Questões de Português - Funções morfossintáticas da palavra COMO para Concurso
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TEXTO 2
“Português é muito difícil”.
Essa afirmação preconceituosa é prima-irmã da ideia de que “brasileiro não sabe português”. Como o nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical literária de Portugal, as regras que aprendemos na escola, em boa parte, não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil.
Por isso, achamos que “português é uma língua difícil”: temos de fixar regras que não significam nada para nós. No dia em que nosso ensino se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil, é bem provável que ninguém continue a pensar assim. Todo falante nativo de uma língua sabe essa língua. Saber uma língua, na concepção científica da linguística moderna, significa conhecer intuitivamente e empregar com facilidade e naturalidade as regras básicas de seu funcionamento.
Está provado e comprovado que uma criança, por volta dos 7 anos de idade, já domina perfeitamente as regras gramaticais de sua língua. O que ela não conhece são sutilezas e irregularidades no uso dessas regras, que só a leitura e o estudo podem lhe dar. Nenhuma criança brasileira dessa idade vai dizer, por exemplo: “Uma meninos chegou aqui amanhã”. (...)
Se tantas pessoas inteligentes e cultas continuam achando que “não sabem português” ou que “português é muito difícil”, é porque o uso da língua foi transformado numa ciência esotérica, numa doutrina cabalística que somente alguns iluminados conseguem dominar completamente. (...)
No fundo, a ideia de que “português é muito difícil” serve como um dos instrumentos de manutenção do status quo das classes sociais prestigiadas.
É lamentável que a imagem da língua tenha sido empobrecida e reduzida a uma nomenclatura confusa e a exercícios descontextualizados, práticas que se revelam irrelevantes para, de fato, levar alguém a se valer dos muitos recursos que a língua oferece.
Marcos Bagno. Preconceito linguístico. São Paulo: Parábola, 2015. p. 57-63. Adaptado.
Analise a formulação do trecho a seguir: “Como o nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical literária de Portugal, as regras que aprendemos na escola, em boa parte, não correspondem à língua que falamos e escrevemos no Brasil”. O sentido do conectivo sublinhado coincide com o sentido expresso na seguinte alternativa:
O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 1 a 10.
Recursos marinhos não renováveis: vão durar?
Estanho, titânio, cascalho, calcário, enxofre, carvão e petróleo são exemplos de minerais utilizados amplamente pela sociedade atual. Estão na base das mais avançadas tecnologias que facilitam nossas vidas, mas, cabe lembrar, são recursos não renováveis. Sua exploração segue desenfreada, inclusive no ambiente marinho.
O oceano tem diferentes ecossistemas, cada um deles com variados e abundantes recursos, e os minerais marcam forte presença. Nas águas mais rasas da zona costeira e da plataforma continental, os principais são o cascalho e a areia - esta é muito utilizada para produção de cimento ou vidro e aquele, útil na produção de cosméticos, fertilizantes e cimentos. Em regiões costeiras também há os ditos minerais pesados, como ilmenita, rutilo, zircão, monazita e magnetita, todos importantes para a produção de pigmentos e de ligas metálicas.
Há também os evaporitos, um tipo de rocha sedimentar formada em ambientes marinhos com pouca influência de sedimentos de origem continental. Entre os evaporitos, estão a halita, utilizada como sal de cozinha e fonte de cloro e derivados; a silvita, principal fonte de potássio para a produção de fertilizantes e fogos de artifício; a gipsita, matéria-prima para a fabricação de gesso; além da calcita, da anidrita e da dolomita, presentes na fabricação de cal para argamassa. Outro tipo de rocha sedimentar formada no ambiente marinho em grandes profundidades (maiores que mil metros) é a fosforita, bastante usada na produção de fertilizantes.
Formados ao longo de milhões de anos a partir da matéria orgânica de seres vivos, os depósitos de carvão mineral, gás natural e petróleo são importantes fontes de energia para a sociedade. O petróleo, além de ser a principal matriz energética na atualidade, também é usado na fabricação de tecidos, plásticos, detergentes, entre outros produtos.
Há, ainda, um composto energético marinho, talvez mais abundante do que todo o petróleo e o carvão: os hidratos de gás. São sólidos cristalinos semelhantes ao gelo, presentes em todas as margens oceânicas abaixo dos 500 metros de profundidade. Com uma estrutura que aprisiona gases, principalmente o metano, eles têm alto potencial energético a ser explorado.
Em diferentes profundidades do oceano, encontram-se também outros minerais: os nódulos polimetálicos, as crostas cobaltíferas e os sulfetos metálicos. Os nódulos, que contêm ferro e manganês, estão localizados sobre o sedimento marinho entre 4 mil e 5 mil metros de profundidade. Os sulfetos metálicos, ricos em ferro e cobre, são encontrados em zonas relacionadas ao vulcanismo e à expansão das placas tectônicas, a aproximadamente 3 mil metros de profundidade. As crostas cobaltíferas, ricas em cobalto, são formadas sobre estruturas rochosas em regiões entre 400 metros e 4 mil metros de profundidade.
