Questões de Português - Pontuação para Concurso

Foram encontradas 8.351 questões

Ano: 2022 Banca: IESES Órgão: CREA-SC Prova: IESES - 2022 - CREA-SC - Designer Gráfico |
Q1911067 Português

A questão se refere ao fragmento do conto “O Espelho”, de Machado de Assis, apresentado a seguir.


Tinha uma sensação inexplicável. Era como um defunto andando, um sonâmbulo, um boneco mecânico. Dormindo, era outra coisa. O sono dava-me alívio, não pela razão comum de ser irmão da morte, mas por outra. Acho que posso explicar assim esse fenômeno: — o sono, eliminando a necessidade de uma alma exterior, deixava atuar a alma interior. Nos sonhos, fardava-me, orgulhosamente, no meio da família e dos amigos, que me elogiavam o garbo, que me chamavam alferes; vinha um amigo de nossa casa, e prometia-me o posto de tenente, outro o de capitão ou major; e tudo isso fazia-me viver. Mas quando acordava, dia claro, esvaía-se com o sono a consciência do meu ser novo e único, — porque a alma interior perdia a ação exclusiva, e ficava dependente da outra, que teimava em não tornar...Não tornava. Eu saía fora, a um lado e outro, a ver se descobria algum sinal de regresso.

Na frase Era como um defunto andando, um sonâmbulo, um boneco mecânico, as vírgulas foram empregadas para:  
Alternativas
Q1909371 Português

Tendo em vista os aspectos linguísticos do texto, julgue (C ou E) o item a seguir.  


O uso de aspas se justifica para marcar expressões informais de sentido ambíguo por ser texto escrito no nível formal da língua e concernente a tema relativo à cultura brasileira. 

Alternativas
Q1909360 Português

Com relação aos aspectos linguísticos e ao sentido do texto apresentado, julgue (C ou E) o item a seguir. 


As vírgulas que separam as expressões “com razão” (linha 7) e “as ciências” (linha 16) justificam-se pela mesma explicação sintática. 

Alternativas
Q1909173 Português
Texto CG2A1-II

   A Constituição Federal de 1988 (CF) apresentou grandes avanços em relação aos direitos sociais: introduziu instrumentos de democracia direta (plebiscito, referendo e iniciativa popular), instituiu a democracia participativa e abriu a possibilidade de criação de mecanismos de controle social, como, por exemplo, os conselhos de direitos, de políticas e de gestão de políticas sociais específicas. 
   Foi com o retorno do exercício dos direitos civis e políticos que os conselhos como esferas públicas entraram em cena na institucionalidade democrática, como mecanismos institucionais de participação da sociedade civil organizada. A CF criou as condições jurídico-políticas para a criação e a funcionalidade de órgãos de natureza plurirrepresentativa, com função de controle social e de participação social na gestão da coisa pública. Os conselhos de políticas públicas e de direitos constituem, portanto, formas concretas de espaços institucionais de exercício da participação social. 
   Vê-se, assim, que a implementação efetiva dos direitos depende da realização de políticas públicas, cujas linhas gerais estão previstas na CF, assim como da participação popular na formulação das políticas públicas de saúde, assistência social, educação e direitos da criança e do adolescente. Essa participação ocorre por meio dos conselhos respectivos, em especial dos conselhos municipais, que estão mais próximos dos interesses da comunidade. 
   Se, em âmbito nacional, os conselhos de políticas públicas — saúde, educação e outros — foram paulatinamente criados como órgãos de gestão e de monitoramento da gestão das políticas sociais, no campo dos conselhos de direitos e defesa dos direitos humanos, foi somente após a CF, com a institucionalização do Estado Democrático de Direito, que os órgãos de defesa dos direitos humanos ampliaram-se na cena política brasileira. 

