Questões de Português - Orações subordinadas substantivas: Subjetivas, Objetivas diretas, Objetivas indiretas... para Concurso

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Q1354661 Português

Texto para responder à questão.


Uma vela para Dario


        Dario vinha apressado, o guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminui o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva e descansou na pedra o cachimbo.

        Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se ele não está se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque.

         Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na calçada, e o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario roncou pela garganta e um fio de espuma saiu no canto da boca.

        Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado dele. Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do táxi estacionado na esquina. Já tinham introduzido no carro a metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele morresse na viagem? A turba concordou em chamar a ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado à parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

         Alguém afirmou que na outra rua havia uma farmácia. Carregaram Dario até a esquina; a farmácia era no fim do quarteirão e, além do mais, ele estava muito pesado. Foi largado ali na porta de uma peixaria. Imediatamente um enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse o menor gesto para espantá-las.

         As mesas de um café próximo foram ocupadas pelas pessoas que tinham vindo apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario ficara torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.

        Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os documentos. Vários objetos foram retirados de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do seu nome, idade, cor dos olhos, sinais de nascença, mas o endereço na carteira era de outra cidade. 

        Registrou-se tumulto na multidão de mais de duzentos curiosos que, a essa hora ocupava toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu contra o povo e várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

        O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo – os bolsos vazios. Restava apenas a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio – quando vivo – não podia retirar do dedo senão umedecendo-o com o sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.

         A última boca repetiu – “Ele morreu, ele morreu”, e então a gente começou a se dispersar. Dario havia levado quase duas horas para morrer e ninguém acreditara que estivesse no fim. Agora, os que podiam olhá-lo, viam que tinha todo o ar de um defunto.

         Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não lhe pôde fechar os olhos ou a boca, onde as bolhas de espuma haviam desaparecido. Era apenas um homem morto e a multidão se espalhou rapidamente, as mesas do café voltaram a ficar vazias. Demoravam-se nas janelas alguns moradores, que haviam trazido almofadas para descansar os cotovelos.

         Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

         Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario esperando o rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade, apagando-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.

TREVISAN, Dalton. Cemitério de elefantes . Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1964, p.33-35.

A oração destacada em “Um rapaz de bigode pediu ao grupo QUE SE AFASTASSE” é subordinada:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: IF-BA Órgão: IF-BA Prova: IF-BA - 2014 - IF-BA - Aluno |
Q1354647 Português

Sobre a tirinha, marque a alternativa correta:

Alternativas
Q1349529 Português
Esqueça sua data de nascimento: é a idade
biológica que diz quantos anos você realmente
tem

    Não é difícil conhecer alguém com a mesma idade que a sua, mas comportamentos totalmente diferentes. Seja em relação ao jeito de ser, de pensar ou de cuidar do corpo, às vezes parece muito claro que, apesar de terem nascido no mesmo ano, muitas pessoas parecem ter idades completamente distintas.
    A novidade é que, agora, talvez essa impressão passe a ser um fato. Pesquisadores americanos, ingleses e suecos do King’s College, em Londres, afirmam que a idade biológica é um dado mais útil do que a data de nascimento de uma pessoa.
         Eles chamam de idade biológica um conjunto de fatores usados para determinar quantos anos alguém realmente tem. Cientificamente, pode-se descobrir o ritmo de envelhecimento de um indivíduo, o risco do desenvolvimento de doenças (principalmente as neurológicas) e até estabelecer a “juventude” de um órgão a ser doado. Para saber tudo isso, só é necessária uma amostra de sangue. 
      “Há uma marca de envelhecimento saudável que é comum a todos os nossos tecidos e parece ser uma previsão para uma variedade de coisas, incluindo a longevidade e comprometimento cognitivo. Parece que, depois de 40 anos, você pode usar isso como um guia para estabelecer quão bem uma pessoa está envelhecendo”, disse à BBC o professor Jamie Timmons.
     Foi feita uma pesquisa com um grupo de homens que foram acompanhados durante duas décadas, até os 70 anos. Os responsáveis pelo estudo conseguiram distinguir os que estavam envelhecendo normalmente e os que tinham uma probabilidade até 45% maior de morrerem.
     Uma das constatações que mais chama atenção nesta pesquisa é a afirmação dos pesquisadores de que saúde e idade não estão diretamente ligadas. O sedentarismo, por exemplo, pode fazer muito mal à saúde, mas não necessariamente tem a ver com o envelhecimento do organismo. O mais importante para avaliar a saúde de alguém é observar a combinação entre seu estilo de vida e sua idade biológica. 
     Ainda não foram descobertas formas de retardar o envelhecimento, mas o objetivo da pesquisa é mais focado em alertar e prevenir contra doenças que podem ser tratadas de forma muito mais rápida e eficiente em pacientes que já demonstrem ter pré-disposição para o desenvolvimento delas, como Alzheimer e câncer.

