Questões de Concurso
Sobre gêneros textuais em português
Foram encontradas 2.266 questões
As regras anunciadas pela UnB (Universidade de
Brasília) para seu programa de cotas raciais para negros e
pardos dão bem a medida da inconsistência desse sistema. Os
candidatos que pretendem beneficiar-se das cotas serão
fotografados "para evitar fraudes".
Uma comissão formada por membros de movimentos
ligados à questão da igualdade racial e por "especialistas no
tema" decidirá se o candidato possui a cor adequada para
usufruir da prerrogativa.
Para além do fato de que soa algo sinistra a criação de
comissões encarregadas de avaliar a "pureza racial" de alguém,
faz-se oportuno lembrar que, pelo menos para a ciência, o
conceito de raça não é aplicável a seres humanos. Os recentes
avanços no campo da genômica, por exemplo, já bastaram para
mostrar que pode haver mais diferenças genéticas entre dois
indivíduos brancos do que entre um branco e um negro. (...)
Esta Folha se opõe à política de cotas por entender que
nenhuma forma de discriminação, nem mesmo a chamada
discriminação positiva, pode ser a melhor resposta para o grave
problema do racismo. A filosofia por trás das cotas é a de que
se pode reparar uma injustiça através de outra, manobra que
raramente dá certo. (...)
(Folha de S. Paulo. 22/03/2004, p. A-2)
Artigo em que se discute uma questão, apresentando o ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou do redator-chefe.
Baseando-se nessa definição, é correto afirmar que o texto Limites das cotas é, de fato, um editorial, uma vez que
E SE...não tivéssemos medo?
Quem diria: aquele frio na espinha na hora de pular
do trampolim é essencial para a nossa vida. O medo
acaba com a gente quando estamos vendo um filme de
terror ou tentando pular na piscina, mas, sem ele, não
5 seríamos nada, coisa nenhuma. Na ausência do medo,
não teríamos nenhuma reação em situações de perigo,
como a aproximação de mastodonte na idade do gelo ou
quando o carro vai dar de cara no poste. Essa proteção
acontece involuntariamente: a sensação de temor chega
10 antes às partes do cérebro que regem nossas ações
involuntárias que ao córtex, a casca cerebral onde está o
raciocínio.
Além desse medo primordial, existe o medo
criado pela mente. Afinal, não corremos risco iminente
15 de não perpetuar a espécie quando gaguejamos diante
de uma possível paquera, ao tentar pedir aumento para o
chefe ou quando construímos muralhas e bombas atômicas.
Pelo contrário. "O medo de ser ridicularizado ou
menos amado pelo outro é a fonte de neuroses e fobias
20 sociais, mas está presente em todas as pessoas", diz a
psicóloga Maria Tereza Giordan Góes, autora do livro
Vivendo Sem medo de Ter Medo. E o que aconteceria se
seguíssemos com o medo involuntário mas deixássemos
de ter o medo imaginário? Pois é, também não seríamos
25 muita coisa.
O medo é um conceito fundamental para Freud, o
pai da psicanálise. Segundo ele, é o medo da castração,
de ser ridicularizado ou menos amado, que faz os
homens lutarem por objetivos e se submeterem a provas
30 sexuais e sociais. Sem medo, poderíamos ficar sem
motivação de competir, inovar, ser melhor que o vizinho.
Pior: viveríamos num caos danado, já que o medo de ser
culpado e castigado é raiz para instituições e religiões.
"Nunca uma civilização concedeu tanto peso à culpa e
35 ao arrependimento quanto o cristianismo", afirma o historiador
francês Jean Delumeau, autor do livro História do
Medo no Ocidente.
"O medo se reproduz na forma da autoridade física
e espiritual", afirma a psicanalista Cleide Monteiro. "Ele
40 está na base de instituições que podem ser opressoras,
mas fazem a sociedade andar para a frente longe de
barbáries." Para a psicanálise, funciona assim: quando
eu reconheço em mim a possibilidade de fazer mal a
alguém, a enxergo também em você, então passo a temê-lo.
45 Para podermos conviver numa boa, criamos coisas
superiores para temer, como a polícia e a religião. Sem o
medo, não teríamos nada disso. Sairíamos direto na faca.
