Questões de Concurso Comentadas sobre pontuação em português

Foram encontradas 8.357 questões

Q2665178 Português
Texto para o item.





Internet: <www.ppgquimica.propg.ufabc.edu.br> (com adaptações).
De acordo com a estrutura linguística do texto e com sua tipologia, julgue o item a seguir.

A correção gramatical do texto seria mantida caso a vírgula empregada após “diferentes” (linha 42) fosse substituída por ponto, com a concomitante alteração de minúscula para maiúscula na palavra “o”, que se segue, da seguinte forma: podem ser diferentes. O que faz.
Alternativas
Q2660101 Português

Texto para as questões de 1 a 10.

1 O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional (COFFITO) define a terapia ocupacional

como uma profissão de nível superior voltada ao estudo,

4 à prevenção e ao tratamento de alterações cognitivas,

afetivas, perceptivas e psicomotoras, decorrentes ou

não de distúrbios genéticos, traumáticos e(ou) de

7 doenças adquiridas.

A terapia ocupacional beneficia pessoas de

todas as faixas etárias e que tenham alguma limitação

10 ou incapacidade de realizar tarefas do dia a dia. Mesmo

que algumas atividades pareçam muito simples, como

escovar os dentes ou vestir uma camisa, existem

13 condições de saúde que impedem ou dificultam sua

realização adequada.

O terapeuta ocupacional trabalha a partir

16 das habilidades e limitações de cada pessoa, criando

junto do paciente novas formas de fazer o que ele quer

e precisa, com a maior autonomia e independência

19 possível. As estratégias podem envolver, por exemplo,

uma modificação no modo de realizar uma atividade

para evitar sobrecarga de uma articulação, assim como

22 o planejamento abrangente de como executar uma

atividade para realizá‑la da forma mais eficiente possível.

Em alguns casos, são necessárias adaptações que podem

25 ser indicadas e elaboradas pelo terapeuta ocupacional,

seja com um equipamento de tecnologia assistiva, como

órteses e cadeiras de rodas, seja com modificações

28 ambientais para facilitar a funcionalidade e a participação

dos pacientes em diversas atividades.

Entre as atribuições desse profissional está

31 a de intervir no cotidiano das pessoas, avaliando seu

desempenho ocupacional em áreas de autocuidado,

trabalho, lazer, capacidades cognitivas, sensoriais,

34 motoras e sociais, melhorando seu dia a dia ao

possibilitar meios para que realizem atividades cotidianas

de maneira autônoma

37 Entre os espaços de atuação da terapia

ocupacional estão hospitais, clínicas, unidades de

terapia intensiva e enfermarias, centros de reabilitação,

40 ambulatórios, hospitais psiquiátricos, hospitais‑dia,

centros de atenção psicossocial, unidades básicas de

saúde (UBS), unidades de saúde da família (USFs),

43 escolas, creches, asilos, empresas, presídios, oficinas

terapêuticas e profissionalizantes.

A graduação em terapia ocupacional

46 estrutura‑se para a formação de profissional capacitado

para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com

visão ampla e global da funcionalidade humana e da

49 interação harmônica dos contextos de vida, saúde e

social, com atenção ao cuidado individual e(ou) coletivo.

Internet:<bvsms.saude.gov.br>(com adaptações).

Estaria mantida a correção gramatical do texto no que se refere à pontuação, caso

Alternativas
Q2658947 Português

O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 1 a 15.


Texto 01:

Sinais de consentimento forçado


O esforço do geneticista e bioinformata Yves Moreau, da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, já levou à retratação de 30 artigos científicos desde 2019. Em comum, os estudos cancelados utilizavam dados genéticos ou biométricos de minorias étnicas e grupos populacionais vulneráveis da China, cuja coleta foi realizada em condições nebulosas. Em alguns casos, não foi possível assegurar que os sujeitos da pesquisa forneceram material biológico de forma voluntária ou que o estudo foi aprovado pelo comitê ético de alguma instituição científica reconhecida. Já outros papers estão lastreados por termos de consentimento informado, nos quais os participantes declaram que foram avisados sobre o escopo da pesquisa e que aceitaram participar dela, mas há a possibilidade de que a coleta de dados tenha sido forçada e os documentos de anuência obtidos sob coação, o que os tornaria inúteis. Essa suspeita se baseia no ambiente de repressão política em que as pesquisas foram feitas e na presença de agentes de segurança do Estado entre os coautores dos artigos.

Segundo Moreau, a polícia chinesa se vale de uma base de dados nacional de DNA, de informações biométricas e de métodos de vigilância − tais como câmeras de vídeo e reconhecimento facial − para monitorar a minoria muçulmana uigur na província de Xinjiang, no noroeste do país. A mesma estratégia vale para os habitantes das montanhas do Tibete, região controlada pela China desde a década de 1950. "Isso faz parte da arquitetura do controle social e é uma ferramenta de pressão psicológica eficaz", disse Moreau ao jornal The Washington Post.

Em fevereiro, a revista Molecular Genetics & Genomic Medicine anunciou a retratação de 18 artigos apontados como suspeitos por Moreau, reconhecendo "inconsistências entre a documentação de consentimento e a pesquisa relatada". Outra retratação recente envolveu um trabalho publicado em 2022 na revista PLOS ONE , em que pesquisadores chineses coletaram amostras de sangue de centenas de tibetanos e concluíram que marcadores genéticos de seus cromossomos X poderiam ser úteis para identificação forense e testes de paternidade. Moreau alertou os editores da PLOS ONE que forças de segurança chinesas podem ter participado da coleta de dados, uma vez que organizações de defesa dos direitos humanos haviam denunciado a existência de um programa de coleta compulsória de amostras de DNA de populações tibetanas. O pesquisador pediu que investigassem se houve mesmo o consentimento informado dos indivíduos que cederam amostras de sangue. O artigo foi retratado apenas três meses após o alerta. Segundo nota divulgada pelo periódico, documentos fornecidos pelos autores não foram suficientes para afastar dúvidas sobre a autenticidade do consentimento informado e garantir que o estudo recebeu aprovação ética de comitê regularmente estabelecido.

A rapidez da PLOS ONE em analisar o caso não é um padrão entre as revistas científicas. Moreau e seu grupo fizeram alertas semelhantes sobre mais de uma centena de artigos e ao menos 70 deles seguem sendo investigados há mais de dois anos, sem que as publicações cheguem a uma conclusão sobre se devem ser retratados − o argumento é de que os casos são complexos. "A demora excessiva de editores em proferir decisões equivale à má conduta editorial", disse Moreau, em uma longa reportagem sobre seu trabalho publicada em janeiro na revista Nature.

