Questões de Português - Morfologia - Pronomes para Concurso

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Q1343787 Português
Assinale a opção que apresenta somente classes de palavras variáveis.
Alternativas
Q1343783 Português

A mulher do vizinho


    Contaram-me que, na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército, morava (ou mora) também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.

    O delegado resolveu passar uma chamada no homem e intimou-o a comparecer à delegacia.

    O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo à ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado tinha a dizer-lhe o seguinte:

    — O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: duralex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor.

    Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio:

    — Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?

    O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

    — Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general, ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?

    Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente:

    — Da ativa, minha senhora?

    E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado:

    — Da ativa, Motinha! Sai dessa...

Fernando Sabino

...compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. Sobre o termo destacado, indique a opção correta.
Alternativas
Q1338939 Português
Leia o texto para responder à questão.

Os empregos nos quais os mentirosos se dão bem

Uma nova pesquisa indica que uma das razões pelas quais a mentira persiste em certas profissões é a crença de que pessoas com atitudes "flexíveis em relação à verdade" são realmente melhores nesses empregos
    
    Eu tenho uma confissão: eu minto. Muito. Eu minto para interromper ou iniciar conversas, para poupar os sentimentos dos outros, ou os meus, e simplificar a vida social ou profissional de milhões de maneiras.
     Até certo ponto, sabemos que as pessoas com quem trabalhamos estão mentindo para nós. Eles não podem estar sempre tendo um bom dia, estarem animados com o trabalho ou ficarem completamente felizes com um colega que foi promovido no lugar deles.
     Mas e quando a mentira não é apenas sobre humor dos funcionários, mas é também incorporada à rotina da profissão?
    Uma nova pesquisa indica que uma das razões pelas quais a mentira persiste em certas profissões é a crença de que pessoas com atitudes "flexíveis em relação à verdade" são realmente melhores nesses empregos.
Atitudes em relação aos mentirosos no local de trabalho
    Em geral, uma mentira no ambiente de trabalho é vista de forma negativa - se alguém precisa recorrer à mentira, provavelmente não é muito boa em seu emprego.
    E a mentira pode ser tóxica para uma cultura de confiança e trabalho em equipe. Mas, de acordo com uma pesquisa recente dos acadêmicos americanos Brian C. Gunia e Emma E. Levine, há uma exceção para empregos que são majoritariamente focados nas vendas.
     No estudo de marketing, o relacionamento com o cliente é voltado completamente para satisfazer as necessidades de um consumidor, enquanto o relacionamento de venda se relaciona com o cumprimento das metas do vendedor.
    Certas profissões, como vendas ou orientação de investimento bancário, são estereotipadas por serem pesadamente orientadas pela venda - embora, na prática, é claro, os vendedores podem ser profundamente carinhosos e os profissionais de saúde, ranzinzas.
Mentir é natural, até certo ponto
    Os pesquisadores Gunia e Levine pediram aos participantes do estudo - que incluía mais de 500 estudantes de negócios e pesquisadores do site de crowdsourcing americano Mechanical Turk, da Amazon - para classificarem certos empregos em termos de orientação de vendas e classificassem indivíduos hipotéticos de acordo com a competência que eles percebiam.
    Os participantes tiveram cenários como os seguintes: quando registrava suas despesas, "Julie" afirmou que uma corrida de táxi custava mais do que realmente foi; "James" finge gostar de velejar para se aproximar do chefe entusiasta da vela. 
    Em última análise, os entrevistados acreditavam que as pessoas que haviam mentido seriam mais bem-sucedidas em empregos relacionados a vendas e priorizariam a contratação. Por exemplo, 84% dos participantes optaram por contratar mentirosos para uma tarefa com alta orientação de vendas, enquanto 75% optaram por contratar pessoas honestas para uma tarefa com baixo relacionamento com vendas.
     Os resultados são interessantes, mas não definitivos. Por um lado, os participantes da pesquisa recebiam muito pouco; mercados de pesquisa como o Mechanical Turk são apontados por pagarem baixas remunerações e receberam acusações de exploração.
    Também não é certo se as crenças dos entrevistados da pesquisa se traduzem nas ações dos gerentes de contratação.
    Há evidências conflitantes sobre se o relacionamento com o cliente ou se a relação de vendas é mais eficaz na prática, embora o relacionamento com o cliente pareça ser uma vantagem em termos de fechamento de vendas.
    No recente estudo sobre a ligação entre a mentira percebida e a competência percebida, "nós recrutamos estudantes de negócios intencionalmente para que pudéssemos ter certeza de que os estereótipos que examinamos são realmente mantidos por futuros profissionais", explica Levine, da University of Chicago Booth School of Business.
    Alunos que pretendem ocupar cargos de gesstão "podem realmente acreditar que o engano sinaliza competência nessas ocupações e, portanto, importam essas crenças em práticas futuras de contratação".
[...]

