Questões de Concurso Comentadas sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português

Foram encontradas 16.336 questões

Q3089873 Português
[Vida a compartilhar]


    Um jovem amigo meu é uma pessoa exasperada e deprimida. Na semana passada, ele foi atraído por uma história edificante. Uma escola americana dedicara um anfiteatro a uma professora de escola fundamenta! que, depois de uma longa carreira de ensino, foi paralisada por uma distrofia muscular, e seguiu ensinando. Quando perdeu a voz, passou a ensinar surdos-mudos. Na reportagem, ela estranhava a atenção e os elogios: era uma mulher em paz consigo mesma e com o mundo, sem furores caritativos ou vocações martirológicas. Sua vida parecia simplesmente normal.

    Meu jovem amigo comentou que, se estivesse no lugar dela, já teria acabado com sua própria vida. Essa ideia, concordei, passaria por qualquer cabeça. Mas por que a professora não foi por esse caminho? O insuportável numa doença como essa, afirmou então meu interlocutor, são os limites, as impotências. 

    Observei-lhe então que há uma infinidade de coisas que não conseguimos fazer. Afinal, não sei voar, nem ficar por respirar mais que dois minutos. Com paciência condescendente, meu amigo explicou que essas são coisas que ninguém, ou quase ninguém, consegue fazer O que dói, acrescentou, é não conseguir fazer as coisas que os outros conseguem. E declarou que, se tivesse uma invalidez grave, talvez pudesse seguir vivendo, mas só entre pessoas tão inválidas quanto ele. Conclusão da conversa: o problema não é a invalidez, o problema são os outros. Melhor dizendo, a necessidade de se comparar aos outros.   

    De todo modo, ficamos sem apurar que tipo de energia animava aquela prejudicada professora, excepcionalmente apta e disposta a só compartilhar o que tinha de positivo.

(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 70-71)
A história edificante, referida no primeiro parágrafo, provocou no jovem amigo do autor uma
Alternativas
Q3089756 Português

Direito natural e direito dos homens


    O direito natural é aquele que a natureza mesma determina a todos os homens. Educastes vossos filhos, ele vos deve respeito como seu paí, reconhecimento como seu benfeitor. Tendes direito sobre a terra que cultivastes com vossas próprias mãos.


   O direito humano só pode ser fundado no direito da natureza, e o grande princípio, o princípio universal de um e outro, é em toda terra: “Não faças o que não gostarias que te fizessem”.


    Contentam-se alguns, noutras terras, em afirmar: “Crê em mim, ou eu te odiarei; crê, ou te farei todo o mal que eu puder. Monstro, não tens a minha religião, então não tens religião nenhuma.”


    O direito da intolerância é, então, absurdo e bárbaro: é o direito dos tigres, sendo no entanto bem pior, pois os tigres só se dilaceram por comida, e nós nos exterminamos por parágrafos.



(Adaptado de: VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância. Trad. Ana Luiza Reis Bedê. São Paula: Martim Cererê, 2017. p. 36)

De acordo com Voltaire, o direito natural e o direito dos homens
Alternativas
Q3089750 Português

Tira férias



    A noção de férias está ligada a figuras de viagem, esporte, aplicações intensivas do corpo, quase nada a descanso. As pessoas executam durante esse intervalo aquilo que não puderam fazer ao longo do ano; fazem “mais” alguma coisa, de sorte que não há férias, no sentido religioso e romano de suspensão de atividades.


    Matutando nisso, resolvi tirar férias e gozá-las como devem ser gozadas, sem esforço para torná-las amenas. A ideia de viagem foi expulsa do programa: é das iniciativas mais comprometedoras e tresloucadas que poderia tomar o trabalhador vacante. As viagens ou não existem, como é próprio da era do jato, em que somos transportados em velocidade superior à do nosso poder de percepção e de ruminação de impressões, ou existem demais como burocracia de passaporte, filas, falta de vaga em hotel, atrasos, moeda aviltada, alfândega, pneu estourado no ermo, que mais?


    Tudo aboli e fiz a experiência das férias propriamente ditas. Se me pedirem para contar o que fiz afinal nestas férias, direi legalmente: ignoro. Aos convites disse não, alegando estar em férias, alegação tão forte como a de estar ocupadíssimo. Durante esse período, o pensamento errou entre mil paragens, não se deteve em nenhuma; cada dia amadureceu e caiu como um fruto. Nada aconteceu? O não acontecimento é a essência das férias. E agora, é trabalhar duro onze meses para merecer as inofensivas e deliciosas férias do não.


(ANDRADE, Carlos Drummond. Cadeira de balanço. 22a. ed. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 69-71)

  Imagem associada para resolução da questão


Nada aconteceu? O não acontecimento é a essência das férias.


No trecho acima (3º parágrafo), com as expressões de sentido negativo, o autor pretende

Alternativas
Q3089561 Português

Leia o trecho e responda a questão a seguir.


Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, enfim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete. Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você. Use a dúvida como ferramenta para fazer uma higiene no delicado palco da sua mente com o mesmo empenho com que você faz higiene bucal.


(Augusto Cury)

Subentendidos são mensagens implícitas deduzidas pelo interlocutor e, por serem baseadas em interpretação, podem não ser verdadeiros, pois dependem da subjetividade e do contexto. Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta a passagem do trecho com um exemplo mais clarificado de subentendimento.
Alternativas
Q3089555 Português
Trem-Bala
Ana Vilela


Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria
voz
É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós


É saber se sentir infinito
Num universo tão vasto e bonito, é saber sonhar
Então fazer valer a pena
Cada verso daquele poema sobre acreditar


Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que
venceu
É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo e também ter morada em outros
corações
E assim ter amigos contigo em todas as situações


A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso, eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe pra perto de mim


Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar
E sim sobre cada momento, sorriso a se compartilhar
Também não é sobre correr contra o tempo pra ter
sempre mais
Porque quando menos se espera a vida já ficou pra
trás


Segura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir


Fonte: https://www.letras.mus.br/ana-vilela/trem-bala/ Acesso 10/2024
Na canção, o verso ‘‘Qual seria a graça do mundo se fosse assim?’’ é caracterizado como uma pergunta retórica, pois:
Alternativas
Q3089342 Português

Analise a tira a seguir.


Imagem associada para resolução da questão


Sobre a tira, assinale a afirmativa correta.

Alternativas
Q3088471 Português
Estilos da vida

     Você se lembra daqueles personagens de quadrinhos que são impiedosamente seguidos por uma nuvem preta, que é uma espécie de guarda-chuva ao contrário? Eles não têm para onde fugir: deslocam-se, mas a chuva os persegue, mesmo debaixo do teto de sua casa.
      Claro, no outro extremo do leque há pessoas que são seguidas por um sol esplendoroso, mesmo quando estão no escuro ou no meio de um desastre que deveria empalidecer a luz do dia (se ela tivesse vergonha na cara).
     Em suma, cada um de nós parece estar sempre numa condição meteorológica que lhe é própria e não depende nem da estação nem dos acontecimentos do momento.
     Talvez sejamos um pouco mais livres para escolher o estilo da vida que levaremos, seja qual for nosso pano de fundo.
    Geralmente, por estilo de vida, entende-se um modelo que a gente imita para construir uma identidade e propô-la aos olhos dos outros. Mas o estilo da vida, que é o que me interessa hoje, é outra coisa: é a forma literária na qual cada um narra sua própria vida, para si mesmo e para os outros. Um exemplo.
    Acabo de ler (e continuarei relendo por um bom tempo) “The Book of Dreams” (O Livro dos Sonhos), de Federico Fellini (ed. Rizzoli). São mais de 400 páginas, em grande formato, que reproduzem fotograficamente os cadernos nos quais o diretor italiano registrou seus sonhos, em palavras e desenhos.
     Vários amigos que me viram ler o livro me perguntaram se, então, os sonhos de Fellini serviam de material para seus filmes. A questão não cabe. O que o livro revela é que, para Fellini, o sonho era, por assim dizer, o gênero literário no qual ele vivia (e, portanto, contava) sua vida – nos cadernos da mesa de cabeceira, nos filmes e no dia a dia.
   Cuidado. Fellini não especulava nem um pouco sobre, sei lá, a “precariedade” de nossa percepção, que pode confundir sonho com realidade. Ele nunca se perguntava se o que estava vivendo era sonho ou realidade, porque, para ele, o sonho era, propriamente, o estilo da realidade.
   Esse estilo era o que fazia com que seu olhar estivesse constantemente maravilhado ou atônito: graças a esse estilo, ele atravessava (e contava) a vida como “um mistério entre mistérios” (palavras dele).
    Pois bem, nós todos adotamos ou inventamos um estilo singular para a história de nossa vida – é o estilo graças ao qual nossa vida se transforma numa história.
   Cada um escolhe, provavelmente, o estilo narrativo que torna sua vida mais digna de ser vivida (e contada). Há estilos meditativos, investigativos, introspectivos, paranoicos ou, como no caso de Fellini, oníricos e mágicos.
    Quanto a mim, o estilo narrativo da minha vida é, sem dúvida, a aventura. Não só pelos livros que me seduziram na infância (“Coração das Trevas”, de Conrad, seria o primeiro da lista). Mas porque a narrativa aventurosa sempre foi o que fez que minha vida valesse a pena, ou seja, não fosse chata, mesmo quando tinha toda razão para ser.
    Quando meu filho, aos quatro ou cinco anos, parecia se entediar, eu sempre recorria a um truque, que ele reconhecia como truque, mas que funcionava. Eu me calava e me imobilizava de repente, como se estivesse ouvindo um barulho suspeito e inquietante; logo eu sussurrava: “Atenção! Os piratas!”.
  Nem ele nem eu acreditávamos na chegada dos piratas, mas ambos achávamos que a vida merecia um pouco de suspense.

