Questões de Concurso Comentadas sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português

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Q2521889 Português
Leia o texto para responder à questão.

Quando você for-se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possame carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possapor acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possapor tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
moça de sonho e de neve,
me leve no esquecimento.

(GULLAR, Ferreira. Cantiga para não morrer. 1975)
Assinale a alternativa em que se expressa no poema ideia de causa.
Alternativas
Q2519162 Português
        Embora haja relação entre os conceitos, racismo difere de preconceito racial e de discriminação racial. O preconceito racial é o juízo que se baseia em estereótipos acerca de indivíduos que pertençam a determinado grupo racializado e que pode ou não resultar em práticas discriminatórias. As ideias de que negros são violentos e inconfiáveis, de que judeus são avarentos ou de que orientais são “naturalmente” preparados para as ciências exatas são exemplos de preconceitos.
         A discriminação racial, por sua vez, é a atribuição de tratamento diferenciado a membros de grupos racialmente identificados. Portanto, a discriminação tem como requisito fundamental o poder, ou seja, a possibilidade efetiva do uso da força, sem o qual não é possível atribuir vantagens ou desvantagens por conta da raça. Assim, a discriminação pode ser direta ou indireta.
         A discriminação direta é o repúdio ostensivo a indivíduos ou grupos, motivado pela condição racial, exemplo do que ocorre em países que proíbem a entrada de negros, judeus, muçulmanos, pessoas de origem árabe ou persa, ou ainda em lojas que se recusem a atender clientes de determinada raça. Adilson José Moreira afirma que o conceito de discriminação direta “pressupõe que as pessoas são discriminadas a partir de um único vetor e também que a imposição de um tratamento desvantajoso requer a existência da intenção de discriminar”. Por isso, conclui Moreira, o conceito de discriminação direta é “incompleto” para lidar com a complexidade do fenômeno da discriminação.
         Já a discriminação indireta é um processo em que a situação específica de grupos minoritários é ignorada — discriminação de fato —, ou sobre ela são impostas regras de “neutralidade racial”, sem que se leve em conta a existência de diferenças sociais significativas — discriminação pelo direito ou discriminação por impacto adverso. A discriminação indireta é “marcada pela ausência de intencionalidade explícita de discriminar pessoas. Isso pode acontecer porque a norma ou prática não leva em consideração ou não pode prever de forma concreta as consequências da norma.”, segundo Moreira.
         A consequência de práticas de discriminação direta e indireta ao longo do tempo leva à estratificação social, um fenômeno intergeracional em que o percurso de vida de todos os membros de um grupo social — o que inclui as chances de ascensão social, de reconhecimento e de sustento material — é afetado.

Silvio Almeida. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019, p. 22-23 (com adaptações)

Considerando as ideias veiculadas no texto apresentado e seus aspectos linguísticos, julgue o seguinte item.


É correto inferir das ideias veiculadas no texto que ocorre discriminação indireta quando normas ignoram as especificidades de determinadas minorias e, assim, acabam por prejudicá-las.

Alternativas
Q2519161 Português
        Embora haja relação entre os conceitos, racismo difere de preconceito racial e de discriminação racial. O preconceito racial é o juízo que se baseia em estereótipos acerca de indivíduos que pertençam a determinado grupo racializado e que pode ou não resultar em práticas discriminatórias. As ideias de que negros são violentos e inconfiáveis, de que judeus são avarentos ou de que orientais são “naturalmente” preparados para as ciências exatas são exemplos de preconceitos.
         A discriminação racial, por sua vez, é a atribuição de tratamento diferenciado a membros de grupos racialmente identificados. Portanto, a discriminação tem como requisito fundamental o poder, ou seja, a possibilidade efetiva do uso da força, sem o qual não é possível atribuir vantagens ou desvantagens por conta da raça. Assim, a discriminação pode ser direta ou indireta.
         A discriminação direta é o repúdio ostensivo a indivíduos ou grupos, motivado pela condição racial, exemplo do que ocorre em países que proíbem a entrada de negros, judeus, muçulmanos, pessoas de origem árabe ou persa, ou ainda em lojas que se recusem a atender clientes de determinada raça. Adilson José Moreira afirma que o conceito de discriminação direta “pressupõe que as pessoas são discriminadas a partir de um único vetor e também que a imposição de um tratamento desvantajoso requer a existência da intenção de discriminar”. Por isso, conclui Moreira, o conceito de discriminação direta é “incompleto” para lidar com a complexidade do fenômeno da discriminação.
         Já a discriminação indireta é um processo em que a situação específica de grupos minoritários é ignorada — discriminação de fato —, ou sobre ela são impostas regras de “neutralidade racial”, sem que se leve em conta a existência de diferenças sociais significativas — discriminação pelo direito ou discriminação por impacto adverso. A discriminação indireta é “marcada pela ausência de intencionalidade explícita de discriminar pessoas. Isso pode acontecer porque a norma ou prática não leva em consideração ou não pode prever de forma concreta as consequências da norma.”, segundo Moreira.
         A consequência de práticas de discriminação direta e indireta ao longo do tempo leva à estratificação social, um fenômeno intergeracional em que o percurso de vida de todos os membros de um grupo social — o que inclui as chances de ascensão social, de reconhecimento e de sustento material — é afetado.

