Questões de Concurso Sobre ortografia em português

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Q2234681 Português
Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente acentuadas:
Alternativas
Q2234680 Português
Assinale a alternativa que apresenta uma palavra escrita de acordo com a ortografia oficial vigente.
Alternativas
Q2234033 Português
Assinale a alternativa em o emprego do hífen está CORRETO nas palavras destacadas. 
Alternativas
Q2234032 Português
A flexão no plural de algumas palavras gera dúvidas na grafia, por isso assinale a alternativa em que a palavra está escrita CORRETAMENTE. 
Alternativas
Q2233515 Português
Em relação à ortografia, assinalar a alternativa que apresenta todas as palavras redigidas CORRETAMENTE: 
Alternativas
Q2233510 Português
Na Língua Portuguesa, as palavras proparoxítonas apresentam a sílaba forte (acento tônico) na antepenúltima sílaba. Sobre o acento tônico, analisar os itens abaixo:
I. A palavra “natureza” apresenta a sílaba forte em “tu”; por isso, ela é proparoxítona. II. A palavra “minhoca” apresenta a sílaba forte em “nho”; por isso, ela é proparoxítona. III. A palavra “pássaro” apresenta a sílaba forte em “pás”; por isso, ela é proparoxítona.
Está(ão) CORRETO(S):
Alternativas
Q2232944 Português
         Em 1978, recebi o título de doutor honoris causa da Sorbonne. Dei, então, um testemunho pessoal, aproveitando a oportunidade única de autoapreciação que a velha Universidade me abria. Sendo quem sou, jamais a perderia.
         “Senhoras e senhores:
        Obrigado. Muito obrigado pelo honroso título que me conferem. Eu me pergunto se o mereci. Talvez sim, não, certamente, por qualquer feito, ou qualidade minha. Sim, como consolidação de meus muitos fracassos.
        Fracassei como antropólogo no propósito mais generoso que me propus: salvar os índios do Brasil. Sim, simplesmente salvá-los. Isto foi o que quis. Isto é o que tento há trinta anos. Sem êxito.
       Fracassei também na minha principal meta como Ministro da Educação: a de pôr em marcha um programa educacional que permitisse escolarizar todas as crianças brasileiras. Elas não foram escolarizadas. Menos da metade das nossas crianças completam quatro séries de estudos primários.           
      Fracassei, por igual, nos dois objetivos maiores que me propus como político e como homem do governo: o de realizar a reforma agrária e de pôr sob o controle do Estado o capital estrangeiro de caráter mais aventureiro e voraz.
       Outro fracasso meu, nosso, que me dói especialmente rememorar neste augusto recinto da Sorbonne foi o de reitor da Universidade de Brasília. Tentamos lá, com o melhor da intelectualidade brasileira, e tentamos em vão, dar à nova capital do Brasil a universidade necessária ao desenvolvimento nacional autônomo. Ousamos ali — e esta foi a maior façanha da minha geração — repensar radicalmente a universidade, como instituição central da civilização, com o objetivo de refazê-la desde as bases. Refazê-la para que, em vez de ser universidade-fruto, reflexo do desenvolvimento social e cultural prévio da sociedade que mantém, fosse uma universidade-semente, destinada a cumprir a função inversa, de promover o desenvolvimento.
      Nosso propósito era plantar na cidade-capital a sede da consciência crítica brasileira que para lá convocasse todo o saber humano e todo élan revolucionário, para a única missão que realmente importa ao intelectual dos povos que fracassaram na história: a de expressar suas potencialidades por uma civilização própria.
      O que pedíamos à Universidade de Brasília é que se organizasse para atuar como um acelerador da história, que nos ajudasse a superar o círculo vicioso do subdesenvolvimento, o qual, quanto mais progride, mais gera dependência e subdesenvolvimento.
      Desses fracassos da minha vida inteira, que são os únicos orgulhos que eu tenho dela, eu me sinto compensado pelo título que a Universidade de Paris VII me confere aqui, agora. Compensado e estimulado a retomar minha luta contra o genocídio e o etnocídio das populações indígenas; e contra todos que querem manter o povo brasileiro atado ao atraso e à dependência.
    Obrigado. Muito obrigado.”