Houve casos em que os editores consideraram a suspeita infundada e encerraram as investigações. A editora MDPI declarou não ter encontrado falhas éticas em sete artigos questionados por Moreau, publicados na revista Genes. Um dos artigos investigou as origens genéticas do povo Hui, outro grupo étnico muçulmano do norte da China. Vários autores trabalham para a Academia de Ciências Forenses de Xangai, que é parte do Ministério da Justiça da China. Em um outro artigo, autores eram afiliados ao Departamento de Investigação Criminal da província de Yunnan e ao Gabinete de Segurança Pública da cidade de Zibo, na China. "Não é incomum que a polícia ajude a facilitar a pesquisa forense de genética populacional", afirmou à Nature Dennis McNevin, da Universidade de Tecnologia de Sydney, na Austrália, coautor de um artigo apontado como suspeito por Moreau. O trabalho em questão foi publicado em 2018 na revista Scientific Reports e se baseava na análise genética de 1.842 pessoas de quatro grupos étnicos da China. O artigo segue válido, mas em 2022 a editora Springer Nature fez uma correção removendo dados (anonimizados) de participantes que constavam nas informações suplementares do paper, porque não havia consentimento para divulgá-los.

O engajamento de Moreau no combate ao que ele chama de "vigilância genômica" de minorias étnicas começou em 2016, quando soube que o governo do Kuwait lançara um programa para coletar e catalogar perfis genéticos de seus cidadãos e de visitantes. Ele levou o caso à Sociedade Europeia de Genética Humana e pediu que se pronunciasse contra a medida. Com a repercussão negativa, o programa acabou revogado pelo Parlamento do país. No mesmo ano, foi informado de que um programa de catalogação de DNA estava sendo implantado como parte do processo de registro de passaporte em Xinjiang, onde os uigures têm sido alvo de vigilância e detenções em massa. Ele fez um levantamento da literatura científica e encontrou dezenas de artigos que descrevem o perfil genético de grupos étnicos minoritários na China. Também observou que mais de 20% das pesquisas publicadas sobre genética forense populacional na China entre 2011 e 2018 concentraram-se nos uigures, embora eles representem menos de 1% da população.

Retirado e adaptado de: MARQUES, Fabrício. Sinais de consentimento forçado. Revista Pesquisa FAPESP.


Disponível em:

https://revistapesquisa.fapesp.br/sinais-de-consentimento-forcado/ Acesso em: 19 abr., 2024.


Texto 02: Trecho da Resolução n.º 466, de 12 de dezembro de 2012


[...] II - DOS TERMOS E DEFINIÇÕES

A presente Resolução adota as seguintes definições:

II.2 - assentimento livre e esclarecido - anuência do participante da pesquisa, criança, adolescente ou legalmente incapaz, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação. Tais participantes devem ser esclarecidos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa lhes acarretar, na medida de sua compreensão e respeitados em suas singularidades [...];

II.5 - consentimento livre e esclarecido - anuência do participante da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação, após esclarecimento completo e pormenorizado sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar [...];

II.10 - participante da pesquisa - indivíduo que, de forma esclarecida e voluntária, ou sob o esclarecimento e autorização de seu(s) responsável(eis) legal(is), aceita ser pesquisado. A participação deve se dar de forma gratuita, ressalvadas as pesquisas clínicas de Fase I ou de bioequivalência [...];

II.12 - pesquisa - processo formal e sistemático que visa à produção, ao avanço do conhecimento e/ou à obtenção de respostas para problemas mediante emprego de método científico [...];

II.14 - pesquisa envolvendo seres humanos - pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos [...];

II.23 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE - documento no qual é explicitado o consentimento livre e esclarecido do participante e/ou de seu responsável legal, de forma escrita, devendo conter todas as informações necessárias, em linguagem clara e objetiva, de fácil entendimento, para o mais completo esclarecimento sobre a pesquisa a qual se propõe participar;

II.24 - Termo de Assentimento - documento elaborado em linguagem acessível para os menores ou para os legalmente incapazes, por meio do qual, após os participantes da pesquisa serem devidamente esclarecidos, explicitarão sua anuência em participar da pesquisa, sem prejuízo do consentimento de seus responsáveis legais.

II.25 - vulnerabilidade - estado de pessoas ou grupos que, por quaisquer razões ou motivos, tenham a sua capacidade de autodeterminação reduzida ou impedida, ou de qualquer forma estejam impedidos de opor resistência, sobretudo no que se refere ao consentimento livre e esclarecido.


Retirado e adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. RESOLUÇÃO Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012.Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0 466_12_12_2012.html Acesso em: 20 abr., 2024.

Associe a segunda coluna de acordo com a primeira, que relaciona funções da pontuação com exemplos de seu emprego nos Textos 01 e 02:



Primeira coluna: função da pontuação

(1)Isolamento de expressão subordinada deslocada.

(2)Isolamento de aposto.

(3)Enumeração.

(4)Isolamento de adjunto adverbial.

(5)Inserção de discurso direto.


Segunda coluna: exemplo

(__)No mesmo ano, foi informado de que um programa de catalogação de DNA estava sendo implantado como parte do processo de registro de passaporte em Xinjiang.

(__)"A demora excessiva de editores em proferir decisões equivale à má conduta editorial", disse Moreau.

(__)O esforço do geneticista e bioinformata Yves Moreau, da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica. (__)Anuência do participante da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação

(__)Segundo Moreau, a polícia chinesa se vale de uma base de dados nacional de DNA.


Assinale a alternativa que apresenta a correta associação entre as colunas:

Alternativas
Q2658844 Português

Considere o texto a seguir, escrito por Rubem Braga, para responder as próximas questões.

.

“Leio uma carta de um amigo que está há alguns anos na Europa: não aguenta mais, quer voltar para o Brasil. Meu primeiro pensamento é escrever para lhe contar que o Brasil não está valendo muito a pena; que tudo de ruim que ele deixou aqui há dois ou três anos somente piorou; que a minha cozinheira pede mais dinheiro para as mesmas compras e o meu jornal paga o mesmo dinheiro pelas mesmas crônicas; que o trânsito está cada dia pior; que pela primeira vez na história faltou água anteontem em meu apartamentinho; que a jovem professora primária do subúrbio me informa que a miséria e as mazelas da criançada aumentaram; que acha ridículo dar noções de higiene a um garoto quando sabe que essas noções apenas irão fazê-lo mais infeliz sem o tornar menos sujo, pois ele dorme no mesmo quarto em que dormem cinco pessoas mais, e seu casebre não tem instalações sanitárias nem água encanada: que falta transporte, falta energia, falta telefone, falta governo, e parece que só não falta é falta de vergonha. Ia escrever isso para meu amigo; mas eu também já morei no estrangeiro; também já senti, no fim de um verão, que outro outono chuvoso e frio ia me levando para um inverno de dias curtos e pardos, de vento e de lama; e também arrumei as malas, ansioso para voltar ao Brasil e ao sol do Brasil; o sol e tudo que vem do sol, as frutas, a fala doce, a cadência do andar das mulheres, o jeito de comer, de beber e de amar, a convicção inconfessada, secreta, mas profunda, de que as coisas urgentes e desagradáveis que devem ser feitas hoje sem falta podem ser deixadas para amanhã ou depois... Que venha o amigo! Há um sofá no apartamento em que você cabe, e quando faltar água sairemos alegremente, de toalha embaixo do braço, peito aberto, braços nus. Comer, sempre se come; Dora faz angu e faz torresmo, e até estou com vontade de comprar um pintassilgo para cantar na varanda, talvez uma canarinha loura para amar o pintassilgo: e tenho duas redes onde poderemos deitar nas noites de verão para olhar as estrelas e sonhar com outro Brasil, com aquele Brasil com que sonhamos quando estamos na Europa”. (O saudoso, Rubem Braga, com adaptações).