(CALLIGARIS, Contardo. Folha de S. Paulo. Em: abril de 2001. Adaptado.)
É possível inferir que o último período do texto – “Nem ele nem eu acreditávamos na chegada dos piratas, mas ambos achávamos que a vida merecia um pouco de suspense.” (14º§) – atua como:
Alternativas
Q3088467 Português
Estilos da vida

     Você se lembra daqueles personagens de quadrinhos que são impiedosamente seguidos por uma nuvem preta, que é uma espécie de guarda-chuva ao contrário? Eles não têm para onde fugir: deslocam-se, mas a chuva os persegue, mesmo debaixo do teto de sua casa.
      Claro, no outro extremo do leque há pessoas que são seguidas por um sol esplendoroso, mesmo quando estão no escuro ou no meio de um desastre que deveria empalidecer a luz do dia (se ela tivesse vergonha na cara).
     Em suma, cada um de nós parece estar sempre numa condição meteorológica que lhe é própria e não depende nem da estação nem dos acontecimentos do momento.
     Talvez sejamos um pouco mais livres para escolher o estilo da vida que levaremos, seja qual for nosso pano de fundo.
    Geralmente, por estilo de vida, entende-se um modelo que a gente imita para construir uma identidade e propô-la aos olhos dos outros. Mas o estilo da vida, que é o que me interessa hoje, é outra coisa: é a forma literária na qual cada um narra sua própria vida, para si mesmo e para os outros. Um exemplo.
    Acabo de ler (e continuarei relendo por um bom tempo) “The Book of Dreams” (O Livro dos Sonhos), de Federico Fellini (ed. Rizzoli). São mais de 400 páginas, em grande formato, que reproduzem fotograficamente os cadernos nos quais o diretor italiano registrou seus sonhos, em palavras e desenhos.
     Vários amigos que me viram ler o livro me perguntaram se, então, os sonhos de Fellini serviam de material para seus filmes. A questão não cabe. O que o livro revela é que, para Fellini, o sonho era, por assim dizer, o gênero literário no qual ele vivia (e, portanto, contava) sua vida – nos cadernos da mesa de cabeceira, nos filmes e no dia a dia.
   Cuidado. Fellini não especulava nem um pouco sobre, sei lá, a “precariedade” de nossa percepção, que pode confundir sonho com realidade. Ele nunca se perguntava se o que estava vivendo era sonho ou realidade, porque, para ele, o sonho era, propriamente, o estilo da realidade.
   Esse estilo era o que fazia com que seu olhar estivesse constantemente maravilhado ou atônito: graças a esse estilo, ele atravessava (e contava) a vida como “um mistério entre mistérios” (palavras dele).
    Pois bem, nós todos adotamos ou inventamos um estilo singular para a história de nossa vida – é o estilo graças ao qual nossa vida se transforma numa história.
   Cada um escolhe, provavelmente, o estilo narrativo que torna sua vida mais digna de ser vivida (e contada). Há estilos meditativos, investigativos, introspectivos, paranoicos ou, como no caso de Fellini, oníricos e mágicos.
    Quanto a mim, o estilo narrativo da minha vida é, sem dúvida, a aventura. Não só pelos livros que me seduziram na infância (“Coração das Trevas”, de Conrad, seria o primeiro da lista). Mas porque a narrativa aventurosa sempre foi o que fez que minha vida valesse a pena, ou seja, não fosse chata, mesmo quando tinha toda razão para ser.
    Quando meu filho, aos quatro ou cinco anos, parecia se entediar, eu sempre recorria a um truque, que ele reconhecia como truque, mas que funcionava. Eu me calava e me imobilizava de repente, como se estivesse ouvindo um barulho suspeito e inquietante; logo eu sussurrava: “Atenção! Os piratas!”.
  Nem ele nem eu acreditávamos na chegada dos piratas, mas ambos achávamos que a vida merecia um pouco de suspense.

(CALLIGARIS, Contardo. Folha de S. Paulo. Em: abril de 2001. Adaptado.)
Com base nas informações do texto, assinale a afirmativa INCORRETA.
Alternativas
Q3088462 Português
Estilos da vida