Silvio Almeida. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019, p. 22-23 (com adaptações)

Considerando as ideias veiculadas no texto apresentado e seus aspectos linguísticos, julgue o seguinte item.


Depreende-se do texto que um dos motivos por que Adilson José Moreira julga incompleto o conceito de discriminação direta para tratar da complexidade das ocorrências de discriminação consiste em esse conceito desconsiderar práticas involuntárias de discriminação racial.

Alternativas
Q2519160 Português
        Embora haja relação entre os conceitos, racismo difere de preconceito racial e de discriminação racial. O preconceito racial é o juízo que se baseia em estereótipos acerca de indivíduos que pertençam a determinado grupo racializado e que pode ou não resultar em práticas discriminatórias. As ideias de que negros são violentos e inconfiáveis, de que judeus são avarentos ou de que orientais são “naturalmente” preparados para as ciências exatas são exemplos de preconceitos.
         A discriminação racial, por sua vez, é a atribuição de tratamento diferenciado a membros de grupos racialmente identificados. Portanto, a discriminação tem como requisito fundamental o poder, ou seja, a possibilidade efetiva do uso da força, sem o qual não é possível atribuir vantagens ou desvantagens por conta da raça. Assim, a discriminação pode ser direta ou indireta.
         A discriminação direta é o repúdio ostensivo a indivíduos ou grupos, motivado pela condição racial, exemplo do que ocorre em países que proíbem a entrada de negros, judeus, muçulmanos, pessoas de origem árabe ou persa, ou ainda em lojas que se recusem a atender clientes de determinada raça. Adilson José Moreira afirma que o conceito de discriminação direta “pressupõe que as pessoas são discriminadas a partir de um único vetor e também que a imposição de um tratamento desvantajoso requer a existência da intenção de discriminar”. Por isso, conclui Moreira, o conceito de discriminação direta é “incompleto” para lidar com a complexidade do fenômeno da discriminação.
         Já a discriminação indireta é um processo em que a situação específica de grupos minoritários é ignorada — discriminação de fato —, ou sobre ela são impostas regras de “neutralidade racial”, sem que se leve em conta a existência de diferenças sociais significativas — discriminação pelo direito ou discriminação por impacto adverso. A discriminação indireta é “marcada pela ausência de intencionalidade explícita de discriminar pessoas. Isso pode acontecer porque a norma ou prática não leva em consideração ou não pode prever de forma concreta as consequências da norma.”, segundo Moreira.
         A consequência de práticas de discriminação direta e indireta ao longo do tempo leva à estratificação social, um fenômeno intergeracional em que o percurso de vida de todos os membros de um grupo social — o que inclui as chances de ascensão social, de reconhecimento e de sustento material — é afetado.

Silvio Almeida. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019, p. 22-23 (com adaptações)

Considerando as ideias veiculadas no texto apresentado e seus aspectos linguísticos, julgue o seguinte item.


As práticas de discriminação racial diretas e indiretas resultam da estratificação social, conforme o último parágrafo do texto.