Logo no início do trecho selecionado, após o nome próprio “Europa”, o autor emprega o sinal de pontuação denominado dois-pontos. Nesse caso, os dois-pontos servem para:

Alternativas
Q2658789 Português

O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 1 a 10.


Passa de 1 bilhão o total de pessoas com obesidade no mundo


Um pouco antes de 4 de março, o Dia Mundial da Obesidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou os resultados de um novo estudo internacional com estimativas atualizadas do problema. Com base em informações do peso e da altura de 222 milhões de pessoas em mais de 190 países, um grupo de 1,5 mil pesquisadores, alguns deles brasileiros, calculou a progressão global da obesidade nas últimas três décadas. As conclusões, apresentadas em um artigo publicado em março na revista The Lancet, são impactantes e deveriam instigar as autoridades da saúde e os formuladores de políticas públicas a agir com urgência.

O dado mais alarmante é que, hoje, há no mundo 1,04 bilhão de pessoas com obesidade. Isso significa que um em cada oito habitantes do planeta (12,5% da humanidade) está com o peso muito acima do considerado saudável. Por esse motivo, essa parcela da população corre um risco mais elevado do que os demais indivíduos de desenvolver diabetes, doenças cardiovasculares, algumas formas de câncer e morrer precocemente.

De 1990 a 2022, a população mundial cresceu 51% e passou de 5,3 bilhões para 8 bilhões de pessoas. No mesmo período, o total de indivíduos com obesidade aumentou 360%: passou de 221 milhões para os atuais 1,04 bilhão − destes, 159 milhões são crianças e adolescentes.

A prevalência de obesidade entre adultos cresceu em praticamente todos os países. Em termos relativos, sua frequência, em média, dobrou entre as mulheres (passou de 8,8% para 18,5%) e triplicou entre os homens (foi de 4,8% para 14%). Essa tendência global, que já vinha sendo observada entre os adultos desde os anos 1990, também se instalou entre as crianças e os adolescentes. O aumento foi da ordem de quatro vezes na faixa etária dos 5 aos 19 anos. A proporção de crianças e adolescentes do sexo feminino com obesidade era de 1,7% em 1990 e chegou a 6,9% em 2022. Entre os meninos, saltou de 2,1% para 9,3%.

O crescimento da obesidade em números absolutos e relativos foi acompanhado de uma redução importante no baixo peso. O total de pessoas com peso inferior ao saudável − isto é, magras demais − diminuiu de 649 milhões em 1990 para 532 milhões em 2022.

Com o movimento simultâneo de crescimento da obesidade e da contração da magreza, o excesso de peso tornou-se, no mundo, o principal problema de má nutrição (um desequilíbrio entre as calorias e os nutrientes de que o corpo precisa e os que consegue obter). Ambos são como os dois lados de uma moeda. O baixo peso leva a problemas de saúde pela carência. A obesidade, pelo excesso. Hoje há mais pessoas com obesidade do que com baixo peso em todas as regiões do planeta, com exceção do Sudeste Asiático.

"É muito preocupante observar que a epidemia de obesidade, já evidente entre adultos em grande parte do mundo em 1990, se reflita agora em crianças e adolescentes em idade escolar. Ao mesmo tempo, centenas de milhões de pessoas ainda são afetadas pela subnutrição, especialmente em algumas das partes mais pobres do mundo", afirmou o epidemiologista Majid Ezzati, do Imperial College London, coordenador do estudo, em um comunicado à imprensa. "Para combater com sucesso ambas as formas de má nutrição, é vital melhorar significativamente a disponibilidade e o preço de alimentos saudáveis e nutritivos".

Já faz algum tempo que a obesidade é considerada uma doença crônica e multifacetada. Do ponto de vista do indivíduo, ela resulta da interação entre os genes e as condições de vida das pessoas. São conhecidos uns poucos genes que, uma vez alterados, são suficientes para levar uma pessoa a engordar. Mas existem mais de 300 que regulam o acúmulo e o consumo de energia. Uma pessoa pode até ter características genéticas que favoreçam o ganho de peso, mas engordar pouco se, por exemplo, mantiver uma dieta saudável e praticar exercícios com regularidade. Ou ela pode não ter as variantes genéticas que facilitam o acúmulo de gordura, mas ganhar peso porque come muito ou só tem à disposição alimentos muito calóricos.

A OMS e outras agências sanitárias em geral adotam o índice de massa corporal (IMC) para classificar se um adulto está ou não na faixa de peso ideal − em crianças e adolescentes, o critério é outro, baseado no quanto o peso se afasta do considerado ideal pelas curvas de crescimento. O IMC é calculado ao se dividir o peso − ou massa (músculos, ossos e gordura) − pelo quadrado da altura.

O IMC é útil para estimar o grau de saúde em nível populacional, porque se baseia em duas medidas fáceis de se obter (peso e altura). Ele, no entanto, nem sempre indica o real estado de saúde do indivíduo porque não permite saber qual proporção de sua massa é gordura (uma pessoa pode ter IMC superior a 25 por ser musculosa) nem onde está concentrada a gordura (a armazenada entre os órgãos é mais nociva do que aquela sob a pele). Por isso, médicos e nutricionistas adotam outros indicadores, como a circunferência da cintura e a análise da concentração de gorduras no sangue para estimar a saúde do indivíduo.

O fato de uma proporção maior de pessoas ter começado a conviver com obesidade mais cedo inquieta os especialistas. É que aumenta o tempo que permanecem expostas a condições que favorecem o desenvolvimento de doenças, embora existam pessoas com obesidade saudáveis. "A obesidade tem sido cada vez mais intensa, precoce e prolongada. É quase uma sentença de vida", afirma o pediatra e nutrólogo brasileiro Mauro Fisberg, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo o pesquisador, um dos autores do estudo da The Lancet, essa população terá uma probabilidade maior de manter por mais tempo esse peso excessivo ou de se tornar obesa. "Algumas crianças com excesso de peso na fase pré-puberal já não passam mais pelo emagrecimento que era característico da puberdade", conta.