Darcy Ribeiro. Testemunho. São Paulo: Editora Siciliano, 1990 (com adaptações).
A respeito das ideias, dos aspectos linguísticos e da classificação tipológica do texto anterior, julgue o item seguinte. 
O emprego do acento diferencial no vocábulo ‘pôr’, no quinto e no sexto parágrafos, é obrigatório. 
Alternativas
Q2232713 Português
No trecho “pesquisa indica que pacientes possam lidar com o envelhecimento acelerado mesmo na juventude”, assinale a alternativa que apresenta o antônimo correto do termo “juventude”.
Alternativas
Q2232711 Português
No trecho “a proteína foi reposta aos animais e eles deixaram de apresentar comportamento depressivo”, assinale a alternativa que apresenta o sinônimo correto do termo “reposta”. 
Alternativas
Q2231839 Português
Leia o texto a seguir:

O inverno
Rubem Braga

Foi a mais estranha manhã que tenho visto no Rio, essa de sexta-feira. Depois de uma noite de lua veio um vento que amontoou nuvens baixas sobre a cidade e, de súbito, desfechou uma chuva forte, com jeito de chuva de verão. Mas sem aquela pressão e eletricidade desses temporais que se formam atrás das montanhas de pedras, como bandidos que se juntam para um assalto ― e de súbito rebentam sobre as casas, entre relâmpagos e trovoadas.

O temporal matutino veio com um vento quase frio, e às onze horas da manhã o ar estava escuro e ao mesmo tempo leve como de madrugada. Na minha rua, com a tristeza das árvores podadas, o asfalto molhado tinha um reflexo tão triste, uma luz pálida de olhos de pessoa doente.

E aquela escuridão era como um dia de fim de outono na França, esses dias em que a cidade grande assume um ar egoísta, apressado, ao mesmo tempo brutal e cheio de tédio. O inverno! Pode-se amá-lo nas montanhas cobertas de neve e de sol e nas noites urbanas, quando as mulheres esplendem entre os grandes casacos macios, no meio das luzes. Mas a rua diuturna é triste e feroz quando a neve se transforma em lama e o vento gelado esbofeteia o transeunte.

A tristeza pior, que mais de uma vez me apertou o coração, é, entretanto, a desse fim de outono, um desses dias escuros, molhados e frios, que dizem que o inverno vai começar, que ele já está chegando, e que é preciso dar adeus aos belos dias de sol em que é doce andar lentamente pelas ruas.

Essa estranha manhã do Rio me trouxe a mesma sensação desses dias sujos, deprimentes, do começo de inverno em Paris, em que nos dá uma vontade súbita de embarcar para um Brasil qualquer em que haja luz e calor, em que a gente possa sair com um calção de banho e andar na praia, ao sol ― o pobre condenado a meses de capote, cachecol, chapéu, sapato pesado, ar cheio de fumo e vento frio.

Mas o dia avançou um pouco e, como num milagre, as nuvens sumiram e veio um sol tão claro e fino sobre a cidade molhada que a cidade esplendeu no ar limpo, viva como risada de criança. E, por um instante, surpreendi nas pessoas um olhar novo, reconhecido, quase feliz, como se tivéssemos saído afinal da escuridão de um torpe, longo inverno. A cidade renascia com tanta beleza que dava vontade de fazer como na roça, e a todo ser humano que passasse dizer, com uma leve emoção ― bom dia.

Fonte: https://ocjht.mgmonline.online. Acesso em 20/05/2023 
Em “às onze horas da manhã o ar estava escuro e ao mesmo tempo leve como de madrugada” (2º parágrafo), o acento grave foi empregado na indicação de hora. À luz da norma-padrão, esse acento está igualmente utilizado de modo correto em: 
Alternativas
Q2231590 Português
De fora para dentro

