de língua em detrimento de outras variedades e registros, e assim por diante. Acho que ninguém hoje contestaria que o estudante que vai ser professor de ensino básico deve receber uma formação que o torne isento de preconceitos ou, pelo menos, o sensibilize contra preconceitos linguísticos e o norteie para saber como reagir diante de situações de variação dialetal.

Lucia Lobato. Linguística e ensino de línguas.
Brasília: Editora da UnB, 2015, p. 15 (com adaptações).

Julgue o item subsequente, referente a construções linguísticas do texto apresentado.


No último período, a flexão da forma verbal “norteie” na terceira pessoa do plural — norteiem — prejudicaria a correção gramatical do texto.

Alternativas
Q3146422 Português
        Retardei o passo. A tarde estava brilhante, mas o calor era o do inferno, os transeuntes a desfilarem pela fornalha com uma expressão de condenados, os rostos lustrosos, o olhar pesado. Um homem de terno branco esbarrou em mim. Caiu-lhe a pasta. Resmungou enquanto se inclinava para apanhá-la. A culpa fora minha e por isso pensei em voltar-me para pedir-lhe desculpas, mas prossegui preguiçosamente pela rua afora. Para que desculpas? Fazia calor e era cansativo ser amável num calor assim. A vontade queria o ócio. O corpo queria nudez. Voltei a cara para o céu ardente. Havia poucas nuvens, mas a tempestade já conspirava no ar. Melhor escolher um outro dia, não? Afinal, tio Samuel não me esperava mesmo, talvez fosse até aborrecê-lo com a minha presença, os loucos estranham às vezes a invasão nos seus mundos.

Lygia Fagundes Telles. Verão no Aquário. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio Editora, 1978, p. 100 (com adaptações).  

Considerando os sentidos e aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item subsecutivo.


Na oração “Fazia calor” (oitavo período), a forma verbal “Fazia” está flexionada na terceira pessoa do singular porque concorda com o termo “calor”.

Alternativas
Q3146405 Português
        No Brasil, pode dizer-se que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. Ao contrário, é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente próprio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal. Dentre esses círculos, foi sem dúvida o da família aquele que se exprimiu com mais força e desenvoltura em nossa sociedade. E um dos efeitos decisivos da supremacia incontestável, absorvente, do núcleo familiar — a esfera, por excelência, dos chamados “contatos primários”, dos laços de sangue e de coração — está em que as relações que se criam na vida doméstica sempre forneceram o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós. Isso ocorre mesmo onde as instituições democráticas, fundadas em princípios neutros e abstratos, pretendem assentar a sociedade em normas antiparticularistas.

Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 146.

Em relação às propriedades linguísticas e semânticas do texto precedente, julgue o item seguinte.


Sem prejuízo da correção gramatical, das relações de coesão e dos sentidos do texto, a forma verbal “encontram” (segundo período) poderia ser flexionada na terceira pessoa do singular — encontra.

Alternativas
Q3135853 Português
Por que furacões e ciclones têm nomes de pessoa


Os furacões e ciclones recebem nomes para facilitar a comunicação entre meteorologistas e o público. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirma que dar nomes aos furacões é a forma mais eficiente de comunicação e alertas para a população. Ela também facilita a comunicação marítima sobre tempestades.


A prática de nomear ciclones tropicais começou anos atrás para ajudar na rápida identificação de tempestades em mensagens de alerta porque nomes são muito mais fáceis de lembrar do que números e termos técnicos. Muitos concordam que dar nomes a tempestades facilita que a mídia noticie sobre ciclones tropicais, aumenta o interesse em alertas e aumenta a preparação da comunidade.


Furacões e ciclones recebem nomes depois que atingem ventos constantes de 63 km/h. Apenas os de grande impacto costumam ter seu nome veiculado na imprensa.


Regiões diferentes adotam padrões diferentes.