     Você se lembra daqueles personagens de quadrinhos que são impiedosamente seguidos por uma nuvem preta, que é uma espécie de guarda-chuva ao contrário? Eles não têm para onde fugir: deslocam-se, mas a chuva os persegue, mesmo debaixo do teto de sua casa.
      Claro, no outro extremo do leque há pessoas que são seguidas por um sol esplendoroso, mesmo quando estão no escuro ou no meio de um desastre que deveria empalidecer a luz do dia (se ela tivesse vergonha na cara).
     Em suma, cada um de nós parece estar sempre numa condição meteorológica que lhe é própria e não depende nem da estação nem dos acontecimentos do momento.
     Talvez sejamos um pouco mais livres para escolher o estilo da vida que levaremos, seja qual for nosso pano de fundo.
    Geralmente, por estilo de vida, entende-se um modelo que a gente imita para construir uma identidade e propô-la aos olhos dos outros. Mas o estilo da vida, que é o que me interessa hoje, é outra coisa: é a forma literária na qual cada um narra sua própria vida, para si mesmo e para os outros. Um exemplo.
    Acabo de ler (e continuarei relendo por um bom tempo) “The Book of Dreams” (O Livro dos Sonhos), de Federico Fellini (ed. Rizzoli). São mais de 400 páginas, em grande formato, que reproduzem fotograficamente os cadernos nos quais o diretor italiano registrou seus sonhos, em palavras e desenhos.
     Vários amigos que me viram ler o livro me perguntaram se, então, os sonhos de Fellini serviam de material para seus filmes. A questão não cabe. O que o livro revela é que, para Fellini, o sonho era, por assim dizer, o gênero literário no qual ele vivia (e, portanto, contava) sua vida – nos cadernos da mesa de cabeceira, nos filmes e no dia a dia.
   Cuidado. Fellini não especulava nem um pouco sobre, sei lá, a “precariedade” de nossa percepção, que pode confundir sonho com realidade. Ele nunca se perguntava se o que estava vivendo era sonho ou realidade, porque, para ele, o sonho era, propriamente, o estilo da realidade.
   Esse estilo era o que fazia com que seu olhar estivesse constantemente maravilhado ou atônito: graças a esse estilo, ele atravessava (e contava) a vida como “um mistério entre mistérios” (palavras dele).
    Pois bem, nós todos adotamos ou inventamos um estilo singular para a história de nossa vida – é o estilo graças ao qual nossa vida se transforma numa história.
   Cada um escolhe, provavelmente, o estilo narrativo que torna sua vida mais digna de ser vivida (e contada). Há estilos meditativos, investigativos, introspectivos, paranoicos ou, como no caso de Fellini, oníricos e mágicos.
    Quanto a mim, o estilo narrativo da minha vida é, sem dúvida, a aventura. Não só pelos livros que me seduziram na infância (“Coração das Trevas”, de Conrad, seria o primeiro da lista). Mas porque a narrativa aventurosa sempre foi o que fez que minha vida valesse a pena, ou seja, não fosse chata, mesmo quando tinha toda razão para ser.
    Quando meu filho, aos quatro ou cinco anos, parecia se entediar, eu sempre recorria a um truque, que ele reconhecia como truque, mas que funcionava. Eu me calava e me imobilizava de repente, como se estivesse ouvindo um barulho suspeito e inquietante; logo eu sussurrava: “Atenção! Os piratas!”.
  Nem ele nem eu acreditávamos na chegada dos piratas, mas ambos achávamos que a vida merecia um pouco de suspense.