Alternativas
Q2519159 Português
        Embora haja relação entre os conceitos, racismo difere de preconceito racial e de discriminação racial. O preconceito racial é o juízo que se baseia em estereótipos acerca de indivíduos que pertençam a determinado grupo racializado e que pode ou não resultar em práticas discriminatórias. As ideias de que negros são violentos e inconfiáveis, de que judeus são avarentos ou de que orientais são “naturalmente” preparados para as ciências exatas são exemplos de preconceitos.
         A discriminação racial, por sua vez, é a atribuição de tratamento diferenciado a membros de grupos racialmente identificados. Portanto, a discriminação tem como requisito fundamental o poder, ou seja, a possibilidade efetiva do uso da força, sem o qual não é possível atribuir vantagens ou desvantagens por conta da raça. Assim, a discriminação pode ser direta ou indireta.
         A discriminação direta é o repúdio ostensivo a indivíduos ou grupos, motivado pela condição racial, exemplo do que ocorre em países que proíbem a entrada de negros, judeus, muçulmanos, pessoas de origem árabe ou persa, ou ainda em lojas que se recusem a atender clientes de determinada raça. Adilson José Moreira afirma que o conceito de discriminação direta “pressupõe que as pessoas são discriminadas a partir de um único vetor e também que a imposição de um tratamento desvantajoso requer a existência da intenção de discriminar”. Por isso, conclui Moreira, o conceito de discriminação direta é “incompleto” para lidar com a complexidade do fenômeno da discriminação.
         Já a discriminação indireta é um processo em que a situação específica de grupos minoritários é ignorada — discriminação de fato —, ou sobre ela são impostas regras de “neutralidade racial”, sem que se leve em conta a existência de diferenças sociais significativas — discriminação pelo direito ou discriminação por impacto adverso. A discriminação indireta é “marcada pela ausência de intencionalidade explícita de discriminar pessoas. Isso pode acontecer porque a norma ou prática não leva em consideração ou não pode prever de forma concreta as consequências da norma.”, segundo Moreira.
         A consequência de práticas de discriminação direta e indireta ao longo do tempo leva à estratificação social, um fenômeno intergeracional em que o percurso de vida de todos os membros de um grupo social — o que inclui as chances de ascensão social, de reconhecimento e de sustento material — é afetado.

Silvio Almeida. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019, p. 22-23 (com adaptações)

Considerando as ideias veiculadas no texto apresentado e seus aspectos linguísticos, julgue o seguinte item.


De acordo com o texto, o preconceito racial se distingue da discriminação racial porque aquele não necessariamente implica a execução de ações discriminatórias contra pessoas em função de seu grupo racial.

Alternativas
Q2517916 Português

Texto CG2A1


    De acordo com as narrativas convencionais, a matemática europeia originou-se com os gregos entre as épocas de Tales e de Euclides, foi preservada e traduzida pelos árabes no início da Idade Média e, depois, levada de volta para seu lugar de origem, a Europa, entre os séculos XIII e XV, quando chegou à Itália pelas mãos de fugitivos vindos de Constantinopla. Esse relato parte do princípio de que a matemática é um saber único, cujos longínquos precursores foram os mesopotâmicos e egípcios, mas que se originou com os gregos. Ora, com base nas evidências, não é possível sequer estabelecer uma continuidade entre as matemáticas mesopotâmica e grega. Com raras exceções, a matemática mesopotâmica parece ter desaparecido por volta da mesma época em que os primeiros registros da matemática grega que nos chegaram foram produzidos; logo, não podemos relacionar essas duas tradições. Isso indica que talvez não possamos falar de evolução de uma única matemática ao longo da história, mas da presença de diferentes práticas que podemos chamar de “matemáticas” segundo critérios que também variam.

    A partir do século XVI, a história foi escrita, muitas vezes, com o intuito de mostrar que os europeus são herdeiros de uma tradição já europeia, desde a Antiguidade. Nesse momento, construiu-se o mito da herança grega, que serviu também para responder a demandas identitárias dos europeus. Entender o como e o porquê de sua construção nos ajuda a compreender que o papel da história não é acessório na formação de uma imagem da matemática: sua função é também social e política.



Tatiana Roque. História da matemática. Uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Rio de Janeiro: Zahar, 2012, p. 20-21 (com adaptações).



No último parágrafo do texto CG2A1, a forma pronominal “sua” (último período), em suas duas ocorrências, reporta-se, respectivamente, a
Alternativas
Q2517915 Português

Texto CG2A1


    De acordo com as narrativas convencionais, a matemática europeia originou-se com os gregos entre as épocas de Tales e de Euclides, foi preservada e traduzida pelos árabes no início da Idade Média e, depois, levada de volta para seu lugar de origem, a Europa, entre os séculos XIII e XV, quando chegou à Itália pelas mãos de fugitivos vindos de Constantinopla. Esse relato parte do princípio de que a matemática é um saber único, cujos longínquos precursores foram os mesopotâmicos e egípcios, mas que se originou com os gregos. Ora, com base nas evidências, não é possível sequer estabelecer uma continuidade entre as matemáticas mesopotâmica e grega. Com raras exceções, a matemática mesopotâmica parece ter desaparecido por volta da mesma época em que os primeiros registros da matemática grega que nos chegaram foram produzidos; logo, não podemos relacionar essas duas tradições. Isso indica que talvez não possamos falar de evolução de uma única matemática ao longo da história, mas da presença de diferentes práticas que podemos chamar de “matemáticas” segundo critérios que também variam.

