Questões de Concurso
Sobre interpretação de textos em português
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Morango – Da cor da paixão
Ele é um fruto pequeno e delicado, que sempre foi associado à paixão e ao desejo. Talvez seja pelo seu sabor suave e ao mesmo tempo marcante. Mas, seja o que for, o morango se revelou uma das frutas mais deliciosas e instigantes da humanidade. Utilizado in natura ou até em cremes de beleza, desperta a imaginação e os sentidos.
Parte desse efeito pode ser pelo morango pertencer à família das Rosáceas, a mesma das rosas, maçãs, pêras e cerejas. Planta nativa das terras temperadas do continente europeu, atualmente é cultivada com sucesso em diversas regiões do mundo. Na era romana, valorizava-se pelas suas propriedades terapêuticas. Praticamente servia para todos os tipos de doenças.
O plantio de morango popularizou-se no século 18, quando mais de 600 espécies foram desenvolvidas. Pobre em calorias, é rico em vitamina C, um poderoso antioxidante que parece diminuir no organismo os efeitos nocivos dos radicais livres. É importante na formação do colágeno que dá força e suporte a ossos, dentes, pele e artérias. Também ajuda na cicatrização de feridas e absorção de ferro, entre outras funções. Além disso, também contém vitamina A, K, B1 e B2, além de potássio, ferro, cálcio, magnésio e fibras.
O início do cultivo do morango no Brasil não é bem conhecido. Sabe-se que o plantio começou a expandir-se a partir de 1960, com o lançamento da Cultivar Campinas, ainda hoje de expressão no mercado. Desde então, não parou mais de avançar, inclusive em áreas do estado do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, e em regiões de diferentes solos e climas, como Goiás, Santa Catarina, Espírito Santo e Distrito Federal. Em São Paulo, a produção está concentrada em Campinas, Jundiaí e Atibaia, cidade que representa 60% da área cultivada da fruta.
A cultura é praticada por pequenos produtores rurais. Eles utilizam a mão-de-obra familiar durante todo o ciclo da plantação. A maior parte do volume de produção é destinada ao consumo in natura. Na última década, verificou-se um interesse crescente pelo cultivo, justificado pela grande rentabilidade, quando comparada a outros cultivos, como, por exemplo, o milho.
(Especial Globo Rural / Como Plantar –nº 14 / Junho 2007 – p. 72)
O texto sugere que o morango desperta a imaginação e os sentidos porque:
Texto para as questões de 8 a 10
1 A lenda urbana surge com a oportunidade do
inusitado, do espetacular, do fantasioso. É o momento em
que se pode romper com a realidade e crer que existe algo
4 além do que se conhece. Em primeiro lugar, a lenda urbana
apresenta personagens quase sempre construídos em busca
do indivíduo comum: desperta-se o interesse do ouvinte.
7 Também se espalha por meios muito próximos dos simples
mortais, seja oralmente, seja por e-mail, seja até em jornais
sensacionalistas. As lendas urbanas se inserem no fenômeno
10 chamado folkcomunicação, segundo o qual a expressão das
classes mais baixas ou marginalizadas encontra vazão na
produção de cultura popular e, muitas vezes, na cultura de
13 massa. Esse folclore — em seu sentido mais amplo — traz
à luz a compreensão de determinados povos sobre o meio
que os cerca, mas de maneira bastante particular.
16 As manifestações populares trazem tanto seus medos
cotidianos quanto as influências sofridas por aquela
população. As lendas urbanas são, assim, resultantes da
19 criação contemporânea, modernamente adaptadas ao
universo do século XXI e seus problemas. Hoje o homem
comum conhece a ciência (ou a pseudociência, como diz
22 Carl Sagan) e se utiliza dela em seu cotidiano. Também por
isso, as representações mais fantásticas ganham, muitas
vezes, aspectos científicos. Surgem assim narrativas
25 completas, em certa medida críveis, sobre o universo urbano
moderno.
Andréa Neiva e Luciano R. Segura. Sem mistério: discutindo língua portuguesa, ano 2, n.º 12, p. 26-32 (com adaptações).
A partir da argumentação do texto, julgue os seguintes itens.
