Questões de Português - Morfologia - Pronomes para Concurso
Foram encontradas 3.409 questões
I- O assassinato de várias vítimas, a esmo, não é crime típico. Mas a facilidade ______ os dois jovens conseguiram comprar arma e munição levanta um alerta neste momento ______ o governo de Jair Bolsonaro tenta flexibilizar o porte. II- Muitas armas que abastecem o crime vêm do lugar _____ deveriam ser muito mais bem guardadas: depósitos de delegacias e fóruns. Em abril, um policial caiu pasmo ao abrir o cofre da delegacia central de Cotia, em São Paulo, e constatar a falta de 81 armas que deveriam estar ali. III- Em 11 de maio, em Santo André, o empresário Marcelo Aguiar, de 36 anos, disparou cinco vezes contra um morador de rua ______ havia se desentendido. Ele era colecionador de armas e atirador esportivo, segundo relatos colhidos pela polícia.
A sequência CORRETA de preenchimento das lacunas é:
Bombeiro diz que se queimou ao tentar resgatar Luzia no Museu Nacional
O depoimento emocionado de um bombeiro sobre o combate ao incêndio que consumiu e transformou em cinzas o acervo do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, está comovendo internautas numa rede social.
No relato publicado na segunda-feira (3), o soldado Rafael Luz, lotado no Quartel de Copacabana, na Zona Sul, conta que estava de folga, mas, mesmo assim, decidiu ir ajudar.
"Assim que cheguei, confirmei a extensão da tragédia que já tinha visto. E sabe o que mais eu vi? Um grupo de homens e mulheres, trabalhando exaustivamente, enfrentando chamas, fazendo o possível e o impossível. Eu vi um corpo, o meu corpo. O Corpo de Bombeiros", escreveu o militar.
Obras inestimáveis tentaram ser salvas por Rafael Luz e outros bombeiros. A maioria dos objetos, porém, foi perdida em meio ao fogo. A vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Serejo, disse em entrevista na segunda que 90% do acervo estava destruído.
"Consegui com outros bombeiros salvar algumas cerâmicas, peças que nunca na vida imaginei segurar nas mãos. E se isso estava acontecendo, era só a confirmação da tragédia que estávamos vivendo", detalhou o bombeiro na publicação.
Em determinado momento, Rafael diz que contou com a ajuda de um funcionário do museu, chamado Vitor, para tentar resgatar Luzia, considerada por pesquisadores como o mais antigo fóssil humano já achado nas Américas, com cerca de 11.500 anos.
Ao se arriscar no prédio em chamas em busca de Luzia, o bombeiro relatou o desespero ao abrir um armário e apenas encontrar um ferro "incandescente". Segundo ele, a alta temperatura do material derreteu a luva que o protegia do fogo e queimou seus dedos.
"Fizemos um esforço gigantesco e conseguimos nos aproximar e abrir o armário. Ao procurar Luzia, encontrei vazio e um ferro incandescente que derreteu minha luva e queimou meus dedos. Doeu, muito. Saí da sala e chorei. De dor? Não. De frustração."
Em homenagem à corporação, Rafael garante que ele e os companheiros de farda fizeram o possível para combater as chamas que lamberam a edificação. Ao lembrar o lema dos bombeiros: "vida alheia e riquezas salvar", o militar ressalta que a segunda parte do bordão nunca fez tanto sentido.
https://g1.globo.com, 04/09/2018
As palavras destacadas “que” e “que” são, respectivamente:
Os três pássaros do rei Herodes (lenda)
Pela triste estrada de Belém, a Virgem Maria, tendo o Menino Jesus ao colo, fugia do rei Herodes.
Aflita e triste ia em meio do caminho quando encontrou um pombo, que lhe perguntou: – Para onde vais, Maria? – Fugimos da maldade do rei Herodes, – respondeu
Mas como naquele momento se ouvisse o tropel dos soldados que a perseguiam, o pombo voou assustado.
Continuou Maria a desassossegada viagem e, pouco adiante, encontrou uma codorniz que lhe fez a mesma pergunta que o pombo e, tal qual este, inteirada do perigo, tratou de fugir. Finalmente, encontrou-se com uma cotovia, que, assim que soube do perigo que assustava a Virgem, escondeu-a e ao menino, atrás de cerrado grupo de árvores que ali existia.