Disponível em:<https://br.vidaestilo.yahoo.com/post/129226924080/
esque%C3%A7a-sua-data-de-nascimento-%C3%A9-a-idade>. Aces-
so em: 26 mar. 2016.  
Assinale a alternativa correta em relação às expressões ou aos termos destacados.
Alternativas
Q1348408 Português
Texto “O chamado da morte”

Aconteceu na minha casa. Ah, como conhecemos pouco o povo, sua fé, maneiras de ver e viver a vida. Tarde dessas, minha filha foi tomar banho, antes de ir para a aula de canto. Na hora de sair do banheiro, ao girar a maçaneta, ouviu um ruído de metal se rompendo. Um clique forte, e a porta não abriu. Ela tentou, a maçaneta não se moveu. A aula seria dentro de quinze minutos. Novo esforço, nada. A mola devia ter se rompido. Então, começou a chamar por Alzeni, a baiana sorridente que trabalha conosco. Maria Rita gritou, gritou e a empregada não vinha. Onde estaria? 
Certa angústia começou a tomar conta de minha filha. Se Alzeni tivesse ido embora, ela sabia que tanto eu quanto a mãe dela só chegaríamos em casa por volta de oito horas da noite. Isso se eu não ficasse preso em uma reunião. Olhando pela janela, ela pesquisava o céu. Se chovesse, o trajeto da mãe, entre o Alto da Lapa e nossa casa, ficaria complicado. O melhor mesmo seria a empregada estar por ali. Quem sabe no quarto se trocando para ir embora. Ficou a esperança. 
Por via das dúvidas, continuou a chamar e a olhar para o relógio. Passaram-se dez, quinze minutos e a empregada ausente. Puxa! Se ao menos o celular estivesse no banheiro! Contudo, só peruas levam celulares para o banheiro, não faz o mínimo sentido. Maria Rita, que jamais sofreu de claustrofobia, começou a se preocupar. Teria de dar um jeito de se acomodar e esperar, mantendo a calma. Ocorreu então chamar a empregada através da janela do banheiro, que dá para os lados da área de serviço, uma vez que o apartamento faz um U. Chamou e percebeu que a empregada ouviu e veio. Mas não conseguiu abrir a porta. O zelador subiu, desmontou a fechadura e Maria Rita saiu, abalada, querendo chorar. Perguntou a Alzeni: 
-Onde você estava?
-Na cozinha.
-Não me ouviu?
-Ouvi, filha, claro que ouvi! Não sabia que era você.
-Quem podia ser?
-A morte!
-A morte?
-É que quando a gente ouve alguém chamando, e não conhece a voz, é a morte. Ela chama, sem que a gente saiba de onde vem a voz. Um truque dela. Se ela chama, a gente não pode responder. Deve dizer: “Sai, morte, que estou forte! Não adianta me chamar. Não vou com você!” Aí, a morte desiste. Mas se você cair na armadilha e responder: “Sou eu! O que você quer? Estou aqui!” Ela te leva! Foi aí que fiquei na minha, rezando e gritando: “Vai morte, que estou forte”. Chamava meu nome, fiz que não era comigo. Quanto mais me queria, mais eu me calava. Depois, ela ficou quieta, suspirei, agradeci a Deus. Nessa hora ouvi você me chamando pela janela, fiquei aliviada, não tinha sido ela. Na surpresa, ante o inesperado e sincero relato, crendice sólida que Alzeni trouxe da Bahia, o pânico de Maria Rita se dissolveu. Relaxou e foi para a aula. Na esquina, perto da farmácia, ouviu: “Maria Rita! Maria Rita!” Parou. Não quis olhar. Estremeceu e virou. Não, não era a morte! Apenas Marília e Alice, amigas que iam para a aula também.