    A partir do século XVI, a história foi escrita, muitas vezes, com o intuito de mostrar que os europeus são herdeiros de uma tradição já europeia, desde a Antiguidade. Nesse momento, construiu-se o mito da herança grega, que serviu também para responder a demandas identitárias dos europeus. Entender o como e o porquê de sua construção nos ajuda a compreender que o papel da história não é acessório na formação de uma imagem da matemática: sua função é também social e política.



Tatiana Roque. História da matemática. Uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Rio de Janeiro: Zahar, 2012, p. 20-21 (com adaptações).



Com base nas ideias veiculadas no texto CG2A1, julgue os itens que se seguem.

I De acordo com a perspectiva defendida pela autora, não há evidências que amparem o entendimento segundo o qual a matemática mesopotâmica tenha sido precursora da matemática grega. II A data de origem da matemática europeia é incerta, situando-se em algum momento entre os séculos XIII e XV, conforme as informações do primeiro parágrafo. III Infere-se do texto que a suposta herança grega da matemática é considerada um mito porque propaga uma história eurocêntrica da matemática.

Assinale a opção correta. 
Alternativas
Q2517817 Português

Texto CG1A1-I


    O desenvolvimento sustentável envolve a necessária harmonização entre interesses econômicos, além da preservação e racionalização dos recursos ambientais e da busca de qualidade de vida por meio de uma justiça social estabelecida a partir da oferta de serviços públicos de qualidade para todos. Assim, aquilo que sempre se buscou ou se deveria buscar como objetivo precípuo de uma sociedade e dos seus gestores, qual seja, o processo de elevação dos níveis de qualidade de vida de uma comunidade, a partir da adoção do conceito de desenvolvimento sustentável, deverá se aliar e se amoldar ao respeito dos limites e da capacidade de suportar demandas dos ecossistemas que a compõem. 

    Essa é uma clara questão de escolha social: do indivíduo, da comunidade e dos seus governantes e, sendo um processo de escolha, seus resultados estão intimamente ligados à ampla participação e ao comprometimento de todos esses atores. 

    Uma gestão democrática e transparente que permita e estimule a participação popular no projeto de desenvolvimento sustentável das cidades pode produzir um diagnóstico consistente em relação às necessidades sociais, dificuldades de execução e perspectivas de realização de políticas públicas.

    Uma maior autonomia municipal e maior participação do cidadão possibilitam a criação de políticas públicas que busquem a resolução de problemas precisos de ambientes específicos. O próprio governo municipal está em melhor situação para decidir sobre as necessidades de seus programas de transportes, bem-estar social, educação e energia. Se a cidade estiver comprometida com a questão da sustentabilidade, então os próprios cidadãos tenderão a se engajar em um movimento de efetiva colaboração contra a crise ambiental global. A rede de cidades cria uma rede global de cidadãos interdependentes.

    Nesse sentido, os profissionais responsáveis pelo planejamento das ações e políticas públicas, os legisladores que participarão na sua avaliação e aprovação, o setor privado, os demais agentes públicos, os órgãos de controle externo e a própria sociedade civil organizada deverão atuar em sintonia e sincronia, de forma a possibilitar a evolução nas ações da gestão pública, inserindo definitivamente conceitos e ações relacionadas ao desenvolvimento sustentável no bojo de sua atuação. 



José Paulo Nardone. Sustentabilidade e a gestão pública municipal.

Internet: <www.tce.sp.gov.br> (com adaptações).

Assinale a opção em que, logo após a palavra destacada do texto CG1A1-I, são corretamente apresentadas, respectivamente, sua classificação gramatical e sua significação no texto.
Alternativas
Q2517691 Português
Texto CG3A1