Segundo a Met Office, a agência meteorológica do Reino Unido, na maioria das regiões, listas alfabéticas pré-determinadas de nomes masculinos e femininos de pessoas são usadas. Mas, no oeste do Pacífico Norte e no norte do oceano Índico, a maioria dos nomes usados não é de pessoas. Lá, a maioria das tempestades recebe nomes de flores, animais, pássaros, árvores, alimentos ou adjetivos.


Para a região do Caribe e da América do Norte, a Organização Meteorológica Mundial possui seis listas diferentes de nomes, que vão de A a Z.


Os furacões recebem nomes por ordem alfabética, que são dados por ordem cronológica ao longo do ano. O primeiro furacão deste ano foi chamado de Alberto, que começa com a letra "A". O segundo foi chamado de Beryl, o seguinte, Chris. E assim por diante. Muitos sequer tiveram destaque na imprensa. Os mais perigosos até agora foram o Helene — que provocou 255 mortes há duas semanas — e o Milton.


As seis listas de nomes são recicladas a cada ano. Ou seja, em 2030, daqui a seis anos, os furacões voltarão a ser chamados de Alberto, Beryl, Chris, etc. E esses mesmos nomes já foram usados há seis anos, em 2019. Até 1979, só havia nomes femininos na lista. Mas desde então, há tanto nomes masculinos como femininos.


Furacões e ciclones possuem temporadas fixas, épocas quando eles costumam acontecer.


No Atlântico Norte e Caribe, essa temporada vai de primeiro de junho a trinta de novembro, período em que os nomes da lista são usados. No Pacífico Norte Oriental, a temporada vai de quinze de maio a trinta de novembro.


https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgey0zq2qwwo.adaptado.


Furacões e ciclones 'possuem' temporadas fixas, épocas quando eles 'costumam' acontecer.
Conjugando os verbos destacados no pretérito imperfeito do indicativo, tem-se:
Alternativas
Q3122282 Português

Internet: <www.machado.mec.gov.br>  (com adaptações). 

Com base no texto, julgue o item a seguir. 


Na linha 11, a forma verbal “desprezes” é um imperativo de terceira pessoa do singular.

Alternativas
Q3116648 Português

Escala 6×1 afeta mais a população negra e reproduz escravidão, diz psicóloga


Por Diego Junqueira | 20/11/2024



A ESCALA DE TRABALHO 6×1 (seis dias trabalhados para um de folga) representa um resquício da escravidão e afeta principalmente a população negra, sem direito ao descanso ou à própria vida. Essa é a análise da psicóloga Ana Luísa Araújo Dias, mestra em saúde comunitária pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e especialista em saúde mental e políticas de equidade, com foco na população negra. "Dá para fazer um paralelo [da escala 6×1] com o trabalho da escravidão mesmo, porque é um corpo que não é visto como digno de vitalidade. É um corpo apenas visto pelo caráter da produção e da exaustão", compara.


[...] "Há diagnósticos para isso, como os casos de burnout, ansiedade e depressão, mas a gente não pode mais naturalizar essa vida automatizada que impede que a gente tenha qualidade e vitalidade", afirma Dias. "Não dá para naturalizar esse sono entrecortado, tanto tempo no transporte público em condições tão difíceis. Não dá para naturalizar esse isolamento, essa impossibilidade das relações serem vividas", continua.


Filha de uma ex-trabalhadora doméstica submetida a longas jornadas e privada de folga aos fins de semana, a psicóloga [...] propõe uma reflexão sobre autocuidado, inspirada nas conquistas da população negra escravizada que enfrentou os senhores de terra não somente por condições dignas de trabalho, mas por uma vida melhor. "Nossos ancestrais não fizeram tudo o que fizeram para que nós hoje pudéssemos estar aqui recebendo tanto ou com tal título. Mas para que a gente pudesse ter o direito de existir e de viver a vida boa", diz.


Leia a entrevista com Ana Luísa Araújo Dias.


[...]