(Ignácio de Loyola Brandão)
Analise as orações destacadas e classificadas nos seguintes períodos:
I – “Então, começou a chamar por Alzeni, a baiana sorridente que trabalha conosco”. (Subordinada Substantiva Predicativa)
II –Se chovesse, o trajeto da mãe, entre o Alto da Lapa e nossa casa, ficaria complicado”. (Subordinada Adverbial Condicional)
III – “Maria Rita, que jamais sofreu de claustrofobia, começou a se preocupar”. (Subordinada Adjetiva Explicativa)
IV – Na surpresa, ante o inesperado e sincero relato, crendice sólida que Alzeni trouxe da Bahia, o pânico de Maria Rita se dissolveu. (Subordinada Adjetiva Restritiva)

De acordo com as regras gramaticais, podemos dizer:
Alternativas
Q1345524 Português
A oração sublinhada, no período abaixo, classifica-se como:
“A língua não é um barco no estaleiro, mas um barco lançado ao mar”.
Alternativas
Q1344988 Português
Médico debocha de paciente na internet: 'Não
existe peleumonia'

     Um médico plantonista no Hospital Santa Rosa de Lima, em Serra Negra (SP), foi afastado do trabalho após ter uma foto sua publicada numa rede social com o título “Uma imagem fala mais que mil palavras”. Na foto, Guilherme Capel Pasqua mostra o receituário médico com o seguinte dizer: “Não existe peleumonia e nem raôxis”. 
     Vinte minutos antes da postagem, na quartafeira (27), o médico havia atendido o mecânico José Mauro de Oliveira Lima, 42 anos, que estudou até o segundo ano do ensino fundamental e não sabe como falar corretamente algumas palavras.  
    Seu enteado, o eletricista Claudemir Thomaz Maciel da Silva, de 25 anos, o acompanhava na consulta e revela que, assim que souberam o diagnóstico, o mecânico perguntou sobre o tratamento para a "peleumonia". A reação do médico não foi muito profissional, afirma Claudemir. 
     "Quando meu padrasto falou pneumonia e raios X de forma errada, ele deu risada. Na hora, não desconfiamos que ele iria debochar depois na internet. O que ele fez foi absurdo. O procurei e escrevi para ele na rede social que, independente dele ser doutor, não existe faculdade para formar caráter. Assim que ele viu minha postagem, apagou a foto. Ele não quis conversar com a gente", diz Claudemir. 
     O eletricista conta que o padrasto ainda não sabe que virou assunto na internet e teme pela reação dele. Claudemir diz que o mecânico não pôde estudar por falta de dinheiro. 

http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2016/07/medico-debocha-de
paciente-na-internet-nao-existe-peleumonia.html
Acesso 29-07-16  
Sobre os aspectos gramaticais presentes no texto é correto afrimar que:
Alternativas
Q1344005 Português
Leia o texto a seguir e responda à questão.

Juíza diz que trabalhadores resgatados da escravidão são “viciados”


(Adaptado de: LOCATELLI, P. Carta Capital. 19 set. 2016. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sociedade/juiza-diz-quetrabalhadores-resgatados-da-escravidao-sao-201cviciados201d>. Acesso em: 16 nov. 2016.)
Sobre o período “Lilian Rezende, a auditora fiscal que coordenou a ação, diz que não inventou fatos e que sequer foi ouvida pela juíza, que teria extrapolado as suas funções.”, considere as afirmativas a seguir.
I. A oração “que sequer foi ouvida pela juíza” é subordinada adjetiva explicativa e coordenada sindética aditiva em relação à primeira oração do período. II. A oração “que não inventou fatos” é subordinada substantiva objetiva direta em relação à primeira oração do período e coordenada com a oração imediatamente subsequente. III. A oração “que coordenou a ação” é subordinada adjetiva restritiva vinculada ao aposto do sujeito da primeira oração do período. IV. A oração “que teria extrapolado as suas funções” é subordinada adjetiva explicativa, vinculada ao agente da passiva da oração imediatamente anterior.
Assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1335691 Português

Adaptado de: <http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2017/10/et-caicara-suposto-ovni-deixa-marcas-no-litoral-de-saopaulo.html>. Acesso em 23 out. 2017.


No trecho “Pelos indícios é muito provável que se trate de algo legítimo” (linha 11), a oração grifada é classificada corretamente como:
Alternativas
Q1335606 Português

Texto para responder à questão.