      — Afinador de piano, em excursão, vinte e cinco mil-réis.
      — Quanto?
      — Vinte e cinco mil.
     — É exagero. Às vezes o afinador não ganha isso durante a viagem. O Juca Silveira me contou. A principal fonte de renda dele é a criação de perus. E já paga imposto de indústria e profissão...
     — Bem, se nós formos indagar dos contribuintes quanto é que eles querem pagar, a tesouraria fica sem recursos para comprar um maço de velas quando faltar luz. Seria preferível que eles mesmos fizessem o lançamento.
     A Câmara Municipal discutia o orçamento para 1920, e os dois vereadores ponderavam ponto por ponto cada título da receita. O município é pobre, arrecada setenta e dois contos por ano. Houve praga na lavoura; deu peste no gado; o empréstimo para instalação de luz elétrica vence juros penosos. Para atender ao serviço de estradas, à instrução, às eleições, ao funcionalismo, a tanto compromisso, torna-se imperioso lançar novos impostos, criar taxas inéditas, como essa de afinador. Mas piano — quantos pianos terá o município? Quinze, no máximo; dos quais apenas uns cinco nos distritos: a taxa talvez não produza cinquenta mil-réis. Uma ninharia, meu caro!
    No calor da sala, os vereadores tentam reerguer as finanças públicas. Salão muito quente, com efeito. Dá para a frente da praça, que recolhe o sol da tarde, ao passo que a outra sala, olhando para a montanha e o vale profundo, recebe uma doce brisa, em que narinas mais apuradas distinguem o perfume de árvores distantes, e os caçadores chegam a identificar um cheiro de anta. No inverno, sim, a sala das sessões recomenda-se pelo aconchego — mas o orçamento é feito naquela época do ano em que as cigarras estouram, e secam os córregos.
    — Barbeiro com uma só cadeira, vinte mil-réis na cidade; em outros lugares, dezoito mil. Cada mão de engenho de mineração, quando fabricada no país...

Carlos Drummond de Andrade. Câmara e cadeia. In: Contos de aprendiz.
Companhia das Letras (com adaptações). 
No terceiro período do sétimo parágrafo do texto CG3A1, o vocábulo “que”, no trecho “em que narinas mais apuradas distinguem o perfume de árvores distantes”, retoma
Alternativas
Q2517690 Português
Texto CG3A1

      — Afinador de piano, em excursão, vinte e cinco mil-réis.
      — Quanto?
      — Vinte e cinco mil.
     — É exagero. Às vezes o afinador não ganha isso durante a viagem. O Juca Silveira me contou. A principal fonte de renda dele é a criação de perus. E já paga imposto de indústria e profissão...
     — Bem, se nós formos indagar dos contribuintes quanto é que eles querem pagar, a tesouraria fica sem recursos para comprar um maço de velas quando faltar luz. Seria preferível que eles mesmos fizessem o lançamento.
     A Câmara Municipal discutia o orçamento para 1920, e os dois vereadores ponderavam ponto por ponto cada título da receita. O município é pobre, arrecada setenta e dois contos por ano. Houve praga na lavoura; deu peste no gado; o empréstimo para instalação de luz elétrica vence juros penosos. Para atender ao serviço de estradas, à instrução, às eleições, ao funcionalismo, a tanto compromisso, torna-se imperioso lançar novos impostos, criar taxas inéditas, como essa de afinador. Mas piano — quantos pianos terá o município? Quinze, no máximo; dos quais apenas uns cinco nos distritos: a taxa talvez não produza cinquenta mil-réis. Uma ninharia, meu caro!
    No calor da sala, os vereadores tentam reerguer as finanças públicas. Salão muito quente, com efeito. Dá para a frente da praça, que recolhe o sol da tarde, ao passo que a outra sala, olhando para a montanha e o vale profundo, recebe uma doce brisa, em que narinas mais apuradas distinguem o perfume de árvores distantes, e os caçadores chegam a identificar um cheiro de anta. No inverno, sim, a sala das sessões recomenda-se pelo aconchego — mas o orçamento é feito naquela época do ano em que as cigarras estouram, e secam os córregos.
    — Barbeiro com uma só cadeira, vinte mil-réis na cidade; em outros lugares, dezoito mil. Cada mão de engenho de mineração, quando fabricada no país...

Carlos Drummond de Andrade. Câmara e cadeia. In: Contos de aprendiz.
Companhia das Letras (com adaptações). 
No quinto parágrafo do texto CG3A1, no trecho “para comprar um maço de velas quando faltar luz”, o vocábulo “para” introduz uma ideia de
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Q2517688 Português
Texto CG3A1