O olhar sobre esses minerais é estratégico, uma vez que são ricos em elementos usados na construção de painéis solares, celulares, lâmpadas, ligas metálicas, vidro, lentes dos óculos, cabos de transmissão de dados, entre outros.
A obtenção desses e de outros recursos minerais do oceano apresenta desafios ambientais e tecnológicos complexos, mas que certamente não são insuperáveis. Acontece que, se nesse movimento pela exploração, a ganância pelo lucro prescindir do bem maior que é o meio ambiente, pode-se considerar o comprometimento das gerações atuais e futuras.
A diversidade biológica também é enorme nos fundos marinhos - grande parte ainda desconhecida -, e pode ser afetada de forma irreversível se os cuidados necessários não forem tomados. A obtenção desses recursos deve considerar os grandes custos envolvidos e ser feita para gerar e compartilhar prosperidade, sem inviabilizar a natureza.
Há quem se pergunte como contribuir para que a exploração não ocorra desnecessariamente e de modo predatório. Já é de grande valia uma atitude individual que considere o consumo de forma consciente e, melhor ainda, seria se, coletivamente, houvesse mais pressão para que as empresas desenvolvam produtos com maior eficiência e durabilidade, demandando menos recursos e reciclando materiais.
Retirado e adaptado de: TOLEDO, Felipe.; BIAZON, Tássia. Recursos marinhos não renováveis: vão durar? Ciência Hoje. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/recursos-marinhos-nao-renovaveis-vao-durar/ Acesso em 2 ago., 2022.
Associe a segunda coluna, de acordo com a primeira, que relaciona valores semânticos com seus respectivos exemplos:
Primeira coluna: valor semântico
(1) Condicional
(2) Temporal
(3) Causal
(4) Final
Segunda coluna: exemplo
(_)São necessárias muitas pesquisas, para que novas fontes de energia sejam encontradas.
(_)Os recursos marinhos serão extinguidos se não pensarmos em uma alternativa.
(_)Talvez seja tarde quando as pessoas se darem conta da necessidade de mudar de hábitos de consumo.
(_)Como outras alternativas são mais caras, seguimos usando combustíveis fósseis.
Assinale a alternativa que apresenta a correta associação entre as colunas:
Instrução: As questões de números 01 a 15 referem-se ao texto abaixo.
Como é o desenvolvimento da autonomia e da criatividade no colégio?
- O desenvolvimento da autonomia e da criatividade da criança é um dos principais
- objetivos de uma instituição de ensino. Fazer com que haja um protagonismo no aluno em sala
- de aula é essencial no processo de aprendizagem. Com isso, torna-se fundamental desenvolver
- práticas de ensino com Metodologias Ativas. Tais metodologias atuam diretamente no
- desenvolvimento da autonomia e da criatividade na infância, o que, por sua vez, permite a
- construção de uma personalidade mais saudável, além de competências e habilidades
- essenciais para a criança.
- Afastando-se de uma metodologia de ensino ultrapassada, as instituições de ensino
- devem adotar uma aprendizagem que busque não apenas alfabetizar a criança como também
- colaborar para o seu desenvolvimento. E isso envolve um estímulo ___ construção da
- autonomia e da criatividade no colégio. Essa Educação Criativa envolve uma metodologia de
- ensino-aprendizagem que possibilita ___ instituições de ensino uma aproximação com o mundo
- real. Isto é, fora da escola, especialmente no mercado de trabalho, diversas habilidades e
- capacidades são valorizadas. E duas delas são justamente a autonomia e a criatividade.
- Existe a necessidade de se trazer ao ambiente escolar uma abordagem diferente,
- especialmente com o protagonismo do aluno, e uma dessas abordagens diz respeito às
- Metodologias Ativas. Mas o que são as Metodologias Ativas? Em resumo, o modelo busca trazer
- para o aluno um papel de protagonismo no seu próprio aprendizado. Isto é, por meio dele, é o
- estudante o maior responsável pelo seu desenvolvimento em sala de aula. Nesse sentido, o
- objetivo é incentivar que a absor...ão do conteúdo em sala se dê com mais autonomia e
- participação.
- Com a autonomia do aluno em seu próprio aprendizado, há também um maior estímulo
- ao seu desenvolvimento. Como destacamos acima, a construção da autonomia e da criatividade
- infantil permite a construção de uma personalidade mais saudável. Essa prática garante um
- maior desenvolvimento de habilidades socioemocionais, fundamentais para o aprendizado
- infantil. A conquista da autonomia como protagonismo do aluno no processo de aprendizado
- traz um estímulo para uma convivência saudável. Isto é, por meio do ensino-aprendizagem da
- autonomia, a criança pode entender melhor seu papel como parte de um todo que é a
- sociedade.
- Mas como a autonomia e a criatividade podem ser aplicadas em sala de aula? O que
- a proposta pedagógica pode trazer para fazer com que o aluno seja protagonista do seu
- aprendizado? É preciso entender que cada estudante tem seu tempo e ritmo de aprendizado.