O Búfalo


    Mas era primavera. Até o leão lambeu a testa glabra da leoa. Os dois animais louros. A mulher desviou os olhos da jaula, onde só o cheiro quente lembrava a carnificina que ela viera buscar no Jardim Zoológico. Depois o leão passeou enjubado e tranquilo, e a leoa lentamente reconstituiu sobre as patas estendidas a cabeça de uma esfinge. “Mas isso é amor, é amor de novo”, revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio mas era primavera e dois leões se tinham amado. Com os punhos nos bolsos do casaco, olhou em torno de si, rodeada pelas jaulas, enjaulada pelas jaulas fechadas. Continuou a andar. Os olhos estavam tão concentrados na procura que sua vista às vezes se escurecia num sono, e então ela se refazia como na frescura de uma cova.
    Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas. Com a tola inocência do que é grande e leve e sem culpa. A mulher do casaco marrom desviou os olhos, doente, doente. Sem conseguir — diante da aérea girafa pousada, diante daquele silencioso pássaro sem asas — sem conseguir encontrar dentro de si o ponto pior de sua doença, o ponto mais doente, o ponto de ódio, ela que fora ao Jardim Zoológico para adoecer. Mas não diante da girafa que mais era paisagem que um ente. Não diante daquela carne que se distraíra em altura e distância, a girafa quase verde. Procurou outros animais, tentava aprender com eles a odiar. [...]
    “Eu te odeio”, disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. “Eu te odeio”, disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia. Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma? Andou pelo Jardim Zoológico entre mães e crianças. Mas o elefante suportava o próprio peso. Aquele elefante inteiro a quem fora dado com uma simples pata esmagar. Mas que não esmagava. Aquela potência que no entanto se deixaria docilmente conduzir a um circo, elefante de crianças. E os olhos, numa bondade de velho, presos dentro da grande carne herdada. O elefante oriental. Também a primavera oriental, e tudo nascendo, tudo escorrendo pelo riacho.
    [...]
    O búfalo voltou-se, imobilizou-se, e a distância encarou-a.
    Eu te amo, disse ela então com ódio para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la. Eu te odeio, disse implorando amor ao búfalo.
    Enfim provocado, o grande búfalo aproximou-se sem pressa.
    Ele se aproximava, a poeira erguia-se. A mulher esperou de braços pendidos ao longo do casaco. Devagar ele se aproximava. Ela não recuou um só passo. Até que ele chegou às grades e ali parou. Lá estavam o búfalo e a mulher, frente à frente. Ela não olhou a cara, nem a boca, nem os cornos. Olhou seus olhos.
    E os olhos do búfalo, os olhos olharam seus olhos. E uma palidez tão funda foi trocada que a mulher se entorpeceu dormente. De pé, em sono profundo. Olhos pequenos e vermelhos a olhavam. Os olhos do búfalo. A mulher tonteou surpreendida, lentamente meneava a cabeça. O búfalo calmo. Lentamente a mulher meneava a cabeça, espantada com o ódio com que o búfalo, tranquilo de ódio, a olhava. Quase inocentada, meneando uma cabeça incrédula, a boca entreaberta. Inocente, curiosa, entrando cada vez mais fundo dentro daqueles olhos que sem pressa a fitavam, ingênua, num suspiro de sono, sem querer nem poder fugir, presa ao mútuo assassinato. Presa como se sua mão se tivesse grudado para sempre ao punhal que ela mesma cravara. Presa, enquanto escorregava enfeitiçada ao longo das grades. Em tão lenta vertigem que antes do corpo baquear macio a mulher viu o céu inteiro e um búfalo.
LISPECTOR, Clarice. O búfalo . In: Laços de família. Rio: José Olympio, 1982. p.149.
Pode-se afirmar que a oração destacada em “Os olhos estavam tão concentrados na procura QUE SUA VISTA ÀS VEZES SE ESCURECIA NUM SONO” é subordinada:
Alternativas
Q1335559 Português

Texto para responder à questão.


Barbara


        Tinha um medo terrível do mundo lá fora. Meu quarto era o único lugar seguro do mundo - e ainda assim não punha minha mão no fogo quanto ao interior dos armários. Dormir na casa de um amigo, para mim, equivalia a conhecer a Coréia do Norte. Acordava no meio da noite aos prantos e ligava pros meus pais virem me buscar. Durante anos tive pesadelos por causa da capa de um VHS de terror - sim, só vi a capa. Me afastei de um amigo por causa de um adesivo que ele tinha no caderno -um a caveira sangrando. Não podia ver esse amigo que o adesivo me vinha à mente e eu começava a tremer e chorar. Sim, eu tinha problemas sérios. E não vou dizer quantos anos eu tinha. Só vou dizer que era uma idade em que tudo isso já era bastante constrangedor.