(CALLIGARIS, Contardo. Folha de S. Paulo. Em: abril de 2001. Adaptado.)
Pela leitura do primeiro trecho do texto “Você se lembra daqueles personagens de quadrinhos que são impiedosamente seguidos por uma nuvem preta, que é uma espécie de guarda-chuva ao contrário?”, é possível inferir que:
Alternativas
Q3088401 Português
    Todos nós temos grandes expectativas sobre nossa passagem pelo mundo. E não me parece que devemos deixar de tê-las. A sabedoria consiste em compreender que é preciso medir a grandeza com nossa própria fita métrica. Se nos tornamos reféns de algo que hoje é determinante na nossa época, por exemplo, que é o reconhecimento da importância de alguém pela quantidade de aparições na mídia, estamos perdidos. Render-se a uma determinação ditada pelo mercado é tão destrutivo como passar a vida tentando agradar a um pai opressor e para sempre insatisfeito, como vejo tanta gente. Em ambos os casos, estaremos sempre aquém, sempre em falta. E, mesmo quem vive sob os holofotes, vive em pânico porque não sabe por quanto tempo conseguirá manter as luzes sobre si.
   Mas de que luzes precisamos para viver? E a quem queremos agradar? Quem e o que importam de verdade? Essa reconciliação é o que nos leva de fato à vida adulta, no que ela tem de melhor. Acredito que crescemos quando conseguimos nos apropriar da medida com que avaliamos nossa existência, nosso estar no mundo. Ninguém tem de ser isso ou aquilo, ninguém “tem de” nada. Quem disse que tem? É preciso duvidar sempre das determinações externas a nós – tanto quanto das internas. “Por que mesmo eu quero isso?” é sempre uma boa pergunta.
    Tenho uma amiga que só se transformou em uma chefe capaz de ajudar a transformar para melhor a vida de quem trabalhava com ela quando se reconciliou com suas próprias expectativas, quando descobriu em si uma grandeza que era de outra ordem. Só se tornou uma mãe capaz de libertar os filhos para que estes vivessem seus próprios tropeços e acertos quando se apaziguou consigo mesma. Ela, de quebra, descobriu que era talentosa numa área, a cozinha, onde até então não via nenhum valor. Ao descobrir-se cozinheira, não pensou em empreender uma nova maratona, desta vez na tentativa de virar uma chef e fazer um programa de TV. Já estava sábia o suficiente para exultar de alegria ao acabar com a boa forma de suas amigas mais queridas.
   Como minha amiga e como todo mundo, eu também acalentei grandes esperanças sobre minha própria existência. Depois do fracasso da minha carreira de astronauta, desejei ser escritora. Acho que ser escritora é o que quis desde que peguei o primeiro livro na mão e consegui decifrá-lo. É claro que eu não queria apenas escrever um livro de entretenimento. Eu escreveria, obviamente, a maior obra-prima da humanidade. Meu primeiro livro já nasceria um clássico. Eu reinventaria a linguagem e ditaria novos parâmetros para a literatura. Depois de mim, Proust e Joyce estariam reduzidos ao rodapé do cânone.
   Não é divertido? Acreditem, eu rio muito. E até me enterneço. No meu quarto amarelo, lá em Ijuí, eu fiz o seguinte plano. Emily Brontë escreveu “O Morro dos Ventos Uivantes” aos 19 anos. Logo, eu deveria escrever minha obra-prima aos 17, no máximo 18. Pois não é que os 18 anos passaram e eu estava mais ocupada com fraldas e com beijos na boca? Bem, eu já não seria tão precoce assim, mas me conformei. Afinal, minha obra seria tão acachapante, tão revolucionária, que mesmo aos 20 e poucos eu seria considerada um prodígio. E os 20 passaram, assim como os 30, e lá vou eu aumentando cada vez mais os “e tantos” dos 40.
    Não desisti de um dia escrever um romance, não. Acho mesmo que ele está mais perto, agora que eu me absolvi de escrever a grande obra da literatura mundial. Mas foi só depois de me apropriar da medida da minha vida que me descobri estonteantemente feliz como contadora de histórias reais. Quando finalmente escrever um romance de ficção, ele só será possível porque vivi mais de duas décadas embriagada de histórias absurdamente reais e gente de carne, osso e nervos. E só será possível porque deverá estar à altura apenas de mim mesma. Só precisarei ser fiel à minha própria voz.
   Porque é esta, afinal, a grande aventura da vida. Desvelar a nossa singularidade, o extraordinário de cada um de nós – descobrir a voz que é só nossa. Mesmo que essa descoberta não se torne jamais uma capa de revista. O importante é que seja um segredo nosso, um bem precioso e sem valor monetário, que guardamos entre uma dobra e outra da alma para viver com furiosa verdade esse milagre que é a vida humana.