        Rugas podem ser mais do que marcas do tempo, sinais de velhice. Uma série de novos estudos propõe a hipótese de que elas não são apenas resultado, mas também causa de envelhecimento, inclusive o de outros órgãos. Seriam emissárias de coquetéis químicos que transformam células em zumbis e degeneram precocemente o organismo, em especial o cérebro. “Nossa pele não é somente uma barreira protetora e uma janela para o que acontece no interior de nosso corpo. À medida que envelhece e perde funções, ela também leva para outros órgãos problemas causados por agressões externas, como as provocadas pela radiação solar e o fumo. Se a sua pele tem sinais de envelhecimento, como as rugas, por dentro não é diferente” afirma Cláudia Cavadas, líder do grupo de investigação de neuroendocrinologia e envelhecimento do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, em Portugal.
        Cavadas coordenou um artigo que analisa resultados de pesquisas com novas hipóteses para o envelhecimento. O trabalho foi publicado na revista Trends in Molecular Medicine e tem chamado atenção. A pele é muito mais complexa do que se costuma imaginar. É o maior órgão do corpo humano, nos protege de todo tipo de agressão, seja do sol, do fumo, da poluição, de substâncias químicas e ataques de microorganismos nocivos. A pele produz vitamina D, está ligada à imunidade, trabalha para a nossa regulação térmica. Como se sabe, a passagem do tempo causa inexorável envelhecimento não apenas na pele, mas em todo o corpo. Porém, na pele o envelhecimento é potencializado por fatores ambientais, como má alimentação, poluição, fumo e, principalmente, a radiação solar. Os raios solares degradam o colágeno e a elastina. O resultado são as rugas. A pele envelhecida apresenta alterações moleculares, celulares e estruturais. Dentre essas transformações está o acúmulo de células senescentes. Isto é, células envelhecidas, disfuncionais, como as existentes em rugas e manchas.

Fonte: Jornal O Globo, edição de 20 de abril de 2023.
Assinale a alternativa cuja palavra NÃO seja proparoxítona: 
Alternativas
Q2231457 Português
Texto 1:

Estados aprovam imposto de 17% para compras on-line

Os governos estaduais confirmaram quinta-feira (22 de junho de 2023) que vão começar a cobrar um imposto de 17% sobre as compras on-line feitas no exterior, o que pode afetar diretamente as vendas de varejistas como Shein, Shopee, entre outras. A tributação já havia sido anunciada no começo do mês e dependia apenas da assinatura de um convênio do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda (Comsefaz) e o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

Segundo o convênio, a alíquota é a menor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e a cobrança deve ser implementada pela Receita Federal em até um mês. O imposto será cobrado apenas às encomendas internacionais submetidas ao Regime de Tributação Simplificada (RTS), que hoje é de 60%.

A adesão a esse regime é espontânea pelas empresas, que têm as mercadorias encaminhadas para um canal verde de importação sem averiguações alfandegárias. Ou seja, os produtos passam a ser tributados no ato da compra, e não mais no recebimento com uma eventual cobrança pelo consumidor.

Retirado e adaptado de: GAZETA DO POVO. Estados aprovam imposto de 17% para compras on-line. Gazeta do Povo. Disponível em: ovaam--mmpoto-17-commpas-o n-nne/ economia/estados-aprovam-imposto-17-compras-on-line/ Acesso em: 26 jun., 2023.

Texto 2:

90% dos brasileiros não comprariam mais em sites da China com taxação

Em pesquisa realizada pelo Instituto PNH em parceria com a StartSe, dados apontam que, como o preço é o principal valor competitivo em sites de lojas chinesas, o imposto seria um impeditivo para mais compras por lá. Pelo menos é o que diz 90% da amostra.

A pesquisa Perfil e preferências do consumidor brasileiro em sites de lojas brasileiras e lojas de produtos da "China" surgiu para entender o impacto no e-commerce e o que guia os consumidores na hora de comprar on-line. O levantamento foi realizado por meio de contatos telefônicos, utilizando a técnica de amostra aleatória simples, no mês de maio - logo depois da notícia da possível taxação da Shein.

Entre todos os entrevistados que de alguma forma fizeram ou preferem comprar produtos de origem internacional (27%), o preço é o maior motivador para optarem por eles e não por sites de lojas brasileiras. Mas 73% preferem comprar em sites de lojas brasileiras. Sim, se o produto tiver o mesmo preço nas duas lojas, o brasileiro irá optar pelo nacional.