Os soldados de Herodes encontraram o pombo e dele souberam o caminho seguido pelos fugitivos.
Mais para a frente a codorniz não hesitou em seguir o exemplo do pombo.
Ao fim de algum tempo de marcha, surgiram à frente da cotovia.
– Viste passar por aqui uma moça com uma criança no regaço?
– Vi, sim – respondeu o pequenino pássaro – Foram por ali.
E indicou aos soldados um caminho que se via ao longe. E assim afastou da Virgem e de Jesus os seus malvados perseguidores.
Deus castigou o pombo e a codorniz.
O primeiro, que tinha uma linda voz, passou a emitir, desde então, um eterno queixume.
A segunda passou a voar tão baixo, tão baixo, que se tornou presa fácil de qualquer caçador inexperiente.
E a cotovia recebeu o prêmio de ser a esplêndida anunciadora do sol a cada dia que desponta.
Fonte (adaptada):
https://armazemdetexto.blogspot.com/2017/11/lenda-os-tres-passaros-do-rei-herodes.html.
Continuou Maria a desassossegada viagem e, pouco adiante, encontrou uma codorniz que lhe fez a mesma pergunta que o pombo e, tal qual este, inteirada do perigo, tratou de fugir.
Ética nas redes sociais – Pratique!
Quando navegamos na internet, criamos a ilusão de estarmos “imunes” às nossas publicações, textos, fotos, vídeos...
Porém, muitos se esquecem de que podemos ser prejudicados dependendo do que postamos, pois sempre somos responsáveis por nossas ações online. Algumas situações podem até gerar processos por causa de uma leve brincadeira, isso sem contar demissões por justa causa, separações de casais, brigas entre amigos e etc., por isso é importante manter uma postura ética não só nas redes sociais, mas em toda internet. Na dúvida, não publique!
Todos nós sabemos que a internet abre possibilidades para nos expressarmos com mais liberdade, encontrarmos pessoas que pensam de maneira parecida (ou não), mas lembre-se: “O seu direito termina onde começa o direito do outro”.
Já que a situação não é tão legal quando o prejudicado é você, então antes de escrever por impulso, pense um pouco, veja se não vai ofender ninguém, pois alguém pode um dia se deparar com alguma coisa que você escreveu e não gostar, daí o problema começa.
E lembre-se: por mais que você pense que não é monitorado, isso não é verdade, na internet tudo é rastreado sim, então não abuse e aja com ética e respeito!
Fonte (adaptada):
https://blogprnewswire.com/2013/01/21/ ética
nas redes sociais pratique/
Leia o texto de Ruy Castro para responder à questão.
Beijos proibidos
I.O período: "Os membros das próprias escolas precisam reconhecer que o celular é sim importante, e que para os pais, é um meio de monitoramento da trajetória diária dos filhos, no qual é um fácil contato entre eles" inicia com oração escrita com os termos essenciais dispostos na ordem direta, cujo predicado é formado por locução verbal seguida de conjunção subordinativa integrante estruturando uma oração subordinativa substantiva objetiva direta. II.Sobre o primeiro período do (3º§), pode-se afirmar, corretamente, que dentre os componentes linguísticos, temos: um verbo no pretérito imperfeito do modo indicativo, um verbo que faz sinônimo com "cresce", uma expressão com pronome possessivo e substantivo trissílabo proparoxítono exercendo função sintática de objeto direto, e expressões que transmitem ideia de proporcionalidade. III.A crase da expressão: "às vezes passam o dia todo longe" é obrigatória porque faz parte da própria expressão. IV.Sobre as palavras da série numérica crescente: "próprias¹, questões², ciente³" pode-se afirmar corretamente: temos exemplo de encontros consonantais (1), temos exemplo de dígrafo e ditongo nasal (2), temos exemplo de hiato (3). V.Os verbos da série numérica crescente dos termos do segundo período de (3º§): "A nova era¹ digital tem² que ser³ considerada pelas escolas uma aliada, e não inimiga" são todos de segunda conjugação e estão no presente do modo indicativo. VI.Nas expressões: "favorecem o trabalho", "precisam reconhecer que o celular" e "assim ajudando o desempenho didático" temos três exemplos de uso de pronomes oblíquos átonos em posição de próclise.