      — Afinador de piano, em excursão, vinte e cinco mil-réis.
      — Quanto?
      — Vinte e cinco mil.
     — É exagero. Às vezes o afinador não ganha isso durante a viagem. O Juca Silveira me contou. A principal fonte de renda dele é a criação de perus. E já paga imposto de indústria e profissão...
     — Bem, se nós formos indagar dos contribuintes quanto é que eles querem pagar, a tesouraria fica sem recursos para comprar um maço de velas quando faltar luz. Seria preferível que eles mesmos fizessem o lançamento.
     A Câmara Municipal discutia o orçamento para 1920, e os dois vereadores ponderavam ponto por ponto cada título da receita. O município é pobre, arrecada setenta e dois contos por ano. Houve praga na lavoura; deu peste no gado; o empréstimo para instalação de luz elétrica vence juros penosos. Para atender ao serviço de estradas, à instrução, às eleições, ao funcionalismo, a tanto compromisso, torna-se imperioso lançar novos impostos, criar taxas inéditas, como essa de afinador. Mas piano — quantos pianos terá o município? Quinze, no máximo; dos quais apenas uns cinco nos distritos: a taxa talvez não produza cinquenta mil-réis. Uma ninharia, meu caro!
    No calor da sala, os vereadores tentam reerguer as finanças públicas. Salão muito quente, com efeito. Dá para a frente da praça, que recolhe o sol da tarde, ao passo que a outra sala, olhando para a montanha e o vale profundo, recebe uma doce brisa, em que narinas mais apuradas distinguem o perfume de árvores distantes, e os caçadores chegam a identificar um cheiro de anta. No inverno, sim, a sala das sessões recomenda-se pelo aconchego — mas o orçamento é feito naquela época do ano em que as cigarras estouram, e secam os córregos.
    — Barbeiro com uma só cadeira, vinte mil-réis na cidade; em outros lugares, dezoito mil. Cada mão de engenho de mineração, quando fabricada no país...

Carlos Drummond de Andrade. Câmara e cadeia. In: Contos de aprendiz.
Companhia das Letras (com adaptações). 
Conclui-se do sexto parágrafo do texto CG3A1 que
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Q2516438 Português

        Maniçoba, 19 de junho de 1911. Minha mãe: Aqui cheguei em paz e salvamento, graças a Nosso Senhor Jesus Cristo. Isto aqui é bom como o diabo: acorda-se às cinco da manhã, leva-se o dia lendo, fumando, comendo e rezando; dorme-se às nove da noite. Uma vida de anjo. Quando chegar aí — está compreendendo? — hei de ter o corpo pesando 70 quilos e a alma leve de pecados, tão leve como os vagons que levam material para a construção da estrada de ferro de Palmeira. Fui visitar o tal Lajedo das Cobras, segundo a senhora insinuou-me, e não vi nada que se parecesse com cobras. Tenha a bondade de dizer-me onde ficam esses bichos, sempre tenho vontade de admirá-los. Só se são umas listas pretas que há em cima da pedra. Mas quem lhe meteu na cabeça que aquilo eram cobras, hem? Nem semelhança, minha senhora! Ali nunca houve cobras nem nada. Isto agora está seco, sabe? Um pouquinho seco. A água do Ipanema tem assim uns tons de verde-paris: é mesmo da cor do açude daí. Por aqui nada de novo, tudo na santa paz do senhor... não, há uma coisa de novo: o Siriaco, o velho Siriaco, o impagável, o incomensurável Siriaco. Diga a meu pai que lhe não escrevo porque nesta carta vai tudo o que é preciso dizer. Adeus. Lembranças às meninas, a tia Ju, etc. Recomendações à família do sr. Antero, a d. Iaiá, e mais a algumas pessoas conhecidas. O filho e amigo Graciliano. NB: Mando dizer ao Antônio Panta que guarde todos os meus Malhos. Não se esqueça deste recado. Lembranças a d. Anatólia.


Graciliano Ramos. Cartas. Rio de Janeiro: Record, 2013 (com adaptações).

Julgue o item que se segue, relativos aos sentidos e a aspectos linguísticos do texto precedente. 


Entende-se do texto que o emissor da carta se encontra na localidade de Maniçoba, onde pretende cometer muitos “pecados”. 

Alternativas
Q2515912 Português
No prefácio do livro de Mário Vargas Llosa A Civilização do espetáculo, está presente o seguinte texto:

“É provável que nunca na história tenham sido escritos tantos tratados, ensaios, teorias e análises sobre a cultura como em nosso tempo. O fato é ainda mais surpreendente porque a cultura, no sentido tradicionalmente dado a esse vocábulo, está prestes a desaparecer em nossos dias. E talvez já tenha desaparecido, discretamente esvaziada de conteúdo, tendo este sido substituído por outro, que desnatura o conteúdo que ela teve”.


A afirmação correta sobre esse pequeno texto argumentativo, no que diz respeito às ferramentas empregadas em sua composição, é:
Alternativas
Q2515906 Português
Todos os textos abaixo pertencem ao modo descritivo de organização discursiva e mostram como tema o famoso quadro da Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci; numa dessas descrições, a apreensão e a indicação dos elementos do tema-núcleo aparece prejudicada por uma limitação psicológica do observador.

A opção em que isso ocorre é:
Alternativas
Q2515904 Português
No texto a seguir há a apresentação de uma opinião.

