Questões de Português - Problemas da língua culta para Concurso
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Texto para o item
Julgue o item quanto à correção gramatical e à coerência da proposta de reescrita para cada um dos trechos destacados do texto.
“Se o País recuperar pastagens e promover
integração lavoura‐pecuária ou integração
lavoura‐pecuária‐floresta, deixará de ser lançado na
atmosfera o equivalente a 1,8 bilhão de toneladas de
CO2” (linhas 6 e 7):Se caso o País recupere pastagens
e promova integração lavoura‐pecuária ou integração
lavoura‐pecuária‐floresta, deixaram de ser lançado na
atmosfera 1,8 bilhão de toneladas de CO2.
A gratidão tem o poder de salvar vidas (ou por que você deveria escrever aquela nota de agradecimento)
Richard Gunderman. Tradução: Camilo Rocha
A gratidão pode ser mais benéfica do que costumamos supor. Um estudo recente pediu que pessoas escrevessem uma nota de agradecimento para alguém e depois estimassem o quão surpreso e feliz o recebedor ficaria. Invariavelmente, o impacto foi subestimado. Outro estudo avaliou os benefícios para a saúde de se escrever bilhetes de obrigado. Os pesquisadores descobriram que escrever apenas três notas de obrigado ao longo de três semanas melhorava a satisfação com a vida, aumentava sentimentos de felicidade e reduziria sintomas de depressão.
Existem múltiplas explicações para os benefícios da gratidão. Uma é o fato de que expressar gratidão encoraja os outros a continuarem sendo generosos, promovendo, assim, um ciclo virtuoso de bondade em relacionamentos. Da mesma maneira, pessoas agradecidas talvez fiquem mais propensas a retribuir com seus próprios atos de bondade. Falando de modo mais amplo, uma comunidade em que as pessoas se sentem agradecidas umas com as outras tem mais chance de ser um lugar agradável para se viver do que uma caracterizada por suspeição e ressentimento mútuos.
Os efeitos benéficos da gratidão podem ir ainda mais longe. Por exemplo, quando muitas pessoas se sentem bem sobre o que outra pessoa fez por elas, elas sentem um senso de elevação, com um consequente reforço da sua consideração pela humanidade. Alguns se inspiram a tentar se tornar também pessoas melhores, fazendo mais para ajudar a trazer o melhor nos outros e trazendo mais bondade para o mundo à sua volta.
É claro, atos de bondade também podem fomentar desconforto. Por exemplo, se pessoas sentem que não são merecedoras de bondade ou suspeitam que há algum motivo por trás da bondade, os benefícios da gratidão não se realizarão. Do mesmo modo, receber bondade pode fazer surgir um senso de dívida, deixando nos beneficiários uma sensação de que precisam pagar de volta a bondade recebida. A gratidão pode florescer apenas se as pessoas têm confiança o suficiente em si mesmas e nos outros para permitir que isso aconteça.
Outro obstáculo para a gratidão é frequentemente chamado de senso de merecimento. Em vez de sentir um benefício como uma virada boa, as pessoas às vezes o veem como um mero pagamento do que lhes é devido, pelo qual ninguém merece nenhum crédito moral. Ainda que seja importante ver que a justiça está sendo feita, deixar de lado oportunidades por sentimentos genuínos e expressões de generosidade também podem produzir uma comunidade mais impessoal e fragmentada.
Quando Defoe retratou a personagem Robinson Crusoe fazendo da ação de graças uma parte diária de sua vida na ilha, ele estava antecipando descobertas nas ciências sociais e medicina que não apareceriam por centenas de anos. Ele também estava refletindo a sabedoria de tradições religiosas e filosóficas que têm início há milhares de anos. A gratidão é um dos estados mentais mais saudáveis e edificantes, e aqueles que a adotam como hábito estão enriquecendo não apenas suas próprias vidas mas também as vidas daqueles à sua volta.
Adaptado de: https://www.nexojornal.com.br/externo/2018/08/11/Agratid%C3%A3o-tem-o-poder-de-salvar-vidas-ou-por-quevoc%C3%AA-deveria-escrever-aquela-nota-de-agradecimento Acesso em: 04 fev. 2020.
O DEVER DA IMPOPULARIDADE
Faz algum tempo, participei de uma mesa-redonda, tripulada por grandes figuras de nossas letras e intelectualidade. Na audiência, milhares de pessoas aplaudiam as frases bem esculpidas, as sínteses elegantes e as críticas virulentas. Um belo espetáculo de uso eloqüente da palavra.