(Eliane Brum. Desacontecimentos. Em: outubro de 2009. Adaptado.)
Assinale a afirmativa cujo conteúdo identifica o tema abordado no texto de Eliane Brum.
Alternativas
Q3088398 Português
    Todos nós temos grandes expectativas sobre nossa passagem pelo mundo. E não me parece que devemos deixar de tê-las. A sabedoria consiste em compreender que é preciso medir a grandeza com nossa própria fita métrica. Se nos tornamos reféns de algo que hoje é determinante na nossa época, por exemplo, que é o reconhecimento da importância de alguém pela quantidade de aparições na mídia, estamos perdidos. Render-se a uma determinação ditada pelo mercado é tão destrutivo como passar a vida tentando agradar a um pai opressor e para sempre insatisfeito, como vejo tanta gente. Em ambos os casos, estaremos sempre aquém, sempre em falta. E, mesmo quem vive sob os holofotes, vive em pânico porque não sabe por quanto tempo conseguirá manter as luzes sobre si.
   Mas de que luzes precisamos para viver? E a quem queremos agradar? Quem e o que importam de verdade? Essa reconciliação é o que nos leva de fato à vida adulta, no que ela tem de melhor. Acredito que crescemos quando conseguimos nos apropriar da medida com que avaliamos nossa existência, nosso estar no mundo. Ninguém tem de ser isso ou aquilo, ninguém “tem de” nada. Quem disse que tem? É preciso duvidar sempre das determinações externas a nós – tanto quanto das internas. “Por que mesmo eu quero isso?” é sempre uma boa pergunta.
    Tenho uma amiga que só se transformou em uma chefe capaz de ajudar a transformar para melhor a vida de quem trabalhava com ela quando se reconciliou com suas próprias expectativas, quando descobriu em si uma grandeza que era de outra ordem. Só se tornou uma mãe capaz de libertar os filhos para que estes vivessem seus próprios tropeços e acertos quando se apaziguou consigo mesma. Ela, de quebra, descobriu que era talentosa numa área, a cozinha, onde até então não via nenhum valor. Ao descobrir-se cozinheira, não pensou em empreender uma nova maratona, desta vez na tentativa de virar uma chef e fazer um programa de TV. Já estava sábia o suficiente para exultar de alegria ao acabar com a boa forma de suas amigas mais queridas.
   Como minha amiga e como todo mundo, eu também acalentei grandes esperanças sobre minha própria existência. Depois do fracasso da minha carreira de astronauta, desejei ser escritora. Acho que ser escritora é o que quis desde que peguei o primeiro livro na mão e consegui decifrá-lo. É claro que eu não queria apenas escrever um livro de entretenimento. Eu escreveria, obviamente, a maior obra-prima da humanidade. Meu primeiro livro já nasceria um clássico. Eu reinventaria a linguagem e ditaria novos parâmetros para a literatura. Depois de mim, Proust e Joyce estariam reduzidos ao rodapé do cânone.
   Não é divertido? Acreditem, eu rio muito. E até me enterneço. No meu quarto amarelo, lá em Ijuí, eu fiz o seguinte plano. Emily Brontë escreveu “O Morro dos Ventos Uivantes” aos 19 anos. Logo, eu deveria escrever minha obra-prima aos 17, no máximo 18. Pois não é que os 18 anos passaram e eu estava mais ocupada com fraldas e com beijos na boca? Bem, eu já não seria tão precoce assim, mas me conformei. Afinal, minha obra seria tão acachapante, tão revolucionária, que mesmo aos 20 e poucos eu seria considerada um prodígio. E os 20 passaram, assim como os 30, e lá vou eu aumentando cada vez mais os “e tantos” dos 40.
    Não desisti de um dia escrever um romance, não. Acho mesmo que ele está mais perto, agora que eu me absolvi de escrever a grande obra da literatura mundial. Mas foi só depois de me apropriar da medida da minha vida que me descobri estonteantemente feliz como contadora de histórias reais. Quando finalmente escrever um romance de ficção, ele só será possível porque vivi mais de duas décadas embriagada de histórias absurdamente reais e gente de carne, osso e nervos. E só será possível porque deverá estar à altura apenas de mim mesma. Só precisarei ser fiel à minha própria voz.
   Porque é esta, afinal, a grande aventura da vida. Desvelar a nossa singularidade, o extraordinário de cada um de nós – descobrir a voz que é só nossa. Mesmo que essa descoberta não se torne jamais uma capa de revista. O importante é que seja um segredo nosso, um bem precioso e sem valor monetário, que guardamos entre uma dobra e outra da alma para viver com furiosa verdade esse milagre que é a vida humana.

(Eliane Brum. Desacontecimentos. Em: outubro de 2009. Adaptado.)
O item a seguir em que o vocábulo destacado tem seu antecedente corretamente indicado é, EXCETO:
Alternativas
Q3087917 Português
Leia o texto 1 para responder à questão.

Texto 1

O que é El Niño?

O El Niño é um fenômeno climático natural descrito como o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre de tempos em tempos, iniciandose por volta do mês de dezembro, e causa transformações na circulação atmosférica, interferindo no regime pluviométrico e nas temperaturas em várias regiões do planeta.
Essa anomalia foi uma descoberta de pescadores na costa oeste da América do Sul, próximo do litoral do Peru. Nessas áreas, é comum a ressurgência de águas frias e profundas em camadas superiores, trazendo nutrientes para próximo da superfície e favorecendo a atividade pesqueira. Em um período atípico, entretanto, os pescadores notaram uma baixa produtividade associada a correntes de água mais quentes do que o habitual para a época do ano.
Como o período de observação dos pescadores foi próximo do Natal, atribuiu-se, por isso, o nome El Niño ao fenômeno, uma referência, na língua espanhola, ao menino Jesus (el niño = o menino).

Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/el-nino.htm>. Acesso
em: 10 fev. 2024. [Adaptado].
Segundo o texto, qual é a principal característica do fenômeno El Niño?
Alternativas
Q3087332 Português
Primeira vacina para proteção de bebês contra o VSR chega ao Brasil

A primeira vacina aprovada para proteção de bebês contra o vírus sincicial respiratório (VSR) ainda no ventre materno chegou ao Brasil esta semana. O VSR é o principal causador de complicações respiratórias agudas na infância, com destaque para a bronquiolite.

A vacina Abrysvo, produzida pela Pfizer, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril deste ano. Ela deve ser aplicada em dose única nas mulheres grávidas, durante o segundo ou terceiro trimestre da gestação. Ou seja, ela não é aplicada diretamente nas crianças.

"Quando a mãe recebe a vacina, os anticorpos produzidos por ela atravessam a placenta, fortalecendo o organismo do bebê, cujo sistema imunológico ainda está em desenvolvimento", explica a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro.