Está (ão) CORRETA (S):
(__)O sujeito da oração é elíptico ou desinencial de primeira pessoa da singular. (__)Em: "Nós, jovens¹, temos² capacidade de³ raciocinar" temos, respectivamente: um aposto do sujeito simples, concordância verbal na primeira pessoal do plural, preposição imposta pela regência nominal. (__)Em: "O¹ aluno que² tiver responsabilidade³" temos, respectivamente: artigo definido, pronome relativo, substantivo abstrato polissílabo paroxítono com função sintática de objeto direto. (__)A oração: "Antes não dependíamos tanto da tecnologia" exemplifica um caso de uso de hipérbato.
Após análise, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA dos itens acima, de cima para baixo:
"Tudo em ’Torto arado’ é presente no mundo rural do Brasil. Há pessoas em condições análogas à escravidão"
Quando Bibiana e Belonísia nasceram, tinham outros nomes. O baiano Itamar Vieira Junior tinha 16 anos quando começou a escrever Torto arado (Todavia), que ganhou nesta quinta-feira o Prêmio Jabuti de melhor romance, e suas protagonistas tinham outras identidades. A essência da narrativa, no entanto, permaneceu inalterada: a história de duas irmãs, contada a partir de sua relação com o pai e com a terra onde viviam. O título, retirado do poema Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, tampouco mudou. O que veio depois foi a vontade de levar a história para o sertão da Chapada Diamantina, longe da capital ou do Recôncavo Baiano, onde a maioria dos seus conterrâneos ambientam suas narrativas. "A gente fala do sertão, do semiárido, parece que se trata de uma coisa só, mas o sertão da Chapada tem uma regularidade de chuva, uma diversidade de paisagem, de mato, que salta aos olhos", conta Vieira Junior, hoje com 41 anos, ao EL PAÍS, por telefone.
Profundamente influenciado pelas leituras de Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz, ele escreveu as primeiras 80 páginas da obra, mas o manuscrito se perdeu durante uma mudança da família. Vieira Junior só retomaria a história vinte anos depois, quando, formado geógrafo e funcionário público do INCRA, conheceu as realidades de indígenas, quilombolas, ribeirinhos e assentados no sertão baiano e maranhense. "Ao longo de 15 anos, aprendi muito sobre a vida no campo e vi um Brasil muito diverso do que vivemos cotidianamente nas cidades. Existe uma vida muito pulsante no campo, uma vida que está em risco, porque essas pessoas vivem em constante conflito na defesa de seus territórios. Tudo isso reacendeu a chama de escrever Torto arado", conta o escritor, que lembra que o Brasil é um dos países com maiores índices de violência no campo. No ano passado, foram registrados 1.883 conflitos, incluindo 32 assassinatos, de acordo com o levantamento anual realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Em 2017, quando escrevia a segunda - e definitiva - versão do romance, nove trabalhadores rurais com os quais Vieira Junior teve contato foram assassinados, seis deles em uma chacina. "Foi um ano brutal", lembra. São as vidas e lutas dessa gente que estão contadas em sua obra, que acompanha a família das irmãs Bibiana e Belonísia no cotidiano de Água Negra, uma fazenda onde os trabalhadores aram a terra sem receber salário, tendo apenas o direito de construir casebres de barro que precisam ser reconstruídos a cada chuva, pois o fazendeiro não autoriza construções de alvenaria. Quando não estão plantando e colhendo nas terras do patrão, cultivam roças nos próprios quintais para comer e ganhar um pouco dinheiro vendendo abóbora, feijão e batata na feira. São quase todos negros, descendentes de escravizados libertos havia poucas décadas, como é o próprio autor. Descendente de negros escravizados vindos de Serra Leoa e da Nigéria e de indígenas Tupinambás, Vieira Junior construiu um sertão real, que tem vida e verde, graças, em parte, às histórias dos avós paternos, que viveram no campo, na região de Coqueiros do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano.
O torto arado que dá nome ao livro é um objeto que, usado pelos antepassados das protagonistas na lida com a terra, atravessa o tempo para representar essa herança escravocrata de tantas desigualdades. Narrado primeiramente por Bibiana, depois por Belonísia e, na terceira parte, por outra personagem, o romance já começa com o clímax de um acidente: crianças, as duas irmãs ? filhas de Zeca Chapéu Grande, um líder comunitário e espiritual encontram uma faca da avó Donana. A partir daí, a linguagem, central na narrativa desde a prosa melodiosa com que o autor escreve, torna-se ainda mais importante. O não dito é tão importante quanto o que está impresso no papel. Uma irmã torna-se a voz da outra, e, como estão descritos os gestos, mas não as palavras das personagens, o leitor não sabe quem foi mutilada até chegar a um terço do romance.