O cenário delineado pelo estudo da The Lancet pode, na realidade, ser um pouco pior. E, se nada for feito para alterá-lo de modo drástico, pode agravar-se mais na próxima década. A edição de 2024 do Atlas mundial da obesidade, lançado pela Federação Mundial da Obesidade (WOF) também em março, estima que 42% da população adulta mundial já se encontrava acima do peso em 2020 − cerca de 1,39 bilhão de pessoas estavam com sobrepeso e 810 milhões com obesidade. O documento projeta que essa proporção deve chegar a 54% em 2035, com 1,77 bilhão com sobrepeso e 1,53 bilhão com obesidade, o que deve impor gastos com saúde e perda de produtividade de US$ 4 trilhões por ano à economia mundial.

O Brasil encontra-se em uma situação intermediária, embora a proporção de pessoas com obesidade seja bem superior à média global. Com o avanço do ganho de peso nas últimas décadas, a taxa de crianças e adolescentes com obesidade passou de 3,1% (em ambos os sexos) em 1990 para 14,3% entre as meninas e 17,1% entre os meninos em 2022. Entre adultos, subiu de 11,9% para 32% entre as mulheres e de 5,8% para 25% entre os homens. Hoje o país ocupa a 54ª posição no ranking mundial de obesidade infantil e é o 65º com mais homens e o 70º com mais mulheres com obesidade.


Retirado e adaptado de: SOARES, Giselle. Passa de 1 bilhão o total de pessoas com obesidade no mundo. Revista Pesquisa FAPESP.


Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/passa-de-1-bilhao-o-total-de-pessoas-com-obesidade-no-mundo/ Acesso em: 20 abr., 2024.

Os trechos a seguir tiveram sua pontuação alterada. Assinale a alternativa que continua correta mesmo após as alterações:

Alternativas
Q2658412 Português

Os “novos quilombos” e os desafios da “velha escola”


Para fugir da exploração, das violências e do sofrimento impostos pela estrutura socioeconômica escravista do Brasil colonial, grupos de africanos escravizados estabeleciam esconderijos no meio da floresta: os quilombos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, que, segundo alguns historiadores, chegou a reunir cerca de 20 mil habitantes, sob a liderança de Zumbi, morto numa emboscada em 1695 e contemporaneamente alçado ao panteão dos heróis nacionais. Durante os mais de 300 anos de escravidão no Brasil, inúmeros quilombos foram iniciados e dissolvidos.

Com a lei que aboliu a escravatura, em 1888, os quilombos deixaram de se caracterizar como comunidades clandestinas. Sem escravidão oficial, não havia como se falar em “escravos fugidos”. Em decorrência do esfacelamento da sociedade colonial escravista, a categoria quilombo não definia mais as situações daquelas comunidades, mas as pessoas que as formaram, bem como as gerações de seus descendentes não deixaram de existir e de habitar aqueles territórios.

Durante boa parte do século 20, historiadores e antropólogos entraram em contato e pesquisaram aquilo que denominaram “comunidades negras rurais” ou “terras de preto”, como eram chamados os grupos que, julgava-se, descendiam diretamente dos quilombos, tais como Kalunga (Goiás) e Conceição das Crioulas (Pernambuco), para citar algumas das mais conhecidas. Em comum, essas coletividades eram compostas de lavradores com práticas econômicas rurais de subsistência ou atividades econômicas de baixa intensidade. As populações apresentavam baixa escolaridade e acesso reduzido a serviços e bens públicos, como educação, saúde e saneamento.

Muitas conservavam manifestações culturais antigas e tradicionais, como jongo e capoeira, em geral associadas ao patrimônio cultural de origem africana. Outra característica comum era a luta pela manutenção de suas famílias nas terras que habitavam e onde trabalhavam. Durante boa parte do século 20, essas terras foram objeto de conflitos e violações, gerando, em muitos casos, litígios judiciais, uma vez que, em sua maioria, essas pessoas não possuíam titulação das propriedades [...].


(Fonte: Ciência Hoje — adaptado.)

No fragmento “Durante boa parte do século 20, essas terras foram objeto de conflitos e violações [...]”, a vírgula foi empregada para:

Alternativas
Q2657993 Português
A AMEAÇA DOS ULTRAPROCESSADOS


Eles já correspondem a um quarto das calorias que comemos. Estão relacionados a diversas doenças, como ansiedade, depressão e 25 tipos de câncer. E matam 57 mil pessoas por ano só no Brasil. Entenda como a indústria alimentícia manipula nosso paladar e nos vicia em produtos nocivos.


Por Tiago Cordeiro e Bruno Garattoni


Atualizado em 28 de maio de 2024, às 19h27. Publicado em 17 de maio de 2024, às 10h00


          Qual foi a última coisa que você comeu? Há boas chances de que tenha sido algo ultraprocessado – ou seja, que é o resultado de uma sequência de técnicas industriais, com a adição de ingredientes artificiais, substâncias que modificam o sabor e processos que alteram as propriedades físicas e químicas do alimento.

       Os ultraprocessados já correspondem a 25% de todas as calorias consumidas no Brasil, de acordo com um estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP.

        É bastante coisa, e está aumentando: há apenas seis anos, 19,6% das calorias que ingerimos vinham dos ultraprocessados. Em outros países, o cenário é ainda mais impressionante: nos EUA, 55,5% das calorias consumidas pela população vêm de ultraprocessados; na Inglaterra, são 56,8% e no Canadá, 48%.

       Os ultraprocessados conquistaram o mundo porque custam pouco e, embora não sejam exatamente deliciosos, costumam ter altos níveis de sal, açúcar e gordura, três ingredientes extremamente atraentes para o paladar humano. Mas eles também têm outro lado: podem estar relacionados a uma série de doenças.

         O consumo de ultraprocessados está associado a maior risco de 25 tipos de câncer, como descreveu um levantamento que acompanhou 521 mil pessoas, de 10 países europeus, ao longo de uma década.

    Esse (mau) hábito alimentar também está relacionado a depressão, ansiedade e declínio cognitivo, como apontou um relatório produzido pela ONG americana Sapien Labs.

        Ao avaliar a rotina alimentar e o estado de saúde de quase 300 mil pessoas em 70 países, ela concluiu que 53% das pessoas que se alimentam de ultraprocessados várias vezes ao dia relatam sofrer de problemas relacionados à saúde mental – contra 18% dos entrevistados que raramente procuram por esse tipo de comida.

      Os danos são generalizados. “No geral, foram encontradas associações diretas entre a exposição a alimentos ultraprocessados e 32 parâmetros de saúde que abrangem mortalidade, câncer e resultados de saúde mental, respiratório, cardiovascular, gastrointestinal e metabólico”, resumem especialistas de diversas instituições importantes, incluindo a Universidade Johns Hopkins, a Universidade de Sydney, e a Universidade de Sorbonne, em um trabalho que avaliou 45 outros estudos sobre alimentos ultraprocessados, envolvendo 9,9 milhões de pessoas ao todo.