NARLOCK, Leandro. Revista Superinteressante. (adaptado).
Leia o texto 1 para responder às questões de 1 a 8.
Há mais de dois anos enfrentando uma crise sanitária, o mundo precisa estar atento ao risco de enfrentar outra zoonose com potencial para se tornar uma nova ameaça global, alertam especialistas e a Organização Mundial da Saúde (OMS). "Os fatores de emergência e amplificação de doenças aumentaram (...) A interface entre homem e animal é bastante instável agora", disse, recentemente, Mike Ryan, chefe de situações de emergência da agência das Nações Unidas.
A estimativa da OMS é de que cerca de 60% das doenças emergentes são de origem zoonótica. Trata-se de enfermidades transmitidas de animais para os homens, como o ebola, a própria covid-19 e a varíola do macaco, cujo surto atual dá sinais "reais", na avaliação da agência, de que essa doença pode se estabelecer fora da África, única região onde, por enquanto, é endêmica.
As zoonoses existem desde que o homem intensificou suas interações com os animais, incluindo os processos de domesticação e a ocupação de áreas verdes. Os casos, porém, se intensificaram nos últimos 20 ou 30 anos, em um ritmo que parece estar acelerando. No começo deste mês, por exemplo, cientistas da Universidade de Uppsala, na Suécia, anunciaram a descoberta de um novo coronavírus, apelidado de Grimsö, circulando entre uma espécie de ratazana comum nas cidades do país.
Marc Eliot, chefe do laboratório de descoberta de patógenos do Instituto Pasteur, avalia que a facilidade de locomoção e o aumento da ocupação humana em áreas verdes potencializam a disseminação de novas e velhas ameaças invisíveis. "A intensificação das viagens permite que as doenças se espalhem mais rapidamente e de maneira mais descontrolada", diz, em entrevista à agência France-Presse de notícias (AFP).
Biólogo do Instituto Nacional Francês para o Desenvolvimento Sustentável (IRD), Benjamin Roche lembra que a intensificação da pecuária industrial também interfere no risco de disseminação de patógenos entre os animais. Além disso, o comércio de animais selvagens aumenta a exposição humana a patógenos que podem estar no organismo desses bichos.
Roche alerta, ainda, que o desmatamento aumenta o risco de contato entre vida selvagem, animais domésticos e populações humanas. "Quando há desmatamento, a biodiversidade diminui, perdemos animais que regulam naturalmente os vírus, o que permite que eles se espalhem mais facilmente", explica o especialista, também à AFP.
Um estudo divulgado, no fim de abril, na revista Nature indica que o aquecimento global força alguns animais a fugirem de seus ecossistemas para regiões com temperaturas mais brandas. A troca de habitat acaba favorecendo "uma mistura" entre as espécies, a transmissão de vírus entre elas e um consequente aumento no potencial de surgimento de doenças com risco de serem transmissíveis ao homem.
Como resposta a todo esse cenário preocupante, avalia Eliot, há meios de investigação fáceis e rápidos que permitem uma ação rápida em caso de aparecimento de novos vírus, apesar de essas ferramentas não serem uma realidade nas rotinas de vigilância sanitária de muitos países. "Também somos capazes de desenvolver vacinas muito rapidamente, como visto com a covid-19", ilustra o cientista.
Eric Fèvre, professor especialista em doenças infecciosas veterinárias da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, e do International Livestock Research Institute, no Quênia, enfatiza que "insistir na saúde pública das populações" dos ambientes mais remotos e "estudar melhor a ecologia das áreas naturais para entender como as diferentes espécies interagem" são medidas essenciais para conter o surgimento de uma nova pandemia. "Toda uma linhagem de novas doenças potencialmente perigosas corre o risco de emergir. Teremos que estar preparados", justifica.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br (Texto adaptado)
Sobre as principais caraterísticas do gênero textual a que pertence o texto 1, assinale a alternativa INCORRETA.
Leia o Texto 2 para responder às questões de 03 a 07.
Texto 2
Sem palavras
Má colocação em exame de leitura mostra atraso do Brasil em alfabetização.