Um corpo sem direito à vitalidade


A escala 6×1 afeta uma maioria da população trabalhadora composta por pessoas negras. E dá para fazer de um modo muito evidente um paralelo com o trabalho da escravidão mesmo, porque é um corpo que não é visto como digno de vitalidade. É um corpo apenas visto pelo caráter da produção e da exaustão. Ele não tem sequer uma fase de recuperação. Há uma marca da exaustão, do esgotamento, mesmo em situações onde é possível parar. Pessoas negras não conseguem muitas vezes parar porque o modo de trabalho contínuo e exaustivo é uma marca histórica subjetiva. Isso constrói também a nossa subjetividade.


Vida além do trabalho


Muitas vezes, no âmbito da população periférica, para ser trabalho de fato, ele precisa ser exaustivo. Precisa ter uma rotina de sair de casa, precisa ter um desgaste para considerar que, de fato, o esforço está tendo resultado. O que combina com a falácia neoliberal de que, quanto mais você trabalha, aí vem o sucesso. O sucesso não está relacionado à quantidade de horas que você trabalha. Essa é uma lógica capitalista que é colocada nas nossas cabeças. Mas isso não corresponde à realidade.


 O trabalho deve ser uma das dimensões da vida. Mas se o trabalho impede que existam outras dimensões da vida, que é o que a escala 6×1 coloca, isso vai na direção oposta ao que é, de fato, ter uma vida. Então, não é possível ter qualidade de vida se você não consegue ter um sono de qualidade, uma rotina alimentar de qualidade, se você não consegue descansar. A escala 6×1 considera esse corpo como uma máquina de produzir, mas não um corpo sujeito que merece dignidade e vitalidade. [...] não é possível a uma pessoa trabalhadora poder sequer dormir bem se ela trabalha numa escala 6×1. O sono fica muito restrito. O que a pessoa faz após o trabalho e antes de voltar ao trabalho fica condicionado nesse entre jornadas de trabalho. Vários estudos de saúde mental já mostram o impacto do sono, do lazer e das relações sociais saudáveis, relações familiares, amizades e um círculo social saudável no bem-estar físico. Mas isso fica completamente inviabilizado pela escala 6×1, porque a pessoa não tem a possibilidade de existir para além do trabalho, como o próprio movimento demarca.


Inviável o convívio familiar


Eu sou filha de uma ex-trabalhadora doméstica. Até os meus dez anos de idade, eu, minha mãe e meu irmão morávamos na casa que era no quarto dos fundos da casa em que 'mainha' trabalhava. Era uma lógica de casa grande e algumas empregadas. A gente morava num quartinho do lado da lavanderia. Eu não sabia o que era uma rotina de sair do trabalho e chegar no trabalho, porque minha mãe sempre estava trabalhando. [...] É inviável o convívio entre a família. Se a gente pensa a mãe, o pai e as crianças, essa escala torna inviável o cotidiano dessa família de acompanhar o acordar das crianças e o desenvolvimento delas, participar de atividades na escola, do lazer em família. [...]


A história que nos constrói


É muito importante que a gente perceba essa dimensão histórica e o quanto o Brasil ter essa história também nos constrói subjetivamente. Aí a gente pode compreender por que uma pessoa que trabalha na escala 6×1 pode fazer um discurso que apoia essa escala: porque elas nem sabem que outro modo de existir é possível. E quando outras pessoas dizem que é possível, aí entra toda a carga de: "Ah, é preguiçoso, não está trabalhando direito, não é assim que se faz".


A gente pode perceber esse impacto geracional. Se hoje os filhos têm a possibilidade de trabalhar home office ou com um trabalho intelectual, para os pais, o trabalho está relacionado a essa construção da exaustão, o cotidiano é esse cotidiano de sair, passar horas no transporte. Mas para uma jovem de 20 anos que começa a trabalhar com essa escala, fica inviabilizado o estudo e a descoberta dos interesses da vida. Essa pessoa é confrontada, logo no início da vida adulta, com uma escala que prejudica o sono, a alimentação e as relações.


[...] Para além de pensar em uma determinada classe, um grupo de serviços, a gente pensa em vida além do trabalho. Que vida é essa que a gente está vivendo, construindo e colocando para as gerações seguintes?