(FONTE: El País. Texto de Joana Oliveira. Disponível em https://brasil.elpais.com/cultura/2020-12-
02/tudo-em-torto-arado-ainda-e-presente-no-mundo-rural-brasileiro-ha-pessoas-em-condicoes-analogas-a-escravidao.html)
Leia o texto 1 abaixo e responda à questão:
Texto 1
Neurocientista é alvo de mansplaining citando artigo que ela mesma escreveu
Enquanto palestrava, a especialista foi interrompida por homem que sugeriu a leitura de um estudo sobre o assunto – que ela mesma tinha escrito.
REDAÇÃO GALILEU
05 NOV2019 - 12H50 ATUALIZADO EM 05 NOV2019 - 19H20
A neurocientista Dra. Tasha Stanton contou no Twitter um episódio de machismo que sofreu durante a Conferência Australiana da Associação de Fisioterapia, que aconteceu no fim de outubro. Ela foi vítima de mansplaining com sua própria pesquisa científica. Mansplaining é um termo em inglês usado para descrever o comportamento de alguns homens que assumem que uma mulher não conhece determinado assunto e insiste em explicá-lo, subestimando os conhecimentos da mulher.
O caso de Stanton é um exemplo de mansplaining: enquanto ela palestrava, um cientista homem a interrompeu no meio do discurso e sugeriu que ela lesse determinado artigo para "entender melhor" o assunto. O artigo que ele indicou, entretanto, tinha sido escrito pela própria palestrante.
"Espere aí por um segundo, amigo. Sou Stanton. Eu sou a autora do artigo que você acabou de mencionar", ela disse naquele momento da palestra. Ela e outros cientistas da conferência riram da situação, mas ela ficou desconfortável com o acontecido.
Fonte: https://revistagalileu.globo.com/
Com relação aos aspectos linguístico‐estruturais do texto, julgue o item.
Na linha 24, a expressão "o qual" foi empregada em substituição ao vocábulo que para evitar a referenciação à expressão "Assistência Farmacêutica Nacional".
Com relação aos aspectos linguístico‐estruturais do texto, julgue o item.
Na linha 12, a posposição do elemento "se" à forma verbal "restringem" mantém a correção gramatical e os sentidos textuais.
Com relação aos aspectos linguístico‐estruturais do texto, julgue o item.
Na linha 8, mantém a correção gramatical e os sentidos textuais a supressão do elemento "-se" que acompanha a forma verbal "constitui" e do vocábulo "em" contraído na forma "no", restando a expressão constitui o.
Com relação aos aspectos linguístico‐estruturais do texto, julgue o item.
A expressão "essa tendência (linha 3) retoma "exigências do consumidor" (linhas 2 e 3).
Como Criamos Significados Na Linguagem Cotidiana?
Lilian Ferrari
É comum, nos dias atuais, ouvirmos expressões como “maratonar um seriado”, “combater fake news” ou “bloquear um contato no WhatsApp”. E embora não tenhamos nenhuma dificuldade em produzir ou compreender essas expressões, nem sempre nos damos conta de que esses usos, como tantos outros em nossa linguagem cotidiana, não são literais, mas sim metafóricos. Isso porque tudo o que nos foi ensinado sobre metáforas faz com que pensemos que só é possível encontrá-las em textos elaborados, produzidos por especialistas que têm uma habilidade especial no manejo da linguagem, tais como escritores, poetas e afins.
A verdade, entretanto, é que as metáforas ocorrem na linguagem como reflexo do nosso pensamento. Somos capazes de pensar metaforicamente e, por isso, também falamos metaforicamente. E se é assim, faz sentido que não apenas os textos literários, mas também a nossa linguagem cotidiana seja permeada de metáforas.
