“(...) e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas”, ...

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Q2781339 Português

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A Trump o que é de César.


Há algumas semanas, um sujeito muito parecido com Donald Trump levou 33 punhaladas no meio do Central Park, em Nova York. O sangue era cênico e os punhais eram falsos, mas o furor causado pela encenação nada teve de figurativo. Entre 23 de maio e 18 de junho, milhares de pessoas enfrentaram filas para assistir ao assassinato, enquanto outras tantas campeavam a internet denunciando a peça como apologia do terror político. Nada mau, repare-se, para um texto que anda entre nós há mais de 400 anos: o espetáculo em questão é uma . montagem de Júlio César, peça escrita por William Shakespeare em 1599. Nessa adaptação, dirigida por Oskar Eustin, o personagem-título tinha uma cabeleireira desbotada e usava terno azul, com gravata vermelha mais comprida que o aconselhável; sua esposa, Calpúrnia, falava com reconhecível sotaque eslavo. Um sósia presidencial encharcado de sangue é visão que não poderia passar incólume em um pais que já teve quatro presidentes assassinados: após as primeiras sessões, patrocinadores cancelaram seu apoio, fás do presidente interromperam a peça aos gritos, e e-mails de ódio choveram sobre companhias teatrais que nada tinham a ver com o assunto - exceto pelo fato de carregarem a palavra "Shakespeare” no nome.

Trocar togas por ternos não é ideia nova. Orson Welles fez isso em 1973, no Mercury Theater de Nova York; nessa célebre montagem, o ditador romano ganhou ares de Mussolini e foi esfaqueado pelo próprio Welles, que interpretava Brutus. Nas décadas seguintes, outras figuras modernas emprestaram trajes e trejeitos ao personagem: entre elas, Charles de Gaulle, Fidel Castro e Nicolae Ceausescu. Atualizações como essas expandem, mas não esgotam, o texto de Shakespeare - é muito difícil determinar, pela leitura da peça, se a intenção do bardo era louvar, condenar ou apenas retratar, com imparcialidade, os feitos sanguinolentos dos Idos de Março. Por conta dessa neutralidade filosófica, a tarefa de identificar o protagonista da peça é famosamente complicada: há quem prefira Brutus; há que escolha Marco Antônio ou até o velho Júlio.

O texto, como bom texto, não corrobora nem refuta: ele nos observa. Tragédias não são panfletos, e obras que se exaurem em mensagens inequívocas dificilmente continuarão a causar deleite e fúria quatro séculos após terem sido escritas. Em certo sentido, a boa literatura é uma combinação bem-sucedida de exatidão e ambiguidade: se os versos de Shakespeare ainda causam tamanho alvoroço, é porque desencadeiam interpretações inesgotáveis e, às vezes, contraditórias, compelindo o sucessivo universo humano a se espelhar em suas linhas. Ao adaptar a grande literatura do passado ao nosso tempo, também nós nos adaptamos a ela: procuramos formas de comunicar o misterioso entusiasmo que essas obras nos causam e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas.

Não, Shakespeare não precisa ter terno e gravata para ser atual-masse o figurino cai bem, porque não vesti-lo?

(Fonte: BOTELHO, José Francisco. Revista VEJA. Data: 18 de julho de 2017)

“(...) e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas”, | sobre fragmento só não se pode afirmar:

Alternativas

Gabarito comentado

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Alternativa Correta: C - que o "como" é conjunção comparativa.

O tema central da questão é a análise da estrutura de uma frase, com foco em aspectos como colocação pronominal, função das conjunções, função dos pronomes e uso de pontuação. Para resolver a questão, o aluno precisa ter conhecimento de gramática, principalmente no que se refere ao uso de pronomes, conjunções e vírgulas.

Justificativa da Alternativa Correta:

A alternativa C é a correta porque o "como" no fragmento não atua como uma conjunção comparativa, mas sim como uma conjunção subordinativa que introduz uma oração que dá ideia de modo. A frase "projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas" está indicando o modo como projetamos o mundo, e não comparando-o com outra projeção.

Análise das Alternativas Incorretas:

A - que há índice de comprometimento do emissor: Esta alternativa está incorreta porque o fragmento reflete uma perspectiva pessoal de como o emissor vê o mundo nas páginas, o que pode ser interpretado como um comprometimento do emissor na construção do significado.

B - que a colocação do pronome em próclise é obrigatória: Esta alternativa está incorreta porque realmente a colocação do pronome "o" em próclise é obrigatória devido à presença da conjunção subordinativa "como", que atrai o pronome para antes do verbo.

D - que a vírgula é opcional nessa estrutura: Esta alternativa está incorreta porque a vírgula antes de "como" é opcional. Suas regras de uso dependem principalmente do estilo da escrita e da clareza desejada na frase.

E - que o “o” é anafórico de mundo: Esta alternativa está incorreta porque o pronome "o" realmente se refere anaforicamente a "mundo". "Anafórico" significa que o pronome retoma um termo já mencionado anteriormente, no caso, "mundo".

É importante que, ao resolver questões de pontuação e gramática, você preste atenção à função de cada elemento na frase. Isso ajuda a identificar erros comuns e a justificar a escolha correta.

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Comentários

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letra c

o sentido é do termo é de conformidade.

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