[...] Eu costumo dizer que nossos ancestrais, desde lá atrás, não fizeram tudo o que fizeram para que nós hoje pudéssemos estar aqui recebendo tanto ou com tal título. Mas era para que a gente pudesse ter o direito de existir, de viver a vida boa. Bem-viver é isso. É a gente se enxergar como sujeito. [...]


(Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/2024/11/escala-6x1-afeta-mais-negros-reproduz-escravidao/. Acesso em 08 dez. 2024. Adaptado.)

Por se tratar de uma entrevista oral, certas marcas de oralidade, bem como certos desvios da gramática normativa da língua portuguesa são aceitos porque não causam prejuízo na informação dada, nem na compreensão do(da) interlocutor(a). Analise as proposições que seguem:

I.Em "Há uma marca da exaustão, do esgotamento, mesmo em situações onde é possível parar", o pronome relativo "onde" foi usado inadequadamente, pois, seu uso, pela gramática normativa, restringe-se apenas para se referir a lugar, o que não acontece no trecho destacado.
II.Em "Para além de pensar em uma determinada classe, um grupo de serviços, a gente pensa em vida além do trabalho. Que vida é essa que a gente está vivendo, construindo e colocando para as gerações seguintes?", o uso da expressão "a gente" é um uso comum da oralidade e equivale à 1ª pessoa do plural.
III.Em "não é possível a uma pessoa trabalhadora poder sequer dormir bem se ela trabalha numa escala 6×1", houve um erro de grafia porque quem transcreveu a entrevista pode ter se confundido; o correto seria "se quer".
IV.Em "Aí a gente pode compreender por que uma pessoa que trabalha na escala 6×1 pode fazer um discurso que apoia essa escala: porque elas nem sabem que outro modo de existir é possível", o uso do termo destacado está equivocado, uma vez que ele introduz uma explicação, exigindo o uso de "porque", como na segunda ocorrência, nesse mesmo excerto.

É correto o que se afirma em:
Alternativas
Q3098383 Português
De onde vem o erro?


    Desde o nascimento, a adaptação ao mundo exterior se dá por tentativa e erro. Isso prossegue ao longo da vida.

    O conhecimento não se constrói sem risco de erro. No entanto, esse desempenha papel positivo quando é reconhecido, analisado e superado. “O espírito científico se constitui com base num conjunto de erros retificados”, escrevia Bachelard.

   Os erros nos educam quando tomamos consciência deles, mas não nos ensinam suas fontes múltiplas e permanentes, não nos dizem seu papel enorme e muitas vezes nefasto. O erro geralmente é subestimado, por falta de consciência de que sua fonte está no próprio conhecimento e de que ele constitui uma ameaça em toda e qualquer vida e por toda a vida.

    O erro é inseparável do conhecimento humano, pois todo conhecimento é uma tradução seguida por uma reconstrução. Ora, toda tradução, como toda reconstrução, comporta risco de erro. A começar pelo conhecimento dos sentidos, como a percepção visual: nossa retina é estimulada por fótons e os traduz, segundo um código binário, numa mensagem que é transmitida pelo nervo óptico, reconstruída e logo transformada pelo cérebro em percepção.

    Ora, a percepção pode ser insuficiente (miopia, presbiopia, surdez), pode ser perturbada pelo ângulo de visão, pela distração, pela rotina e, sobretudo, pela emoção. Por exemplo, os testemunhos sobre um acidente de automóvel frequentemente são muito diferentes e até opostos. É assim que nossas melhores testemunhas, nossos sentidos, também podem se enganar.

   Ideias e teorias são reconstruções intelectuais que podem ser não só errôneas, mas ilusórias. Ademais, a memória é outra fonte de erro, porque reconstrução de uma construção que deixou sua marca cerebral. Quantos erros involuntários nas reminiscências e lembranças!

    A comunicação também é fonte de erro, como indicou Shannon. Entre o emissor e o receptor, o malentendido e o mal compreendido podem até se tornar origem de conflito.