        Minha irmã Barbara tinha três anos de idade quando chegou em casa da escola e começou a fazer as malas. "Aonde você pensa que vai?" - minha mãe perguntou. "Vou passar o fim de semana com o Yannick na praça seca". Minha mãe, que nunca tinha ouvido falar no Yannick ou na praça seca, achou que a filha estivesse delirando até que, poucas horas depois, o próprio Yannick, um rapaz mais velho, de quatro anos de idade, toca a campainha, acompanhado dos pais: "Vim buscar a Barbara, a gente combinou de ir à Praça Seca". Lembro de observar a picape indo embora com minha irmã na caçamba como quem se despede para sempre. "O mundo lá fora vai te trucidar!" eu dizia com os olhos, "Ainda dá tempo de desistir!", mas ela nem sequer olhava pra trás. Apostei com a minha mãe: "Não dou meia hora pra ela ligar chorando". Barbara não ligou em meia hora, nem em 24, nem em 48. Só reapareceu no domingo, com a mochila cheia de goiabas que ela mesma tinha catado. Alguns arranhões, nada mais. Se hoje não tenho muito medo de sair de casa - só tenho um pouco - é porque vi a Barbara sobrevivendo.

         Aos 17 anos, Barbara foi morar sozinha em outro continente. Achei que ela fosse ligar chorando na primeira noite. Não ligou. Aos 28, já se formou, escreveu peça, foi à China, fala cinco línguas e acorda às sete pra correr na praia com o namorado.

        Nesse sábado, os dois vão se casar. Isso, casar. Tentei explicar que casar hoje em dia é tão obsoleto quanto abrir uma vídeo locadora. "Barbara, você sabe o que te espera? Você sabia que todo casamento acaba em divórcio ou em morte? Ainda dá tempo de desistir." Na caçamba da picape, ela não olha pra trás. Minha irmã mais nova me ensina diariamente a não ter medo do mundo.

DUVIVIER, Gregório. Barbara. Folha de S. Paulo, Folhapress, 27 jun. 2016.Disponível em http://www1.folha.uol.com.br./colunas/ gregorioduvivier/2016/06/1785988-barbara.shtml 

Em "'O MUNDO LÁ FORA VAI TE TRUCIDAR!" eu dizia com os olhos, "AINDA DÁ TEMPO DE DESISTIR!", mas ela nem sequer olhava pra trás' as orações destacadas, em relação ao verbo DIZIA, exercem a função sintática de:
Alternativas
Q1334062 Português

Texto para responder à questão.



Dinamarca, um país contra o desperdício de comida


    Embora o desperdício alim entar seja socialmente mal visto, o que geralmente é uma das primeiras lições aprendidas em casa, os maus hábitos superam as boas intenções. Na Dinamarca, o esforço dos últimos cinco anos deu frutos: o país reduziu as perdas de alimentos em 25% graças ao impulso popular do movimento encabeçado pela plataforma Stop Spild Af Mad (“basta de desperdiçar comida”, no idioma local). Esse grupo é o motor, mas já embarcaram na ideia gigantes como Nestlé e Unilever, chefs famosos e redes de supermercados como a Rema 1000. De tanto ser martelada, em meia década essa mensagem impregnou a sociedade.

    Numa loja da Rema 1000 em Copenhague, há um saco de cenouras e outro de cherovias (uma raiz semelhante à cenoura) ao lado da balança onde frutas e hortaliças são pesadas. Esses dois produtos, muito populares, são vendidos por unidade, e não em maços ou sacos. É simples e ajuda o consumidor a comprar só o que necessita. Um pouco mais adiante, junto às geladeiras de laticínios, são guardados os ovos. Ficam refrigerados a 12oC para prolongar seu uso sem problemas de toxicidade. Os sacos de pão de forma apresentam meias porções, e as de bolinhos vêm com apenas cinco. Nos freezers das carnes, bifes e peitos de frango com prazo de validade muito exíguo têm um adesivo chamativo e preço reduzido. Em nenhum lugar há ofertas do tipo “leve três e pague dois”.