Dados do Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado na última quinta-feira (12/9), mostram que o VSR é a causa mais frequente de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na população brasileira. Ele foi detectado em 40,8% dos diagnósticos positivos para algum vírus respiratório. O VSR está também entre os principais responsáveis pelas internações e mortes de crianças com até 2 anos de idade. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) estima que o VSR seja responsável por até 40% dos casos de pneumonias e 75% dos quadros de bronquiolite nas crianças de até 2 anos de idade.

A bronquiolite é uma infecção viral que acomete a parte mais delicada do pulmão (os bronquíolos) podendo causar quadros graves.

Por enquanto, a Abrysvo está disponível apenas nos centros e clínicas de vacinação particulares do país. A Pfizer informou ao Metrópoles que solicitou a inclusão da vacina no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do SUS, em julho deste ano. O pedido enviado à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) está em análise pelo Ministério da Saúde.

"Continuaremos a trabalhar, tanto na rede privada quanto com o sistema público, para permitir que a nossa vacina chegue ao maior número possível de pessoas elegíveis, como forma de aumentar a proteção contra um vírus tão desafiador como o VSR", afirma a diretora de Primary Care da Pfizer Brasil, Camila Alves.

https://www.metropoles.com/saude/vacina-protecao-bebes-vsr-brasil
Infere-se do texto que a vacina Abrysvo é aplicada diretamente nas crianças para protegê-las contra o VSR.
Alternativas
Q3087331 Português
Por que uma pausa de 10 minutos no trabalho melhora a sua saúde mental

Quem me conhece sabe que sempre finalizo 10 a 15 minutos antes todas as reuniões das quais participo. Mesmo o agendamento das consultas dos meus pacientes é feito de tal forma que haja um pequeno intervalo entre elas.

A verdade é que fazer pausas regulares durante o dia de trabalho ou de estudos melhora o nosso bem-estar geral, além de elas atuarem como aqueles pinos de uma panela de pressão que permitem que o vapor saia, reduzindo as chances de ela explodir.

Vivemos em uma cultura que prioriza a produtividade e que, por vezes, esquece da saúde mental. Seremos convocados, seduzidos até, a seguir trabalhando sem parar até o final da jornada de trabalho. Caberá a nós estabelecer limites e programar pequenos intervalos ao longo do dia.

A ideia da pausa é vivenciá-la de modo que você se desligue do que está fazendo por um período. Ou seja, a maneira como vivenciamos o intervalo é tão importante quanto o tempo que estabelecemos para ele, como mostrou um estudo de 2022.

Assim, talvez não seja produtivo ficar colado na tela do celular durante a sua pausa, porque o tempo despendido nas redes sociais não é capaz de nos recarregar.

Outra constatação interessante desse estudo é que intervalos de 10 ou mais minutos são capazes de reduzir o estresse e a fadiga, coisas que sabemos prejudicam a produtividade no local de trabalho. A pesquisa também mostrou que os colaboradores voltam mais concentrados às suas atividades.

Isso, inclusive, pode servir de incentivo a gestores para que estimulem seus times a se afastarem temporariamente do que estão fazendo para simplesmente respirar, relaxar, conversar com outros colegas, hidratar-se, fazer um lanche, enfim.

A ideia da pausa também é mexer o corpo. Hoje, já há inúmeros estudos que mostram que permanecer sentado por mais de oito horas por dia sem que haja um intervalo ativo, em que você possa dar uma caminhada e alongar, está associado a um risco de morte semelhante ao representado pelo tabagismo e pela obesidade.

Períodos prolongados sentado também estão associados a uma série de outras questões de saúde, como aumento dos níveis de colesterol ruim e das taxas de açúcar no sangue, entre outros.

A melhor dica para que você consiga estabelecer intervalos periódicos é se organizando para isso. Você pode programar no seu celular alarmes a cada uma hora, por exemplo. Há também aplicativos que nos lembra que é hora de levantar da cadeira.

https://forbes.com.br/forbessaude/2024/08/arthur-guerra-por-que-uma-pausa-de-10-minutos-no-trabalho-melhora-a-sua-saude-mental/
Infere-se do texto que fazer pausas regulares durante o trabalho melhora o bem-estar e a produtividade. 
Alternativas
Q3087247 Português
Primeira vacina para proteção de bebês contra o VSR chega ao Brasil

A primeira vacina aprovada para proteção de bebês contra o vírus sincicial respiratório (VSR) ainda no ventre materno chegou ao Brasil esta semana. O VSR é o principal causador de complicações respiratórias agudas na infância, com destaque para a bronquiolite.

A vacina Abrysvo, produzida pela Pfizer, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril deste ano. Ela deve ser aplicada em dose única nas mulheres grávidas, durante o segundo ou terceiro trimestre da gestação. Ou seja, ela não é aplicada diretamente nas crianças.

"Quando a mãe recebe a vacina, os anticorpos produzidos por ela atravessam a placenta, fortalecendo o organismo do bebê, cujo sistema imunológico ainda está em desenvolvimento", explica a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro.

