Questões de Português - Orações coordenadas sindéticas: Aditivas, Adversativas, Alternativas, Conclusivas... para Concurso

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Q2256643 Português

                                       

Acerca das relações entre as idéias e as estruturas lingüísticas do texto V, julgue os itens a seguir.


I As duas ocorrências do verbo significar, nas linhas 2 e 4, estão flexionadas no singular por concordarem com um sujeito oracional.

II O período iniciado por “Assim” (L.6) explicita e ilustra como devem ser entendidas as afirmações dos três períodos anteriores.

III Os períodos iniciados por “Veríamos” (L.13-20) mostram o que seria o resultado do exame nas “frases” (L.10) do cotidiano.

IV A retirada da pergunta “Por quê?” (L.20) prejudicaria a clareza da argumentação e a estruturação sintática das frases do texto.


A quantidade de itens certos é igual a

Alternativas
Q2254173 Português
Eu sei, mas não devia

    Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

    A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, àmedida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. 

    A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café́correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

    A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. 

    A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

    A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

    A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

    A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

    A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

    A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(COLASANTI, Marina. Eu sei, mas não devia. Crônica nº 157, Jornal do Brasil. Revista de Domingo. Em: 24/09/1972.) 

Em “Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.” (9º§), os termos em destaque indicam, respectivamente,

Alternativas
Q2254102 Português
Observe a seguinte frase de Confúcio:
“Num mundo culto temos uma conduta florida, e num mundo inculto temos discursos floridos”.
A observação adequada sobre o sentido dessa frase é:
Alternativas
Q2252534 Português
Os desafios impostos pelo crescimento populacional em ritmo mais lento 

A situação revelada pelo novo Censo pode se converter em oportunidade.  

    Durante o século XX, o Brasil se consolidou como um país de famílias numerosas e gente jovem em profusão, com maternidades sempre cheias e abundância de braços para abastecer o mercado de trabalho, que floresceu de mãos dadas com um acelerado processo de urbanização. Mas a passagem do tempo vem chacoalhando os pilares demográficos e trazendo ao país um cenário de profundas transformações, tal qual ocorre nas nações mais desenvolvidas. A constante diminuição dos nascimentos, aliada ao avanço dos idosos, confere à sociedade uma nova face e planta complexos desafios no horizonte. O primeiro deles, impensável meio século atrás, é como perseguir a prosperidade quando a população cresce cada vez mais vagarosamente e caminha para o encolhimento no médio prazo, segundo mostra o recém-divulgado Censo, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    O tão aguardado levantamento, que veio à luz com dois anos de atraso, indica que o país atingiu a marca de 203,1 milhões de habitantes, apenas 12 milhões a mais do que na última aferição, em 2010. O que mais chama a atenção é o lento ritmo de expansão do contingente — 0,52% ao ano em uma década, um recorde negativo. Desde 1872, data da pioneira pesquisa censitária no Brasil, ainda na era imperial, até os dias de hoje, nunca a velocidade de aumento populacional havia sido tão arrastada. Os números causaram espanto aos especialistas — projeções estimavam mais 10 milhões de pessoas além da atual contagem. “O país está envelhecendo mais rapidamente do que se sabia e, para embalar sua economia, precisará registrar ganhos de produtividade, destravando freios ao crescimento e investindo em educação”, diz o demógrafo José Eustáquio Alves. 

    Que uma transição demográfica está em curso acelerado não há dúvida. Mas os estudiosos lançam sobre as estatísticas saídas do forno do IBGE um ponto de interrogação quanto a sua precisão. Essa foi, de fato, uma rodada cercada de fatos atípicos, pelo menos 1 milhão se recusaram a receber os funcionários do instituto. Mesmo que esse conjunto de fatores tenha influenciado o resultado final (alguns demógrafos sérios calculam a população em 207 milhões, 2% a mais que o divulgado), há unanimidade sobre a direção para a qual o Brasil anda: é uma nação que, inevitavelmente, logo percorrerá a trilha da redução populacional. 

    Historicamente, a população só fazia engordar até chegar ao ápice, nos anos de 1950. A partir daí, foi gradativamente perdendo impulso. O movimento é, em parte, um retrato de mudanças relevantes na sociedade, como o adiamento dos casamentos e o maciço ingresso das mulheres no mercado de trabalho, o que se refletiu na queda do número de filhos. 

    Questões conjunturais também contribuíram para as transformações, entre elas o quadro de baixo crescimento econômico — outro desestímulo à maternidade e um empurrão à emigração. Na última década, pulou de 1,9 milhão para 4,2 milhões o número de brasileiros vivendo fora, mais uma marca inédita. “Também o zika vírus e a pandemia derrubaram a natalidade e fizeram a mortalidade subir”, observa José Eustáquio. 