Internet: <www.dhnet.org.br> (com adaptações).
Com referência às estruturas linguísticas e ao vocabulário empregados no texto CG2A1-II, julgue o item que se segue.
No início do primeiro período do segundo parágrafo, caso os vocábulos “Foi” e “que” fossem suprimidos, a correção e o sentido do texto seriam mantidos desde que o vocábulo “com”, no início da sentença, fosse grafado com inicial maiúscula e uma vírgula fosse empregada logo após “políticos”.
Alternativas
Q1909164 Português
Acerca das estruturas linguísticas do texto CG2A1-I, julgue o item a seguir.
No quarto parágrafo, logo após “vítimas”, a substituição do sinal de dois-pontos por ponto final, com o devido ajuste de maiúscula e minúscula, manteria a correção do texto, mas não a sua coerência. 
Alternativas
Q1909103 Português
Assinale a alternativa em que a pontuação NÃO se apresenta correta:
Alternativas
Q1908763 Português

Texto CG1A1-I


    Em 721, um concílio romano presidido pelo papa Gregório II proibiu o casamento com uma commater, isto é, a madrinha de um filho, ou a mãe de um filho de quem se fosse padrinho. Isso levou o papado a se alinhar com a legislação promulgada, algumas décadas antes, em Bizâncio. A adoção marcadamente rápida desses princípios sugere que o clero franco já sustentava concepções similares. Isso é ilustrado por um caso curioso contado por um clérigo franco anônimo, em 727. Ele censurava a maneira traiçoeira pela qual a infame concubina Fredegunda havia conseguido se tornar a esposa legal do rei Quilpérico. Durante uma longa ausência do rei, ela persuadira sua rival, a rainha Audovera, a tornar-se madrinha da própria filha recém-nascida. Assim, a ingênua Audovera foi subitamente transformada na commater de seu próprio marido, impossibilitando qualquer relação conjugal posterior e deixando o caminho livre para Fredegunda. 

    Essa artimanha mostra que, poucos anos após o concílio romano de 721, o autor anônimo e seu público estavam bem familiarizados com os impedimentos derivados do parentesco espiritual. Não fosse o caso, seria impossível acusar Fredegunda de seu ardiloso truque. As cartas do missionário Bonifácio conferem testemunho adicional a esse fato. Em 735, ele perguntou ao bispo escocês Pethlem se era permitido que alguém se casasse com uma viúva que era mãe de seu afilhado. “Todos os padres da Gália e na terra dos francos afirmavam que isso era um pecado grave”, escreveu ele. Soava-lhe estranho, já que ele nunca ouvira falar nisso antes. A questão devia preocupá-lo porque, no mesmo ano, escreveu a respeito para dois outros clérigos anglo-saxões. Evidentemente, o missionário até então não estava familiarizado com esse impedimento ao casamento, embora o clero continental, a quem ele se dirigia, considerasse a questão muito grave. 


Mayke De Jong, Nos limites do parentesco: legislação anti-incesto

na Alta Idade Média ocidental (500-900). In: Jan Bremmer (Org.).

De Safo a Sade. Momentos na história da sexualidade.

Campinas: Papirus, 1995, p. 56-7 (com adaptações).

A correção gramatical, a coerência e os sentidos originais do texto CG1A1-I seriam preservados caso,


no início do quarto período do texto, se inserisse uma vírgula logo após o vocábulo “Isso”.

Alternativas
Q1908495 Português
O texto seguinte servirá de base para responder a questão.


A força das renováveis

Energia eólica deve continuar ampliando a participação na matriz elétrica nos próximos anos


Um dos maiores parques eólicos da América do Sul começou a operar em junho de 2021 em pleno sertão piauiense. Situado 500 quilômetros (km) ao sul da capital Teresina, o complexo Lagoa dos Ventos é formado por 230 aerogeradores, responsáveis por converter a força dos ventos em eletricidade, instalados no alto de torres de 118 metros (m) de altura. O empreendimento - fruto de um investimento de R$ 3 bilhões da empresa italiana Enel Green Power - vai gerar 3,3 terawatts-hora (TWh) de energia por ano, volume suficiente para abastecer 1,6 milhão de residências. A energia limpa e renovável gerada no local evitará a emissão de mais de 1,9 milhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, quando comparado a uma usina termelétrica, segundo a companhia. Uma expansão em curso, ainda sem data para entrar em operação, elevará a atual capacidade de geração para 5 TWh por ano.

Ao ser inaugurado, o complexo eólico piauiense somou-se a outras 750 centrais similares em operação no país, 90% delas localizadas na região Nordeste. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (AbEEólica), essa infraestrutura , composta por 8,8 mil geradores, produziu no ano passado energia para atender a demanda de 28,8 milhões de moradias, o equivalente a 86,4 milhões de pessoas. Desde 2019, a fonte eólica é a segunda da matriz elétrica nacional e a que mais tem se expandido. Com 20 gigawatts (GW) de potência instalada operacional, é superada pela energia hidráulica, com cerca de 103 GW.