- O ideal é fazer com que a metodologia de ensino estimule o seu desenvolvimento com base
- nesse ritmo, pre...ando por uma autonomia maior. Para potencializar esse modelo de ensino,
- é essencial a adoção de algumas práticas. Uma dessas práticas é a criação de um ambiente
- favorável para um aprendizado com base na autonomia e na criatividade do aluno. Com um
- espaço adequado, é possível criar um ambiente em que a exploração e a construção do
- conhecimento aconteçam de forma mais fácil.
- Especialmente na fase da Educação Infantil, o aprendizado acontece com uma interação
- do aluno com o ambiente, e valorizar esse ambiente é uma das melhores formas de aplicar as
- Metodologias Ativas, proporcionando liberdade para a autonomia das crianças. Outra forma de
- auxílio no desenvolvimento do estudante com autonomia e criatividade é oferecer uma maior
- liberdade de aprendizado. A escola, como um todo, é um espaço de aprendizagem constante,
- mas para que isso se concreti...e, esse espaço deve criar um clima de incentivo para a busca
- pelo conhecimento. A segurança oferecida para que o aluno tenha liberdade de aprender é uma
- das melhores formas de estimular a sua autonomia. O ambiente escolar tem a capacidade de
- ser um espaço que traz ___ tona impulsos como a curiosidade, a criatividade e a vontade de
- aprender.
(Disponível em: https://sigmadf.com.br/como-e-o-desenvolvimento-da-autonomia-e-da-criatividade-nocolegio – texto adaptado especialmente para esta prova).
Na linha 30, no trecho: “Mas como a autonomia e a criatividade podem ser aplicadas em sala de aula?” a palavra “como” foi empregada como advérbio, significando “de que maneira”. Assinale a alternativa na qual tal palavra tenha sido empregada com o mesmo sentido.
O pavão
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
(BRAGA, Rubem. Portal da Crônica Brasileira, 1958.)
No trecho “O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma.” (1º§) o vocábulo “como” estabelece relação de
A cidade como mundo, ou o mundo como cidade
Por Fabrício Carpinejar
- Minha infância não foi globalizada. Não havia internet, redes sociais, celular. Eu mal saía do
- meu bairro. Minha experiência pode parecer tacanha ___ nova geração que se desloca para longe
- desde o berço, que fala com gente de qualquer parte, que tem o inglês como um segundo idioma
- básico.
- Mas eu ainda prefiro ter a cidade como meu mundo a ter o mundo como cidade,
- diferentemente de quem nasceu depois dos anos 2000.
- Hoje você tem mais facilidades de adaptação, de comunicação, de locomoção. Só que não
- sossega num lugar fixo. Não tem um lugar sagrado, uma residência definitiva. Não conhece sua
- cidade “como quem examinasse a anatomia de um corpo”, para lembrar verso emblemático de
- Mario Quintana.
- Você é de todos os lugares, e um turista do seu berço natal. Não se apegou ___ atmosfera
- de um parque ou de uma praça. Não treinou a falta. Não gritou “cheguei” abrindo a porta de
- casa. Não sofreu picos de nostal...ia com uma mudança. Não chorou por um amor perdido. Não
- suspirou pela primavera das árvores mudando a cor da calçada e dos passos com suas folhas
- alaranjadas. Não namorou no drive-in da orla, com o sol descendo na tela do Guaíba.
- Troca de endereço com desembara...o, aceita empregos distantes sem crise de consciência,
- realiza intercâmbios com ___ adrenalina do desafio. Suas relações são do momento, para o
- momento, absolutamente circunstanciais. O presente tem a dinâmica de Stories, durando 24h.
- Termina romance apartado da fossa e do medo ... jamais ver a pessoa. O passado não pesa. O
- guarda-roupa mora nas malas.
- Não vou cometer o crime da vaidade e da velhice de dizer que no meu tempo era melhor.
- Balbucio na hora de explicar para a linhagem digital a minha época de formação, até meu
- vocabulário é arcaico.
- Posso garantir que ela era sentimental e exclusivamente presencial. Não se faziam contatos
- na distância. O amor platônico acontecia pelo vizinho ou vizinha, ali na janela paralela do mesmo
- prédio, jamais por alguém de outro país.
- Quando sou obrigado a viajar, eu quero sempre voltar. A saudade é maior do que a
- aventura. Talvez a saudade seja a minha mais fremente aventura.
- Não consigo ficar longe da minha churrasqueira, da minha varanda, da minha biblioteca,
- das minhas plantas, do fardamento das manhãs, da minha cama, dos afetos que frequentam o
- meu lar desde criança. Tenho uma posse...ividade provinciana. Minha alma é incuravelmente
- bairrista.
(Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2023/11/a-cidade-como-mundo-ou-o-mundo-como-cidade – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale a alternativa que indica o significado correto atribuído pelo emprego da conjunção “como” (l. 09).