         Essa análise apontou que a maior ingestão de ultraprocessados está associada a um aumento de 50% no risco de morte por doenças cardiovasculares, de 48% a 53% mais risco de desenvolver transtornos mentais, e 12% mais probabilidade de sofrer diabetes tipo 2.

      Tem mais. Os ultraprocessados causam 57 mil mortes prematuras por ano no Brasil, como estima um estudo elaborado por pesquisadores das USP, da Fiocruz, da Unifesp e da Universidade de Santiago (Chile).

        É isso mesmo. Eles matam mais gente, a cada ano, do que os acidentes de trânsito (que vitimam em torno de 30 mil pessoas), ou os homicídios (39.500 mortes no ano passado).

[...] 


Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/a-ameaca-dos-ultraprocessados/. Acesso em: 11 jun. 2024.

Do ponto de vista dos processos de formação de palavras, da pontuação e da concordância, é CORRETO afirmar que:
Alternativas
Q2657319 Português
A partir da leitura do texto ABAIXO, analise e responda o que é solicitado.

SONETO DE SEPARAÇÃO
Vinicius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

Disponível em: https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/86479/em: 25 de jan. 2024. 
O uso da virgula no último verso do poema “De repente, não mais que de repente” serve para:
Alternativas
Q2650533 Português

Em relação à pontuação, assinalar a alternativa CORRETA:

Alternativas
Q2650230 Português

Benefícios de uma viagem para a saúde

  1. Você gosta de viajar? Então já deve ter percebido que esse hábito promove uma série de
  2. melhorias na qualidade de vida, seja para a alma ou para ganhar conhecimento, visitar novos
  3. lugares, ter acesso a culturas diferentes e fazer novas amizades é muito bom. Além disso, esse
  4. hábito também traz muitas vantagens à saúde, como falaremos a seguir.
  5. Fuga da rotina: o primeiro e talvez mais importante benefício de uma viagem é a fuga da
  6. rotina, que por muitas vezes se torna pesada e altamente estressante. Afastar-se dessa rotina,
  7. mesmo que apenas por uns dias, e esquecer dos problemas focando apenas em descansar
  8. promove um bem-estar imenso.
  9. Maior criatividade: as viagens sempre aguçam a criatividade, e o motivo para isso acontecer
  10. é simples. Quando nos mantemos presos a uma rotina, nossa visão do mundo acaba sendo
  11. reduzida. Logo, ao viajarmos mais, nos mantemos sempre em contato com coisas novas, o que
  12. aumenta a criatividade.
  13. Maior confiança e autoestima: por mais que uma viagem seja cuidadosamente planejada,
  14. sempre podem acontecer imprevistos e, ao conseguir superá-los, sua confiança e autoestima
  15. serão elevadas.
  16. Aumento da habilidade social: pessoas tímidas e com problemas de socialização se tornam
  17. capazes de superar essas condições quando criam o hábito de viajar, porque durante uma viagem
  18. é praticamente impossível evitar o contato social.
  19. Criação de boas lembranças: ter boas memórias é fundamental para se manter feliz nos
  20. períodos em que não se está viajando e evitar problemas como a depressão, por exemplo. Isso
  21. acontece porque boas lembranças aumentam a produção de serotonina e de outros hormônios,
  22. como a endorfina, que é um poderoso analgésico natural do organismo humano

(Disponível em: www.catracalivre.com.br/viagem-livre/8-beneficios-de-uma-viagem-para-a-saude/– texto adaptado especialmente para esta prova).

O sinal de pontuação da frase “Você gosta de viajar?” se chama:

Alternativas
Q2650222 Português

Benefícios de uma viagem para a saúde

  1. Você gosta de viajar? Então já deve ter percebido que esse hábito promove uma série de
  2. melhorias na qualidade de vida, seja para a alma ou para ganhar conhecimento, visitar novos
  3. lugares, ter acesso a culturas diferentes e fazer novas amizades é muito bom. Além disso, esse
  4. hábito também traz muitas vantagens à saúde, como falaremos a seguir.
  5. Fuga da rotina: o primeiro e talvez mais importante benefício de uma viagem é a fuga da
  6. rotina, que por muitas vezes se torna pesada e altamente estressante. Afastar-se dessa rotina,
  7. mesmo que apenas por uns dias, e esquecer dos problemas focando apenas em descansar
  8. promove um bem-estar imenso.
  9. Maior criatividade: as viagens sempre aguçam a criatividade, e o motivo para isso acontecer
  10. é simples. Quando nos mantemos presos a uma rotina, nossa visão do mundo acaba sendo
  11. reduzida. Logo, ao viajarmos mais, nos mantemos sempre em contato com coisas novas, o que
  12. aumenta a criatividade.
  13. Maior confiança e autoestima: por mais que uma viagem seja cuidadosamente planejada,
  14. sempre podem acontecer imprevistos e, ao conseguir superá-los, sua confiança e autoestima
  15. serão elevadas.
  16. Aumento da habilidade social: pessoas tímidas e com problemas de socialização se tornam
  17. capazes de superar essas condições quando criam o hábito de viajar, porque durante uma viagem
  18. é praticamente impossível evitar o contato social.
  19. Criação de boas lembranças: ter boas memórias é fundamental para se manter feliz nos
  20. períodos em que não se está viajando e evitar problemas como a depressão, por exemplo. Isso
  21. acontece porque boas lembranças aumentam a produção de serotonina e de outros hormônios,
  22. como a endorfina, que é um poderoso analgésico natural do organismo humano

(Disponível em: www.catracalivre.com.br/viagem-livre/8-beneficios-de-uma-viagem-para-a-saude/– texto adaptado especialmente para esta prova).

Qual sinal de pontuação substitui corretamente a figura da linha 22 do texto?

Alternativas
Q2649372 Português

Leia o texto para responder às questões de números 03 a 07.


Dengue prevista


A dengue é uma doença periódica e cíclica: os casos crescem no verão e há picos epidêmicos a cada 4 ou 5 anos. Trata-se, portanto, de enfermidade de atuação previsível. Supõe-se que o poder público se adiantaria com medidas de prevenção e tratamento. Contudo, há décadas os números de casos e mortes só aumentam no Brasil.

Entre 2000 e 2010, foram registrados 4,5 milhões de ocorrências e 1.869 óbitos. Na década seguinte, os números saltaram para 9,5 milhões e 5.385, respectivamente. O primeiro semestre deste ano registra 1,4 milhão de casos, ante 1,5 milhão em 2022. A tendência é piorar.

Segundo a OMS, urbanização descontrolada e sistema sanitário precário contribuem para o descontrole da moléstia.