Dados do Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado na última quinta-feira (12/9), mostram que o VSR é a causa mais frequente de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na população brasileira. Ele foi detectado em 40,8% dos diagnósticos positivos para algum vírus respiratório. O VSR está também entre os principais responsáveis pelas internações e mortes de crianças com até 2 anos de idade. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) estima que o VSR seja responsável por até 40% dos casos de pneumonias e 75% dos quadros de bronquiolite nas crianças de até 2 anos de idade.

A bronquiolite é uma infecção viral que acomete a parte mais delicada do pulmão (os bronquíolos) podendo causar quadros graves.

Por enquanto, a Abrysvo está disponível apenas nos centros e clínicas de vacinação particulares do país. A Pfizer informou ao Metrópoles que solicitou a inclusão da vacina no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do SUS, em julho deste ano. O pedido enviado à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) está em análise pelo Ministério da Saúde.

"Continuaremos a trabalhar, tanto na rede privada quanto com o sistema público, para permitir que a nossa vacina chegue ao maior número possível de pessoas elegíveis, como forma de aumentar a proteção contra um vírus tão desafiador como o VSR", afirma a diretora de Primary Care da Pfizer Brasil, Camila Alves.

https://www.metropoles.com/saude/vacina-protecao-bebes-vsr-brasil
De acordo com o texto, a vacina contra o VSR protege os bebês por meio dos anticorpos gerados pelas mães vacinadas.
Alternativas
Q3087197 Português
Felicidade realista

    De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
     Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
    É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par, e não como ímpares? Ter um parceiro constante não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo às expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com três parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
    Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
    Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.

(Martha Medeiros. Montanha-Russa. Porto Alegre: L&PM Editores, 2003. Adaptado.)
Após a leitura da crônica de Martha Medeiros, é possível afirmar que: 
Alternativas
Q3087153 Português
A leitura do Texto 3 é necessária para responder à questão.

TEXTO 3

Muito romântica

Por Rosa Amanda Strausz

    Comparar seus olhos com um lago não só seria um lugar-comum como uma mentira enorme. Ausentes a placidez, a capacidade de refletir sem deturpar, a calma pantanosa — mãe dos mosquitos e da estagnação, o que restaria ali de lago?
         A comparação era um blefe.
    Entretanto, estávamos ali, à beira do lago. E entardecia. Eu o amava e julgava finalmente compreender o panteísmo dos poetas românticos. Claro que o mundo era feito à imagem e semelhança do amado e seus olhos eram o lago, porque o mundo era a suprema metáfora dele.
    Só muitos anos mais tarde, quando me deparei com a fria realidade das duas pedrinhas emolduradas por grossos aros de plástico, lamentei: infelizmente, amado, você não era a metáfora que eu perseguia.


Fonte: STRAUSZ, Rosa Amanda. Mínimo do mínimo: mais alguns contos de nariz sutil. Rio de Janeiro: Ventania Editorial, 2020.
No final do texto, o que a narradora lamenta em relação ao seu amado?
Alternativas
Q3087152 Português
A leitura do Texto 3 é necessária para responder à questão.

TEXTO 3

Muito romântica

Por Rosa Amanda Strausz

    Comparar seus olhos com um lago não só seria um lugar-comum como uma mentira enorme. Ausentes a placidez, a capacidade de refletir sem deturpar, a calma pantanosa — mãe dos mosquitos e da estagnação, o que restaria ali de lago?
         A comparação era um blefe.
    Entretanto, estávamos ali, à beira do lago. E entardecia. Eu o amava e julgava finalmente compreender o panteísmo dos poetas românticos. Claro que o mundo era feito à imagem e semelhança do amado e seus olhos eram o lago, porque o mundo era a suprema metáfora dele.
    Só muitos anos mais tarde, quando me deparei com a fria realidade das duas pedrinhas emolduradas por grossos aros de plástico, lamentei: infelizmente, amado, você não era a metáfora que eu perseguia.


Fonte: STRAUSZ, Rosa Amanda. Mínimo do mínimo: mais alguns contos de nariz sutil. Rio de Janeiro: Ventania Editorial, 2020.
No texto “Muito romântica”, de Rosa Amanda Strausz, qual é o sentimento da narradora em relação à comparação dos olhos do amado com um lago?
Alternativas
Q3087087 Português
Cada frase abaixo mostra uma inferência (algo deduzido do que foi expresso).
Assinale a frase em que a inferência é inadequada.
Alternativas
Q3087083 Português
Observe este anúncio publicitário:

Novo Nokia N85. Fotografe. Filme. Crie. Jogue. Encontre. Conectado. Sempre.

Assinale a afirmação correta sobre esse texto.
Alternativas
Respostas
801: A
802: E
803: E
804: D
805: D
806: B
807: B
808: D
809: D
810: C
811: A
812: B
813: E
814: C
815: C
816: D
817: B
818: B
819: B
820: B