O Brasil se saiu mal no Pirls, a prova internacional que avalia o desempenho da alfabetização em alunos do 4º ou do 5º ano do ensino fundamental [...], etapa em que a capacidade de leitura e interpretação de textos já deveria estar consolidada. [...] Com 419 pontos, ficamos à frente apenas de Irã, Jordânia, Egito, Marrocos e África do Sul [...].
Nossos alunos só foram capazes de compreender textos fáceis. Em questões mais sofisticadas, fracassaram. As desigualdades de sempre também se mostraram presentes. Crianças de famílias mais ricas se saem melhor do que as de estratos pobres, assim como meninas em relação a meninos, e brancos e amarelos ante negros e pardos.
Outra área que merece destaque é a dos métodos de alfabetização. Nos últimos 20 anos, houve uma pequena revolução na compreensão de como crianças aprendem a ler. A conclusão inequívoca é a de que é necessário ensinar explicitamente as correspondências entre grafemas (letras) e fonemas (sons). Os métodos usados aqui ainda não exploram como deveriam esse achado da ciência.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/05/sem-palavras.shtml>. Acesso em: 19 mai. 2023. [Adaptado].
Na diversidade tipológica textual do gênero editorial, predomina a
Em relação ao gênero textual, o texto configura-se como trecho de um artigo científico, o qual tem como esfera de circulação o ambiente acadêmico.
Esse pequeno texto pertence ao gênero argumentativo; sobre sua estruturação pode-se afirmar que:
I – O tipo predominante no texto é argumentativo; o gênero dele é editorial.
II – O tipo predominante no texto é narrativo; o gênero dele é artigo de opinião.
III – Os tipos textuais são categorias reduzidas; os gêneros, extensos e variáveis.
IV – O tipo injuntivo encontra-se presente em várias partes do texto.
V – O tipo predominante no texto é descritivo; o gênero dele é crônica jornalística.
Está correto apenas o que se afirma em
AS LETRAS
Na tênue casca de verde arbusto
Gravei teu nome, depois parti;
Foram-se os anos, foram-se os meses,
Foram-se os dias, acho-me aqui.
Mas ai! O arbusto se fez tão alto,
Teu nome erguendo que não mais vi!
E nessas letras que aos céus subiam Meus belos sonhos de amor perdi!
(Fagundes Varella. Disponível em: www.grude.ufmg.br)
A respeito desses textos, considere as afirmativas a seguir.
I. Ambos os textos fazem parte de um mesmo gênero textual.
II. Ambos são textos injuntivos.
III. Ambos os textos explicam ao leitor procedimentos necessários para a realização de uma ação.
Está correto o que se afirma em
Leia o poema para responder a questão.
Soneto de Fidelidade - Vinicius de Moraes
“De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento [...]”
De acordo com o texto e normas gramaticais, analise as afirmativas e atribua valor Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( ) O trecho apresentado é parte de um soneto que possui dois quartetos, dois tercetos e versos decassílabos.
( ) No 3º verso do trecho do poema, a palavra face rege o artigo do formado por de+o.
( ) Os dois útlimos versos apresentados sintetizam o assunto do poema.
Assinale a sequência correta de cima para baixo.
Sobre os tipos e gêneros textuais, associe a coluna B à coluna A.
COLUNA A
I. Tipo textual.
II. Gênero textual.
COLUNA B
( ) Carta.
( ) Injunção.
( ) Descrição.
( ) Artigo.
( ) Fábula
Marque a opção que apresenta a sequência CORRETA.
Utilize o texto a seguir para a resolução da questão.
A OUTRA NOITE
Disponível em: https://www.humorpolitico.com.br/?s=couro#wdi1/15784693175696105 87_5832265376 Acesso em: ago. 2017
Analise o texto acima e assinale a alternativa correta quanto ao seu gênero textual.
Uma educação que nos torna medíocres
Lya Luft (Revista Veja) com adaptações
"Queremos, aceitamos, pão e circo, a Copa, a Olimpíada, a balada, o joguinho, o desconto, o prazo maior para nossas dívidas, o não saber de nada sério: a gente não quer se incomodar. Ou pior: nós temos a sensação de que não adianta mesmo"
Leio com tristeza sobre o quanto países como Coréia do Sul e outros estimulam o ensino básico, conseguem excelência em professores e escolas, ótimas universidades, num crescimento real, aquele no qual tudo se fundamenta: a educação, a informação, a formação de cada um.