No Brasil, cerca de 50% da população não tem acesso a redes de esgoto, em grande parte devido à ineficiência estatal, que só agora começa a mudar com o novo marco do setor. E o desmatamento para a construção de moradias irregulares grassa nos grandes centros. A dimensão de áreas verdes derrubadas para esse fim na cidade de São Paulo atingiu, nos primeiros dois meses de 2023, 85 hectares.

Neste ano, o município já conta com 11 444 casos de dengue – 3,7% a mais em relação ao mesmo período de 2022. Dez pessoas morreram, o maior número em oito anos, quando houve pico epidêmico.

A OMS ressaltou a importância da vacinação. Mas, devido à burocracia, o Brasil protela a distribuição do imunizante japonês Qdenga – já aprovado para venda pela Anvisa – no sistema público de saúde.

O combate à dengue deve ser contínuo, não apenas no verão, e em várias frentes complementares (saúde, infraestrutura e moradia). Com o alerta da OMS, espera-se que o poder público, local e federal, se prepare para receber as consequências do fenômeno climático El Niño.


(Editorial. Folha de S.Paulo, 27.07.2023. Adaptado)

No trecho do primeiro parágrafo – A dengue é uma doença periódica e cíclica: os casos crescem no verão e há picos epidêmicos a cada 4 ou 5 anos. Trata-se, portanto, de enfermidade de atuação previsível. –, os dois-pontos e as vírgulas são empregados, correta e respectivamente, para sinalizar

Alternativas
Q2648831 Português

Atenção: Para responder às questões de números 1 a 5, leia o trecho do conto “Sol nascente”


Ainda hoje, quando lanço o olhar ao mar, imagino a vida de meus avós como ilhas distantes, cercadas pela vastidão de um oceano de histórias (muitas delas guardadas na linha de um horizonte que não pode mais ser lido). No alto do Morro de São Sebastião, contemplo o sol nascente e me inspiro a iniciar estas linhas. Talvez elas não contenham toda a verdade, talvez haja imprecisões e deslizes históricos, mas foi assim que eu as recebi, pela boca dos que sobreviveram.

leiri-san inspecionava as conversas dos navios que nasciam no estaleiro que dirigia com disciplina. Há décadas os japoneses iniciaram a colonização da ilha de Taiwan, tomada da China após a guerra sino-japonesa. Para lá a família leiri emigrou para prosperar. Chiyoko, filha do patriarca leiri, cresceu entre finas bonecas de porcelana, tendo os melhores instrutores, tornando-se de pianista a carateca. Sempre ávida por conhecimento, aprendeu com seu tio diversos procedimentos, tais como a realização de partos e, sobretudo, a quiropraxia. Chiyoko se transformou em uma mulher extraordinária, nadando em alto-mar e, apesar de sua compleição esguia, aventurando-se até a praticar sumô. Após aprender tantas coisas, não poderia ter se tomado outra coisa a não ser professora.

Naquele dia, apesar da triste guerra, Chiyoko estava feliz. Era o dia do aniversário de seu pai. Não importava a ela que seu otosan estivesse em um leito de hospital nem que o medo rondasse cada esquina. Ela tinha conseguido, a grande custo, algumas iguarias que seu pai gostava de comer. Era para comemorar a data, para celebrar a vida. E seus passos eram alegres quando a sirene tocou. E era alegre o dia quando as bombas caíram.

O hospital em que seu pai estava foi atingido. A vida naufragou. [...] Por ter aprendido tantas coisas com o tio médico, Chiyoko auxiliava os feridos durante a guerra, que estava para ser perdida.

(Adaptado de: KONDO, André. Origens. Editora do Brasil, 2019. Edição Eletrônica)


As vírgulas foram empregadas para isolar um aposto no seguinte segmento:

Alternativas
Q2647268 Português

Texto para as questões de 1 a 9.

1 A palavra “cientificismo” pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes. Há, por exemplo,

um sentido filosófico, positivo, adotado por Mario Bunge, que consiste em reconhecer que, na hora de

descrever objetivamente o mundo material, “o enfoque científico dá mais resultados do que suas

4 alternativas: tradição, intuição ou instinto (...), tentativa e erro, e contemplação do próprio umbigo”. Além

desse, há pelo menos três outros: um pejorativo-caricatural, um pejorativo medieval e um crítico, que

merece consideração séria.

7 O pejorativo-caricatural é um atalho retórico. Com frequência, um sintoma de preguiça mental:

diante de uma crítica ou comentário que tenha base científica, que cite a ciência ou mobilize valores e

argumentos de fundamento científico a respeito de um tema qualquer, basta reagir acusando a

10 intervenção de “cientificista” e a crítica está descartada liminarmente (poupando, portanto, o acusador

e seus seguidores do trabalho extenuante de analisá-la a fundo) e o pobre crítico, marcado como um

“positivista” simplório, digno de pena.

13 O pejorativo medieval é aplicado por quem reage de forma indignada à mera sugestão de que a

ciência pode ter algo de relevante a dizer sobre fenômenos tradicionalmente enquadrados como do

domínio “do espírito”, “da cultura” etc. Chamo-o de medieval porque representa, em roupagem

16 contemporânea, o mesmo tipo de atitude dos cardeais que se recusaram a olhar pelo telescópio de

Galileu e reconhecer que a Terra gira em torno do Sol, porque as verdades da Bíblia e da tradição já

bastavam.

19 Já o uso crítico correto — que escapa à mera caricatura e ao reacionarismo medieval — da acusação

de “cientificismo” faz referência à ideia de que exista algo de essencial ou definitivo na abordagem

científica de qualquer evento, objeto, fato ou problema: que os aspectos revelados pela ciência são e

22 serão sempre os mais importantes e a última palavra sobre tudo.

O cientificista, nesse sentido, falha em reconhecer que isso pode ser verdade em alguns casos e em

outros, não. Ignora a questão fundamental dos diferentes níveis explicativos: todo fenômeno tem

25 vários aspectos, e a forma correta de abordá-lo depende do aspecto que se mostra mais relevante no

momento. Ferramentas adequadas para dar conta de um tipo de preocupação podem ser inúteis ou,

pior, produzir resultados aberrantes quando aplicadas fora de contexto.

28 O que é incorreto e injustificado é tratar como “cientificistas” análises que consideram os

resultados da ciência soberanos e inescapáveis exatamente em questões que são legitimamente

científicas — por exemplo, questionar se o modelo psicanalítico do inconsciente corresponde aos fatos,

31 ou, ainda, se a acupuntura tem eficácia superior à de um tratamento placebo. Para perguntas assim,

parafraseando Mario Bunge, as ferramentas do método científico funcionam melhor do que a

contemplação do próprio umbigo.

34 Convicções formadas por experiência pessoal são difíceis de debelar, mesmo para quem, em

abstrato, sabe e reconhece que existem níveis de evidência muito mais significativos. O cientificismo

positivo, bungiano, está aí para nos lembrar de que, quando a pergunta requer uma resposta científica,

37 o umbigo é mau conselheiro.