"O Brasil foi o terceiro país que mais instalou energia eólica no mundo no ano passado", informa Elbia Gannoum, presidente-executiva da AbEEólica. Em 2020, foram inaugurados 66 novos parques e este ano, até novembro, outros 54 entraram em operação. "Fomos responsáveis por 43% da nova capacidade instalada adicionada à matriz brasileira e já somos o sétimo país no ranking mundial de geração eólica." O potencial de geração no país é estimado em cerca de 500 GW, quantidade suficiente para atender o triplo da demanda atual de energia dos brasileiros. O número é três vezes superior ao atual parque nacional de energia elétrica, incluindo todas as fontes disponíveis (hidrelétrica, solar, biomassa, gás natural, óleo diesel, carvão mineral e nuclear).

Embora seja uma energia limpa e renovável, a eólica causa impactos ambientais e sociais: altera a paisagem onde é instalada, as turbinas geram ruído, provocando desconforto nas comunidades vizinhas, e suas pás colocam em risco pássaros e morcegos que vivem no local. Os desafios tecnológicos a serem enfrentados dizem respeito à intermitência da geração e à dificuldade de estocar a energia gerada nos parques.

Uma novidade do setor é a previsão de instalação nos próximos anos dos primeiros parques eólicos no mar, a chamada geração offshore, já em operação em outros países, como Reino Unido, Alemanha e China. O governo do Rio Grande do Norte firmou em setembro um memorando de entendimento com a empresa Internacional Energias Renováveis (IER) e quer ser o estado pioneiro a gerar energia a partir turbinas instaladas no meio do mar. O Complexo Eólico Offshore Ventos Potiguar deverá ser constituído por cinco usinas com 207 aerogeradores. Localizado a 8 km da costa, terá capacidade instalada de 2,7 GW.

Retirado e adaptado de: VASCONCONCELOS, Yuri. A força das renováveis. Revista Pesquisa FAPESP, ed. 310, dez. 2021. Disponível em: https://revist apesquisa.fapesp.br/a-forca-das-renovaveis/ Acesso em: 31 mar. 2022.
A respeito da pontuação empregada no texto "A força das renováveis", associe as colunas a seguir:
Primeira coluna: Sinal de pontuação
1.Aspas 2.Parênteses 3.Travessão
Segunda coluna: Função
(  )Adicionar informações.
(  )Inserir um aposto, uma explicação.
( )Indicar inserção de discurso direto.

Assinale a alternativa que apresenta a correta associação entre as colunas: 
Alternativas
Q1907702 Português

Texto CB2A1-I


    Ser mais humano em meio a um mundo cada vez mais digital — esse é o grande desafio das organizações para o ano de 2022 no Brasil e em todo o mundo. O equilíbrio entre home office e escritório, em um modelo híbrido de trabalho, deve ser a tendência para os próximos anos. E, no contexto da vida pós-pandemia, há desafios que os departamentos de recursos humanos (RH) vão enfrentar para manter uma relação saudável e positiva entre empresas e colaboradores e garantir, ainda, a produtividade do negócio. E no meio de tudo isso, a tecnologia mais uma vez surge como a viabilizadora de bons resultados.

    O primeiro desafio do RH é demonstrar segurança em um mundo de incertezas. É fundamental que toda a comunicação da companhia com seus colaboradores seja feita de maneira clara, precisa e sem hesitação, para evitar dúvidas e ansiedades, transmitindo-se segurança às equipes de trabalho. Nesse sentido, uma plataforma digital workplace, a famosa intranet, é uma ferramenta indispensável para sustentar uma comunicação de fato eficiente.

    Não há mais espaço para um modelo de trabalho independente e não colaborativo nas organizações, depois de quase dois anos de mudanças profundas nas relações de trabalho. Se o RH não dá as respostas certas no tempo certo, os gestores tendem a agir sozinhos em busca de soluções para seus desafios de atração e retenção de talentos. O resultado é uma desvalorização da área de recursos humanos, que é um dos pilares para a produtividade e sustentabilidade de qualquer empresa.

     O suporte da tecnologia ganha um papel cada vez mais estratégico para apoiar a tomada de decisão, que precisa ser cada vez mais humanizada. Não se trata de usar a tecnologia para automatizar e otimizar processos em uma estrutura “robotizada”, mas de ampliar o uso de ferramentas que humanizem as relações a partir de dados mais ricos e informações mais completas e valiosas, para buscar o melhor tanto para os colaboradores quanto para a própria empresa.