“O currículo escolar precisa urgentemente de modificações profundas, pois as disciplinas hoje estudadas pouco têm a ver com a realidade atual, provocando enorme desinteresse dos alunos. Temos que ter cuidado, no entanto, com as modificações propostas para que elas não sejam simplesmente uma mudança de palavras, que estejam mais de acordo com a moda. É hora de fazermos um amplo e sério estudo do problema, como já foi feito em outros países”.


Em relação ao procedimento de apresentação da opinião presente no texto acima, é correto afirmar que o argumentador:
Alternativas
Q2515903 Português
Leia o texto a seguir.
“É difícil traçar uma linha divisória entre umbanda e candomblé. Entretanto algumas noções gerais podem esclarecer as diferenças entre os dois cultos. No candomblé, os deuses vêm à Terra para dançar e ser cultuados, só aparecem em possessão depois de longo período de iniciação. Eles auxiliam os homens na solução de problemas, mas a comunicação se faz sobretudo sob a forma de oráculo (jogo de búzios), em que o intermediário é o pai ou mãe de santo. Na umbanda, as entidades vêm à Terra para trabalhar: dar consultas, passes, oferecer conselhos. Não há função oracular: fala-se diretamente com a divindade incorporada”.


O melhor resumo desse pequeno texto é:
Alternativas
Q2515676 Português
Com base na charge vista na questão anterior, qual elemento não verbal reforça a crítica humorística expressa no diálogo entre as duas personagens? 
Alternativas
Q2515675 Português

Leia a charge abaixo e responda à questão:


Imagem associada para resolução da questão


Na charge, duas meninas estão conversando, uma delas segurando um livro. A primeira pergunta: "Mas esse negócio não tem TikTok?" e a outra responde:

"Não, mas vai turbinar o seu tico e teco!"


Assinale qual é a principal crítica humorística expressa na charge:

Alternativas
Q2514717 Português
Atenção: Considere a crônica “Tartaruga de arrastão”, de Rachel de Queiroz, para responder à questão..

        O caso deu-se aqui na ilha, numa pescaria de arrastão. Da primeira redada veio um tal peixe que causou espanto: ninguém podia crer que naquele côncavo de mar morasse tanto peixe assim. Havia de ser alguma piracema que ia passando; para lá de trés toneladas de pescado foram apanhadas de uma só vez. Na segunda redada nada veio, ou quase nada — fugira a piracema ou fora toda colhida pela rede. Entretanto, no meio daquele quase nada apareceu um bicho estranho: uma tartaruga do mar. Tartaruga diferente daquelas fluviais que a gente conhece, tartaruga das profundezas salinas, meio peixe, porque em vez de pernas tem nadadeiras.

      Primeiro ela se debateu e tentou de todas as maneiras furar a malha. Depois foi agarrada e atirada ignominiosamente na areia, de barriga para cima. Por fim puseram-na em posição normal; e ela, recuperando imediatamente a compostura, estirou o pescoço enrugado e correu em torno de si um olho temeroso. Não sei se os presentes compreenderam quanto havia de surpresa, terror e pasmo nos olhos da tartaruga. Muito pior que um bicho da terra pego numa rede: este pode estranhar a prisão, mas afinal continua dentro de um elemento conhecido, pisando chão, vendo árvores familiares, sentindo o cheiro da terra. A tartaruga não: para ela, nascida e vivida no mar, aquela era a mais estranha, a mais inacreditável e terrível das aventuras. Para aquela tartaruga era o mesmo que seria para um de nós vermo-nos transportados subitamente, sem dano físico, até o fundo do mar. Imagine que estranho, que portentoso e medonho não parece. As caras desconhecidas de ignorados animais - no caso, homens. E todos, todos, canibais ou pior que isso — pois bem sentia ela sobre o seu casco grosso, sobre a carapaça encaracada, o olhar doce e atento e cobiçoso dos comedores de carne.

       A sorte da coitada foi ninguém chegar a um acordo sobre a forma de abatê-la. E sorte maior o fato de ninguém, pessoalmente, querer se responsabilizar pela carnificina naquela quinta-feira santa. Mas levaram-na para o galinheiro - que ignominia, uma veterana dos sete mares a ser atirada entre as galinhas, na noite que deveria ser a última da sua vida; ela que decerto esperava sepultar-se entre areias claras, nalgum maciço colorido de anêmonas do mar. Mas felizmente para a tartaruga, incerto é o coração do homem, incertos, os seus impulsos. Tanto val para um lado como para o outro, tanto procura devorar hoje o seu irmão bicho, como amanhã o festeja e liberta. O fato é que um coração se apiedou da tragédia e houve mão que abriu a porta da capoeira e encaminhou a marcha rampante do bicho marinho em direção da prala, em direção do mar, sua pátria. Ela também não esperou arrependimento, não hesitou, não agradeceu. Cortou a areia deixando um rastro longo, penetrou na água como um barco a deslizar do estaleiro, mergulhou, emergiu, voltou a cabeça ainda assustada para aquele mundo sujo, escuro, inimigo, onde viviam os homens, onde esperava nunca mais voltar; e mergulhou de novo, abraçando toda a água que podia entre as nadadeiras abertas.