Carlos Orsi. Internet:<revistaquestaodeciencia.com.br> (com adaptações).

Assinale a alternativa correta no que diz respeito à pontuação no texto.

Alternativas
Q2646814 Português

Considere atentamente o trecho a seguir, extraído de uma das crônicas de Paulo Mendes Campos, para responder as próximas questões.


“O homem entra no bar para transcender-se: eis a miserável verdade. Entrei em muitos, bebo alguma coisa desde a minha adolescência, conheço bares em Porto Alegre, Buenos Aires, São Paulo, Rio, Salvador, Recife, Manaus, Brasília, João Pessoa, Petrópolis, Belém, Nova Iorque, Lisboa, Vigo, Londres, Roma, Nápoles, Siracusa, Agrigento, Marsala, Palermo, Veneza, Hamburgo, Berlim, Heidelberg, Dusseldorf, Colônia, Munique, Goettingen, Varsóvia, Estocolmo, Leningrado, Moscou, Pequim, Múquiden, Xangai, Santa Luzia e Sabará... Em 1954, viajando pela Alemanha de carro, cheguei, pouco depois da meia-noite, à cidade universitária do Goettingen. No Brasil, uma cidade cheia de estudantes costuma tumultuar-se pela madrugada. Mas Goettingen àquela hora entregava-se a um repouso unânime. Sem sono, reservei um quarto no hotel, perguntando ao empregado onde poderia beber qualquer coisa. – ‘Ah, senhor’ – respondeu orgulhoso o alemão – ‘Goettingen é uma cidade universitária, não existe nada aberto a esta hora’. – ‘O senhor está completamente enganado’ – retruquei-lhe. Ele se riu bondosamente de mim: tinha mais de sessenta anos, nascera em Goettingen, conhecia todas as ruas da cidade, todos os bares, seria humanamente impossível encontrar qualquer venda aberta depois de meia-noite. – ‘O senhor está completamente enganado’ – insistia eu. Outro alemão que viajava comigo reforçou a opinião do empregado do hotel, e começou a dissertar impertinentemente sobre as diferenças entre o Brasil e a Alemanha. Eu estava parecendo bobo – disse ele – não querendo aceitar esta germânica verdade: em Goettingen não havia um único bar aberto depois de meia-noite. A esta altura manifestei-lhes um princípio universal pelo qual sempre me guiei: – ‘Pois fiquem vocês sabendo que em todas as cidades, todas as vilas e povoados do mundo, há pelo menos duas pessoas que continuam a beber depois da meia-noite; aqui em Goettingen há pelo menos duas pessoas que estão bebendo neste momento; vou encontrá-las’. Meio cético a respeito do meu princípio, mas solidário com o amigo, resolveu acompanhar-me. Saímos para a noite morta de Goettingen, e fomos andando pelas ruas paralisadas. No fim duma rua comprida e oblíqua, vi um cubo iluminado, mais parecido com um anúncio de barbearia, e afirmei: ‘É ali’. Ao fim da passagem lateral, por onde entramos, demos com a porta fechada. Batemos em vão, e já íamos embora, desapontados, quando notei no corredor uma escada circular para o porão, cavada na pedra. No primeiro patamar, ouvimos música. Tomei um ar superior de vidente e desci o segundo lance. Empurrada a grossa porta, recebi uma salutar lufada de música, de tabaco, de gente, de aromas etílicos. Foi como se eu reconquistasse o paraíso. O boteco dançava e bebia animadamente, repleto de jovens universitários e lindas universitárias de bochechas coradas e riso amorável. Não havia uma única mesa vaga, mas três segundos depois eu estava a beber um magnífico branco do Reno e a explicar para os estudantes, que nos acolheram com simpatia, o princípio universal que rege a vida noturna. E eles acataram o meu pacífico princípio como um axioma luminoso”. (“Por que bebemos tanto assim”, de Paulo Mendes Campos, com adaptações).

No trecho “Ele se riu bondosamente de mim: tinha mais de sessenta anos…”, o uso da pontuação denominada dois-pontos serve para introduzir no texto uma:

Alternativas
Ano: 2023 Banca: IDIB Órgão: Prefeitura de Trindade - GO
Q2646720 Português

Texto para as questões de 1 a 20.


Drogas e tratamentos


Antônio Carlos Prado


1 Existem três modalidades no campo da institucionalização de dependentes

químicos. A internação compulsória é aquela determinada pela Justiça e ocorre, sobretudo,

quando o usuário de substância psicoativa comete algum grave ato dissocial – homicídio,

por exemplo. Nesse caso, se comprovado cientificamente que o delito aconteceu devido à

5dependência que retirou do autor a capacidade de crítica e _________¹, o juiz pode

considerar o indivíduo irresponsável pelo crime — ou seja, o delito lhe é inimputável.

Em vez de sentença penal condenatória é aplicada, então, medida de segurança

com encaminhamento a hospital de custódia.

Quanto à internação involuntária: o dependente químico, mesmo já colocando em

10risco a sua vida e a de outras pessoas, recusa-se a ser internado. Nesse caso, basta

autorização de um médico e de um parente direto para a institucionalização se consumar.

Finalmente, existe a voluntária: o usuário concorda em ir para uma instituição com

a finalidade de ser tratado e largar definitivamente o uso nocivo e abusivo.

Embora seja a mais discutida no País, a chamada Cracolândia, na cidade de São

15Paulo, onde dependentes químicos se drogam dia e noite a céu aberto, não é a única do

Brasil — o assunto aqui abordado tem, portanto, interesse nacional. Ao que se assiste na

capital paulista, porém, é a Prefeitura tomar atitudes com boas intenções (afinal, quer

salvar vidas), mas que terão poucos resultados. Circulam pela Cracolândia traficantes que

deveriam ser presos — basta uma semana de operações e o tráfico acaba. Seria possível,

20então, cuidar dos dependentes que perambulam perdidos em um mundo no qual não mais

percebem o quanto aceleram o próprio passo para a morte.

A Prefeitura defende a internação involuntária de usuários que usam drogas há mais

de cinco anos – nesse espaço de tempo, em se falando de crack, os pulmões estão

lesados.

25 É sabido, no entanto, que internações involuntárias podem ou não surtirem bons

efeitos, e não devem elas estar fundamentadas somente em doenças pulmonares.

A internação não voluntária, importante repetir, vale em situações em que o usuário

coloca em risco a sua vida ou a de terceiros. Esse aspecto registra-se em não mais que

6% dos cerca de seis mil atendimentos feitos anualmente pela Unifesp.

30 É preciso, isso sim, que se enviem médicos especializados diariamente ao local e

que se prendam os traficantes. São necessárias ações de convencimento para tratamentos

ambulatoriais ou internações voluntárias. O problema é de dificílima solução, a Prefeitura

paulistana está empenhada com seriedade e boa vontade em encontrar soluções, mas o

caminho seguido não é o mais adequado.