Mas fui para casa com um grande desconforto. Essas pessoas estavam traindo os deveres essenciais do intelectual: 1) dizer o que precisa ser dito de acordo com o julgamento próprio e não dizer o que traz aplauso; 2) mostrar o caminho percorrido e não a resposta pronta; 3) não falar sobre o que não entende, pois desvaloriza a própria atividade intelectual. Meus colegas de mesa haviam pecado.
Falar mal do governo traz aplausos? Pois lancemos uma crítica fulminante. Qual é a bola da vez? Perdoemos talvez os políticos que precisam de votos ou que não tiveram tão burilada educação. Mas, se a liberdade de cátedra e a estabilidade funcional dos professores não lhes dão coragem o bastante para dizer o que pensam, para que servirão?
Quantas vezes ouvimos professores de universidades públicas falando em privado contra os desmandos lá observados, mas sem ousar repeti-lo em público. Onde está a ousadia para reclamar dos colegas que não dão aulas ou não cumprem muitas outras regras, sendo seus salários pagos pelo contribuinte? Onde está a responsabilidade social para reclamar em público de quem denigre a reputação da universidade, pela preguiça, indolência ou desperdício? Onde estão nossos cientistas de primeira linha quando se arrastam greves sem inspiração?
Aqueles que, à custa de enormes gastos do contribuinte receberam a mais primorosa educação têm o dever de educar os que não tiveram esse privilégio. Portanto, a frase feita com a resposta não é o que se espera. O que se espera é que mostrem o caminho que os leva a esta ou àquela conclusão. Afinal de contas, em ciência o que valida os resultados são a limpidez da lógica e o uso disciplinado das informações. É sua competência nessa manipulação simbólica e empírica que valida o resultado, não a extensão dos currículos ou o impacto político do que é dito. Não basta dizer que o governo é imbecil ou a oposição ridícula, a política daquele partido cretina ou que a globalização é uma trama diabólica. Repetir essas palavras está ao alcance de qualquer um. É preciso explicar, guiar, mostrar a lógica do raciocínio e as margens de erro contidas nas análises. É mais difícil, mais enfadonho, produz menos frases de efeito e poucas palmas. Mas é o que a sociedade deveria esperar.
A reputação na ciência e nas letras é conseguida à custa de dedicação e disciplina. Não vem do dia para a noite o domínio da profissão. Portanto, ao defrontar-se com um público e morrer de vontade de ser aplaudido, é preciso resistir à tentação de falar com leviandade sobre as ciências dos outros. Quem anda falando do Proer conhece a história dos bancos e do que já aconteceu em clima de pânico? Quem fala em renegar a dívida externa sabe o que aconteceu com todos os que tentaram fazê-lo? Sabem quanto aumentou o spread do juro ao Brasil quando um presidente deu uma única declaração de que não ia pagar a dívida? Melhorar a distribuição de renda? É preciso dizer como. Os não-economistas não podem ser alijados dessas discussões. Mas tampouco podem olimpicamente ignorar o conhecimento acumulado ao longo dos anos. Isso é tanto mais grave e imperdoável quando dito por pessoas cuja vida foi dedicada a dominar algum campo do saber e, por pura vaidade, desrespeitam outras áreas que requerem pelo menos tanto esforço para dominar.
Nossos homens de ciências e de letras têm obrigações perante a sociedade. Sua ânsia de ser aplaudidos não pode obliterar esses deveres. Eles têm de criticar, mostrar problemas, participar da vida nacional. Mas o que deve falar é sua consciência, e não a vontade de ganhar palmas. Esperamos deles a coragem dos comunistas que denunciaram o stalinismo ou dos direitistas que denunciaram o macarthismo. O primeiro dever é o da impopularidade.
(Claudio de Moura Castro - Revista Veja, 7 de novembro, 2009)
Estava __________ a _________ da guerra, pois os terroristas _____________ nos erros do passado.
A alternativa que completa corretamente as lacunas é:
O DEVER DA IMPOPULARIDADE
Faz algum tempo, participei de uma mesa-redonda, tripulada por grandes figuras de nossas letras e intelectualidade. Na audiência, milhares de pessoas aplaudiam as frases bem esculpidas, as sínteses elegantes e as críticas virulentas. Um belo espetáculo de uso eloqüente da palavra.
Mas fui para casa com um grande desconforto. Essas pessoas estavam traindo os deveres essenciais do intelectual: 1) dizer o que precisa ser dito de acordo com o julgamento próprio e não dizer o que traz aplauso; 2) mostrar o caminho percorrido e não a resposta pronta; 3) não falar sobre o que não entende, pois desvaloriza a própria atividade intelectual. Meus colegas de mesa haviam pecado.