    “Se você for analisar, faz sentido. Para que comprar mais do que o necessário? E, no entanto, todos nós fazemos isso”, diz Anne-Marie Jensen Kerstens, consultora alimentar da Federação de Comerciantes Varejistas (DSK, na sigla em dinamarquês). Em 2008, essa foi a primeira rede de supermercados da Dinamarca a eliminar os descontos por volume, como o 3x2, preferindo oferecer produtos unitários a preços baixos. “Não só não atrapalhou as vendas como o cliente tende a levara quantidade exata”, comenta Jense Kerstens.

    O caminho dinamarquês contra o desperdício de alimentos - todos os caminhos, na verdade - levam a Selina Juul, uma designer gráfica transformada em ativista que abalou as consciências. Nascida em Moscou em 1980, chegou à Dinamarca com 13 anos e logo percebeu um fato para ela inconcebível. “As pessoas jogavam fora os restos de comida, quando em Moscou não sabíamos o que íamos comer no dia seguinte”, lembra a criadora de Stop Spild Af Mad em um restaurante do centro perto do Ministério de Alimentação, Agricultura e Pesca. É uma de suas piscadelas típicas. Isso e sua determinação a transformaram na Dinamarquesa do Ano em 2014. De cidadã irritada com o desperdício de alimentos (um total de 700.000 toneladas por ano, das quais 260.000 correspondem ao consumidor), Juul transformou Stop Spild Af Mad na maior ONG de seu tipo no país.


Isabel Rerrer. El País,15/10/2016

A oração destacada em: “Não só não atrapalhou as vendas COMO O CLIENTE TENDE a levar a quantidade exata”, classifica-se como:
Alternativas
Q1332317 Português

(Ivan Martins – Revista Época – 20/11/2013 – disponível em http://www.revistadaepoca.com.br - adaptação)

Considerando o período composto por subordinação, assinale a alternativa que apresenta a classificação INCORRETA da oração subordinada.
Alternativas
Q1330605 Português

Relacione adequadamente os tipos de orações subordinadas substantivas às respectivas orações.


1. Apositiva.

2. Subjetiva.

3. Objetiva indireta.

4. Completiva nominal.


( ) O paciente desrespeitou a recomendação de que não tomasse aquele remédio à noite.

( ) Avisei-o de que deveria fazer repouso após a cirurgia.

( ) Não se sabe como ele conseguiu sobreviver.

( ) O irmão, preocupado, disse-lhe isto: não exagere com a bebida.


A sequência está correta em

Alternativas
Q1330217 Português
Identifique abaixo, a frase que se constitui em Oração Subordinada Subjetiva.
Alternativas
Q1325362 Português
INSTRUÇÃO: Leia o Texto 01, com atenção, e responda à questão.

texto1.png (732×437)
texto2.png (729×664)
QUINTANILHA, Leandro. Vida a dois. Disponível em: <http://vidasimples.uol.com.br/noticias/capa/vida-a-dois.phtml#.WZbfuj6GMdU>. Acesso em: 18 ago. 2017. Adaptado.
Considerando o trecho destacado em “Relacionar-se é como estacionar um carro sedã numa vaga bastante apertada.” (Linha 1), analise a função sintática por ele desempenhada nesse contexto e assinale a alternativa CORRETA.
Alternativas
Q1324682 Português
Leia o texto a seguir e responda à questão.

As crianças querem e têm o direito de ler notícias

Se entendermos que elas têm o direito a ser informadas, com a linguagem adequada, conseguiremos formar uma geração de cidadãos críticos
STEPHANIE HABRICH*
12 OUT 2017