Disponível em: https://istoe.com.br/drogas-e-tratamentos/. Acesso em 09/02/2023

Assinale a única alternativa em que a pontuação está completamente adequada.

Alternativas
Q2645764 Português

Atenção: Leia o texto “Liberdade e necessidade ao revés”, de Eduardo Giannetti, para responder às questões de números 6 a 12.


“Por meios honestos se você conseguir, mas por quaisquer meios faça dinheiro”, preconiza - prenhe de sarcasmo - o verso de Horácio. Desespero, precisão ou cobiça, dentro ou fora da lei: o dinheiro nos incita a fazer o que de outro modo não faríamos. Suponha, entretanto, um súbito e imprevisto bafejo da fortuna - um prêmio lotérico, uma indenização milionária, uma inesperada herança. Quem continuaria a fazer o que faz para ganhar a vida caso não fosse mais necessário fazê-lo? Estamos acostumados a considerar o trabalho como algo a que nos sujeitamos, mais ou menos a contragosto, para obter uma renda - como um sacrifício ou necessidade imposta de fora; ao passo que o consumo é tomado como a esfera por excelência da livre escolha: o território sagrado para o exercício da nossa liberdade individual. A possibilidade de satisfazer, ainda que parcialmente, nossos desejos e fantasias de consumo se afigura como a merecida recompensa - ou suborno, diriam outros - capaz de atenuar a frustração e aliviar o aborrecimento de ocupações que de outro modo não teríamos e não nos dizem respeito.

Daí que, na feliz expressão do jovem Marx, “o trabalhador só se sente ele mesmo quando não está trabalhando; quando ele está trabalhando, ele não se sente ele mesmo”. - Mas, se o mundo do trabalho está vedado às minhas escolhas e modo de ser; onde poderei expressar a minha individualidade? Impedido de ser quem sou no trabalho - escritório, chão de fábrica, call center, guichê, balcão -, extravaso a minha identidade no consumo - shopping, butique, salão, restaurante, showroom. Fonte de elã vital, o ritual da compra energiza e a posse ilumina a alma do consumidor. A compra de bens externos molda a identidade e acena com a promessa de distinção: ser notado, ser ouvido, ser tratado com simpatia, respeito e admiração pelos demais. Não o que faço, mas o que possuo - e, sobretudo, o que sonho algum dia ter - diz ao mundo quem sou. Servo impessoal no ganho, livre e soberano no gasto.


(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016)

Verifica-se o emprego de vírgula para separar elementos de uma enumeração em:

Alternativas
Q2644997 Português

FIPA Brasil-Portugal: Desafios e conquistas na preservação do patrimônio histórico são debatidos em São Luís (MA)


  1. Começou. De hoje até sexta-feira (14 a 16/06/2023), o Centro Histórico de São Luís
  2. (Maranhão) se torna o _________ das discussões sobre conservação e reuso do Patrimônio
  3. Arquitetônico no Brasil e em Portugal. Com o tema “Diversidade em diálogos permanentes”, o
  4. 9º Fórum Internacional de Patrimônio Arquitetônico (FIPA) reúne os mais importantes
  5. pesquisadores da área de patrimônio dos dois países, em uma troca de conhecimentos e
  6. experiências vibrante e intensa O objetivo é trazer à tona as técnicas e soluções mais recentes,
  7. unindo inovação e tradição.
  8. O FIPA foi idealizado pelas arquitetas Maria Rita Amoroso, brasileira, e Alice Tavares,
  9. portuguesa, com o objetivo de fortalecer a relação entre Portugal e Brasil no campo do
  10. patrimônio, discutindo técnicas construtivas e promovendo a valorização, conservação e
  11. salvaguarda de bens materiais e imateriais nos dois países. “O FIPA certifica a força da união
  12. Brasil-Portugal. Trabalha a diversidade das culturas que nos faz progredir juntos. Diálogos
  13. conscientes, resilientes, históricos e artísticos”, disse Maria Rita na solenidade de abertura.
  14. O presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA), José Luis Cortés, parabenizou os
  15. organizadores do FIPA pelos resultados alcançados ao longo dos anos. “Como vocês sabem,
  16. proteger o Patrimônio Histórico foi a missão que norteou a criação da UIA em 1948. A Europa
  17. estava destruída pela Guerra. Unimos 120 países nessa missão e desde então temos trabalhado
  18. com esse tema em todo o mundo”, disse. Ele também destacou a importância dos centros
  19. históricos para o debate sobre sustentabilidade e mudanças climáticas.
  20. “Este evento integra três vértices da minha vida: patrimônio, pesquisa científica e militância
  21. profissional”, disse a presidente do CAU Brasil, Nadia Somekh. “Não podemos esquecer que a
  22. questão do patrimônio é uma questão urbana. O Brasil precisa de Arquitetura e Urbanismo. Não
  23. falta trabalho para os arquitetos realizarem. Precisamos sensibilizar a população sobre a
  24. Arquitetura, sobre o Patrimônio e sobre a Amazônia”.
  25. Coordenador do FIPA Portugal e professor da Universidade de Aveiro, Aníbal Costa enfatizou
  26. a dificuldade de colocar o conhecimento acadêmico em prática, em aproximar a teoria da
  27. realidade. “É difícil colocar esse conhecimento na utilização do dia a dia. Essa é uma dificuldade
  28. que existe em Portugal e no Brasil”, afirmou, reforçando a necessidade de unir esforços em
  29. eventos como o FIPA, para conservar e salvaguardar o patrimônio histórico.
  30. Por conseguinte, Leandro Grass, presidente do Iphan, destacou que o Patrimônio deve
  31. ser discutido com vistas à promoção da cidadania. “Que as tecnologias e conhecimentos aqui
  32. debatidos possam servir à cidadania, com foco no ser humano. O Patrimônio é a história das
  33. pessoas, suas esperanças e seus sentimentos”, disse.


(Disponível em: https://caubr.gov.br/fipa-brasil-portugal-desafios-e-conquistas-na-preservacao-do-patrimonio-historico-sao-debatidos-em-sao-luis-ma/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

Assinale a alternativa que substitui corretamente a figura localizada na linha 06.

Alternativas
Q2644805 Português

Marque a alternativa que não contém erro de pontuação:

Alternativas
Q2644604 Português

A partir da leitura do trecho: “As últimas pesquisas, mostram que o percentual de usuários habituais de álcool é 15% entre os funcionários da empresa”, podemos afirmar que:

Alternativas
Respostas
601: E
602: E
603: D
604: D
605: A
606: D
607: E
608: D
609: A
610: D
611: D
612: E
613: D
614: A
615: D
616: A
617: E
618: D
619: D
620: C