Mas como são esses processos de pensamento? Por que, afinal de contas, temos a habilidade de pensar metaforicamente? A resposta é relativamente simples, e tem a ver com o fato de que temos que lidar com ideias que não fazem parte de nossa experiência corporal mais direta. Se aquilo que podemos ver, ouvir, provar, cheirar ou tocar é acessível à nossa compreensão, o mesmo não acontece quando se trata de uma ideia abstrata como, por exemplo, o tempo. Embora tenhamos que lidar com o tempo em nosso cotidiano – acordamos cedo para trabalhar, tomamos remédios com hora marcada, etc. –, o tempo não é diretamente captável por nossos sentidos. Diferentemente de casas, árvores, carros, livros e tudo o que faz parte de nossa experiência direta, o conceito de tempo é abstrato. E, por isso, para pensarmos sobre o tempo fica mais fácil usar a estratégia de “traduzi-lo” para algo mais familiar. Essa espécie de tradução é justamente a metáfora, que nos permite tratar conceitos abstratos de forma mais concreta.
No caso do tempo, uma das possibilidades é pensar no tempo como se fosse espaço, e mais especificamente, como se fosse um local. Nesse caso, assim como podemos falar que estamos em um determinado lugar (ex. “Estamos na praça”), podemos nos referir a um período de tempo usando a mesma ideia de local (ex. “Estamos na primavera”). [...]
Adaptado de: <http://www.roseta.org.br/pt/2020/05/29/comocriamos-significados-na-linguagem-cotidiana>. Acesso em: 13 jul. 2020.
A SUA SUPERDESENVOLVIDA HABILIDADE DE LER MENTES
Renato Caruso Vieira
Você é encarregado de conduzir uma reunião com quatro diretores de filiais da sua empresa: a Srª A., o Sr. B., a Srª C. e o Sr. D. Dirigindo-se à sala de reuniões, você é saída, ainda no corredor, por um de seus assessores, com quem trava o seguinte diálogo:
Você: — Todos os diretores chegaram?
Assessor: — Alguns chegaram.
Adentrando a sala, você avista, já acomodados e preparados, a Srª A., o Sr. B., a Srª C. e o Sr. D. Confuso, você interpela discretamente o assessor:
— Por que você disse alguns que dos diretores anteriores chegado se todos eles já chegaram?
— Tudo o que eu disse foi que alguns dos diretores chegados chegados. A Srª A. e o Sr. B são alguns dos diretores e eles chegaram. Portanto, eu falei a verdade.
Apesar de reconhecer uma consistência lógica irretocável da justificativa, você dificilmente absolveria seu assessor da culpa de ter feito mau uso da linguagem. [...]
A correta interpretação de uma sentença
proferida por um falante depende da habilidade
de reconhecimento das intenções que ele
pretendeu comunicar com aquela escolha de
palavras. E a escolha de palavras do falante
depende da avaliação que ele faz da habilidade
do ouvinte de reconhecer as intenções
comunicadas por ele. Assim, a culpa pelo mau
uso da linguagem que atribuímos ao assessor,
na narração ilustrativa que introduziu este texto,
adveio de sua incapacidade de reconhecer a
indução à inferência de “somente alguns
[diretores chegaram], mas não todos” provocada
pela escolha de palavras que fez naquele
contexto particular.
[...] Podemos identificar as interações
conversacionais como constantes exercícios de
metarrepresentação (representação mental da
representação mental do outro) sustentados pela
superdesenvolvida habilidade humana de “leitura
de mentes” [...].
A “leitura de mentes”, que conceitualmente se
confunde com a capacidade de reconhecimento
das intenções alheias, é uma adaptação humana
com participação em todas as grandes
conquistas evolutivas da nossa espécie em
termos de cognição social. Não se observa no
reino animal capacidade comparável à humana
de comunicação, de cooperação, de
compartilhamento de informações, de
negociação. [...]
Adaptado de: <http://www.roseta.org.br/pt/2020/03/16/a-suasuperdesenvolvida-habilidade-de-ler-mentes/>. Acesso em 13 jul.2020.
A SUA SUPERDESENVOLVIDA HABILIDADE DE LER MENTES
Renato Caruso Vieira
Você é encarregado de conduzir uma reunião com quatro diretores de filiais da sua empresa: a Srª A., o Sr. B., a Srª C. e o Sr. D. Dirigindo-se à sala de reuniões, você é saída, ainda no corredor, por um de seus assessores, com quem trava o seguinte diálogo:
Você: — Todos os diretores chegaram?
Assessor: — Alguns chegaram.