     Quando digo que publicamos o único jornal para jovens e crianças do Brasil, o quinzenal Joca, normalmente me olham com ar de questionamento. O jornalismo está acabando, o impresso está com os dias contados, as crianças de hoje nasceram num mundo digital...
     Tudo isso pode ser verdade, mas não vale apenas o clichê de que os mais novos só se interessam por games e YouTube. Meu trabalho me mostrou que as crianças se interessam por notícia, querem participar das discussões do mundo que as rodeiam e, acreditem, elas adoram o bom e velho papel. Faço essa afirmação com a experiência de quem publica periódicos infantojuvenis há uma década e acompanha de perto o trabalho das mais de 150 escolas brasileiras que hoje adotam o Joca como material de leitura obrigatória.
     Posso dizer também que me oriento por pesquisas que apontam os resultados incríveis de crescer lendo um jornal adequado a sua idade. Um estudo realizado pela École des Hautes Études Commerciales (prestigiada faculdade da França) e pela Planète D’Entrepreneurs (empresa que analisa o impacto de determinados produtos sobre a sociedade) nos mostrou que o trabalho com o Joca, na sala de aula ou em casa, aumenta o repertório na fala dos jovens e das crianças, o sentimento de pertencimento à sociedade como cidadão e o próprio desempenho escolar. As crianças leitoras do jornal compartilham o que leram com pais, amigos e familiares, debatem temas de ciência e tecnologia e mencionam bem menos reportagens sobre crime, violência e celebridades do que os que não leem.
     Estamos diante de uma geração que é bombardeada por informações o tempo todo, mas precisamos lembrar que crianças e adolescentes ainda não têm critério para avaliar tudo o que chega a eles. Em tempos de fake news, em que boatos se espalham rapidamente como verdade, a leitura diária e constante de jornal é uma forma de educar os jovens a buscar fontes confiáveis de informação e desenvolver um pensamento crítico e autônomo, para que não sejam manipulados pela desinformação.
     (...)
    O direito de ter acesso às mídias e de participar do debate público está assegurado na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, aprovada pela Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em 1989 e assinada pelo Brasil em 1990. Dois jornalistas definem bem a importância de crescer aprendendo a ler jornal. Danny Rubin, premiado autor e expert em comunicação para jovens da geração atual, e Assunta Ng, editora do jornal semanal Northwest Asian, listaram algumas razões, entre elas a ampliação da visão de mundo, o impulso à criatividade, à formação de liderança e à descoberta de soluções para questões variadas. Se não alienarmos as crianças, se entendermos que elas têm o direito a ser informadas - com a linguagem adequada, respeitando a inteligência que têm -, conseguiremos formar uma geração de cidadãos críticos, que lutam por seus direitos, que cumprem seus deveres e que terão as ferramentas necessárias para construir um futuro melhor para o nosso país.
* Stephanie Habrich é fundadora da editora Magia de Ler e do jornal Joca, de circulação quinzenal, adotato em escolas e disponível para assinaturas individuais.

(HABRICH, Stephanie. As crianças querem e têm o direito de ler notícias. El País, Brasil, 12/10/2017, Opinião. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/11/ opinion/1507753928_196359.html)
“Posso dizer também que me oriento por pesquisas”. No período destacado, a oração substantiva introduzida pelo “que” é classificada corretamente como:
Alternativas
Q1323447 Português

Crianças que possuem demais Elas já tendem a acumular muita tralha, não comece essa loucura antes mesmo de elas nascerem, pelo bem delas e do planeta

Isabel Clemente

    [...] O excesso que pauta a ideia do que precisamos ter para viver está tirando a noção de muita gente. Desde que os sacos de pipoca quadruplicaram de tamanho passamos a acumular em casa e no corpo os excessos da vida insustentável. Consumimos e comemos demais. A obesidade como epidemia, inclusive entre crianças, é a prova material disso. Está faltando freio. Ostentar virou um modo de vida numa sociedade cheia de peças faltando. E abro um parêntese importante aqui para dizer que mania de acumulação não é privilégio dos ricos, muito menos dos famosos. Pode ser que as celebridades, depois das declarações públicas, promovam uma doação em peso de tudo que ganharam e, para não magoar ninguém, façam segredo disso. Vai saber.

    O apego é um hábito ruim e democrático: assola pessoas das mais variadas classes. E não afetam só o fulano que pode se tornar um consumidor compulsivo eternamente insatisfeito, como até pesquisas mostram. Há males nesse comportamento que prejudicam todos ao redor.

    Pesquisadores da Northwestern University (EUA) encontraram uma forte correlação entre indivíduos materialistas e um comportamento antissocial, egoísta e competitivo. Segundo esse estudo, que foi publicado em 2012, a tendência da pessoa materialista é apresentar um nível maior de ansiedade e insatisfação com a própria vida. São pessoas que costumam dar ênfase demais a si mesmas e não se envolvem de forma profunda e colaborativa com os demais, de acordo com os experimentos conduzidos por psicólogos e médicos.

    O egoísta é aquele que depois vai, no mínimo, estacionar o carro na vaga de cadeirante ou de idoso sem pertencer a nenhuma das duas categorias porque “precisava urgentemente”. A urgência dele é sempre maior do que a do outro.