(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel de. 100 crônicas escolhidas: um alpendre, uma rede, um açude. Rio de Janeiro: José Olympio, 2021)
Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada em:
Alternativas
Q2514711 Português
Atenção: Considere a crônica “Tartaruga de arrastão”, de Rachel de Queiroz, para responder à questão..

        O caso deu-se aqui na ilha, numa pescaria de arrastão. Da primeira redada veio um tal peixe que causou espanto: ninguém podia crer que naquele côncavo de mar morasse tanto peixe assim. Havia de ser alguma piracema que ia passando; para lá de trés toneladas de pescado foram apanhadas de uma só vez. Na segunda redada nada veio, ou quase nada — fugira a piracema ou fora toda colhida pela rede. Entretanto, no meio daquele quase nada apareceu um bicho estranho: uma tartaruga do mar. Tartaruga diferente daquelas fluviais que a gente conhece, tartaruga das profundezas salinas, meio peixe, porque em vez de pernas tem nadadeiras.

      Primeiro ela se debateu e tentou de todas as maneiras furar a malha. Depois foi agarrada e atirada ignominiosamente na areia, de barriga para cima. Por fim puseram-na em posição normal; e ela, recuperando imediatamente a compostura, estirou o pescoço enrugado e correu em torno de si um olho temeroso. Não sei se os presentes compreenderam quanto havia de surpresa, terror e pasmo nos olhos da tartaruga. Muito pior que um bicho da terra pego numa rede: este pode estranhar a prisão, mas afinal continua dentro de um elemento conhecido, pisando chão, vendo árvores familiares, sentindo o cheiro da terra. A tartaruga não: para ela, nascida e vivida no mar, aquela era a mais estranha, a mais inacreditável e terrível das aventuras. Para aquela tartaruga era o mesmo que seria para um de nós vermo-nos transportados subitamente, sem dano físico, até o fundo do mar. Imagine que estranho, que portentoso e medonho não parece. As caras desconhecidas de ignorados animais - no caso, homens. E todos, todos, canibais ou pior que isso — pois bem sentia ela sobre o seu casco grosso, sobre a carapaça encaracada, o olhar doce e atento e cobiçoso dos comedores de carne.

       A sorte da coitada foi ninguém chegar a um acordo sobre a forma de abatê-la. E sorte maior o fato de ninguém, pessoalmente, querer se responsabilizar pela carnificina naquela quinta-feira santa. Mas levaram-na para o galinheiro - que ignominia, uma veterana dos sete mares a ser atirada entre as galinhas, na noite que deveria ser a última da sua vida; ela que decerto esperava sepultar-se entre areias claras, nalgum maciço colorido de anêmonas do mar. Mas felizmente para a tartaruga, incerto é o coração do homem, incertos, os seus impulsos. Tanto val para um lado como para o outro, tanto procura devorar hoje o seu irmão bicho, como amanhã o festeja e liberta. O fato é que um coração se apiedou da tragédia e houve mão que abriu a porta da capoeira e encaminhou a marcha rampante do bicho marinho em direção da prala, em direção do mar, sua pátria. Ela também não esperou arrependimento, não hesitou, não agradeceu. Cortou a areia deixando um rastro longo, penetrou na água como um barco a deslizar do estaleiro, mergulhou, emergiu, voltou a cabeça ainda assustada para aquele mundo sujo, escuro, inimigo, onde viviam os homens, onde esperava nunca mais voltar; e mergulhou de novo, abraçando toda a água que podia entre as nadadeiras abertas.

(Adaptado de: QUEIROZ, Rachel de. 100 crônicas escolhidas: um alpendre, uma rede, um açude. Rio de Janeiro: José Olympio, 2021)
Tanto vai para um lado como para o outro, tanto procura devorar hoje o seu irmão bicho, como amanhã o festeja e liberta. (3º parágrafo)

Considerado em seu conjunto (ou seja, como um todo), o trecho acima caracteriza o homem como:
Alternativas
Respostas
1201: E
1202: C
1203: C
1204: E
1205: C
1206: B
1207: C
1208: A
1209: A
1210: C
1211: E
1212: C
1213: C
1214: B
1215: D
1216: A
1217: D
1218: A
1219: D
1220: E