I A origem das lendas urbanas está associada aos modos como as populações vivenciam seus medos e buscam a fantasia.
II A divulgação de lendas urbanas está associada à cultura e aos meios de comunicação acessíveis ao indivíduo comum e às classes mais populares.
III As lendas urbanas contemporâneas representam falsos conhecimentos científicos que as camadas mais cultas da sociedade usam para explicar certos fenômenos às camadas populares.
Assinale a opção correta.
Texto para as questões 6 e 7
1 “Bebe tu do teu próprio veneno.” A frase finaliza
a oração de São Bento contra os demônios, mas também
pode ser aplicada, sem prejuízo, como remédio para
4 tratarmos um tema polêmico: nosso teor de maldade. Assim
como a injustiça, o mal coloca o homem em uma posição
passiva, ou seja, enxergamo-nos facilmente como vítimas, e
7 apenas raras vezes nos colocamos no papel de autor de uma
ação negativa. O psiquiatra suíço Carl Jung, pai da
psicologia analítica, definiu a sombra como um elemento
10 básico da estrutura da mente. Nela guardamos os atributos
que o ego repreende, como o orgulho, a vaidade, a
agressividade e o ciúme. A sombra seria a casa do instinto
13 que, quando bem aplicado, nos encoraja para desafios. Nessa
linha de pensamento, a agressividade natural pode-se
transformar em força ou violência, a depender da forma
16 como é aplicada. Jung defendia que a saúde psicológica
dependia da conciliação com a sombra, e não da tentativa de
sufocá-la. Aceitar o mal pessoal não significa,
19 necessariamente, experimentá-lo. Justamente aí está o limite
da saúde.
Revista do Correio. In: Correio Braziliense, 5/4/2009 (com adaptações).
Assinale a opção em que a reescritura da passagem do texto, situada nas linhas mencionadas, altera as relações semânticas e provoca incoerência textual.
Texto para as questões 6 e 7
1 “Bebe tu do teu próprio veneno.” A frase finaliza
a oração de São Bento contra os demônios, mas também
pode ser aplicada, sem prejuízo, como remédio para
4 tratarmos um tema polêmico: nosso teor de maldade. Assim
como a injustiça, o mal coloca o homem em uma posição
passiva, ou seja, enxergamo-nos facilmente como vítimas, e
7 apenas raras vezes nos colocamos no papel de autor de uma
ação negativa. O psiquiatra suíço Carl Jung, pai da
psicologia analítica, definiu a sombra como um elemento
10 básico da estrutura da mente. Nela guardamos os atributos
que o ego repreende, como o orgulho, a vaidade, a
agressividade e o ciúme. A sombra seria a casa do instinto
13 que, quando bem aplicado, nos encoraja para desafios. Nessa
linha de pensamento, a agressividade natural pode-se
transformar em força ou violência, a depender da forma
16 como é aplicada. Jung defendia que a saúde psicológica
dependia da conciliação com a sombra, e não da tentativa de
sufocá-la. Aceitar o mal pessoal não significa,
19 necessariamente, experimentá-lo. Justamente aí está o limite
da saúde.
Revista do Correio. In: Correio Braziliense, 5/4/2009 (com adaptações).
Assinale a opção correta a respeito das relações de coesão no texto.
Texto para as questões 4 e 5
1 Na verdade, estamos presos em uma rede de falsas
liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade e poucas vezes
fomos tão pressionados por exigências absurdas que
4 constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em
liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela
propaganda, e as opções são tantas que não conseguimos
7 escolher com calma. Talvez possamos escapar das cobranças
sendo mais naturais, cumprindo deveres reais. Nadar contra
toda essa louca correnteza, ter opiniões próprias, amadurecer
10 ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos,
ignorar ofertas no fundo desinteressantes, isso ajuda.
Descobrir o que queremos e podemos é um bom
13 aprendizado, mas leva algum tempo. Liberdade não vem de
correr atrás de deveres impostos “de fora”, mas de construir
a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e
16 desgaste, sobra tão pouco tempo.
Lya Luft. A mentirosa liberdade. In: Veja, 25/3/2009 (com adaptações).
Com referência à organização das ideias no texto, assinale a opção correta.