    Com tudo isso, a bem-vinda janela do bônus demográfico, que se abre quando o número de pessoas em idade ativa supera o de crianças e idosos, deve se fechar por volta de 2035, uma década antes do esperado. Nenhum país conta para sempre com superavit de jovens, mas o problema no Brasil é que eles minguaram sem que a economia tenha se beneficiado como poderia. Nação mais envelhecida do planeta, o Japão, por exemplo, escalou a um patamar de renda alto antes de acumular cabeças brancas. “Aqui, estamos envelhecendo antes de ficarmos ricos, mas ainda temos pela frente uns dez anos de bônus demográfico, e eles precisam ser bem aproveitados”, afirma o economista Maílson da Nóbrega. 

    A equação para isso envolve a superação de velhos gargalos, como desemperrar a burocracia, desenrolar o sistema tributário, investir para valer em infraestrutura e dar graúdos estímulos à inovação. Em paralelo, é mandatório canalizar esforços para prover boa educação, trilha conhecida para alcançar os tais ganhos de produtividade, fazendo mais com menos gente — esse um mantra dos tempos atuais já vastamente abraçado pelos envelhecidos países da OCDE, o grupo dos mais desenvolvidos.

    O panorama agora traçado pelo Censo enfatiza o sentido de urgência de tais medidas. Pela primeira vez, oito entre os vinte municípios mais populosos retrocederam em habitantes. Ao todo, 864 cidades devem perder população — um tremendo vespeiro, uma vez que a distribuição de verbas federais é proporcional ao número de residentes. 

    Além do envelhecimento de suas pirâmides etárias, essas cidades vêm registrando pouco dinamismo na economia, com fuga de empresas para regiões mais efervescentes. “O que mantém a população em determinado lugar é a possibilidade de se inserir na cadeia produtiva. Do contrário, há migração”, afirma o demógrafo Roberto Carmo, da Unicamp. O levantamento do IBGE também sinaliza para transformações que repercutem no campo da sociologia: há 34% mais lares onde vive uma única pessoa, reflexo do adiamento nos casamentos e do aumento da longevidade “Preferi me dedicar à carreira a casar cedo”, relata a cabeleireira Paloma Malta, de São Paulo. 

    O quadro pintado pelo IBGE não destoa da parcela mais abastada do planeta. Entre os mais ricos, como os Estados Unidos e países da União Europeia, a fecundidade média é de 1,6 filho por mulher (versus 1,7 no Brasil) — menor, portanto, do que a taxa de reposição, de 2,1 filhos por casal, necessária para evitar o declínio populacional. O escasseamento de nascimentos em contraste ao volume de idosos já trazem consequências, entre elas o estrangulamento dos sistemas previdenciários e a falta de cérebros para exercer certas funções, o que nações como Canadá e também os Estados Unidos amenizam com a atração de estrangeiros. Outra estratégia é fornecer vantagens para que as pessoas sigam trabalhando. “Países que não estão se mexendo para conter a queda populacional já enfrentam estagnação, como é o caso do Japão”, lembra a economista Melissa Kearney, da Universidade de Maryland. 

    Em tempos não tão remotos assim, o que assombrava o universo da demografia era a superpopulação da Terra, que teve no reverendo e economista britânico Thomas Malthus (1776-1834) seu maior catastrofista. É dele a teoria de que seria impossível alimentar tantas bocas numa época em que a produção de comida não acompanhava a multiplicação de indivíduos. Mas aí entrou em cena a capacidade inovadora, proporcionando avanços tecnológicos notáveis e ganhos de produtividade, sobretudo dos celeiros alimentares — e assim a fome não grassou. Agora, debruçada sobre uma questão de sinal inverso, novamente a espécie precisa exercer sua extraordinária inteligência para saltar obstáculos, podendo até se beneficiar da situação. “Com menos pessoas, dá para investir mais na saúde e na educação de cada um, e o meio ambiente é naturalmente menos castigado”, diz José Eustáquio. É um bom caminho, que põe a engenhosidade humana à prova. 

(Ernesto Neves. Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/osdesafios-impostos-pelo-crescimento-populacional-em-ritmo-maislento/. Acesso em: 03/06/2023. Fragmento. Adaptado.)


A respeito do trecho “Mas a passagem do tempo vem chacoalhando os pilares demográficos e trazendo ao país um cenário de profundas transformações, tal qual ocorre nas nações mais desenvolvidas. A constante diminuição dos nascimentos, aliada ao avanço dos idosos, confere à sociedade uma nova face e planta complexos desafios no horizonte.” (1º§), é correto afirmar que 
Alternativas
Q2252138 Português

                                         

A respeito das estruturas lingüísticas do texto IV, julgue os itens a seguir.
I A primeira oração do texto representa a “conclusão” mencionada no segundo período.

II As palavras “estudo” (l.2), “trabalho” (R.3) e “pesquisa” (l.12) estão sendo usadas para se referir à mesma coisa.

III A frase “a necessidade de se entender a dimensão social da participação na América Latina” (l.3-5) expressa o motivo da realização “do estudo Índice de Participação cidadã” (l.2-3).

IV O emprego de letras maiúsculas no texto indica, além do início de períodos sintáticos, a singularização de pessoas, lugares e títulos de trabalhos.
A quantidade de itens certos é igual a 
Alternativas
Respostas
346: D
347: D
348: C
349: A
350: E