     Em 2022, o foco deve ser encontrar soluções que possam resolver os desafios da gestão de capital humano das organizações. Mesmo com toda a tecnologia existente, a ideia não é substituir pessoas, mas conferir-lhes poder para que suas tomadas de decisões sejam ainda melhores. É a tecnologia viabilizando relações mais humanas, precisas, por meio de dados reais, confiáveis. Esse é o caminho para o futuro. Robson Campos.


Internet: <www.abeinfobrasil.com.br>  (com adaptações).  

Em relação a aspectos linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o seguinte item.  


No quarto parágrafo, o emprego das aspas em ‘robotizada’ indica que essa palavra foi inventada pelo autor do texto, com base na palavra robô.

Alternativas
Q1907700 Português

Texto CB2A1-I


    Ser mais humano em meio a um mundo cada vez mais digital — esse é o grande desafio das organizações para o ano de 2022 no Brasil e em todo o mundo. O equilíbrio entre home office e escritório, em um modelo híbrido de trabalho, deve ser a tendência para os próximos anos. E, no contexto da vida pós-pandemia, há desafios que os departamentos de recursos humanos (RH) vão enfrentar para manter uma relação saudável e positiva entre empresas e colaboradores e garantir, ainda, a produtividade do negócio. E no meio de tudo isso, a tecnologia mais uma vez surge como a viabilizadora de bons resultados.

    O primeiro desafio do RH é demonstrar segurança em um mundo de incertezas. É fundamental que toda a comunicação da companhia com seus colaboradores seja feita de maneira clara, precisa e sem hesitação, para evitar dúvidas e ansiedades, transmitindo-se segurança às equipes de trabalho. Nesse sentido, uma plataforma digital workplace, a famosa intranet, é uma ferramenta indispensável para sustentar uma comunicação de fato eficiente.

    Não há mais espaço para um modelo de trabalho independente e não colaborativo nas organizações, depois de quase dois anos de mudanças profundas nas relações de trabalho. Se o RH não dá as respostas certas no tempo certo, os gestores tendem a agir sozinhos em busca de soluções para seus desafios de atração e retenção de talentos. O resultado é uma desvalorização da área de recursos humanos, que é um dos pilares para a produtividade e sustentabilidade de qualquer empresa.

     O suporte da tecnologia ganha um papel cada vez mais estratégico para apoiar a tomada de decisão, que precisa ser cada vez mais humanizada. Não se trata de usar a tecnologia para automatizar e otimizar processos em uma estrutura “robotizada”, mas de ampliar o uso de ferramentas que humanizem as relações a partir de dados mais ricos e informações mais completas e valiosas, para buscar o melhor tanto para os colaboradores quanto para a própria empresa.

     Em 2022, o foco deve ser encontrar soluções que possam resolver os desafios da gestão de capital humano das organizações. Mesmo com toda a tecnologia existente, a ideia não é substituir pessoas, mas conferir-lhes poder para que suas tomadas de decisões sejam ainda melhores. É a tecnologia viabilizando relações mais humanas, precisas, por meio de dados reais, confiáveis. Esse é o caminho para o futuro. Robson Campos.


Internet: <www.abeinfobrasil.com.br>  (com adaptações).  

Em relação a aspectos linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o seguinte item.  


No último período do terceiro parágrafo, haja vista o emprego da vírgula após “humanos”, depreende-se sentido explicativo do trecho “que é um dos pilares para a produtividade e sustentabilidade de qualquer empresa”.

Alternativas
Q1907283 Português

Texto para o item.



Rafael Garcia. Cães distinguem ações propositais das acidentais nos humanos, mostra estudo.

In: O Globo. Internet: <oglobo.globo.com>  (com adaptações).

Acerca dos aspectos gramaticais e dos sentidos do texto apresentado, julgue o item.


Caso fossem suprimidas as vírgulas empregadas no trecho “Em um artigo publicado na revista Scientific Reports, as pesquisadoras, lideradas por Britta Schünemann, descrevem como foi o trabalho” (linhas 6 e 7), a correção gramatical do trecho seria mantida, mas seu sentido seria alterado. 

Alternativas
Q1907274 Português

Texto para o item.