    As decisões errôneas tomadas nas incertezas e nos riscos da vida podem provocar as piores consequências. A mentira é, evidentemente, fonte de erro quando nela se acredita. Mas a pior mentira, que só pode encontrar antídoto na mente autocrítica, é aquela que o inglês chama self deception, o autoengano: somos ao mesmo tempo enganadores e enganados. Esse fenômeno, muito corrente, esconde de nós mesmos verdades pouco lisonjeiras, vergonhosas ou incômodas.


Fonte: Revista Brasileira. 2024. Adaptado. 
No excerto “As decisões errôneas tomadas nas incertezas e nos riscos da vida podem provocar as piores consequências”, a flexão da forma verbal sublinhada, na terceira pessoa do plural, justifica-se pela sua concordância com:
Alternativas
Q3091471 Português
Leia o Texto I e responda à questão.

Texto I

Banhos de mar

            Meu pai acreditava que todos os anos se devia fazer uma cura de banhos de mar. E nunca fui tão feliz quanto naquelas temporadas de banhos em Olinda, Recife.
            Meu pai também acreditava que o banho de mar salutar era o tomado antes de o sol nascer. Como explicar o que eu sentia de presente inaudito em sair de casa de madrugada e pegar o bonde vazio que nos levaria para Olinda ainda na escuridão?
          De noite eu ia dormir, mas o coração se mantinha acordado, em expectativa. E de puro alvoroço, eu acordava às quatro e pouco da madrugada e despertava o resto da família. Vestíamos depressa e saíamos em jejum. Porque meu pai acreditava que assim devia ser: em jejum.
         Saíamos por uma rua toda escura, recebendo a brisa da pré-madrugada. E esperávamos o bonde.Até que lá de longe ouvíamos o seu barulho se aproximando. Eu me sentava bem na ponta do banco: e minha felicidade começava. Atravessar a cidade escura me dava algo que jamais tive de novo. No bonde mesmo o tempo começava a clarear e uma luz trêmula de sol escondido nos banhava e banhava o mundo.
        Eu olhava tudo: as poucas pessoas na rua, a passagem pelo campo com os bichos-de-pé: “Olhe um porco de verdade!” gritei uma vez, e a frase de deslumbramento ficou sendo uma das brincadeiras de minha família, que de vez em quando me dizia rindo: “Olhe um porco de verdade.”
          Passávamos por cavalos belos que esperavam de pé pelo amanhecer.
       Eu não sei da infância alheia. Mas essa viagem diária me tornava uma criança completa de alegria. E me serviu como promessa de felicidade para o futuro. Minha capacidade de ser feliz se revelava. Eu me agarrava, dentro de uma infância muito infeliz, a essa ilha encantada que era a viagem diária.
        No bonde mesmo começava a amanhecer. Meu coração batia forte ao nos aproximarmos de Olinda. Finalmente saltávamos e íamos andando para as cabinas pisando em terreno já de areia misturada com plantas. Mudávamos de roupa nas cabinas. E nunca um corpo desabrochou como o meu quando eu saía da cabina e sabia o que me esperava.
         O mar de Olinda era muito perigoso. Davam-se alguns passos em um fundo raso e de repente caía-se num fundo de dois metros, calculo.
       O cheiro do mar me invadia e me embriagava. As algas boiavam. Oh, bem sei que não estou transmitindo o que significavam como vida pura esses banhos em jejum, com o sol se levantando pálido ainda no horizonte. Bem sei que estou tão emocionada que não consigo escrever. O mar de Olinda era muito iodado e salgado. E eu fazia o que no futuro sempre iria fazer: com as mãos em concha, eu as mergulhava nas águas, e trazia um pouco do mar até minha boca: eu bebia diariamente o mar, de tal modo queria me unir a ele.
        Não demorávamos muito. O sol já se levantara todo, e meu pai tinha que trabalhar cedo [...].