STARTSE. 90% dos brasileiros não comprariam mais em sites da China com taxação. StarSe. Disponível em: emm-stee-d-chinaa/ e.com/artigos/por-que-brasileiro-nao-compraria-mais-em-site-da-china/ Acesso em: 26 jun., 2023.
Associe a segunda coluna de acordo com a primeira, que relaciona palavras do texto à sua classificação a partir da tonicidade:
Primeira coluna: classificação (1)Paroxítona (2)Proparoxítona (3)Oxítona
Segunda coluna: palavras do texto (__)Pesquisa (__)Alíquota (__)Até (__)Exterior (__)China (__)Levantamento (__)Adesão
Assinale a alternativa que apresenta a correta associação entre as colunas: 
Alternativas
Q2231335 Português
Assinalar a alternativa em que as notações léxicas foram empregadas CORRETAMENTE:
Alternativas
Q2231331 Português
Em relação à ortografia, assinalar a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q2231327 Português
Todas as palavras abaixo são proparoxítonas. Assinalar a alternativa em que, em ambas, há dígrafos:
Alternativas
Q2231172 Português
Leia o Texto a seguir para responder a questão.

Baleia

        A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.

        Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.

        Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito.

        Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta:

        — Vão bulir com a Baleia?

        Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam-nos, davam-lhes a suspeita de que Baleia corria perigo.

        Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.

        Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinhá Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia.

        Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.

        Escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia.

        Os meninos começaram a gritar e a espernear. E como sinhá Vitória tinha relaxado os músculos, deixou escapar o mais taludo e soltou uma praga:

        — Capeta excomungado.

        Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade. Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens.

        Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão. Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável.

        Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas. Como isto era impossível, levantou os braços e, sem largar o filho, conseguiu ocultar um pedaço da cabeça. 

        Fabiano percorreu o alpendre, olhando a baraúna e as porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisíveis:

        — Ecô! ecô!

        Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a esfregar as peladuras no pé de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia, que se pôs latir desesperadamente.

        Ouvindo o tiro e os latidos, sinhá Vitória pegou-se à Virgem Maria e os meninos rolaram na cama chorando alto. Fabiano recolheu-se.

        E Baleia fugiu precipitada, rodeou o barreiro, entrou no quintalzinho da esquerda, passou rente aos craveiros e às panelas de losna, meteu-se por um buraco da cerca e ganhou o pátio, correndo em três pés. Dirigiu-se ao copiar, mas temeu encontrar Fabiano e afastou-se para o chiqueiro das cabras. Demorou-se aí um instante, meio desorientada, saiu depois sem destino, aos pulos.

        Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda.

        Encaminhou-se aos juazeiros. Sob a raiz de um deles havia uma barroca macia e funda. Gostava de espojar-se ali: cobria-se de poeira, evitava as moscas e os mosquitos, e quando se levantava, tinha as folhas e gravetos colados às feridas, era um bicho diferente dos outros. Caiu antes de alcançar essa cova arredada. Tentou erguer-se, endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteiras, mas o resto do corpo ficou deitado de banda. Nesta posição torcida, mexeu-se a custo, ralando as patas, cravando as unhas no chão, agarrando-se nos seixos miúdos. Afinal esmoreceu e aquietou-se junto às pedras onde os meninos jogavam cobras mortas. Uma sede horrível queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedialhe a visão. Pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tornavam-se quase imperceptíveis.

        Como o sol a encandeasse, conseguiu adiantar-se umas polegadas e escondeu-se numa nesga de sombra que ladeava a pedra. Olhou-se de novo, aflita. Que lhe estaria acontecendo? O nevoeiro engrossava e aproximava-se. Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito. Arregaçou o focinho, aspirou o ar lentamente, com vontade de subir a ladeira e perseguir os preás, que pulavam e corriam em liberdade.

        Começou a arquejar penosamente, fingindo ladrar. Passou a língua pelos beiços torrados e não experimentou nenhum prazer. O olfato cada vez mais se embotava: certamente os preás tinham fugido.

        Esqueceu-os e de novo lhe veio o desejo de morder Fabiano, que lhe apareceu diante dos olhos meio vidrados, com um objeto esquisito na mão. Não conhecia o objeto, mas pôs-se a tremer, convencida de que ele encerrava surpresas desagradáveis. Fez um esforço para desviar-se daquilo e encolher o rabo. Cerrou as pálpebras pesadas e julgou que o rabo estava encolhido. Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.

        O objeto desconhecido continuava a ameaçá-la. Conteve a respiração, cobriu os dentes, espiou o inimigo por baixo das pestanas caídas. Ficou assim algum tempo, depois sossegou. Fabiano e a coisa perigosa tinham-se sumido.

        Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera. Os chocalhos das cabras tilintaram para os lados do rio, o fartum do chiqueiro espalhou-se pela vizinhança.

        Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro. Franziu as ventas, procurando distinguir os meninos. Estranhou a ausência deles.

        Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades.

        Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória guardava o cachimbo.

        Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, cercava a criaturinha. Silêncio completo, nenhum sinal de vida nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro, nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons não interessavam Baleia, mas quando o galo batia as asas e Fabiano se virava, emanações familiares revelavam-lhe a presença deles. Agora parecia que a fazenda se tinha despovoado.

        Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem difícil no barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito.

        Provavelmente estava na cozinha, entre as pedras que serviam de trempe. Antes de se deitar, sinhá Vitória retirava dali os carvões e a cinza, varria com um molho de vassourinha o chão queimado, e aquilo ficava um bom lugar para cachorro descansar. O calor afugentava as pulgas, a terra se amaciava. E, findos os cochilos, numerosos preás corriam e saltavam, um formigueiro de preás invadia a cozinha.

        A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne meio comida pela doença.

        Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo.

        Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 115 ed. Rio de janeiro: Record, 2011. p. 85-91.
“Pouco a pouco a cólera(1) diminuiu, e sinhá(2) Vitória(3), embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. [...] Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil(4) Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável(5).”
É CORRETO afirmar que a palavra destacada e numerada que é acentuada porque termina com vogal tônica corresponde ao número:
Alternativas
Q2230178 Português
Menino de Lapedo: o esqueleto que reforça teoria de que neandertais e humanos cruzaram

No Lagar Velho, no vale do Lapedo, a cerca de 150 km de Lisboa, foi descoberto em 1998 o esqueleto conhecido como menino de Lapedo. Com cerca de 4 anos, foi enterrado nesse local em Portugal há cerca de 29 mil anos. Algo diferente em seu corpo chamou a atenção dos arqueólogos que começaram a escavar o local. “Havia algo estranho na anatomia da criança. Quando encontramos a mandíbula, sabíamos que seria um humano moderno, mas quando expusemos o esqueleto completo (...) vimos que tinha as proporções corporais de um Neandertal”, explicou à BBC João Zilhão, arqueólogo e líder da equipe que trabalhou na descoberta. “A única coisa que poderia explicar essa combinação de características é que a criança era, de fato, evidência de que os neandertais e os humanos modernos se cruzaram.”