Rafael Garcia. Cães distinguem ações propositais das acidentais nos humanos, mostra estudo.

In: O Globo. Internet: <oglobo.globo.com>  (com adaptações).

Considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item.  


No quarto parágrafo do texto, o emprego das aspas no trecho ‘sem querer’ (linha 12) sugere que as pessoas que participaram do experimento deixavam propositalmente o alimento cair no chão, mas fingiam que a queda era acidental. 

Alternativas
Q1906739 Português

Leia o texto a seguir para responder a questão .


A marca no flanco 

Lya Luft 


O mundo não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui forma, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. 

É uma ideia assustadora: vivemos segundo o nosso ponto de vista, com ele sobrevivemos ou naufragamos. Explodimos ou congelamos conforme nossa abertura ou exclusão em relação ao mundo. 

E o que configura essa perspectiva nossa?

Ela se inaugura na infância, com suas carências nem sempre explicáveis. Mesmo se fomos amados, sofremos de uma insegurança elementar. Ainda que protegidos, seremos expostos a fatalidades e imprevistos contra os quais nada nos defende. Temos de criar barreiras e ao mesmo tempo lançar pontes com o que nos rodeia e o que ainda nos espera. Toda essa trama de encontro e separação, terror e êxtase encadeados, matéria da nossa existência, começa antes de nascermos.

Mas não somos apenas levados à revelia numa torrente. Somos participantes. 

Nisso reside nossa possível tragédia: o desperdício de uma vida com seus talentos truncados se não conseguirmos ver ou não tivermos audácia para mudar para melhor – em qualquer momento, e em qualquer idade.

A elaboração desse “nós” iniciado na infância ergue as paredes da maturidade e culmina no telhado da velhice, que é coroamento embora em geral seja visto como deterioração.

Nesse trabalho nossa mão se junta às dos muitos que nos formam. Libertando-nos deles com o amadurecimento, vamos montando uma figura: quem queremos ser, quem pensamos que devemos ser – quem achamos que merecemos ser.

Nessa casa, a casa da alma e a casa do corpo, não seremos apenas fantoches que vagam, mas guerreiros que pensam e decidem.

Constituir um ser humano, um nós, é trabalho que não dá férias nem concede descanso: haverá paredes frágeis, cálculos malfeitos, rachaduras. Quem sabe um pedaço que vai desabar. Mas se abrirão também janelas para a paisagem e varandas para o sol.

O que se produzir – casa habitável ou ruína estéril – será a soma do que pensaram e pensamos de nós, do quanto nos amaram e nos amamos, do que nos fizeram pensar que valemos e do que fizemos para confirmar ou mudar isso, esse selo, sinete, essa marca.

Porém isso ainda seria simples demais: nessa argamassa misturam-se boa-vontade e equívocos, sedução e celebração, palavras amorosas e convites recusados. Participamos de uma singular dança de máscaras sobrepostas, atrás das quais somos o objeto de nossa própria inquietação. Nem inteiramente vítimas nem totalmente senhores, cada momento de cada dia um desafio.

Essa ambiguidade nos dilacera e nos alimenta. Nos faz humanos.

No prazo de minha existência completarei o projeto que me foi proposto, aos poucos tomando conta dessa tela e do pincel.

Nos primeiros anos quase tudo foi obra do ambiente em que nasci: família, escola, janelas pelas quais me ensinaram a olhar, abrigo ou prisão, expectativa ou condenação.

Logo não terei mais a desculpa dos outros: pai e mãe amorosos ou hostis, bondosos ou indiferentes, sofrendo de todas as naturais fraquezas da condição humana que só quando adultos reconhecemos. Por fim havemos de constatar: meu pai, minha mãe, eram apenas gente como eu. Fizeram o que sabiam, o que podiam fazer.

E eu… e eu?

Marcados pelo que nos transmitem os outros, seremos malabaristas em nosso próprio picadeiro. A rede estendida por baixo é tecida de dois fios enlaçados: um nasce dos que nos geraram e criaram; o outro vem de nós, da nossa crença ou nossa esperança. 

LUFT, Lya. Perdas & Ganhos. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 21-23 [Adaptado] 

No penúltimo parágrafo, Luft se vale da seguinte construção:


“E eu… e eu?”


Diante do contexto em que se insere o trecho, é adequado apontar que 

Alternativas
Q1906738 Português

Leia o texto a seguir para responder a questão .