Adentrando a sala, você avista, já acomodados e preparados, a Srª A., o Sr. B., a Srª C. e o Sr. D. Confuso, você interpela discretamente o assessor:
— Por que você disse alguns que dos diretores anteriores chegado se todos eles já chegaram?
— Tudo o que eu disse foi que alguns dos diretores chegados chegados. A Srª A. e o Sr. B são alguns dos diretores e eles chegaram. Portanto, eu falei a verdade.
Apesar de reconhecer uma consistência lógica irretocável da justificativa, você dificilmente absolveria seu assessor da culpa de ter feito mau uso da linguagem. [...]
A correta interpretação de uma sentença
proferida por um falante depende da habilidade
de reconhecimento das intenções que ele
pretendeu comunicar com aquela escolha de
palavras. E a escolha de palavras do falante
depende da avaliação que ele faz da habilidade
do ouvinte de reconhecer as intenções
comunicadas por ele. Assim, a culpa pelo mau
uso da linguagem que atribuímos ao assessor,
na narração ilustrativa que introduziu este texto,
adveio de sua incapacidade de reconhecer a
indução à inferência de “somente alguns
[diretores chegaram], mas não todos” provocada
pela escolha de palavras que fez naquele
contexto particular.
[...] Podemos identificar as interações
conversacionais como constantes exercícios de
metarrepresentação (representação mental da
representação mental do outro) sustentados pela
superdesenvolvida habilidade humana de “leitura
de mentes” [...].
A “leitura de mentes”, que conceitualmente se
confunde com a capacidade de reconhecimento
das intenções alheias, é uma adaptação humana
com participação em todas as grandes
conquistas evolutivas da nossa espécie em
termos de cognição social. Não se observa no
reino animal capacidade comparável à humana
de comunicação, de cooperação, de
compartilhamento de informações, de
negociação. [...]
Adaptado de: <http://www.roseta.org.br/pt/2020/03/16/a-suasuperdesenvolvida-habilidade-de-ler-mentes/>. Acesso em 13 jul.2020.
Se eu pudesse, hoje, varria, isto mesmo, varria as pessoas todas com vassouras, como se fossem cisco. Limpava o chão, passava pano molhado para refrescar, ia chorar e dormir. Meu coração agora faz diferença nenhuma de coração de galinha ou barata que galinha come. Não tem amor nele, nem de mãe, nem de esposa, nem de nada. Tá seco, raivoso e antipático, quer é sossego, quer é lembrar o morto horas a fio, espernear em cima de vida tão sem graça e cinzenta. Gosto de ir até no fundo da cisterna e revirar o lodo, tirar ele com a mão, me emporcalhar bastante, só pra depois ver água minando clarinha de novo. Gosto da cesta sobre a mesa com mamões e bananas, gosto de lavar o filtro todo o sábado, encher as talhas com água nova, gosto. Gosto, mas exaspero-me esquecida dos dons, e parto, como hoje, o pão sem reparti-lo.
(PRADO, Adélia. Solte os cachorros. Rio de Janeiro/São Paulo.
Editora Record, 2006. p.71)
Querido Diário,
No tempo do Coelho Neto, não tinha churrascaria, tinha? Claro que não.
Não tinha nem churrascaria nem dia das mães e, portanto, ele não entendia nada de padecer no paraíso, nessa época era moleza. E este ano, para variar, está prometendo, vai ser mais um dia das mães inesquecível. Não quanto ao local das homenagens, que é churrascaria de novo. Como sempre, houve debates acalorados sobre isto. Todo ano alguém diz que é preciso variar e desta vez não vai ser churrascaria, mas sempre acaba sendo, eu nem presto atenção mais na discussão. Minha última intervenção foi há vários anos, em legítima defesa, para deixar claro que considero insultuoso me levarem para comer peixe cru com arroz papa sem sal e que, nesse caso, prefiro a sopa dos pobres do padre Celso. Não me levando para comer peixe cru, tudo bem. Eu como qualquer coisa, pizza, pastel, hambúrguer, rabada, mocotó e aquelas comidas baianas molengas e amarelosas, mas peixe cru não, tudo tem seu limite, tem que haver respeito.