Comparados a isso, parecemos treinar para ser medíocres. Como indivíduos, habitantes deste Brasil, estamos conscientes disso, e queremos — ou vivemos sem saber de quase nada? Não vale, para um povo, a desculpa do menino levado que tem a resposta pronta: “Eu não sabia”, “Não foi por querer”.
Pois, mesmo com a educação — isto é a informação — tão fraquinha e atrasada, temos a imprensa para nos informar. A televisão não traz só telenovelas ou programas de auditório: documentários, reportagens, notícias, nos tornam mais gente: jornais não têm só coluna policial ou fofocas sobre celebridades, mas nos deixam a par e nos integram no que se passa no mundo, no país, na cidade.
Alienação é falta grave: omissão traz burrice, futilidade é um mal. Por omissos votamos errado ou nem votamos, por desinformados não conhecemos os nossos direitos, por fúteis não queremos lucidez, não sabemos da qualidade na escola do filho, da saúde de todo mundo, da segurança em nossas ruas.
O real crescimento do país e o bem da população passam ao largo de nossos interesses. Certa vez escrevi um artigo que deu título a um livro: “Pensar é transgredir”. Inevitavelmente me perguntam: “Transgredir o quê?”. Transgredir a ordem da mediocridade, o deixa pra lá, o nem quero saber nem me conte, que nos dá a ilusão de sermos livres e leves como na beira do mar, pensamento flutuando, isso é que é vida. Será? Penso que não, porque todos, todos sem exceção, somos prejudicados pelo nosso próprio desinteresse.
Nosso país tem tamanhos problemas que não dá para fingir que está tudo bem, que somos os tais, que somos modelo para os bobos europeus e americanos, que aqui está tudo funcionando bem, e que até crescemos. Na realidade, estamos parados, continuamos burros, doentes, desamparados, ou muito menos burros e doentes e desamparados do que poderíamos estar. Já estivemos em situação pior? Claro que sim.
Já tivemos escravidão, a mortalidade infantil era assustadora, os pobres sem assistência, nas ruas reinava a imundície, não havia atendimento algum aos necessitados (hoje há menos do que deveria, mas existe). Então, de certa forma, muita coisa melhorou. Mas poderíamos estar melhores, só que não parecemos interessados.
Queremos, aceitamos, pão e circo, a Copa, a Olimpíada, a balada, o joguinho, o desconto, o prazo maior para nossas dívidas, o não saber de nada sério: a gente não quer se incomodar. Ou pior: nós temos a sensação de que não adianta mesmo. Mas na verdade temos medo de sair às ruas, nossas casas e edifícios têm porteiro, guarda, alarmes e medo.
Nossas escolas são fraquíssimas, as universidades péssimas, e o propósito parece ser o de que isso ainda piore. Pois, em lugar de estimularmos os professores e melhorarmos imensamente a qualidade de ensino de nossas crianças, baixamos o nível das universidades, forçando por vários recursos a entrada dos mais despreparados, que naturalmente vão sofrer ao cair na realidade. Mas a esses mais sem base, porque fizeram uma escola péssima ou ruim, dizem que terão tutores no curso superior para poder se equilibrar e participar com todos.
Porque nós não lhes demos condições positivas de fazer uma boa escola, para que pudessem chegar ao ensino superior pela própria capacidade, queremos band-aids ineficientes para fingir que está tudo bem. Não se deve baixar o nível em coisa alguma, mas elevar o nível em tudo.
Todos, de qualquer origem, cor, nível cultural e econômico ou ambiente familiar, têm direito à excelência que não lhes oferecemos, num dos maiores enganos da nossa história.
Não precisamos viver sob o melancólico império da mediocridade que parece fácil e inocente, mas trava nossas capacidades, abafa nossa lucidez, e nos deixa tão agradavelmente distraídos.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/ricardosetti/politica-cia/lya-luft-mediocres-distraidosok/Acesso
em 23/09/2013.