A marca no flanco 

Lya Luft 


O mundo não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui forma, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. 

É uma ideia assustadora: vivemos segundo o nosso ponto de vista, com ele sobrevivemos ou naufragamos. Explodimos ou congelamos conforme nossa abertura ou exclusão em relação ao mundo. 

E o que configura essa perspectiva nossa?

Ela se inaugura na infância, com suas carências nem sempre explicáveis. Mesmo se fomos amados, sofremos de uma insegurança elementar. Ainda que protegidos, seremos expostos a fatalidades e imprevistos contra os quais nada nos defende. Temos de criar barreiras e ao mesmo tempo lançar pontes com o que nos rodeia e o que ainda nos espera. Toda essa trama de encontro e separação, terror e êxtase encadeados, matéria da nossa existência, começa antes de nascermos.

Mas não somos apenas levados à revelia numa torrente. Somos participantes. 

Nisso reside nossa possível tragédia: o desperdício de uma vida com seus talentos truncados se não conseguirmos ver ou não tivermos audácia para mudar para melhor – em qualquer momento, e em qualquer idade.

A elaboração desse “nós” iniciado na infância ergue as paredes da maturidade e culmina no telhado da velhice, que é coroamento embora em geral seja visto como deterioração.

Nesse trabalho nossa mão se junta às dos muitos que nos formam. Libertando-nos deles com o amadurecimento, vamos montando uma figura: quem queremos ser, quem pensamos que devemos ser – quem achamos que merecemos ser.

Nessa casa, a casa da alma e a casa do corpo, não seremos apenas fantoches que vagam, mas guerreiros que pensam e decidem.

Constituir um ser humano, um nós, é trabalho que não dá férias nem concede descanso: haverá paredes frágeis, cálculos malfeitos, rachaduras. Quem sabe um pedaço que vai desabar. Mas se abrirão também janelas para a paisagem e varandas para o sol.

O que se produzir – casa habitável ou ruína estéril – será a soma do que pensaram e pensamos de nós, do quanto nos amaram e nos amamos, do que nos fizeram pensar que valemos e do que fizemos para confirmar ou mudar isso, esse selo, sinete, essa marca.

Porém isso ainda seria simples demais: nessa argamassa misturam-se boa-vontade e equívocos, sedução e celebração, palavras amorosas e convites recusados. Participamos de uma singular dança de máscaras sobrepostas, atrás das quais somos o objeto de nossa própria inquietação. Nem inteiramente vítimas nem totalmente senhores, cada momento de cada dia um desafio.

Essa ambiguidade nos dilacera e nos alimenta. Nos faz humanos.

No prazo de minha existência completarei o projeto que me foi proposto, aos poucos tomando conta dessa tela e do pincel.

Nos primeiros anos quase tudo foi obra do ambiente em que nasci: família, escola, janelas pelas quais me ensinaram a olhar, abrigo ou prisão, expectativa ou condenação.

Logo não terei mais a desculpa dos outros: pai e mãe amorosos ou hostis, bondosos ou indiferentes, sofrendo de todas as naturais fraquezas da condição humana que só quando adultos reconhecemos. Por fim havemos de constatar: meu pai, minha mãe, eram apenas gente como eu. Fizeram o que sabiam, o que podiam fazer.

E eu… e eu?

Marcados pelo que nos transmitem os outros, seremos malabaristas em nosso próprio picadeiro. A rede estendida por baixo é tecida de dois fios enlaçados: um nasce dos que nos geraram e criaram; o outro vem de nós, da nossa crença ou nossa esperança. 

LUFT, Lya. Perdas & Ganhos. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 21-23 [Adaptado] 

Ao longo do texto, há constante recorrência ao emprego dos dois-pontos. No trecho “Constituir um ser humano, um nós, é trabalho que não dá férias nem concede descanso: haverá paredes frágeis, cálculos malfeitos, rachaduras.”, a autora emprega esse sinal de pontuação com a intenção de 
Alternativas
Q1906083 Português
Considere o fragmento de texto a seguir para a questão: 

   A periodização da história jamais é um ato neutro ou inocente: a evolução da imagem da Idade Média na época moderna e contemporânea comprova isso. Por meio da periodização, expressa-se uma apreciação das sequências assim definidas, um julgamento de valor, mesmo que seja coletivo. Aliás, a imagem de um período histórico pode mudar com o tempo.
   A periodização, obra do homem, é portanto ao mesmo tempo artificial e provisória. Ela evolui com a própria história. Em relação a isso, ela tem uma dupla utilidade: permite melhor controlar o tempo passado, mas também sublinha a fragilidade desse instrumento do saber humano que é a história.
   O termo “Idade Média”, que expressa a ideia de que a humanidade sai de um período brilhante esperando, sem dúvida, entrar num período tão radioso quanto, é difundido, diz-se, no século XV, principalmente em Florença: aí está a razão pela qual essa cidade se torna o centro do humanismo. O próprio termo “humanismo” não existe antes do século XIX: em torno de 1840, ele designa a doutrina que coloca o homem no centro do pensamento e da sociedade. Parece que ele é primeiramente encontrado na Alemanha, e depois em Pierre Joseph Proudhon, em 1846. Vemos que o termo “Renascimento” levou tempo para impor-se diante do termo “Idade Média”. [...]
   Se agora nos voltarmos para trás, a cronologia não é mais clara, nem mais precoce. Na Idade Média, a noção de “Antiguidade” é reservada a Grécia e Roma pelos eruditos. A ideia de uma Antiguidade da qual, de alguma forma, sairia a Idade Média – dado que esse período dito antigo parece ter sido o modelo e a nostalgia da maior parte dos clérigos medievais – não aparece antes do século XVI, e ainda assim de maneira fluida. [...]
   Durante muito tempo se fez corresponder o fim da Antiguidade com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo (Édito de Milão, 313) ou com a remissão ao imperador de Bizâncio das insígnias imperiais ocidentais (476). Porém, vários historiadores enfatizaram que a transformação de uma época a outra foi longa, progressiva, cheia de sobreposições.

Fonte: LE GOFF, J. A história deve ser dividida em pedaços?. Trad. Nícia Adan Bonatti. São Paulo: Editora Unesp, 2015, p. 29-31.
Assinale a alternativa INCORRETA com relação ao seguinte trecho: “A periodização, obra do homem, é portanto ao mesmo tempo artificial e provisória. Ela evolui com a própria história. Em relação a isso, ela tem uma dupla utilidade: permite melhor controlar o tempo passado, mas também sublinha a fragilidade desse instrumento do saber humano que é a história.” 
Alternativas
Q1906082 Português
Considere o fragmento de texto a seguir para a questão: 

   A periodização da história jamais é um ato neutro ou inocente: a evolução da imagem da Idade Média na época moderna e contemporânea comprova isso. Por meio da periodização, expressa-se uma apreciação das sequências assim definidas, um julgamento de valor, mesmo que seja coletivo. Aliás, a imagem de um período histórico pode mudar com o tempo.
   A periodização, obra do homem, é portanto ao mesmo tempo artificial e provisória. Ela evolui com a própria história. Em relação a isso, ela tem uma dupla utilidade: permite melhor controlar o tempo passado, mas também sublinha a fragilidade desse instrumento do saber humano que é a história.
   O termo “Idade Média”, que expressa a ideia de que a humanidade sai de um período brilhante esperando, sem dúvida, entrar num período tão radioso quanto, é difundido, diz-se, no século XV, principalmente em Florença: aí está a razão pela qual essa cidade se torna o centro do humanismo. O próprio termo “humanismo” não existe antes do século XIX: em torno de 1840, ele designa a doutrina que coloca o homem no centro do pensamento e da sociedade. Parece que ele é primeiramente encontrado na Alemanha, e depois em Pierre Joseph Proudhon, em 1846. Vemos que o termo “Renascimento” levou tempo para impor-se diante do termo “Idade Média”. [...]
   Se agora nos voltarmos para trás, a cronologia não é mais clara, nem mais precoce. Na Idade Média, a noção de “Antiguidade” é reservada a Grécia e Roma pelos eruditos. A ideia de uma Antiguidade da qual, de alguma forma, sairia a Idade Média – dado que esse período dito antigo parece ter sido o modelo e a nostalgia da maior parte dos clérigos medievais – não aparece antes do século XVI, e ainda assim de maneira fluida. [...]
   Durante muito tempo se fez corresponder o fim da Antiguidade com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo (Édito de Milão, 313) ou com a remissão ao imperador de Bizâncio das insígnias imperiais ocidentais (476). Porém, vários historiadores enfatizaram que a transformação de uma época a outra foi longa, progressiva, cheia de sobreposições.

Fonte: LE GOFF, J. A história deve ser dividida em pedaços?. Trad. Nícia Adan Bonatti. São Paulo: Editora Unesp, 2015, p. 29-31.
Assinale a alternativa CORRETA com relação ao uso das vírgulas no seguinte trecho: “O termo ‘Idade Média’, que expressa a ideia de que a humanidade sai de um período brilhante esperando, sem dúvida, entrar num período tão radioso quanto, é difundido, diz-se, no século XV, principalmente em Florença [...].” 
Alternativas
Q1906081 Português
Considere o fragmento de texto a seguir para a questão: 

   A periodização da história jamais é um ato neutro ou inocente: a evolução da imagem da Idade Média na época moderna e contemporânea comprova isso. Por meio da periodização, expressa-se uma apreciação das sequências assim definidas, um julgamento de valor, mesmo que seja coletivo. Aliás, a imagem de um período histórico pode mudar com o tempo.
   A periodização, obra do homem, é portanto ao mesmo tempo artificial e provisória. Ela evolui com a própria história. Em relação a isso, ela tem uma dupla utilidade: permite melhor controlar o tempo passado, mas também sublinha a fragilidade desse instrumento do saber humano que é a história.
   O termo “Idade Média”, que expressa a ideia de que a humanidade sai de um período brilhante esperando, sem dúvida, entrar num período tão radioso quanto, é difundido, diz-se, no século XV, principalmente em Florença: aí está a razão pela qual essa cidade se torna o centro do humanismo. O próprio termo “humanismo” não existe antes do século XIX: em torno de 1840, ele designa a doutrina que coloca o homem no centro do pensamento e da sociedade. Parece que ele é primeiramente encontrado na Alemanha, e depois em Pierre Joseph Proudhon, em 1846. Vemos que o termo “Renascimento” levou tempo para impor-se diante do termo “Idade Média”. [...]
   Se agora nos voltarmos para trás, a cronologia não é mais clara, nem mais precoce. Na Idade Média, a noção de “Antiguidade” é reservada a Grécia e Roma pelos eruditos. A ideia de uma Antiguidade da qual, de alguma forma, sairia a Idade Média – dado que esse período dito antigo parece ter sido o modelo e a nostalgia da maior parte dos clérigos medievais – não aparece antes do século XVI, e ainda assim de maneira fluida. [...]
   Durante muito tempo se fez corresponder o fim da Antiguidade com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo (Édito de Milão, 313) ou com a remissão ao imperador de Bizâncio das insígnias imperiais ocidentais (476). Porém, vários historiadores enfatizaram que a transformação de uma época a outra foi longa, progressiva, cheia de sobreposições.

Fonte: LE GOFF, J. A história deve ser dividida em pedaços?. Trad. Nícia Adan Bonatti. São Paulo: Editora Unesp, 2015, p. 29-31.
Marque a alternativa INCORRETA com relação ao primeiro parágrafo do texto. 
Alternativas
Q1905642 Português
Assinale a frase que não apresenta erro de pontuação.
Alternativas
Q1905633 Português
Marque a alternativa com período pontuado corretamente.
Alternativas
Q1905466 Português
Leia o excerto abaixo, atentando-se à pontuação utilizada.
“Estamos cada vez mais cercados por memes da internet. Impulsionados pelos jovens da Geração Z, os memes ganharam as ruas e ultrapassaram os limites do humor para representarem o que pensamos, sentimos e desejamos expressar. Muito além da junção entre imagem e pouco texto, o meme mostra uma gama de aplicações e usos possíveis que tem sido observada em todo o mundo, e não seria diferente no Brasil, onde somos conhecidos pela inabalável capacidade de rir de nós mesmos. Mas o que são os memes? Qual a importância deles nos dias de hoje? E quais significados eles carregam por trás da sua aparente simplicidade? [...]”
IN meme we trust. Disponível em: https://gente.globo.com/in-meme-wetrust/. Acesso em: 29 mar. 2022.

O ponto (.) utilizado em diversas passagens desse fragmento tem, como função,
Alternativas
Respostas
2801: D
2802: E
2803: E
2804: C
2805: E
2806: C
2807: E
2808: E
2809: E
2810: C
2811: E
2812: C
2813: B
2814: B
2815: D
2816: E
2817: E
2818: D
2819: E
2820: A