    A identidade de uma pessoa não depende apenas de sua índole. Sofre influência do ambiente e da interação até circunstancial com os outros. Por um complexo sistema de trocas subjetivas é que o aprendizado acontece enquanto incorpora valores nos quais acredita. Se ela cresce acostumada à ideia de que precisa de muito, jamais saberá o que é lidar com pouco, não entenderá a diferença entre o que é e o que tem, desenvolvendo grandes chances de buscar aceitação social por aquilo que possui.

    Dosar as posses dos nossos filhos é algo que está em nossas mãos durante um certo (e curto) período da vida deles. É uma atitude que, por um lado, ensina um pouco sobre desprendimento e, por outro, auxilia na organização da própria vida. Cabe aos responsáveis estabelecer regras e apresentar propostas sadias para que o quarto do filho - e consequentemente a vida dele - não se torne um depósito infinito de tudo que ele irá ganhar durante a vida.

    Crianças requerem atenção redobrada porque são seres em formação. Estão mais propensas a terem o foco desviado. Presas fáceis dos comerciais na televisão, conhecem todos os brinquedos que não têm. Querem quase tudo porque está para nascer o ser humano imune a tanto apelo. Ensinálas nesse ambiente adverso dá mais trabalho. Passa pelo exemplo e pelo convencimento, ou você ouvirá da sua filha de quatro anos que seu armário também está cheio de roupas, quando a ela for negado um novo brinquedinho no mesmo dia em que você tiver comprado uma blusa.

    Lá em casa, chegada a hora de se desfazer de brinquedos e roupas, sempre rolam discussões e argumentações que aos poucos constroem nas crianças um pouco dos princípios nos quais eu e meu marido acreditamos. É preciso abrir mão enquanto o brinquedo e a roupa forem úteis e bons a quem os herdar. Não podemos ter vergonha daquilo que estamos doando. E se sentir saudade depois daquilo que perdeu, ótimo, faz parte do crescimento também saber lidar com perdas.

    Crianças que possuem demais sofrem do mesmo mal do adulto obrigado a fazer escolhas em demasia todos os dias, não valorizam o que têm, perdem tempo e sentem-se perdidas.

    Essa é a lógica que procuro empregar na minha vida, mas quem ouviu aquele disparate da filha de quatro anos fui eu.

Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/isabel-clemente/ noticia/2014/02/criancas-que-bpossuem-demaisb.html 

Em “Estão mais propensas a terem o foco desviado.”, a oração destacada exerce função de
Alternativas
Q1323245 Português

E o que nos cabe como educadores? Cabe ajudar o aluno a entender o que é ético para que ele possa se pautar por uma conduta adequada aos dias de hoje, não obstante baseado em princípios que sempre existiram. A única novidade é o meio.

(Fonte: Adaptação da entrevista de Fernandes E. com Almeida, M.E. Disponível em https://gestaoescolar.org.br/conteudo/627/mariaelizabeth-de-almeida-fala-sobre-tecnologia-na-sala-de-aula. Acesso em 29 de junho de 2019)

Em “Cabe ajudar o aluno a entender o que é ético para que ele possa se pautar por uma conduta adequada aos dias de hoje, não obstante baseado em princípios que sempre existiram”, a oração: “não obstante baseado em princípios que sempre existiram” é:

Alternativas
Q1323242 Português

Para que enfrentemos as questões éticas e desenvolvamos uma postura crítica em relação a essas mídias, devemos agir da mesma forma que nos preocupamos com essas questões em todos os campos.


(Fonte: Adaptação da entrevista de Fernandes E. com Almeida, M.E. Disponível em https://gestaoescolar.org.br/conteudo/627/mariaelizabeth-de-almeida-fala-sobre-tecnologia-na-sala-de-aula. Acesso em 29 de junho de 2019)


A oração: “Para que enfrentemos as questões éticas e desenvolvamos uma postura crítica em relação a essas mídias” é uma: 

Alternativas
Q1320043 Português
Em: “... fomos procurados por representantes das prefeituras de Recife e São Paulo, interessados em colocar em prática nosso programa.” (linhas 21-22), a oração em destaque tem função de:
Alternativas
Respostas
601: D
602: A
603: B
604: C
605: E
606: D
607: E
608: B
609: E
610: D
611: E
612: D
613: D
614: B
615: D
616: E
617: A
618: D
619: D
620: E