Fonte: LISPECTOR, Clarice. Banho de mar. In: Todas as crônicas. Rio de Janeiro, Rocco, 2018, p. 193-195. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/12670/banhos-de-mar . Acesso em: 11 ago. 2024, com adaptações.
No excerto “Saíamos por uma rua toda escura, recebendo a brisa da pré-madrugada”, a forma verbal “saíamos” corresponde à:
Alternativas
Q3089754 Português

Direito natural e direito dos homens


    O direito natural é aquele que a natureza mesma determina a todos os homens. Educastes vossos filhos, ele vos deve respeito como seu paí, reconhecimento como seu benfeitor. Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.


   O direito humano só pode ser fundado no direito da natureza, e o grande princípio, o princípio universal de um e outro, é em toda terra: “Não faças o que não gostarias que te fizessem”.


    Contentam-se alguns, noutras terras, em afirmar: “Crê em mim, ou eu te odiarei; crê, ou te farei todo o mal que eu puder. Monstro, não tens a minha religião, então não tens religião nenhuma.”


    O direito da intolerância é, então, absurdo e bárbaro: é o direito dos tigres, sendo no entanto bem pior, pois os tigres só se dilaceram por comida, e nós nos exterminamos por parágrafos.



(Adaptado de: VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. Trad. Ana Luiza Reis Bedê. São Paula: Martim Cererê, 2017. p. 36)

Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.

Transpondo-se adequadamente o tratamento verbal para 2ª pessoa do singular e a forma ativa para a passiva da frase acima, ela ficará:
Alternativas
Q3088330 Português

Direito natural e direito dos homens


    O direito natural é aquele que a natureza mesma determina a todos os homens. Educastes vossos filhos, ele vos deve respeito como seu pai, reconhecimento como seu benfeitor. Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.

   O direito humano só pode ser fundado no direito da natureza, e o grande princípio, o princípio universal de um e outro, é em toda terra: “Não faças o que não gostarias que te fizessem”.

     Contentam-se alguns, noutras terras, em afirmar: “Crê em mim, ou eu te odiarei; crê, ou te farei todo o mal que eu puder. Monstro, não tens a minha religião, então não tens religião nenhuma.”

    O direito da intolerância é, então, absurdo e bárbaro: é o direito dos tigres, sendo no entanto bem pior, pois os tigres só se dilaceram por comida, e nós nos exterminamos por parágrafos.


(Adaptado de: VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. Trad. Ana Luiza Reis Bedê. São Paulo: Martim Cererê, 2017, p. 36)

Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.

Transpondo-se adequadamente o tratamento verbal para 2º pessoa do singular e a forma ativa para a passiva da frase acima, ela ficará:
Alternativas
Q3083266 Português

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto 03 e, a seguir, responda a questão que a ele se referem.


Texto 03



Disponível em: https://www.elo7.com.br/poema-digital-frases-fernando-pessoa. Acesso em: 5 jun. 2024. 

No texto 03, o pronome “te” e o verbo “nasceste” indicam o emprego da  

Alternativas
Q3058516 Português

Texto 04 para a questão.


Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.

(Confúcio)

Os verbos do texto 04 estão conjugados na 2ª. pessoa do singular. Conjugando-os na 3ª. pessoa do singular, tem-se como CORRETA a alternativa
Alternativas
Q3058132 Português
Texto para o item.


Thays Prado. Biomimética: a indústria sustentável imita a natureza. In: Revista Superinteressante. Internet: <super.abril.com.br> (com adaptações).

Considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item.


A forma verbal “Imagine” (linha 1) está flexionada na segunda pessoa do singular do imperativo, tempo verbal utilizado como estratégia de interpelação ao leitor do texto. 

Alternativas
Q3056941 Português

Ricardo Grandi Bianco. Internet: politize.com.br (com adaptações).

A respeito das ideias veiculadas no texto, julgue o item.


Estaria mantida a correção gramatical do texto caso a forma verbal “assumiu” (linha 4) estivesse flexionada na terceira pessoa do plural.

Alternativas
Respostas
1: E
2: E
3: D
4: B
5: D
6: B
7: C
8: E
9: E
10: B
11: E
12: D
13: A
14: A
15: D
16: C
17: A
18: B
19: E
20: C