Disponível em https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2019/08/

Analise: “Eles não podem estar sempre tendo um bom dia” e assinale a alternativa que apresenta a classe de palavras dos vocábulos sublinhados.
Alternativas
Q1338593 Português

INSTRUÇÃO: Leia os parágrafos iniciais de uma reportagem sobre o que os jovens da atualidade pensam e fazem publicada na revista Época, nº 938, e responda à questão.


Poucas palavras são tão abusadas como “geração”. Geração X, Geração Y, Geração Z, Geração do Milênio são meros rótulos que ajudam palestrantes, consultores e departamentos comerciais a vender. É impossível definir um padrão de comportamento comum a milhões de pessoas simplesmente porque elas compartilham, em seus documentos de identidade, datas de nascimento próximas. Quando se reduz o número de pessoas a observar e a pretensão da análise, fica mais fácil. Quando se fala em Geração Perdida, por exemplo, fala-se num grupo de escritores americanos que viveram em Paris e em outras partes da Europa nos loucos anos 1920. Nem todos os que viveram naquela era vanguardista e vibrante tiveram tanta aventura e liberdade como Hemingway, Fitzgerald e Gertrude Stein, por exemplo. Mas pode-se dizer que o grupo conhecido como Geração Perdida representava o espírito do seu tempo.

O mesmo ocorre com o grupo de brasileiros com menos de 30 anos reunido nas páginas desta revista. Eles não representam a realidade da maioria dos jovens do país. São jovens, no entanto, que se destacam em vários tipos de atividades e, por isso, representam o espírito de nosso tempo. São idealistas, sonhadores ― o que é bom, mas não uma novidade. A diferença é que essa geração não se limita a sonhar. Ela transforma as causas que abraça em projetos. Em objetivos de vida. Em profissões. 

Os pronomes desempenham em um texto funções equivalentes às exercidas pelos substantivos e pelos adjetivos, dependendo se ocupam o lugar de um substantivo ou se o acompanham. Assinale a alternativa em que todos os pronomes exercem a função de substantivo no texto.
Alternativas
Q1336066 Português

T

exto para responder à questão.


Homem no mar


        De minha varanda vejo, entre árvores e telhados, o mar. Não há ninguém na praia, que resplende ao sol. O vento é nordeste, e vai tangendo, aqui e ali, no belo azul das águas, pequenas espumas que marcham alguns segundos e morrem, como bichos alegres e humildes; perto da terra a onda é verde.

         Mas percebo um movimento em um ponto do mar; é um homem nadando. Ele nada a uma certa distância da praia, em braçadas pausadas e fortes; nada a favor das águas e do vento, e as pequenas espumas que nascem e somem parecem ir mais depressa do que ele. Justo: espumas são leves, não são feitas de nada, toda sua substância é água e vento e luz, e o homem tem sua carne, seus ossos, seu coração, todo seu corpo a transportar na água.

         Ele usa os músculos com uma calma energia; avança. Certamente não suspeita de que um desconhecido o vê o admira porque ele está nadando na praia deserta. Não sei de onde vem essa admiração, mas encontro nesse homem uma nobreza calma, sinto-me solidário com ele, acompanho o seu esforço solitário como se ele estivesse cumprindo uma bela missão. Já nadou em minha presença uns trezentos metros; antes, não sei; duas vezes o perdi de vista, quando ele passou atrás das árvores, mas esperei com toda confiança que reaparecesse sua cabeça, e o movimento alternado de seus braços. Mais uns cinquenta metros, e o perderei de vista, pois um telhado o esconderá. Que ele nade bem esses cinquenta ou sessenta metros; isto me parece importante; é preciso que conserve a mesma batida de sua braçada, e que eu o veja desaparecer assim como o vi aparecer, no mesmo rumo, no mesmo ritmo, forte, lento, sereno. Será perfeito; a imagem desse homem me faz bem. 

        É apenas a imagem de um homem, e eu não poderia saber sua idade, nem sua cor, nem os traços de sua cara. Estou solidário com ele, e espero que ele esteja comigo. Que ele atinja o telhado vermelho, e então eu poderei sair da varanda tranquilo, pensando — “vi um homem sozinho, nadando no mar; quando o vi ele já estava nadando; acompanhei-o com atenção durante todo o tempo, e testemunho que ele nadou sempre com firmeza e correção; esperei que ele atingisse um telhado vermelho, e ele o atingiu”.

         Agora não sou mais responsável por ele; cumpri o meu dever, e ele cumpriu o seu. Admiro-o. Não consigo saber em que reside, para mim, a grandeza de sua tarefa; ele não estava fazendo nenhum gesto a favor de alguém, nem construindo algo de útil; mas certamente fazia uma coisa bela, e a fazia de um modo puro e viril.

        Não desço para ir esperá-lo na praia e lhe apertar a mão; mas dou meu silencioso apoio, minha atenção e minha estima a esse desconhecido, a esse nobre animal, a esse homem, a esse correto irmão.


BRAGA, Rubem. Homem no mar. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, pp. 110-111













“Certamente não suspeita de que um desconhecido o vê o admira porque ele está nadando na praia deserta.” A respeito do trecho acima, quanto aos aspectos gramatical, sintático e semântico, analise as afirmativas a seguir.
I. O autor deveria ter colocado vírgula após CERTAMENTE. II. O (de) QUE é uma conjunção integrante. III. Em todas as ocorrências a palavra O é pronome demonstrativo.
Está correto apenas o que se afirma em:
Alternativas
Q1326567 Português

INSTRUÇÃO: O trecho a seguir traz os dois primeiros parágrafos do artigo de J. R. Guzzo, colunista da revista Veja, intitulado Artigo de imitação. Leia o trecho e responda à questão.


A democracia no Brasil lembra uma dessas fotografias antigas de reis africanos que de vez em quando ilustram livros de história. Muitos deles, ouvindo oficiais do Império Britânico ou outros figurões europeus da época colonial que lhes davam lições de civilização, progresso e bons modos, parecem encantados. Acreditavam, como lhes era dito, que a Europa e as coisas europeias representavam o máximo a ser sonhado por um ser humano – e em geral chegavam à conclusão de que teriam muito a ganhar transformando a si próprios em soberanos civilizados o mais depressa possível. O meio prático de fazer isso, em sua maneira de ver as coisas, era imitar os trajes, jeitos e enfeites dos peixes graúdos que lhes falavam das maravilhas da rainha Vitória ou do imperador Napoleão III. Que atalho melhor para atingir esse estágio superior na evolução das sociedades humanas? O resultado aparece nas fotografias. As mais clássicas mostram uns negros magros, ou gordíssimos, com uma cartola de segunda mão na cabeça, ou um desses capacetes de caçador inglês, calças rasgadas aqui e ali, pés descalços – ou calçados com uma bota só, velha e sem graxa. Uns aparecem com casacas usadas, uma fileira de medalhas no peito e três ou quatro relógios saindo dos bolsos. Outros fazem questão de exibir-se para a câmera segurando um guarda-chuva aberto. É triste. Imaginavam-se nobres, modernos e iguais aos seus pares europeus. Eram apenas uns pobres coitados.

O problema é que nada tinha mudado na vida real. Junto com as novas roupas e os acessórios, as fotos mostram que os retratados conservavam, como sempre, seus colares com ossos, pulseiras de metal e argolas nas orelhas ou no nariz – e a história iria provar com fatos, em seguida, quanto foi inútil todo esse esforço de imitação. Das nações mais evoluídas, suas majestades copiavam os trajes. Não aprenderam as virtudes. Continuaram desgraçando a si e a seu país enquanto eram roubados até o último papagaio pelos que vieram ensiná-los a ter valores cristãos, avançados e democráticos.

(Revista Veja, ed. 2542.) 

Tome o fragmento: Muitos deles, ouvindo oficiais do Império Britânico ou outros figurões europeus da época colonial que lhes davam lições de civilização, progresso e bons modos, parecem encantados. Acreditavam, como lhes era dito, que a Europa e as coisas europeias representavam o máximo a ser sonhado por um ser humano – e em geral chegavam à conclusão de que teriam muito a ganhar transformando a si próprios em soberanos civilizados o mais depressa possível.
Sobre recursos expressivos usados, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) A expressão Muitos deles, formada por pronome indefinido + pronome pessoal preposicionado, retoma o sentido de reis africanos, na primeira linha do texto. ( ) O pronome oblíquo lhes, nas duas ocorrências, funciona como elemento coesivo referencial anafórico. ( ) Em si próprios, o adjetivo funciona como reforço à ação reflexiva expressa pelo pronome. ( ) Em chegavam à conclusão de que teriam muito a ganhar, o uso da preposição de deve-se à regência do verbo chegar. ( ) A forma verbal parecem no presente e a forma verbal acreditavam no pretérito imperfeito, ambas referindo-se a reis africanos, marcam falta de coerência textual por não estarem no mesmo tempo verbal.
Assinale a sequência correta.
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Q1326384 Português
Sobre as classes gramaticais, assinale a alternativa que classifica corretamente as palavras abaixo:
FELIZ / MIM / UNS / CHOVER / QUIÇÁ
Alternativas
Q1324977 Português

Imagem associada para resolução da questão

Fonte: Google Imagens (2017)


Sobre a colocação pronominal, é correto afirmar que em _____________, a _______________ é a forma correta de colocação pronominal, _________________________.


A alternativa que preenche, correta e sequencialmente, as lacunas do trecho acima é

Alternativas
Q1321176 Português
Leia o texto para responder à questão:

Os resistentes

    Não sucumbi ao telefone celular. Não tenho e nunca terei um telefone celular. Quando preciso usar um, uso o da minha mulher. Mas segurando-o como se fosse um grande inseto, possivelmente venenoso, desconhecido da minha tribo. Sei que alguns celulares ronronam e vibram discretamente, em vez de desandarem a chamar seus donos com música. Infelizmente, os donos nem sempre mostram a mesma discrição. Não é raro você ser obrigado a ouvir alguém tratando de detalhes da sua intimidade ou dos furúnculos da tia Djalmira a céu aberto, por assim dizer.
        Não dá para negar que o celular é útil, mas no caso a própria utilidade é angustiante. O celular reduziu as pessoas a apenas extremos opostos de uma conexão, pontos soltos no ar, sem contato com o chão. Onde você se encontra se tornou irrelevante, o que significa que, em breve, ninguém mais vai se encontrar.
   Não tenho a menor ideia de como funciona o besouro maldito. E chega um momento em que cada nova perplexidade com ele se torna uma ofensa pessoal, ainda mais para quem ainda não entendeu bem como funciona uma torneira.
    Ouvi dizer que o celular destrói o cérebro aos poucos. Vejo a nós – os que não sucumbiram, os últimos resistentes – como os únicos sãos num mundo imbecilizado pelo micro-ondas de ouvido, com o qual as pessoas trocarão grunhidos pré-históricos, incapazes de um raciocínio ou de uma frase completa, mas ainda conectadas. Seremos poucos, mas nos manteremos unidos, e trocaremos informações. Usando sinais de fumaça.

(Luis Fernando Veríssimo [org. Adriana Falcão e Isabel Falcão], “Os resistentes”. Ironias do tempo, 2018. Adaptado.)
A correta análise do pronome destacado se faz em:
Alternativas
Q1320367 Português
Assinale a alternativa que apresenta o emprego do pronome e a colocação pronominal corretos de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
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Q1319024 Português

    Faz alguns anos que um grupo de amigos se reúne comigo para ler poesia. Numa dessas reuniões nos deparamos com esta afirmação de Gandhi: “Eu nunca acreditei que a sobrevivência fosse um valor último. A vida, para ser bela, deve estar cercada de vontade, de bondade e de liberdade. Essas são coisas pelas quais vale a pena morrer”. Essas palavras provocaram um silêncio meditativo, até que um dos membros do grupo, que se chama Canoeiros, sugeriu que fizéssemos um exercício espiritual. Um joguinho de “faz de conta”. “Vamos fazer de conta que sabemos que temos apenas um ano a mais de vida. Como é que viveremos sabendo que o tempo é curto?”

    A consciência da morte nos dá uma maravilhosa lucidez. D. Juan, o bruxo do livro de Carlos Castañeda, Viagem a Ixtlan, advertia seu discípulo: “Essa bem pode ser a sua última batalha sobre a terra”. Sim, bem pode ser. Somente os tolos pensam de outra forma. E se ela pode ser a última batalha, que seja uma batalha que valha a pena. E, com isso, nos libertamos de uma infinidade de coisas ptolas e mesquinhas que permitimos se aninhem em nossos pensamentos e coração. Resta então a pergunta: “O que é o essencial?”. Um conhecido meu, ao saber que tinha um câncer no cérebro e que lhe restavam não mais que seis meses de vida, começou uma vida nova. As etiquetas sociais não mais faziam sentido. Passou a receber somente as pessoas que desejava receber, os amigos, com quem podia compartilhar seus sentimentos. Eliot se refere a um tempo em que ficamos livres da compulsão prática – fazer, fazer, fazer. Não havia mais nada a fazer. Era hora de se entregar inteiramente ao deleite da vida: ver os cenários que ele amava, ouvir as músicas que lhe davam prazer, ler os textos antigos que o haviam alimentado.

    O fato é que, sem que o saibamos, todos nós estamos enfermos de morte e é preciso viver a vida com sabedoria para que ela, a vida, não seja estragada pela loucura que nos cerca.

(Rubem Alves. Variações sobre o prazer: Santo Agostinho, Nietzsche, Marx e Babette. São Paulo, Editora Planeta do Brasil, 2011. Adaptado)

Acerca da linguagem empregada no texto, é correto afirmar:
Alternativas
Q1318813 Português
Na frase “A vida é breve e a felicidade humana é inconstante”, as palavras sublinhadas, morfologicamente, classificam-se como:
Alternativas
Ano: 2018 Banca: CIEE Órgão: TJ-DFT Prova: CIEE - 2018 - TJ-DFT - Estágio - Nível Médio |
Q1318791 Português
Em “Ilumine-se o campo para o futebol na aldeia”, a palavra sublinhada classifica-se, morfologicamente, como:
Alternativas
Ano: 2019 Banca: CIEE Órgão: TJ-DFT Prova: CIEE - 2019 - TJ-DFT - Estágio - Ensino Médio |
Q1318420 Português

    Quando confrontados pelos aspectos mais obscuros ou espinhosos da existência, os antigos gregos costumavam consultar os deuses (naquela época, não havia psicanalistas). Para isso, existiam os oráculos – locais sagrados onde os seres imortais se manifestavam, devidamente encarnados em suas sacerdotisas. Certa vez, talvez por brincadeira, um ateniense perguntou ao conceituado oráculo de Delfos se haveria na Grécia alguém mais sábio que o esquisitão Sócrates. A resposta foi sumária: “não”.

    O inesperado elogio divino chegou aos ouvidos de Sócrates, causando-lhe uma profunda sensação de estranheza. Afinal de contas, ele jamais havia se considerado um grande sábio. Pelo contrário: considerava-se tão ignorante quanto o resto da humanidade. Após muito meditar sobre as palavras do oráculo, Sócrates chegou à conclusão de que mudaria sua vida (e a história do pensamento). Se ele era o homem mais sábio da Grécia, então o verdadeiro sábio é aquele que tem consciência da própria ignorância. Para colocar à prova sua descoberta, ele foi ter com um dos figurões intelectuais da época. Após algumas horas de conversa, percebeu que a autoproclamada sabedoria do sujeito era uma casca vazia. E concluiu: “Mais sábio que esse homem eu sou. É provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um tantinho mais sábio que ele exatamente por não supor saber o que não sei”. A partir daí, Sócrates começou uma cruzada pessoal contra a falsa sabedoria humana – e não havia melhor palco para essa empreitada que a vaidosíssima Atenas. Em suas próprias palavras, ele se tornou um “vagabundo loquaz” – uma usina ambulante de insolência iluminadora, movida pelo célebre bordão que Sócrates legou à posteridade: “Só sei que nada sei”.

    Para sua tarefa audaz, Sócrates empregou o método aprendido com os professores sofistas. Mas havia grandes diferenças entre a dialética de Sócrates e a de seus antigos mestres. Em primeiro lugar, Sócrates não cobrava dinheiro por suas “lições” – aceitava conversar com qualquer pessoa, desde escravos até políticos poderosos, sem ganhar um tostão. Além disso, os diálogos de Sócrates não serviam para defender essa ou aquela posição ideológica, mas para questionar a tudo e a todos sem distinção. Ele geralmente começava seus debates com perguntas diretas sobre temas elementares: “O que é o amor?” “O que é a virtude?” “O que é a mentira?” Em seguida, destrinchava as respostas que lhe eram dadas, questionando o significado de cada palavra. E continuava fazendo perguntas em cima de perguntas, até levar os exaustos interlocutores a conclusões opostas às que haviam dado inicialmente – e tudo isso num tom perfeitamente amigável. Assim, o pensador demonstrava uma verdade que até hoje continua universal: na maior parte do tempo, a grande maioria das pessoas (especialmente as que se consideram mais sabichonas) não sabe do que está falando.

(José Francisco Botelho. Revista Vida Simples. Edição 91. Com adaptações.)

Considerando que a peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período, assinale, a seguir, a associação INCORRETA.
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Q1318335 Português

Leia o texto para responder à questão.


Apostas contra depressão e fobias


    A realidade virtual, conhecida pelo uso na indústria de games, tem sido cada vez mais utilizada para recriar situações de trauma ou medo e, assim, permitir que o paciente seja exposto a uma situação de risco, de forma controlada e com auxílio profissional. Medo de avião, pavor de aranhas ou insetos e fobia de lugares fechados são alguns dos problemas na mira.

    Para isso, programadores de games têm sido contratados por médicos e psicólogos para criar os cenários para pacientes interagirem com as situações que os aterrorizam.

    Em clínica especializada em realidade virtual, em São Paulo, uma equipe de programadores trabalhou, com detalhamento impressionante, nas versões mais recentes das experiências de imersão. No cenário de fobia de aranha, o paciente não só observa o comportamento do animal como pode interagir usando as próprias mãos, inseridas no cenário por meio de um sensor. No cenário da fobia de avião, a imersão é ainda maior. Além dos óculos de realidade virtual, há duas poltronas de avião posicionadas sobre uma plataforma móvel que simula os vários momentos – decolagem, pouso e turbulências.

    Antes mesmo de “entrar” na aeronave, o paciente em tratamento passa, dentro da experiência de realidade virtual, por check-in, raios X e fila de embarque. Em todas as situações, ele tem os batimentos cardíacos e a respiração monitorados constantemente pela equipe de psicólogos.

    Segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e chefe da clínica, a abordagem é eficaz visto que trabalha três dimensões: pensamento, emoção e comportamento. “Para quem tem medo de avião, não adianta você só trazer estatísticas.”

    O especialista explica que, ainda que o paciente tenha consciência de que aquela é uma simulação, o cérebro acaba “sendo enganado”.

    Já a realidade virtual aliada ao tratamento com choques elétricos tem sido estudada para casos como os de dependência química, manias e compulsões. O tratamento com choques elétricos no cérebro nada tem a ver com as terapias obsoletas praticadas nos antigos manicômios.

    Hoje, a corrente elétrica é usada em baixíssima intensidade, de forma não invasiva, para estimular ou inibir áreas do cérebro afetadas por alguns transtornos. Estudos publicados em renomadas revistas médicas já comprovaram a eficácia do tratamento para pacientes com depressão grave que não demonstravam uma boa resposta aos remédios. Nos últimos anos, a técnica começou a ser estudada também para condições de dependência química, autismo, transtorno obsessivo- -compulsivo e compulsão alimentar.

    Para os especialistas, evidentemente tanto a realidade virtual quanto a estimulação transcraniana são parte do tratamento e precisam ser associadas a psicoterapias e a medicações.

(Fabiana Cambricoli. O Estado de S. Paulo, 08.09.2019. Adaptado)

Leia as frases elaboradas com base nas ideias do texto.

•  A realidade virtual é muito conhecida na indústria de games e, agora, profissionais têm usado a realidade virtual na área da medicina. •  Técnicas de computação permitem criar cenários fictícios, e médicos e psicólogos usam esses cenários para ajudar pacientes. •  A aplicação de choques elétricos em pacientes, antes condenada, hoje ajuda pacientes a superar traumas.

De acordo com a norma-padrão de emprego e colocação dos pronomes, os trechos destacados podem ser substituídos, respectivamente, por
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Q1317815 Português

Texto: Sobre o óbvio 

A nossa classe dominante conseguiu duas coisas básicas: se assegurou a propriedade monopolística da terra para suas empresas agrárias, e assegurou que a população trabalharia docilmente para ela, porque só podia sair de uma fazenda para cair em outra fazenda igual, uma vez que em lugar nenhum conseguiria terras para ocupar e fazer suas pelo trabalho.

O alto estilo da classe dominante brasileira só se revela, porém, em toda a sua astúcia na questão da escravidão. A Revolução Industrial que vinha desabrochando trazia como novidade maior tornar inútil, obsoleto, o trabalho muscular como fonte energética. A civilização já não precisava mais se basear no músculo de asnos e de homens. Agora tinha o carvão, que podia queimar para dar energia, depois viriam a eletricidade e, mais tarde, o petróleo. Isso é o que a Revolução Industrial deu ao mundo. Mas os senhores brasileiros, sabiamente, ponderaram: - Não! Não é possível, com tanto negro à toa aqui e na África, podendo trabalhar para nós, e assim ser catequizado e salvo, seria uma maldade trocá-los por carvão e petróleo. Dito e feito, o Brasil conseguiu estender tanto o regime escravocrata, que foi o último país do mundo a abolir a escravidão.

O mais assinalável, porém, como demonstração de agudeza senhorial, é que ao extingui-la, o fizemos mais sabiamente que qualquer outro país. Primeiro, libertamos os donos da onerosa obrigação de alimentar os filhos dos escravos que seriam livres. Hoje festejamos este feito com a Lei do Ventre Livre. Depois, libertamos os mesmos donos do encargo inútil de sustentar os negros velhos que sobreviveram ao desgaste no trabalho, comemorando também este feito como uma conquista libertária. Como se vê, estamos diante de uma classe dirigente armada de uma sabedoria atroz.

Com a própria industrialização, no passado e no presente, conseguimos fazer treta. Nisto parecemos deuses gregos. A treta, no caso, consistiu em subverter sua propensão natural, para não desnaturar a sociedade que a acolhia. A industrialização, que é sabidamente um processo de transformação da sociedade de caráter libertário, entre nós se converteu num mecanismo de recolonização. Primeiro, com as empresas inglesas, depois com as ianques e, finalmente, com as ditas multinacionais. O certo é que o processo de industrialização à brasileira consistiu em transformar a classe dominante nacional de uma representação colonial aqui sediada, numa classe dominante gerencial, cuja função agora é recolonizar o país, através das multinacionais. Isto é também uma façanha formidável, que se está levando a cabo com enorme elegância e extraordinária eficácia.

RIBEIRO, Darcy. “Sobre o óbvio”. In: Ensaios insólitos. Rio de Janeiro: Ludens, 2011. 2 ed. Páginas 19 e 20. [Fragmento adaptado] 

“O mais assinalável, porém, como demonstração de agudeza senhorial, é que ao extingui-la...” (3º parágrafo). O pronome pessoal oblíquo em destaque refere-se ao seguinte substantivo:
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Q1317643 Português

Leia a tira para responder à questão.




(Mort Walker, “Recruta Zero”. Em: https://cultura.estadao.com.br/quadrinhos, 06.11.2019. Adaptado)

Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas dos quadrinhos devem ser preenchidas, respectivamente, com:
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Q1317372 Português
Leia o texto para responder à questão.


Indústria da solidão


    “Já é de manhã, acorde”, diz meigamente uma voz feminina. O rapaz se senta, sonolento. E a câmera revela a dona da voz: a holografia de uma típica bonequinha japonesa, batizada de Azuma Hikari, protegida por uma cúpula de vidro.
    “Bom dia”, diz Azuma, sorridente. O jovem pressiona um botão e responde. Sensores detectam o movimento facial e a voz do rapaz. A holografia sorri, diz que o dia está chuvoso, sugere que ele leve o guarda-chuva e recomenda: “é melhor correr, para não se atrasar”. É uma típica conversa de um café da manhã em família.
    A cena é do vídeo comercial do Gatebox, nome dado à cápsula que contém Azuma, uma assistente virtual com inteligência artificial, que tem rosto, verbaliza sentimentos e carrega no tom romântico das conversas.
    Ao longo do dia, por mensagens enviadas ao celular, Azuma pergunta se o rapaz vai demorar, diz sentir saudades e relembra algumas vezes que o está esperando.
    Ele é recebido com pulinhos de alegria. E o rapaz confessa o prazer de saber que há alguém em casa à sua espera.
    A fabricante é objetiva na propaganda: Azuma é a companheira definitiva, uma namorada virtual, idealizada para aliviar a solidão de quem mora sozinho.
    É um mercado assustadoramente promissor. No Japão, uma pesquisa do Instituto Nacional de População e Previdência Social indica que cerca de 70% dos homens e 60% das mulheres entre 18 e 34 anos estão solteiros e cerca de 42% nunca mantiveram relações sexuais.
    Mas a epidemia da solidão está bem longe ser regional. Mais de 55 mil pessoas de 237 países preencheram um questionário proposto por instituições britânicas. Resultado: 33% delas disseram se sentir frequentemente sozinhas, índice que foi a 40% entre jovens de 16 a 24 anos.
    Os números explicam o sucesso de serviços como Personal Friend ou Rent a Friend. Por preços que variam de US$ 10 a US$ 60 por hora é possível contratar uma companhia para jantar, participar de um jogo ou apenas fazer uma caminhada, sem nenhuma conotação sexual.
    Se para muita gente parece coisa de maluco, para alguns médicos as iniciativas são tentativas desesperadas de manter a saúde, pois a falta de conexões sociais é um fator de risco mais importante para a morte precoce do que a obesidade e o sedentarismo.
    O impacto da solidão pode até diminuir, mas resta saber o que vai acontecer com a saúde mental dessa gente.

(Sílvia Correa. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/silviacorrea/2019/08. Acesso 29.08.2019. Adaptado)

Considere as frases elaboradas a partir do texto.


•  Na cúpula de vidro há um botão, e o jovem imediatamente pressiona o botão e responde à Azuma.

•  Há muitas pessoas que se sentem sós, e serviços como Rent a Friend fornecem a essas pessoas uma companhia.


De acordo com o emprego e a colocação dos pronomes estabelecidos pela norma-padrão, as expressões destacadas podem ser substituídas por:

Alternativas
Q1317185 Português
No diálogo entre Haroldo e Calvin, o emprego de pronomes e a colocação pronominal atendem à norma-padrão em:
Alternativas
Q1317151 Português
Assinale a alternativa em que a colocação e o emprego dos pronomes estão de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
Alternativas
Respostas
1701: A
1702: E
1703: B
1704: C
1705: B
1706: A
1707: B
1708: E
1709: A
1710: A
1711: E
1712: A
1713: D
1714: A
1715: C
1716: A
1717: D
1718: D
1719: C
1720: C