Mas, como eu já te contei, haverá uma grande novidade, que é a presença de Vó Eulália, que chegou de Alagoas na quarta. Mandaram buscá-la porque ela está fazendo noventa anos, embora pareça muito menos. Eu tenho um medozinho, mas gosto dela. O mesmo, com certeza, não pode ser dito de todo o resto da família. No aeroporto mesmo, aquele lourinho, filho do outro casamento da Selminha, um chatinho catarrento e esganiçado, cujo nome eu sempre esqueço, só acho que é Fred, mas sei que não é, esse, vamos dizer, Fred, começou a encher o saco e Vó Eulália deu-lhe um puxão de orelha caprichado, que ele chegou a ficar roxo. “Se é para chorar, pelo menos chore com razão”, disse ela, com aquele sorrisinho de cangaceira. A Selminha não gostou, mas eu, claro, adorei e Vó Eulália não quer nem saber se alguém não gostou. E o Fred merece. Meu Deus, o nome dele não é Fred. Ted? Eu só lembro que tem um E. Ernesto?
Aliás, grande bênção, o celular, pelo menos na churrascaria do dia das mães, porque agora a juventude fica em silêncio, enquanto manda mensagens para lá e para cá, ou seja, o tempo todo. Desconfio que alguns deles ainda não aprenderam a falar direito e o único órgão deles capaz de comunicação verbal é o polegar, ali teclando kd vc rsrsrs bjs e outras informações cruciais, que eles ficam mostrando uns aos outros, em vez de conversar. Me lembra cachorros cheirando uns aos outros, não sei por quê. O Marcelo, o gordinho de cabelo cacheado, também filho da Selminha, só que com o Haroldo, com certeza não sabe conversar, porque o universo dele são os joguinhos dos computadores e, quando alguém fala com ele, ele responde bzzz-strrp-vjjj-tueen, com os olhos esgazeados. E tem as fotos também, para as quais eles só olham uma vez e nunca mais, antes de distribuí-las às redes sociais do mundo todo, a gente com cara de besta e deficiente mental em todas elas.
De resto, não há razão para imaginar grandes surpresas. O meu novo genro por parte da Bia – que já não é mais tão novo assim, já vai fazer cinco anos que estão juntos, embora até hoje eu não saiba por que e o que foi que eles viram um no outro -, o Gilberto, o nosso Betão, vai encher a cara de chope, vai ficar com os olhos marejados e vai fazer um discursinho em que vai me chamar de bimãe outra vez. Bi, como em bicampeonato. Bimãe porque eu sou avó, mãe duas vezes, sacou? Ele é um gênio. Espero que não fique muito entusiasmado e não chame Vó Eulália de trimãe, porque não vai resultar bem, até porque ninguém sabe tantos palavrões e tem tanta disposição para mostrar isso do que Vó Eulália.
Mas, querido, eu fico falando assim e parece que não gosto da família, que sou uma desnaturada insensível, que não dou valor às coisas mais importantes desta vida. Mas nada pode estar mais longe da verdade. Eu adoro a família, adoro ser mãe e avó, sério mesmo. Esses senões acontecem a todos, de uma forma ou de outra e devemos pôr as mãos para o céu, porque não temos nenhum problema grave, como tantos outros. É só que de vez em quando dá vontade de ter uma folguinha de tanto padecimento paradisíaco. E, sim, bimãe não sou eu. Betão e Vó Eulália sabem quem é.
João Ubaldo Ribeiro
João Ubaldo Ribeiro em muitos de seus escritos relata sua experiência como professor universitário na disciplina de língua portuguesa, ou seja, o autor domina plenamente a gramática de seu idioma. No entanto, por uma questão de estilo e de respeito ao gênero crônica (tão atrelado ao cotidiano) o autor comete propositadamente alguns desvios gramaticais. Assinale a alternativa que descreva adequadamente o desvio apresentado no excerto abaixo:
Me lembra cachorros cheirando uns aos outros, não sei
por quê.
Alternativas:
Querido Diário,
No tempo do Coelho Neto, não tinha churrascaria, tinha? Claro que não.