Esqueleto quase intacto

A comunidade à qual o menino pertencia era de caçadores-coletores e de natureza nômade. Conforme explicou à BBC Reel a arqueóloga Ana Cristina Araújo, quando o menino morreu, o grupo cavou um buraco no chão, queimou um galho de pinheiro e depositou seu corpo envolto em uma mortalha tingida de ocre sobre as cinzas. “Não sabemos (com certeza) se era menino ou menina, mas há indícios de que era menino.” Sobre a causa da morte, a arqueóloga diz que não há pistas que apontem para uma doença ou queda. Portanto, é possível imaginar uma diversidade de cenários. “O menino pode ter comido um cogumelo venenoso ou pode ter se afogado.” Seu corpo permaneceu enterrado por milênios até que, em 1998, foi descoberto por acaso e estava com o esqueleto quase intacto quando os donos do terreno começaram a escavar para construir uma série de estruturas em terraços. Depois de transferido para o Museu Nacional de Lisboa, começaram a estudá-lo detalhadamente. “Os ossos das pernas eram mais curtos do que o normal para uma criança da idade dele. Como as pernas poderiam parecer de um neandertal? Alguns dentes também pareciam de um neandertal, enquanto outros pareciam de um humano moderno. Como explicar isso?”, questionou Zilhão. Os pesquisadores lidaram com duas hipóteses. Uma delas era que a criança era o resultado de um cruzamento entre um neandertal e um humano moderno. Zilhão, porém, não se convenceu disso. Se esse foi um evento único, raro e esporádico, a possibilidade de encontrá-lo 30 mil anos depois era quase impossível. A segunda hipótese sugeria que os neandertais e os sapiens mantinham relações sexuais regulares entre si. “Sabíamos que na Península Ibérica o momento do contato (entre os dois) foi (...) há cerca de 37 mil anos. Se o esqueleto pertencesse a essa época, a primeira teoria poderia funcionar. Mas se o menino era de um período muito mais tardio, as implicações tinham que ser que estávamos olhando para um processo em nível populacional, não um encontro casual entre dois indivíduos”, diz Zilhão. A datação por radiocarbono resolveu a questão: a criança de Lapedo tinha 29 mil anos. “Se tantos milênios após o tempo de contato, as pessoas que vivem nesta parte do mundo ainda apresentam evidências anatômicas dessa população ancestral de neandertais, deve ser porque o cruzamento não aconteceu apenas uma vez, foi a norma”, apontou o arqueólogo. A força das evidências encontradas pela equipe em Portugal fez com que outros especialistas tivessem que considerar seriamente essa hipótese. Graças a essa descoberta, houve uma mudança em nossa compreensão dos neandertais como espécie. A pesquisa dá a entender que os neandertais não são uma espécie diferente. “Nós superinterpretamos pequenas diferenças no esqueleto facial ou na robustez do esqueleto”, diz Zilhão. Outras descobertas de fósseis feitas posteriormente com características semelhantes às do menino de Lapedo deram mais peso à teoria do cruzamento, que mais tarde foi reforçada quando os pesquisadores sequenciaram todo o genoma neandertal. É assim que sabemos que é possível que europeus e asiáticos tenham até 4% de DNA neandertal. “Isso não quer dizer que em cada um de nós 2% ou 4% seja (neandertal). Na verdade, se você juntar todas as partes do genoma neandertal que ainda persistem, isso é quase 50% ou 70% do que era especificamente neandertal. Portanto, o genoma neandertal persistiu quase em  sua totalidade”, explica o pesquisador. Esse conhecimento “enriquece a nossa compreensão da evolução humana”, diz Zilhão, em vez de “pensar que apenas descendemos de uma população muito pequena que viveu em algum lugar da África há 250 mil anos e que todo o resto das pessoas que viveram nessa época simplesmente desapareceram.” 


BBC News
Assinale a alternativa que apresenta a sentença correta ortograficamente. 
Alternativas
Q2229625 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

O Brasil recentemente assinou um acordo de cooperação espacial com Portugal – país cuja agência espacial estatal faz parte da ESA, a notória Agência Espacial Europeia. O Memorando de Cooperação de Uso Pacífico do Espaço, Ciências Espaciais, Tecnologias e Aplicações indica uma série de colaborações entre os dois países lusófonos. O anúncio do Governo da República Portuguesa destaca que a colaboração preve práticas como "iniciativas conjuntas para a instalação de capacidades terrestres para recepção de dados de satélites", "intercâmbio de informações sobre novas tecnologias relacionadas a foguetes, voos suborbitais e sistemas de lançamentos", "troca de dados sobre meteorologia espacial" e "desenvolvimento de ações ligadas à formação acadêmica e técnica de profissionais, estudantes e investigadores de ambos os países".

Fonte: portal Terra. Adaptado.
As palavras a seguir, extraídas do texto, estão corretamente grafadas, EXCETO:
Alternativas
Q2229257 Português

Considerando a correta grafia das palavras, assinale a alternativa cujos vocábulos completam, correta e respectivamente, as lacunas tracejadas das linhas 02, 11, 20 e 32.


Alternativas
Q2229048 Português
Analise as seguintes assertivas, a respeito de acentuação gráfica:
I. As palavras ‘desagradáveis’ (l. 02) e ‘divisória’ (l. 06) são acentuadas pelo mesmo motivo: ambas são proparoxítonas.
II. Se retirarmos os acentos das palavras ‘sábia’ (l. 08) e ‘distância’ (l. 15), ambas continuarão existindo em Língua Portuguesa, porém, pertencendo a classes gramaticais diferentes das que têm no texto.
III. A mesma regra preceitua o acento gráfico em ‘básica’ (l. 12) e em ‘médico’ (l. 18).
Quais estão corretas? 
Alternativas
Respostas
3161: E
3162: C
3163: B
3164: A
3165: A
3166: C
3167: C
3168: D
3169: C
3170: C
3171: B
3172: E
3173: A
3174: D
3175: D
3176: B
3177: D
3178: C
3179: E
3180: D