Falar mal do governo traz aplausos? Pois lancemos uma crítica fulminante. Qual é a bola da vez? Perdoemos talvez os políticos que precisam de votos ou que não tiveram tão burilada educação. Mas, se a liberdade de cátedra e a estabilidade funcional dos professores não lhes dão coragem o bastante para dizer o que pensam, para que servirão?
Quantas vezes ouvimos professores de universidades públicas falando em privado contra os desmandos lá observados, mas sem ousar repeti-lo em público. Onde está a ousadia para reclamar dos colegas que não dão aulas ou não cumprem muitas outras regras, sendo seus salários pagos pelo contribuinte? Onde está a responsabilidade social para reclamar em público de quem denigre a reputação da universidade, pela preguiça, indolência ou desperdício? Onde estão nossos cientistas de primeira linha quando se arrastam greves sem inspiração?
Aqueles que, à custa de enormes gastos do contribuinte receberam a mais primorosa educação têm o dever de educar os que não tiveram esse privilégio. Portanto, a frase feita com a resposta não é o que se espera. O que se espera é que mostrem o caminho que os leva a esta ou àquela conclusão. Afinal de contas, em ciência o que valida os resultados são a limpidez da lógica e o uso disciplinado das informações. É sua competência nessa manipulação simbólica e empírica que valida o resultado, não a extensão dos currículos ou o impacto político do que é dito. Não basta dizer que o governo é imbecil ou a oposição ridícula, a política daquele partido cretina ou que a globalização é uma trama diabólica. Repetir essas palavras está ao alcance de qualquer um. É preciso explicar, guiar, mostrar a lógica do raciocínio e as margens de erro contidas nas análises. É mais difícil, mais enfadonho, produz menos frases de efeito e poucas palmas. Mas é o que a sociedade deveria esperar.
A reputação na ciência e nas letras é conseguida à custa de dedicação e disciplina. Não vem do dia para a noite o domínio da profissão. Portanto, ao defrontar-se com um público e morrer de vontade de ser aplaudido, é preciso resistir à tentação de falar com leviandade sobre as ciências dos outros. Quem anda falando do Proer conhece a história dos bancos e do que já aconteceu em clima de pânico? Quem fala em renegar a dívida externa sabe o que aconteceu com todos os que tentaram fazê-lo? Sabem quanto aumentou o spread do juro ao Brasil quando um presidente deu uma única declaração de que não ia pagar a dívida? Melhorar a distribuição de renda? É preciso dizer como. Os não-economistas não podem ser alijados dessas discussões. Mas tampouco podem olimpicamente ignorar o conhecimento acumulado ao longo dos anos. Isso é tanto mais grave e imperdoável quando dito por pessoas cuja vida foi dedicada a dominar algum campo do saber e, por pura vaidade, desrespeitam outras áreas que requerem pelo menos tanto esforço para dominar.
Nossos homens de ciências e de letras têm obrigações perante a sociedade. Sua ânsia de ser aplaudidos não pode obliterar esses deveres. Eles têm de criticar, mostrar problemas, participar da vida nacional. Mas o que deve falar é sua consciência, e não a vontade de ganhar palmas. Esperamos deles a coragem dos comunistas que denunciaram o stalinismo ou dos direitistas que denunciaram o macarthismo. O primeiro dever é o da impopularidade.
(Claudio de Moura Castro - Revista Veja, 7 de novembro, 2009)
Preencha as lacunas com as formas adequadas dos verbos entre parênteses.
Se ele ___________ (manter) a palavra e ___________ (vir) na próxima semana, tudo estará resolvido.
Selecione a seqüência correta.
Observe a tirinha abaixo:
No segundo quadrinho há um desvio da norma culta da língua.
Esse desvio diz respeito à:
O NEGRO NA SOCIEDADE BRASILEIRA
Que o Brasil é extremamente desigual, todos já sabem. Talvez a desigualdade mais marcante se refira à condição do negro na nossa sociedade. Como se não fosse a faixa educacional e, consequentemente, a faixa salarial menor, a discriminação assume o papel de vilão na tentativa de se fazer um país mais justo para todos. O aumento significativo do salário mínimo e a oferta de bolsas em faculdades para alunos carentes são ótimos meios para se atingir tal objetivo.