Não tinha nem churrascaria nem dia das mães e, portanto, ele não entendia nada de padecer no paraíso, nessa época era moleza. E este ano, para variar, está prometendo, vai ser mais um dia das mães inesquecível. Não quanto ao local das homenagens, que é churrascaria de novo. Como sempre, houve debates acalorados sobre isto. Todo ano alguém diz que é preciso variar e desta vez não vai ser churrascaria, mas sempre acaba sendo, eu nem presto atenção mais na discussão. Minha última intervenção foi há vários anos, em legítima defesa, para deixar claro que considero insultuoso me levarem para comer peixe cru com arroz papa sem sal e que, nesse caso, prefiro a sopa dos pobres do padre Celso. Não me levando para comer peixe cru, tudo bem. Eu como qualquer coisa, pizza, pastel, hambúrguer, rabada, mocotó e aquelas comidas baianas molengas e amarelosas, mas peixe cru não, tudo tem seu limite, tem que haver respeito.
Mas, como eu já te contei, haverá uma grande novidade, que é a presença de Vó Eulália, que chegou de Alagoas na quarta. Mandaram buscá-la porque ela está fazendo noventa anos, embora pareça muito menos. Eu tenho um medozinho, mas gosto dela. O mesmo, com certeza, não pode ser dito de todo o resto da família. No aeroporto mesmo, aquele lourinho, filho do outro casamento da Selminha, um chatinho catarrento e esganiçado, cujo nome eu sempre esqueço, só acho que é Fred, mas sei que não é, esse, vamos dizer, Fred, começou a encher o saco e Vó Eulália deu-lhe um puxão de orelha caprichado, que ele chegou a ficar roxo. “Se é para chorar, pelo menos chore com razão”, disse ela, com aquele sorrisinho de cangaceira. A Selminha não gostou, mas eu, claro, adorei e Vó Eulália não quer nem saber se alguém não gostou. E o Fred merece. Meu Deus, o nome dele não é Fred. Ted? Eu só lembro que tem um E. Ernesto?
Aliás, grande bênção, o celular, pelo menos na churrascaria do dia das mães, porque agora a juventude fica em silêncio, enquanto manda mensagens para lá e para cá, ou seja, o tempo todo. Desconfio que alguns deles ainda não aprenderam a falar direito e o único órgão deles capaz de comunicação verbal é o polegar, ali teclando kd vc rsrsrs bjs e outras informações cruciais, que eles ficam mostrando uns aos outros, em vez de conversar. Me lembra cachorros cheirando uns aos outros, não sei por quê. O Marcelo, o gordinho de cabelo cacheado, também filho da Selminha, só que com o Haroldo, com certeza não sabe conversar, porque o universo dele são os joguinhos dos computadores e, quando alguém fala com ele, ele responde bzzz-strrp-vjjj-tueen, com os olhos esgazeados. E tem as fotos também, para as quais eles só olham uma vez e nunca mais, antes de distribuí-las às redes sociais do mundo todo, a gente com cara de besta e deficiente mental em todas elas.
De resto, não há razão para imaginar grandes surpresas. O meu novo genro por parte da Bia – que já não é mais tão novo assim, já vai fazer cinco anos que estão juntos, embora até hoje eu não saiba por que e o que foi que eles viram um no outro -, o Gilberto, o nosso Betão, vai encher a cara de chope, vai ficar com os olhos marejados e vai fazer um discursinho em que vai me chamar de bimãe outra vez. Bi, como em bicampeonato. Bimãe porque eu sou avó, mãe duas vezes, sacou? Ele é um gênio. Espero que não fique muito entusiasmado e não chame Vó Eulália de trimãe, porque não vai resultar bem, até porque ninguém sabe tantos palavrões e tem tanta disposição para mostrar isso do que Vó Eulália.
Mas, querido, eu fico falando assim e parece que não gosto da família, que sou uma desnaturada insensível, que não dou valor às coisas mais importantes desta vida. Mas nada pode estar mais longe da verdade. Eu adoro a família, adoro ser mãe e avó, sério mesmo. Esses senões acontecem a todos, de uma forma ou de outra e devemos pôr as mãos para o céu, porque não temos nenhum problema grave, como tantos outros. É só que de vez em quando dá vontade de ter uma folguinha de tanto padecimento paradisíaco. E, sim, bimãe não sou eu. Betão e Vó Eulália sabem quem é.
João Ubaldo Ribeiro
A partícula “que” assume diferentes funções dentro da língua portuguesa, tornando-se uma espécie de coringa do idioma.
Em qual das alternativas consta a classificação gramatical desta partícula no contexto abaixo?
Espero que não fique muito entusiasmado e não chame Vó
Eulália de trimãe.
Alternativas: