Questões de Concurso Sobre morfologia em português

Foram encontradas 20.247 questões

Q1790966 Português

Para responder à questão, leia atentamente o texto a seguir: 


Apelo


    Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
    Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda. 
    E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada – o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.    

            (Dalton Trevisan, em Apelo)

Assinale a alternativa que CORRESPONDE à classe de palavras do elemento em destaque no excerto a seguir:
Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda.
Alternativas
Q1790965 Português

Para responder à questão, leia atentamente o texto a seguir: 


Apelo


    Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
    Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda. 
    E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada – o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.    

            (Dalton Trevisan, em Apelo)

Assinale a alternativa que CORRESPONDE, respectivamente, à classe de palavras e à função do termo acessório da oração em destaque no excerto a seguir:
E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada – o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora?
Alternativas
Q1790964 Português

Para responder à questão, leia atentamente o texto a seguir: 


Apelo


    Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
    Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda. 
    E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada – o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.    

            (Dalton Trevisan, em Apelo)

Assinale a alternativa que CORRESPONDE à classe de palavras dos termos em destaque no excerto a seguir:
Não tenho botão na camisa, calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.
Alternativas
Q1790907 Português
Texto 2 para responder à questão.

(Figura ampliada na página 16.) 
Disponível em: <https://mobile.twitter.com/BRB_oficial/status>.
Acesso em: 27 maio 2021.
Acerca das questões gramaticais que envolvem o texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1790673 Português
Empregue os pronomes relativos nos fragmentos textuais abaixo relacionados, extraídos da matéria “JÁ É FÁCILCOMPRAR” (Veja, 19/06/19), atentando para a preposição que pode antecedê-los.
I- O assassinato de várias vítimas, a esmo, não é crime típico. Mas a facilidade ______ os dois jovens conseguiram comprar arma e munição levanta um alerta neste momento ______ o governo de Jair Bolsonaro tenta flexibilizar o porte.
II- Muitas armas que abastecem o crime vêm do lugar _____ deveriam ser muito mais bem guardadas: depósitos de delegacias e fóruns. Em abril, um policial caiu pasmo ao abrir o cofre da delegacia central de Cotia, em São Paulo, e constatar a falta de 81 armas que deveriam estar ali.
III- Em 11 de maio, em Santo André, o empresário Marcelo Aguiar, de 36 anos, disparou cinco vezes contra um morador de rua ______ havia se desentendido. Ele era colecionador de armas e atirador esportivo, segundo relatos colhidos pela polícia.
A sequência CORRETA de preenchimento das lacunas é:
Alternativas
Q1790332 Português

A MORTE DOS GIRASSÓIS


    "Anoitecia, eu estava no jardim. Passou um vizinho e ficou me olhando, pálido demais até para o anoitecer. Tanto que cheguei a me virar para trás, quem sabe alguma coisa além de mim no jardim. Mas havia apenas os brincos-de princesa, a enredadeira subindo tenta pelos cordões, rosas cor-de-rosa, gladíolos desgrenhados. Eu disse oi, ele ficou mais pálido. Perguntei que-que foi, e ele enfim suspirou: "Me disseram no Bonfim que você morreu na Quinta-feira."Eu disse ou pensei em dizer ou de tal forma deveria ter dito que foi como se dissesse: "É verdade, morri sim. Isso que você está vendo é uma aparição, voltei porque não consigo me libertar do jardim, vou ficar aqui vagando feito Egum até desabrochar aquela rosa amarela plantada no dia de Oxum. Quando passar por lá no Bonfim diz que sim, que morri mesmo, e já faz tempo, lá por agosto do ano passado. Aproveita e avisa o pessoal que é ótimo aqui do outro lado: enfim um lugar sem baixo-astral."


    Acho que ele foi embora, ainda mais pálido. Ou eu fui, não importa. Mudando de assunto sem mudar propriamente, tenho aprendido muito com o jardim. Os girassóis, por exemplo, que vistos assim de fora parecem flores simples, fáceis, até um pouco brutas. Pois não são. Girassol leva tempo se preparando, cresce devagar enfrentando mil inimigos, formigas vorazes, caracóis do mal, ventos destruidores. Depois de meses, um dia pá! Lá está o botãozinho todo catita, parece que já vai abrir. Mas leva tempo, ele também, se produzindo. Eu cuidava, cuidava e nada. Viajei por quase um mês no verão, quando voltei, a casa tinha sido pintada, muro inclusive, e vários girassóis estavam quebrados. Fiquei uma fera. Gritei com o pintor: "Mas o senhor não sabe que as plantas sentem dor que nem a gente?"O homem ficou me olhando tão pálido quanto aquele vizinho.


    Não, ele não sabe, entendi. E fui cuidar do que restava, que é sempre o que se deve fazer. Porque tem outra coisa: girassol quando abre flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais para a própria flor, compreende? Então, como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida. Pois conheço poucas coisas mais esplêndidas, o adjetivo é esse, do que um girassol aberto. Alguns amarrei com cordões em estacas, mas havia um tão quebrado que nem dei muita atenção, parecia não valer a pena. Só o apoiei numa espada-de-são-jorge com jeito, e entreguei a Deus. Pois no dia seguinte, lá estava ele todo meio empinado de novo, tortíssimo, mas dispensando o apoio da espada. Foi crescendo assim precário, feinho, fragilíssimo.


    Quando parecia quase bom, cráu! Veio uma chuva medonha e deitou-se por terra. Pela manhã estava todo enlameado, mas firme. Aí me veio a idéia: cortei-o com cuidado e coloquei-o aos pés do Buda chinês de mãos quebradas que herdei de Vicente Pereira. Estava tão mal que o talo pendia cheio dos ângulos das fraturas, a flor ficava assim meio de cabeça baixa e de costas para o Buda.


    Não havia como endireitá-lo. 


    Na manhã seguinte, juro, ele havia feito um giro completo sobre o próprio eixo e estava com a corola toda aberta, iluminada, voltada exatamente para o sorriso do Buda. Os dois pareciam sorrir um para o outro. Um com o talo torto, outro com as mãos quebradas. Durou pouco, girassol dura pouco, uns três dias. Então peguei e joguei-o pétala por pétala, depois o talo e a corola entre as alamandas da sacada, para que caíssem no canteiro lá embaixo e voltassem a ser pó, húmus misturado à terra, depois não sei ao certo, voltasse à tona fazendo parte de uma rosa, palma-de-santa-rita, lírio ou azaleia, vai saber que tramas armam as raízes lá embaixo no escuro, em segredo. Ah, pede-se não enviar flores. Pois como eu ia dizendo, depois que comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se deve decretar a morte de um girassol antes do tempo, compreendeu? Algumas pessoas acho que nunca. Mas não é para essas que escrevo. "


(FONTE: https://contobrasileiro.com.br/a-morte-dos-girassois-conto-de-caio-fernando-abreu/)

"Mas havia apenas os brincos-de-princesa, a enredadeira subindo tenta pelos cordões, rosas cor-de-rosa, gladíolos desgrenhados." A palavra em destaque pode ser classificada como:
Alternativas
Q1790331 Português

A MORTE DOS GIRASSÓIS


    "Anoitecia, eu estava no jardim. Passou um vizinho e ficou me olhando, pálido demais até para o anoitecer. Tanto que cheguei a me virar para trás, quem sabe alguma coisa além de mim no jardim. Mas havia apenas os brincos-de princesa, a enredadeira subindo tenta pelos cordões, rosas cor-de-rosa, gladíolos desgrenhados. Eu disse oi, ele ficou mais pálido. Perguntei que-que foi, e ele enfim suspirou: "Me disseram no Bonfim que você morreu na Quinta-feira."Eu disse ou pensei em dizer ou de tal forma deveria ter dito que foi como se dissesse: "É verdade, morri sim. Isso que você está vendo é uma aparição, voltei porque não consigo me libertar do jardim, vou ficar aqui vagando feito Egum até desabrochar aquela rosa amarela plantada no dia de Oxum. Quando passar por lá no Bonfim diz que sim, que morri mesmo, e já faz tempo, lá por agosto do ano passado. Aproveita e avisa o pessoal que é ótimo aqui do outro lado: enfim um lugar sem baixo-astral."


    Acho que ele foi embora, ainda mais pálido. Ou eu fui, não importa. Mudando de assunto sem mudar propriamente, tenho aprendido muito com o jardim. Os girassóis, por exemplo, que vistos assim de fora parecem flores simples, fáceis, até um pouco brutas. Pois não são. Girassol leva tempo se preparando, cresce devagar enfrentando mil inimigos, formigas vorazes, caracóis do mal, ventos destruidores. Depois de meses, um dia pá! Lá está o botãozinho todo catita, parece que já vai abrir. Mas leva tempo, ele também, se produzindo. Eu cuidava, cuidava e nada. Viajei por quase um mês no verão, quando voltei, a casa tinha sido pintada, muro inclusive, e vários girassóis estavam quebrados. Fiquei uma fera. Gritei com o pintor: "Mas o senhor não sabe que as plantas sentem dor que nem a gente?"O homem ficou me olhando tão pálido quanto aquele vizinho.


    Não, ele não sabe, entendi. E fui cuidar do que restava, que é sempre o que se deve fazer. Porque tem outra coisa: girassol quando abre flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais para a própria flor, compreende? Então, como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida. Pois conheço poucas coisas mais esplêndidas, o adjetivo é esse, do que um girassol aberto. Alguns amarrei com cordões em estacas, mas havia um tão quebrado que nem dei muita atenção, parecia não valer a pena. Só o apoiei numa espada-de-são-jorge com jeito, e entreguei a Deus. Pois no dia seguinte, lá estava ele todo meio empinado de novo, tortíssimo, mas dispensando o apoio da espada. Foi crescendo assim precário, feinho, fragilíssimo.


    Quando parecia quase bom, cráu! Veio uma chuva medonha e deitou-se por terra. Pela manhã estava todo enlameado, mas firme. Aí me veio a idéia: cortei-o com cuidado e coloquei-o aos pés do Buda chinês de mãos quebradas que herdei de Vicente Pereira. Estava tão mal que o talo pendia cheio dos ângulos das fraturas, a flor ficava assim meio de cabeça baixa e de costas para o Buda.


    Não havia como endireitá-lo. 


    Na manhã seguinte, juro, ele havia feito um giro completo sobre o próprio eixo e estava com a corola toda aberta, iluminada, voltada exatamente para o sorriso do Buda. Os dois pareciam sorrir um para o outro. Um com o talo torto, outro com as mãos quebradas. Durou pouco, girassol dura pouco, uns três dias. Então peguei e joguei-o pétala por pétala, depois o talo e a corola entre as alamandas da sacada, para que caíssem no canteiro lá embaixo e voltassem a ser pó, húmus misturado à terra, depois não sei ao certo, voltasse à tona fazendo parte de uma rosa, palma-de-santa-rita, lírio ou azaleia, vai saber que tramas armam as raízes lá embaixo no escuro, em segredo. Ah, pede-se não enviar flores. Pois como eu ia dizendo, depois que comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se deve decretar a morte de um girassol antes do tempo, compreendeu? Algumas pessoas acho que nunca. Mas não é para essas que escrevo. "


(FONTE: https://contobrasileiro.com.br/a-morte-dos-girassois-conto-de-caio-fernando-abreu/)

Na frase "A flor ficava assim meio de cabeça baixa e de costas para o Buda.", a palavra "e" configura:
Alternativas
Q1790330 Português

A MORTE DOS GIRASSÓIS


    "Anoitecia, eu estava no jardim. Passou um vizinho e ficou me olhando, pálido demais até para o anoitecer. Tanto que cheguei a me virar para trás, quem sabe alguma coisa além de mim no jardim. Mas havia apenas os brincos-de princesa, a enredadeira subindo tenta pelos cordões, rosas cor-de-rosa, gladíolos desgrenhados. Eu disse oi, ele ficou mais pálido. Perguntei que-que foi, e ele enfim suspirou: "Me disseram no Bonfim que você morreu na Quinta-feira."Eu disse ou pensei em dizer ou de tal forma deveria ter dito que foi como se dissesse: "É verdade, morri sim. Isso que você está vendo é uma aparição, voltei porque não consigo me libertar do jardim, vou ficar aqui vagando feito Egum até desabrochar aquela rosa amarela plantada no dia de Oxum. Quando passar por lá no Bonfim diz que sim, que morri mesmo, e já faz tempo, lá por agosto do ano passado. Aproveita e avisa o pessoal que é ótimo aqui do outro lado: enfim um lugar sem baixo-astral."


    Acho que ele foi embora, ainda mais pálido. Ou eu fui, não importa. Mudando de assunto sem mudar propriamente, tenho aprendido muito com o jardim. Os girassóis, por exemplo, que vistos assim de fora parecem flores simples, fáceis, até um pouco brutas. Pois não são. Girassol leva tempo se preparando, cresce devagar enfrentando mil inimigos, formigas vorazes, caracóis do mal, ventos destruidores. Depois de meses, um dia pá! Lá está o botãozinho todo catita, parece que já vai abrir. Mas leva tempo, ele também, se produzindo. Eu cuidava, cuidava e nada. Viajei por quase um mês no verão, quando voltei, a casa tinha sido pintada, muro inclusive, e vários girassóis estavam quebrados. Fiquei uma fera. Gritei com o pintor: "Mas o senhor não sabe que as plantas sentem dor que nem a gente?"O homem ficou me olhando tão pálido quanto aquele vizinho.


    Não, ele não sabe, entendi. E fui cuidar do que restava, que é sempre o que se deve fazer. Porque tem outra coisa: girassol quando abre flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais para a própria flor, compreende? Então, como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida. Pois conheço poucas coisas mais esplêndidas, o adjetivo é esse, do que um girassol aberto. Alguns amarrei com cordões em estacas, mas havia um tão quebrado que nem dei muita atenção, parecia não valer a pena. Só o apoiei numa espada-de-são-jorge com jeito, e entreguei a Deus. Pois no dia seguinte, lá estava ele todo meio empinado de novo, tortíssimo, mas dispensando o apoio da espada. Foi crescendo assim precário, feinho, fragilíssimo.


    Quando parecia quase bom, cráu! Veio uma chuva medonha e deitou-se por terra. Pela manhã estava todo enlameado, mas firme. Aí me veio a idéia: cortei-o com cuidado e coloquei-o aos pés do Buda chinês de mãos quebradas que herdei de Vicente Pereira. Estava tão mal que o talo pendia cheio dos ângulos das fraturas, a flor ficava assim meio de cabeça baixa e de costas para o Buda.


    Não havia como endireitá-lo. 


    Na manhã seguinte, juro, ele havia feito um giro completo sobre o próprio eixo e estava com a corola toda aberta, iluminada, voltada exatamente para o sorriso do Buda. Os dois pareciam sorrir um para o outro. Um com o talo torto, outro com as mãos quebradas. Durou pouco, girassol dura pouco, uns três dias. Então peguei e joguei-o pétala por pétala, depois o talo e a corola entre as alamandas da sacada, para que caíssem no canteiro lá embaixo e voltassem a ser pó, húmus misturado à terra, depois não sei ao certo, voltasse à tona fazendo parte de uma rosa, palma-de-santa-rita, lírio ou azaleia, vai saber que tramas armam as raízes lá embaixo no escuro, em segredo. Ah, pede-se não enviar flores. Pois como eu ia dizendo, depois que comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se deve decretar a morte de um girassol antes do tempo, compreendeu? Algumas pessoas acho que nunca. Mas não é para essas que escrevo. "


(FONTE: https://contobrasileiro.com.br/a-morte-dos-girassois-conto-de-caio-fernando-abreu/)

Na frase "Não havia como endireitá-lo", a partícula "lo " é classificada como:
Alternativas
Q1790329 Português

A MORTE DOS GIRASSÓIS


    "Anoitecia, eu estava no jardim. Passou um vizinho e ficou me olhando, pálido demais até para o anoitecer. Tanto que cheguei a me virar para trás, quem sabe alguma coisa além de mim no jardim. Mas havia apenas os brincos-de princesa, a enredadeira subindo tenta pelos cordões, rosas cor-de-rosa, gladíolos desgrenhados. Eu disse oi, ele ficou mais pálido. Perguntei que-que foi, e ele enfim suspirou: "Me disseram no Bonfim que você morreu na Quinta-feira."Eu disse ou pensei em dizer ou de tal forma deveria ter dito que foi como se dissesse: "É verdade, morri sim. Isso que você está vendo é uma aparição, voltei porque não consigo me libertar do jardim, vou ficar aqui vagando feito Egum até desabrochar aquela rosa amarela plantada no dia de Oxum. Quando passar por lá no Bonfim diz que sim, que morri mesmo, e já faz tempo, lá por agosto do ano passado. Aproveita e avisa o pessoal que é ótimo aqui do outro lado: enfim um lugar sem baixo-astral."


    Acho que ele foi embora, ainda mais pálido. Ou eu fui, não importa. Mudando de assunto sem mudar propriamente, tenho aprendido muito com o jardim. Os girassóis, por exemplo, que vistos assim de fora parecem flores simples, fáceis, até um pouco brutas. Pois não são. Girassol leva tempo se preparando, cresce devagar enfrentando mil inimigos, formigas vorazes, caracóis do mal, ventos destruidores. Depois de meses, um dia pá! Lá está o botãozinho todo catita, parece que já vai abrir. Mas leva tempo, ele também, se produzindo. Eu cuidava, cuidava e nada. Viajei por quase um mês no verão, quando voltei, a casa tinha sido pintada, muro inclusive, e vários girassóis estavam quebrados. Fiquei uma fera. Gritei com o pintor: "Mas o senhor não sabe que as plantas sentem dor que nem a gente?"O homem ficou me olhando tão pálido quanto aquele vizinho.


    Não, ele não sabe, entendi. E fui cuidar do que restava, que é sempre o que se deve fazer. Porque tem outra coisa: girassol quando abre flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais para a própria flor, compreende? Então, como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida. Pois conheço poucas coisas mais esplêndidas, o adjetivo é esse, do que um girassol aberto. Alguns amarrei com cordões em estacas, mas havia um tão quebrado que nem dei muita atenção, parecia não valer a pena. Só o apoiei numa espada-de-são-jorge com jeito, e entreguei a Deus. Pois no dia seguinte, lá estava ele todo meio empinado de novo, tortíssimo, mas dispensando o apoio da espada. Foi crescendo assim precário, feinho, fragilíssimo.


    Quando parecia quase bom, cráu! Veio uma chuva medonha e deitou-se por terra. Pela manhã estava todo enlameado, mas firme. Aí me veio a idéia: cortei-o com cuidado e coloquei-o aos pés do Buda chinês de mãos quebradas que herdei de Vicente Pereira. Estava tão mal que o talo pendia cheio dos ângulos das fraturas, a flor ficava assim meio de cabeça baixa e de costas para o Buda.


    Não havia como endireitá-lo. 


    Na manhã seguinte, juro, ele havia feito um giro completo sobre o próprio eixo e estava com a corola toda aberta, iluminada, voltada exatamente para o sorriso do Buda. Os dois pareciam sorrir um para o outro. Um com o talo torto, outro com as mãos quebradas. Durou pouco, girassol dura pouco, uns três dias. Então peguei e joguei-o pétala por pétala, depois o talo e a corola entre as alamandas da sacada, para que caíssem no canteiro lá embaixo e voltassem a ser pó, húmus misturado à terra, depois não sei ao certo, voltasse à tona fazendo parte de uma rosa, palma-de-santa-rita, lírio ou azaleia, vai saber que tramas armam as raízes lá embaixo no escuro, em segredo. Ah, pede-se não enviar flores. Pois como eu ia dizendo, depois que comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se deve decretar a morte de um girassol antes do tempo, compreendeu? Algumas pessoas acho que nunca. Mas não é para essas que escrevo. "


(FONTE: https://contobrasileiro.com.br/a-morte-dos-girassois-conto-de-caio-fernando-abreu/)

Na frase: "Foi crescendo assim precário, feinho, fragilíssimo." As palavras sublinhadas devem ser classificadas como:
Alternativas
Q1790162 Português

Texto 2

Batalhas essenciais da democracia são linguísticas


Trecho de entrevista do escritor angolano Gonçalo M. Tavares à revista CULT.


CULT – Em O torcicologologista, excelência, você usa muitos jogos de lógica e brinca com o sentido das palavras, levando as situações à beira do absurdo. Em que medida esse jogo com a linguagem e o absurdo relacionam-se a certa crítica ao contemporâneo?


Gonçalo M. Tavares – Eu penso muito que a criação crítica sobre o contemporâneo é uma criação crítica sobre a linguagem, porque nas democracias grande parte das batalhas essenciais são linguísticas. E nós percebemos que a linguagem é uma máquina que pode funcionar de diferentes maneiras: uma máquina por vezes irônica, por vezes de manipulação, muitas vezes uma máquina de tentar explicar a realidade. Portanto a linguagem está sempre no centro da democracia. Felizmente, de alguma maneira, a arma foi substituída pelo verbo. O que me parece interessante é que as pessoas deveriam ter uma espécie de manual de defesa da linguagem e não têm (um pouco como aprender uma arte marcial), aprender a estrutura da linguagem, a forma como ela funciona. No Torcicologologista, os diálogos partem muito dessa ideia de que as frases não dizem apenas uma coisa, elas têm vários sentidos, podem ir por um caminho, ou pelo caminho oposto. O diálogo é uma maneira da pessoa dizer coisas que não sabia que sabia. É o outro, através de suas questões, que faz com que eu diga algo novo para mim, portanto o diálogo não é um somatório de monólogos, é mesmo uma possibilidade de descobrir coisas diferentes


CULT - Em que medida o excesso de explicações e informações sem encanto está relacionado às crises políticas, econômicas e sociais pelas quais o ocidente parece passar?


Gonçalo M. Tavares – A linguagem ligada ao informativo é uma linguagem útil, a economia exige uma linguagem útil, quase como se fosse algo de compra e venda, uma linguagem clara. Julgo que uma das grandezas da linguagem é muitas vezes não ser clara, é poder dizer várias coisas ao mesmo tempo, às vezes várias coisas opostas. Uma das qualidades da linguagem é, por exemplo, ser ambígua, o que muitas vezes a matemática não é. E isso não deve ser visto como algo negativo, deve ser visto como algo extraordinário. Essas qualidades da linguagem, que são qualidades escondidas, são o contrário da informação e o contrário da clareza; e a ideia de transformar a linguagem em um mundo útil é anular, é destruir as suas grandes qualidades. O mundo da poesia e da metáfora, por exemplo, é precisamente o mundo da não clareza. Talvez um mundo a buscar pela economia tenha retirado da linguagem essa possibilidade de sonhar, de fantasiar, de ser ambígua.


POMPERMAIER, P. H. Batalhas essenciais da democracia são linguísticas. Disponível em: <<https://revistacult.uol.com.br/home/batalhas-essenciais-da-democracia-sao-linguisticas-goncalo-tavares/>> Acesso em 24/08/2017 [Adaptado]

Analise as afirmativas abaixo, considerando-as em relação à primeira resposta da entrevista.
1. Em “E nós percebemos que a linguagem é uma máquina que pode funcionar de diferentes maneiras: […]”, o sinal de dois-pontos é usado para apresentar uma enumeração. 2. Em “Felizmente, de alguma maneira, a arma foi substituída pelo verbo”, a palavra sublinhada é uma advérbio que indica o modo como a ação verbal foi realizada. 3. Em “É o outro, através de suas questões, que faz com que eu diga algo novo para mim”, os vocábulos sublinhados funcionam como recurso de ênfase, podendo ser excluídos sem alterar as relações sintáticas entre os demais constituintes da frase. 4. Em “as pessoas deveriam ter uma espécie de manual de defesa da linguagem e não têm”, o conector sublinhado não tem função aditiva e sim adversativa, podendo ser substituído por “mas”, sem prejuízo de significado no texto. 5. Em “as frases não dizem apenas uma coisa, elas têm vários sentidos”, a segunda oração introduz uma informação que se contrapõe à direção argumentativa da primeira.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Alternativas
Q1790159 Português

Texto 1


A filosofia como forma de vida 


A filosofia, ao menos desde os tempos de Sócrates (século V a.C.), tinha como principal objetivo ajudar os sujeitos a não viver uma mera vida animal, aprendendo a construir uma forma de vida própria (bios) que fosse além da mera sobrevivência imposta pela vida biológica (zoe). Cada sujeito deveria criar a forma de sua vida de acordo com as opções axiológicas e suas convicções epistêmicas. 


Desse modo, o aparato conceitual desenvolvido por cada escola filosófica, episteme, tinha por finalidade auxiliar na constituição de um ethos ou modo de vida dos sujeitos. A finalidade filosófica de criar uma forma de vida é uma tarefa essencialmente ética. Só há ética no modo como o sujeito constitui sua vida. Como consequência, esse ethos influía nas formas coletivas que os sujeitos criaram nas pólis, política. Havia uma estreita relação entre a forma de vida e a forma política de governo.


A preocupação da filosofia por ajudar os sujeitos a criar uma forma de vida foi diminuindo a partir do século V d.C., com a transferência gradativa dessa tarefa para a teologia cristã, que vinha se consolidando como um saber que adaptou a mensagem bíblica e a tradição sapiencial oriental, própria da teologia semita, aos parâmetros da filosofia grega. Para uma parte significativa dos pensadores cristãos, a teologia cristã, do modo como eles a estavam construindo, era vista como a culminação da filosofia clássica. Michel Foucault considera que o momento crítico em que a filosofia se afastou da teologia, na sua originária missão de criar uma forma de vida, aconteceu no século XVII, quando a razão moderna separou definitivamente o conhecimento da ética, o saber do modo de ser. O que Foucault denominou de “momento cartesiano” representaria o declínio definitivo da filosofia moderna em sua missão de auxiliar os sujeitos a criar uma forma de vida.


Vários autores contemporâneos voltaram parte de suas pesquisas para essa problemática, identificando na filosofia um saber que tem a potencialidade de constituir formas de vida para os sujeitos. Para Foucault e Agamben, a filosofia é capaz de criar estilos de vida com autonomia efetiva dos sujeitos e, como consequência, uma prática que possibilite resistir aos dispositivos biopolíticos de sujeição e controle que dominam nossas sociedades.


RUIZ, C. B. A filosofia como forma de vida. Disponível em: <<http://

www.ihuonline.unisinos.br/artigo/5965-artigo-castor-bartolome-

-ruiz-1>> Acesso em 24/08/2017 [Adaptado]

Analise o 2° parágrafo do texto 1, transcrito abaixo:
Desse modo, o aparato conceitual desenvolvido por cada escola filosófica, episteme, tinha por finalidade auxiliar na constituição de um ethos ou modo de vida dos sujeitos. A finalidade filosófica de criar uma forma de vida é uma tarefa essencialmente ética. Só ética no modo como o sujeito constitui sua vida. Como consequência, esse ethos influía nas formas coletivas que os sujeitos criaram nas pólis, política. Havia uma estreita relação entre a forma de vida e a forma política de governo.
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ), em relação ao texto.
( ) No parágrafo, os tempos verbais se alternam predominantemente entre pretérito imperfeito e presente do modo indicativo, expressando situações passadas e comentários do autor, respectivamente. ( ) A palavra “essencialmente” é usada com o mesmo significado da palavra sublinhada em “a razão moderna separou definitivamente o conhecimento da ética” (3° parágrafo), podendo ambas serem substituídas por “necessariamente” sem prejuízo de significado no texto. ( ) O vocábulo “como” pode ser substituído por “pelo qual”, tanto na ocorrência do trecho acima quanto em “do modo como eles a estavam construindo” (3° parágrafo), sem prejuízo de significado no texto.  ( ) O verbo haver tem sentido existencial e, em ambas as ocorrências sublinhadas, o sujeito está posposto ao verbo. ( ) O pronome demonstrativo “esse” pode ser substituído pelo artigo indefinido “um”, mantendo-se a coesão referencial do texto pela retomada de “um ethos”.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
Alternativas
Q1790158 Português

Texto 1


A filosofia como forma de vida 


A filosofia, ao menos desde os tempos de Sócrates (século V a.C.), tinha como principal objetivo ajudar os sujeitos a não viver uma mera vida animal, aprendendo a construir uma forma de vida própria (bios) que fosse além da mera sobrevivência imposta pela vida biológica (zoe). Cada sujeito deveria criar a forma de sua vida de acordo com as opções axiológicas e suas convicções epistêmicas. 


Desse modo, o aparato conceitual desenvolvido por cada escola filosófica, episteme, tinha por finalidade auxiliar na constituição de um ethos ou modo de vida dos sujeitos. A finalidade filosófica de criar uma forma de vida é uma tarefa essencialmente ética. Só há ética no modo como o sujeito constitui sua vida. Como consequência, esse ethos influía nas formas coletivas que os sujeitos criaram nas pólis, política. Havia uma estreita relação entre a forma de vida e a forma política de governo.


A preocupação da filosofia por ajudar os sujeitos a criar uma forma de vida foi diminuindo a partir do século V d.C., com a transferência gradativa dessa tarefa para a teologia cristã, que vinha se consolidando como um saber que adaptou a mensagem bíblica e a tradição sapiencial oriental, própria da teologia semita, aos parâmetros da filosofia grega. Para uma parte significativa dos pensadores cristãos, a teologia cristã, do modo como eles a estavam construindo, era vista como a culminação da filosofia clássica. Michel Foucault considera que o momento crítico em que a filosofia se afastou da teologia, na sua originária missão de criar uma forma de vida, aconteceu no século XVII, quando a razão moderna separou definitivamente o conhecimento da ética, o saber do modo de ser. O que Foucault denominou de “momento cartesiano” representaria o declínio definitivo da filosofia moderna em sua missão de auxiliar os sujeitos a criar uma forma de vida.


Vários autores contemporâneos voltaram parte de suas pesquisas para essa problemática, identificando na filosofia um saber que tem a potencialidade de constituir formas de vida para os sujeitos. Para Foucault e Agamben, a filosofia é capaz de criar estilos de vida com autonomia efetiva dos sujeitos e, como consequência, uma prática que possibilite resistir aos dispositivos biopolíticos de sujeição e controle que dominam nossas sociedades.


RUIZ, C. B. A filosofia como forma de vida. Disponível em: <<http://

www.ihuonline.unisinos.br/artigo/5965-artigo-castor-bartolome-

-ruiz-1>> Acesso em 24/08/2017 [Adaptado]

Considere o trecho abaixo extraído do 1o parágrafo do texto 1:
A filosofia, ao menos desde os tempos de Sócrates (século V a.C.), tinha como principal objetivo ajudar os sujeitos a não viver uma mera vida animal, aprendendo a construir uma forma de vida própria (bios) que fosse além da mera sobrevivência imposta pela vida biológica (zoe).
Assinale a alternativa correta em relação ao texto.
Alternativas
Q1790157 Português

Texto 1


A filosofia como forma de vida 


A filosofia, ao menos desde os tempos de Sócrates (século V a.C.), tinha como principal objetivo ajudar os sujeitos a não viver uma mera vida animal, aprendendo a construir uma forma de vida própria (bios) que fosse além da mera sobrevivência imposta pela vida biológica (zoe). Cada sujeito deveria criar a forma de sua vida de acordo com as opções axiológicas e suas convicções epistêmicas. 


Desse modo, o aparato conceitual desenvolvido por cada escola filosófica, episteme, tinha por finalidade auxiliar na constituição de um ethos ou modo de vida dos sujeitos. A finalidade filosófica de criar uma forma de vida é uma tarefa essencialmente ética. Só há ética no modo como o sujeito constitui sua vida. Como consequência, esse ethos influía nas formas coletivas que os sujeitos criaram nas pólis, política. Havia uma estreita relação entre a forma de vida e a forma política de governo.


A preocupação da filosofia por ajudar os sujeitos a criar uma forma de vida foi diminuindo a partir do século V d.C., com a transferência gradativa dessa tarefa para a teologia cristã, que vinha se consolidando como um saber que adaptou a mensagem bíblica e a tradição sapiencial oriental, própria da teologia semita, aos parâmetros da filosofia grega. Para uma parte significativa dos pensadores cristãos, a teologia cristã, do modo como eles a estavam construindo, era vista como a culminação da filosofia clássica. Michel Foucault considera que o momento crítico em que a filosofia se afastou da teologia, na sua originária missão de criar uma forma de vida, aconteceu no século XVII, quando a razão moderna separou definitivamente o conhecimento da ética, o saber do modo de ser. O que Foucault denominou de “momento cartesiano” representaria o declínio definitivo da filosofia moderna em sua missão de auxiliar os sujeitos a criar uma forma de vida.


Vários autores contemporâneos voltaram parte de suas pesquisas para essa problemática, identificando na filosofia um saber que tem a potencialidade de constituir formas de vida para os sujeitos. Para Foucault e Agamben, a filosofia é capaz de criar estilos de vida com autonomia efetiva dos sujeitos e, como consequência, uma prática que possibilite resistir aos dispositivos biopolíticos de sujeição e controle que dominam nossas sociedades.


RUIZ, C. B. A filosofia como forma de vida. Disponível em: <<http://

www.ihuonline.unisinos.br/artigo/5965-artigo-castor-bartolome-

-ruiz-1>> Acesso em 24/08/2017 [Adaptado]

Assinale a alternativa correta, com base no texto 1.
Alternativas
Q1789810 Português

Mulher sofre

Erberth Vêncio




Disponível em https://www.revistabula.com/29542-mulher-sofre/ Acessado em 7/03/2020

Sem alterar o sentido do enunciado, em Adultos e meninos devem a sua existência ao domicílio uterino, a despeito da impensável claustrofobia de boiar durante meses dentro de um bolsão líquido nas entranhas maternas (linhas 3 a 5), a locução conjuntiva grifada poderia ser substituída por
Alternativas
Q1789525 Português

Texto 4


A misteriosa afinidade entre a mulher e os felinos



Volta a ressuscitar a discussão sobre a preferência das mulheres pelos felinos, enquanto os homens escolheriam os cachorros. Os gatos, além disso, se entenderiam melhor com as mulheres, e os cães, com os varões. Ignoro se alguns experimentos universitários realizados sobre o tema possuem valor científico. Há quem, para explicar isso, recorra ao fato de, desde tempos remotos, os cães terem sido usados pelos homens para a caça, com os gatos ficando em casa, perto da mulher.


O que é certo é que há mais de 5.000 anos nenhum outro animal foi tão divinizado e associado ao mistério e à mulher quanto o gato. Ainda hoje se discute em psicologia a simbologia do gato associado à mulher. Seguimos nos perguntando por que os gatos são relacionados à independência, e os cachorros, à submissão. Isso tornaria os cães sempre amados, e os gatos há séculos seriam divinizados, mas também execrados e amaldiçoados.


Como a mulher?


Nenhum animal teve uma trajetória tão tortuosa em seus simbolismos, medos e atração quanto o felino. No Egito fazia parte da divindade, personalizada na figura da egípcia Bastet, a deusa gata mulher, que protegia a felicidade das pessoas. Na Índia simbolizava a sabedoria, com a gata sendo a deusa sábia, rainha da fertilidade. A Igreja, mais tarde, satanizou os felinos ao mesmo tempo em que apresentou a mulher como obstáculo à virtude e mais facilmente possuída pelo demônio que os homens. Nos séculos sombrios da Idade Média os gatos, por influência da Igreja, passaram a ser o símbolo do demoníaco e da maldade. Foram perseguidos, esfolados vivos, queimados nas fogueiras, junto com as mulheres. Hoje o papa Francisco faz diversas declarações a favor dos gatos: “São os animais mais inteligentes. Sempre gostei deles e conversava com eles”, disse a um jornalista francês que lhe perguntou se ele também considerava os gatos como demônios.


Os gatos são difíceis de entender. É preciso saber interpretá-los. Escondem uma parte de seu mistério ancestral. E um bocado de seu instinto selvagem. Como a mulher? Entendem nossa linguagem? Minha gata Nana, sim. Posso dizer isso porque tenho minha mulher de testemunha. A gata, de rua, tem o costume de se aboletar nas minhas pernas quando leio ou assisto TV. Durante alguns dias preferiu dormir numa poltrona a alguns metros de distância. Numa destas noites, enquanto Nana dormia profundamente, disse à minha mulher: “Que estranho a Nana não vir mais ficar comigo!”. Não se passou um segundo. Abriu os olhos, olhou pra mim, deu um salto e veio se acomodar nas minhas pernas. Minha mulher não conseguiu acreditar. Os gatos são assim. É inútil querermos entendê-los muito. Como a mulher?


ARIAS, Juan. Disponível em:<http://brasil.elpais.com/

brasil/2016/11/21/opinion/1479727737_894045.html>


Acesso em 22/novembro/2016 [adaptado]

Considere as afirmativas abaixo, com base no texto 4.


1. Na primeira frase do texto, o termo “enquanto” poderia ser substituído, sem prejuízo semântico e gramatical, por “ao passo que”.

2. Em “quanto o gato” (2° parágrafo), o termo sublinhado tem valor adverbial intensificador.

3. O termo sublinhado em “por que os gatos” (2°  parágrafo) poderia ser substituído, sem prejuízo semântico e gramatical, por “porque”.

4. A expressão temporal “há séculos” (2° parágrafo) poderia ser substituída, sem prejuízo semântico e gramatical, por “fazem séculos”.

5. A construção “com a gata sendo a deusa sábia” (4° parágrafo) poderia ser substituída, sem prejuízo semântico e gramatical, por “sendo a gata a deusa sábia”.


Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

Alternativas
Q1789515 Português

Texto 2


Berna, 19 junho 1946.


Fernando,


Estivemos em Paris andando desde manhã até de noite. Aquela cidade é doida, é maravilhosa. De volta fomos diretamente para um apartamento novo, ainda novo, tudo encaixotado, estranho, desarrumado. Encontrei cartas de casa e vários recortes de jornal. E nota de Álvaro Lins dizendo que meus dois romances são mutilados e incompletos… Com o cansaço de Paris, no meio dos caixotes, femininamente e gripada chorei de desânimo e cansaço. Tudo o que ele diz é verdade. Não se pode fazer arte só porque se tem um temperamento infeliz e doidinho. Um desânimo profundo.


Acabei de passar uma semana das piores em relação ao trabalho. Nada presta, não sei por onde começar, não sei que atitude tome, não sei de nada. Digo a mim mesma: não adianta desesperar, desesperar é mais fácil ainda que trabalhar. Me mande um conselho, Fernando, e uma palavra bem amiga. Desculpe esta carta tola. Respondam depressa e eu mandarei uma muito boa, muito calma.


Fernando, Helena, um grande abraço.


Clarice


SABINO, Fernando; LISPECTOR, Clarice. Cartas perto do coração. 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 20-23. [adaptado]

Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ), com base no texto 2.
( ) A construção “femininamente e gripada” é um recurso linguístico cujo efeito estilístico se dá pela combinação de palavras de categorias diferentes (advérbio e adjetivo), expressando, respectivamente, o modo da ação e o estado da escritora. ( ) Em “Aquela cidade é doida, é maravilhosa.”, ocorre um uso metafórico, pois os dois adjetivos expressam comparações implícitas. ( ) Em “cartas de casa” e “recortes de jornal”, as expressões sublinhadas situam a origem locativa dos objetos aos quais estão relacionadas. ( ) A reescrita de “uma semana das piores” por “uma das piores semanas” fere a norma culta da língua e acarreta prejuízo de sentido ao enunciado. ( ) Para dar paralelismo à construção no contexto do período, a forma verbal sublinhada em “não sei que atitude tome” deveria ser substituída por “tomar”.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
Alternativas
Q1789458 Português
Observe o período a seguir: “Embora tenha sofrido muitas dificuldades, o cientista enriqueceu, não obstante permanecia com suas atividades de filantropia”. Assinale a alternativa que apresente corretamente as respectivas funções das conjunções em destaque.
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IDECAN Órgão: PEFOCE Prova: IDECAN - 2021 - PEFOCE - Auxiliar de Perícia |
Q1789361 Português
A respeito da pontuação empregada no texto, analise as afirmativas a seguir:
I. Com isso, desconsidera-se a centralidade da cultura no desenvolvimento da humanidade, que vai desde o surgimento da técnica e da linguagem à sua inclusão nas políticas públicas. (linhas 4 e 5) Neste período, o segmento sublinhado não poderia ter sua virgula suprimida, sob pena de forte alteração de sentido. Il. Em diálogo com essa perspectiva, a antropóloga Maria Emília Pacheco, assessora da ONG Fase e integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), enfatiza o papel substantivo e político da cultura nos sistemas alimentares, e não como um adjetivo. (linhas 11 a 13) Neste período, a virgula no segmento sublinhado se justifica porque é hipótese da conjunção coordenativa E com valor não aditivo. III. De acordo com esse autor, a cultura abrange os conhecimentos acumulados por gerações sobre o ambiente, o clima, as plantas, os animais, as técnicas do corpo, as técnicas de fabricação e de manejo dos artefatos, as crenças, a visão de mundo etc., em que se retempera e se regenera a comunidade.(linhas 22 a 25) Neste período, se houvesse uma vírgula antes do “etc.”, o trecho sofreria grande alteração de sentido.
Assinale
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IDECAN Órgão: PEFOCE Prova: IDECAN - 2021 - PEFOCE - Auxiliar de Perícia |
Q1789360 Português
Considera que a alimentação se expressa em representações, envolve escolhas, símbolos e classificações que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares. (linhas 13 e 14).
A respeito do período acima, analise as afirmativas a seguir:
I. Em "as visões sobre a história e as tradições alimentares”, se se entender “tradições alimentares” como termo vinculado a “visão”, há ambiguidade. Il. Em “envolve escolhas, símbolos e classificações”, ocorre falta de paralelismo sintático. III. Em “que mostram as visões sobre a história e as tradições alimentares”, por questões de paralelismo, a presença de uma segunda ocorrência da conjunção “sobre” antes de “as tradições alimentares” garante que este seja termo vinculado à palavra “visões”.
Assinale
Alternativas
Ano: 2021 Banca: IDECAN Órgão: PEFOCE Prova: IDECAN - 2021 - PEFOCE - Auxiliar de Perícia |
Q1789352 Português
Assinale a alternativa em que o termo exerça, no texto, papel adjetivo.
Alternativas
Respostas
9341: D
9342: B
9343: C
9344: C
9345: D
9346: D
9347: B
9348: B
9349: D
9350: D
9351: C
9352: A
9353: E
9354: A
9355: A
9356: C
9357: A
9358: D
9359: E
9360: C