Mas reverter esse quadro não é nada fácil. As principais características da nossa sociedade hoje foram consolidadas por séculos durante os quais o Brasil assumiu diversas “caras”. A saber o negro já foi inserido aqui em condição de inferioridade perante os portugueses, e porque não dizer perante os próprios índios. O negro africano assumiu o papel de escravo em uma terra onde, pelas circunstâncias impostas, ele era descaracterizado como pessoa sendo considerado apenas um objeto, uma “peça”, alguém que não tinha autonomia sobre seus próprios atos.
E apesar das resistências, das lutas em busca da liberdade, o negro escravo viveu nessa condição por três séculos. Tempo mais que o suficiente para que essa situação fosse inconscientemente assimilada por toda a sociedade. Tanto foi assim que mesmo depois da abolição da escravidão em 1888, o negro continuou sendo escravo, escravo de uma sociedade que se recusou a inseri-lo em seus meios sociais. Certamente a condição dos negros hoje estaria melhor se as vagas no mercado de trabalho, que a partir de então passou a ser assalariado, fossem ocupadas por eles mesmos. No entanto, o que se viu foi a sua completa exclusão, a preferência foi dada aos imigrantes, principalmente europeus.
Sem a Casa-Grande e nem emprego, o negro não teve muitas escolhas. Muitos foram obrigados a viver de mendigagem ou cometendo pequenos delitos, tornou-se uma grande massa que vivia na ociosidade. Isso veio apenas piorar a sua situação porque ele passava a ser visto com um olhar crítico cada vez pior, por um grupo de pessoas que se julgavam civilizado. E não se pode dizer que a sociedade brasileira hoje não seja herdeira desse Brasil de pouco mais de cem anos atrás. Características que se arrastam no tempo.
Sem dúvida, a condição do negro hoje é muito melhor, mas ainda tem muito que melhorar. Ao governo cabe dar melhores condições de saúde e educação e à sociedade de maneira geral, cabe se libertar de suas heranças históricas que veem os negros com um olhar de inferioridade. É evidente que deve haver julgamentos, mas que os quesitos julgados sejam os méritos e não características físicas. Esse é o caminho para um Brasil realmente democrático.
Por Adriano de Jesus Santos. Texto adaptado. http://ahistoriaeopresente.blogspot.com.br/2009/07/o-negrona-sociedade-brasileira.html
No fragmento a seguir, observa-se um desvio da norma culta da língua. Identifique a alternativa que o apresenta.
“A saber o negro já foi inserido aqui em condição de inferioridade perante os portugueses, e porque não dizer perante os próprios índios.”
Contos para Charles Darwin
De uns dez anos para cá, Rodrigo Lacerda não tira Charles Darwin (1809-1882) da cabeça. Autor de livros elogiados como O Fazedor de Velhos, de 2008, com o qual venceu o prêmio Jabuti de melhor livro infantil, entre outros, o escritor tem refletido, por exemplo, sobre a ação no nosso cérebro dos neurotransmissores, dos quais não temos nenhum controle. Com uma injeção de dopamina nos sentimos bem e felizes. Já uma descarga de adrenalina nos deixa alertas e ativos. E por aí vai.
O fato de preferirmos pagar uma quantia quebrada, como R$ 5,99 em vez de R$ 6,00, é mais um ponto de partida para suas reflexões darwinianas. Assim como a desenfreada reprodução humana, irracional se observada a quantidade de habitantes no planeta e os recursos naturais disponíveis. “A humanidade parece ter se esquecido dos diversos imperativos biológicos que incidem sobre nosso comportamento e que talvez sejam incontornáveis”, diz o escritor.
Essa reflexão toda deu origem a Reserva Natural (Companhia das Letras, 183 páginas). Dividido em duas partes, Território e Fauna, o livro reúne dez contos. Todos sugerem que só a teoria da evolução pode explicar determinados fatos científicos e certas idiossincrasias humanas.
Como abrir mão dela para compreender a coincidência de sermos, assim como os ratos, hospedeiros intermediários do vírus da toxoplasmose, como se aprende em “Metástase”, o último conto do livro? O vírus torna os roedores incapazes de sentir o cheiro da urina dos gatos, os verdadeiros alvos do organismo infeccioso. Contaminados por ele, sustentam alguns pesquisadores, os humanos se mostram mais inconsequentes, exaltados e indiferentes ao risco. A hipótese para explicar a coincidência, já que não somos presas de gatos, o que justificaria a ação do vírus no nosso organismo, é a seguinte: ele teria sobrevivido desde a pré-história, quando nossos antepassados eram devorados por tigres dentes-de- -sabre e outros antepassados dos inofensivos bichanos de hoje em dia. O conto que dá título ao livro foi publicado originalmente numa edição da revista inglesa Granta, em 2010.
(Daniel Salles. www.valor.com.br. 23.02.2018. Adaptado)
LEIA OS TEXTOS DE 01 A 04 E RESPONDA A QUESTÃO.
TEXTO 01
Disponível em:http://focanaopiniao.blogspot.com/2017/06/sustentabilidade-ignorancia-e.html
TEXTO 02
COMPRA COMPULSIVA ON-LINE COLOCA USUÁRIO EM RISCO
Transtorno emocional diminui atenção e aumenta risco de fraudes e golpes
Comprar sem parar, sem medidas, equilíbrio, necessidade ou condição financeira. Combater esse impulso que causa graves consequências é o desafio de quem tem o transtorno da compra compulsiva. Não existem estatísticas oficiais, mas estima-se que cerca de 5% dos brasileiros sofram desse mal. Com sintomas semelhantes ao de qualquer vício, pode levar a pessoa a agir de forma descontrolada caso não seja tratado. E se o canal para acessar mais produtos for a internet, a segurança pessoal também estará ameaçada.
(...)
Disponível em: https://dialogando.com.br/seguranca/protecao-na-internet/compra-compulsiva-on-line-coloca-usuario-em-risco/
As boas lições do meu pai
Um dia, numa visita ao meu pai, notei que ele me olhava longamente, daquele jeito que fazia quando tinha uma questão na cabeça. E veio o comentário, “sua calça está rasgada.” Era o começo da tendência dos jeans detonados. “Sim, pai, está”, eu respondi. Naquela época eu já há muito tinha uma profissão e pagava minhas próprias contas. Ele me deu então aquele olhar apertado e o sorriso de canto de boca que eu conheço tanto. Era uma aprovação.
Me lembrei de quando tinha nove ou dez anos de idade e ia com ele para os botecos onde uma rodinha de homens tomava cerveja e todos falavam de política. A menina que prestava muita atenção na conversa ganhava aquele meio sorriso do pai. Alguns anos mais tarde bati o carro dele e trabalhei três meses seguidos para pagar a conta do conserto. A família criticava o pé pesado da jovem ao volante. Meu pai devolvia os comentários com aquele mesmo sorriso de ironia e um certo orgulho.
Minha profissão me levou a muitas viagens arriscadas. Guerras, desastres naturais, acidentes nucleares. Nunca ouvi de meu pai o tradicional “Mas minha filha, isso é muito perigoso!”, compreensível vindo de um homem da geração dele. Alguns amigos diziam que ele me criou para agir como um menino. Prefiro achar que ele me educou para que eu tivesse coragem de ser aquilo que eu quisesse.
Essa semana acompanhei com prazer a sequência de posts nas redes sociais com fotos de magistradas, atletas, astronautas, acompanhadas da hashtag #dresslikeawoman (vista-se como uma mulher). Meu pai, muito velhinho, já não consegue expressar com clareza as suas opiniões. Mas sei que em algum lugar ali ainda está acesa a chama de intelectual da esquerda que abominaria um presidente - qualquer que seja seu viés político - que se meta com a maneira como uma mulher deve se vestir.
Meu pai me ensinou, sem nunca ter dito uma palavra sobre isso, que conhecimento, seriedade e trabalho bem feito são bens que não têm gênero e que quem os acumula pode se vestir e se comportar da maneira que achar melhor. Homens e mulheres só devem satisfação a si mesmos e à coerência no caminho que escolheram.
Eu teria muito a dizer a um homem que tivesse a pretensão de criticar a maneira como uma mulher se veste. Mas meu pai me ensinou a não perder tempo com a vida dos outros. Esse texto é uma homenagem a ele. Meu pai. Agora com licença que preciso me vestir para o trabalho.
Padrão, Ana Paula. As boas lições do meu pai. Isto é, 2017. Disponível em: <https://istoe.com.br/as-boas-licoes-do-meu-pai/>. Acesso em: 20 de fev. 2019.
Texto para o item.
No que se refere à correção gramatical e à coerência da proposta de reescrita para o trecho destacado do texto, julgue o próximo item.
“Para atrair investimentos do setor privado, ampliar o
estoque de habitações acessíveis e melhorar as que
existem” (linhas de 35 a 37): Afim de atraírem‐se
investimentos do setor privado e se ampliarem o
estoque de habitações acessíveis e melhorarem as que
hajam