Texto para as questões 4 e 5
1 Na verdade, estamos presos em uma rede de falsas
liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade e poucas vezes
fomos tão pressionados por exigências absurdas que
4 constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em
liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela
propaganda, e as opções são tantas que não conseguimos
7 escolher com calma. Talvez possamos escapar das cobranças
sendo mais naturais, cumprindo deveres reais. Nadar contra
toda essa louca correnteza, ter opiniões próprias, amadurecer
10 ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos,
ignorar ofertas no fundo desinteressantes, isso ajuda.
Descobrir o que queremos e podemos é um bom
13 aprendizado, mas leva algum tempo. Liberdade não vem de
correr atrás de deveres impostos “de fora”, mas de construir
a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e
16 desgaste, sobra tão pouco tempo.
Lya Luft. A mentirosa liberdade. In: Veja, 25/3/2009 (com adaptações).
De acordo com a argumentação do texto, constitui uma falsa liberdade, ou uma mentirosa liberdade, como indica o título do texto, o fato de
Texto para as questões de 1 a 3
1Em quase todas as sociedades, há alguma atividade
de troca comercial, principalmente entre comunidades.
O produto excedente de uma família, de um clã ou de uma
4 aldeia pode ser de tempos em tempos trocado pelo produto
excedente de outras famílias, clãs ou aldeias especializadas
em outro tipo de produção. Nesse caso, a produção é
7 efetuada para atender às necessidades de quem produz, quer
dizer, cada comunidade procura ser autossuficiente.
Esse quadro muda quando se desenvolve uma
10 produção para a troca, em que cada um passa a produzir
aquilo a que está mais capacitado. Já encontramos aí um
forte motivo para a experiência da subjetividade privatizada:
13 cada um deve ser capaz de identificar a sua especialidade,
aperfeiçoar-se nela, identificar-se com ela. Mas isso não
basta. Os produtos produzidos para a troca devem ser
16 levados ao mercado. O mercado cria inevitavelmente a ideia
de que o lucro de um pode ser o prejuízo do outro e que cada
um deve defender os próprios interesses. Quando o mercado
19 toma conta de todas as relações humanas, isto é, quando
todas as relações entre os homens se dão por meio de compra
e venda de produtos elaborados por produtores particulares,
22 universaliza-se a experiência de que os interesses de cada
produtor são para ele mais importantes do que os interesses
da sociedade como um todo e que assim deve ser.
L. C. M. Figueiredo e P. L. R. de Santi. Psicologia, uma (nova) introdução. São Paulo: EDUC, 2002, p. 39-40 (com adaptações).
Assinale a opção correta a respeito das relações gramaticais usadas na organização do texto.
Atenção: As questões de números 31 a 40 referem-se ao texto que segue.
Beethoven e a tartaruga
A biologia estuda todos os seres vivos e não explica a origem mesma da vida, nem parece que a isso se devota: restringe- se (e não é pouca coisa) à descrição e à compreensão dos processos vitais, seja de um protozoário, da máquina humana ou de outras espécies. Talvez por isso aquele jovem biólogo, que conheço desde que nasceu, nunca deixe de me fazer sérias advertências quando lhe falo do “diferencial” humano. Ainda outro dia manifestava eu a convicção de que Beethoven é infinitamente superior a uma tartaruga, e a réplica veio na hora: “Superior em quê?” Perguntei-lhe se ele já havia se comovido com alguma sinfonia composta por um ovíparo de carapaça, e ele contra-atacou querendo saber quantos ovos Beethoven seria capaz de botar numa única noite. Ponderei que compor uma sinfonia é tarefa indiscutivelmente mais complexa do que ovular, mas aí percebi que caíra na armadilha do jovem biólogo: no plano da natureza não funciona o juízo de valor. Disse-lhe isso, para me antecipar a ele, e busquei triunfar: “Pois é, o juízo de valor é uma propriedade exclusivamente humana!” Novo contra-ataque: “Você já foi uma tartaruga, um símio, uma planta carnívora, para ter tanta certeza?”
E a conversa prosseguiu nesse compasso, tentando eu me valer de conceitos como “espiritualidade”, “consciência de si”, “livre-arbítrio”, “subjetividade”, “capacidade crítica” e coisas que tais, ao que ele se contrapunha descrevendo a fotossíntese, o mimetismo dos camaleões, as táticas de sobrevivência dos parasitas etc. etc. Ao fim da discussão, parecíamos empatados: ele não me convencera de que um dromedário pudesse vir a desenvolver aguda sensibilidade para a pintura, e eu não o demovera da idéia de que o homem é um ser tão natural como um antúrio, que também nasce, vive e morre. Para não perder em definitivo a autoridade, sugeri ainda que o vinho que eu lhe
oferecera, e que estávamos bebendo tão prazerosamente, não apenas ditava o rumo da nossa conversa como propiciava um deleite físico e espiritual de que seria incapaz uma borboleta. Ao que ele retrucou: "Quantas vezes você já foi uma lagarta?"
Achei melhor ir dormir. Dormir, sonhar talvez... (A propósito: com o que será que costumam sonhar as bactérias?)
(Nicolau Ramasco, inédito)
A divergência essencial entre os interlocutores representados no texto acima diz respeito à
Atente para as afirmações.
I. Está correta a concordância da frase: Infelizmente não existe formas mágicas para diminuir a ansiedade.
II. A preposição para em - E é central para entender a ansiedade no ser humano. - indica ideia de finalidade.
III. Na frase - é a ela que devemos agradecer porque nos fez mais cautelosos ... - o antônimo para cautelosos, no contexto, é desprevenidos.
Está correto apenas o que se afirma em
Assinale a alternativa que apresenta expressão de sentido figurado.
Em seu conjunto, as afirmações do texto indicam que a ansiedade
Assinale a alternativa que reescreve, sem alteração de sentido, o trecho: Ansiedade é o sentimento típico de quem vive no futuro, preocupando-se com as coisas que ainda vão acontecer.
O Dia do Pânico nas cidades americanas consiste
Lendo-se a frase: – Pensar que as coisas vão dar certo diminui o pensamento catastrófico e assim, a ansiedade. – conclui-se que
Assinale a alternativa que apresenta a relação correta entre as idéias contidas na frase: Na maioria dos casos, a ansiedade diminui, quando há o enfrentamento direto do problema.
Assinale o que for correto sobre o quarto parágrafo.
É correto afirmar que, de acordo com Thiago Sampaio, no terceiro parágrafo,
Se a ansiedade está projetada em quase todos os animais e humanos, pode-se dizer que ela é
Texto
Muito mais do que a nossa integração com a natureza, é fundamental compreender nossa separação e diferenciação da vida natural e, paralelamente, a construção da vida social. O viver em sociedade é que explica a nossa crise ambiental e, por decorrência, a das águas, um de seus capítulos mais evidentes e dramáticos na atualidade.
Vivemos hoje sob as perspectivas de uma crise mundial de abastecimento de água. Não haverá catástrofes como a desaparição da água, ela não vai acabar, como sugerem alguns educadores ambientais pouco informados sobre as razões sociais da ameaça de escassez no planeta.
O risco é o da redução da disponibilidade e da qualidade das águas para o consumo humano e para as atividades econômicas, o que já é uma realidade em muitos países. A elevação do uso doméstico, industrial e agrícola, a poluição e o aumento da população do planeta representam maior pressão sobre os recursos hídricos existentes.
O Brasil, por suas características de país megadiverso, é privilegiado não apenas em recursos hídricos, mas também em diversidade biológica, regional e cultural, paisagens e ecossistemas, além de extenso litoral. Essa vantagem comparativa, em relação a outros países, está ameaçada pela degradação e pela má gestão nas políticas para o meio ambiente.
A maior causa da poluição das nossas águas, porém, tem sido os esgotos despejados sem tratamento nos cursos d'água. O esgoto doméstico, aliado aos efluentes industriais e rurais, gerado pelas criações de suínos, bovinos e aves, e ao lixo que, esparramado pelas ruas, é carregado para córregos e bueiros, são grandes desafios ambientais para a sociedade brasileira no século XXI.
MARTINEZ, Paulo Henrique. Pode ser a gota d'água. Carta na Escola. São Paulo: Ed. Confiança, p. 25-28, ed. 33, fev. 2009. [Adaptado]
Assinale a alternativa que apresenta uma pergunta cuja resposta está no texto.
A INTERNET NÃO É RINGUE
1____Você já discutiu relação por e-mail? Não discuta.
O correio eletrônico é uma arma de destruição de massa
(cerebral) em caso de conflito. Quer discutir? Quer
quebrar o pau, dizer tudo o que sente, mandar ver, detonar a
5 outra parte? Faça isso a sós, em ambiente fechado. [...]
Brigar por e-mail é muito perigoso. Existe pelo
menos um par de boas razões para isso. A primeira é que
você não está na frente da pessoa. Ela não é “humana” a
distância, ela é a soma de todos os defeitos. A segunda
10 razão é que você mesmo também perde a dimensão de
sua própria humanidade. Pelo e-mail as emoções ficam
no freezer e a cabeça, no microondas. Ao vivo, um olhar
ou um sorriso fazem toda a diferença. No e-mail todo
mundo localiza “risos”, mas ninguém descreve “choro”.
15___Eu sei disso, porque cometi esse erro. Várias
vezes. Nunca mais cometerei, espero. [...] Um tiroteio
de mensagens escritas tende à catástrofe. Quando você
fala na cara, as palavras ficam no ar e na memória e uma
hora acabam sumindo de ambos. “Eu não me lembro de ter
20 dito isso” é um bom argumento para esfriar as tensões.
Palavras escritas ficam. Podem ser relidas muitas vezes.
Ao vivo, você agüenta berros [...]. Responde no
mesmo tom rasteiro. E segue em frente. Por e-mail, cada
frase ofensiva tende a ser encarada como um desafio para
25 que a outra parte escolha a arma mais poderosa destinada
ao ponto mais fraco do “adversário”. Essa resposta letal
gera uma contra-resposta capaz de abalar os alicerces
do edifício, o que exigirá uma contra-contra-resposta
surpreendente e devastadora. Assim funciona o ser
30 humano, seja com mensagens, seja com bombas nucleares.
Ao vivo, um pode sentir a fraqueza do outro e even-
tualmente ter o nobre gesto de poupar aquelas trilhas
de sofrimento e rancor. Ao vivo, o coração comanda. Por
e-mail é o cérebro que dá as cartas. [...]
35___E tem o fator fermentação. Você recebe um e-mail
hostil. Passa horas intermináveis imaginando qual será a
terrível, destrutiva resposta que vai dar. Seu cérebro ferve
com os verbos contundentes e adjetivos cruéis que serão
usados no reply. Aí você escreve, e reescreve, e reescreve
40 de novo, e a cada nova versão seu texto está mais
colérico, e horas se passam de refinamento bélico do
texto até que você decida apertar o botão do Juízo Final,
no caso o Enviar. Começam então as dolorosas horas de
espera pela resposta à sua artilharia pesada. É uma
45 angústia saber que você agora é o alvo, imaginar que
armas serão usadas. E dependendo do estado de deterioração
das relações, você poderá enlouquecer a ponto
de imaginar a resposta que vai dar à mensagem que
ainda nem chegou.
50___É por isso que eu aconselho, especialmente aos
mais jovens: se for para mandar mensagens de amizade,
se é para elogiar, se é para declarar amor, use e abuse
dos meios digitais. E-mail, messenger, chat, scraps, o
que aparecer. Mas se for para brigar, brigue pessoalmente.
55 A não ser, claro, que você queira que o rompimento seja
definitivo. Aí é só abrir uma nova mensagem e deixar o
veneno seguir o cursor.
MARQUEZI, Dagomir, Revista Info Exame, jan. 2006. (adaptado)
Classifique as afirmações abaixo, relacionadas com o segundo parágrafo do texto, como V (verdadeira) ou F (falsa).
( ) O pronome “Ela” (l. 8) se refere à “primeira razão”.
( ) A palavra “ também” (l. 10) indica que o estado de perda de humanidade já havia sido mencionado anteriormente.
( ) A expressão “todo mundo” (l. 13-14) se reporta às pessoas que usam e-mail.
A classificação correta é: