Questões de Concurso Sobre português
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Leia o texto para responder às questões de números 01 a 08.
Luto na família Silva
A ambulância foi chamada. Veio tinindo. Um homem estava deitado na calçada. Uma poça de sangue. A ambulância voltou vazia. O homem estava morto. O cadáver foi removido para o necrotério. Na seção dos “Fatos Diversos” do Diário de Pernambuco, leio o nome do sujeito: João da Silva. Morava na Rua da Alegria. Morreu de hemoptise.
João da Silva – Neste momento em que seu corpo vai baixar à vala comum, nós, seus amigos e seus irmãos, vimos lhe prestar esta homenagem. Nós somos os joões da silva, os populares joões da silva. Moramos em várias casas e em várias cidades. Moramos, principalmente, na rua. Nós pertencemos, como você, à família Silva. Não é uma família ilustre; não temos avós na história. Muitos de nós usamos outros nomes, para disfarce. No fundo, somos os Silva. Quando o Brasil foi colonizado, éramos os degredados. Depois fomos os índios. Depois fomos os negros. Depois fomos os imigrantes, mestiços. Somos os Silva. Algumas pessoas importantes usaram e usam nosso nome. É por engano. Os Silva somos nós. Não temos a mínima importância. Trabalhamos, andamos pelas ruas e morremos. Saímos da vala comum da vida para o mesmo local da morte. Às vezes, por modéstia, não usamos nosso nome de família. Usamos o sobrenome “de Tal”. A família Silva e a família “de Tal” são a mesma família.
João da Silva – Você não possuía sangue-azul. O sangue que saía de sua boca era vermelho – vermelhinho da silva. Sangue de nossa família. Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que trabalha para as famílias importantes que são sustentadas pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na Inglaterra, na França, no Japão. A gente de nossa família trabalha nas plantações de mate, nos postos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, no mato, nas cozinhas, em todo lugar onde se trabalha. Nossa família quebra pedra, faz telha de barro, laça bois, levanta prédios, conduz os ônibus, enrola o tapete do circo, enche os porões dos navios, conta o dinheiro dos bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa família faz tudo.
Apesar disso, João da Silva, temos de enterrar você na vala comum, da miséria e da glória. Porque nossa família um dia há de subir na política...
(Rubem Braga. Adaptado)
Leia as afirmações.
I. A expressão joões da silva, no texto, significa todos os que, de forma anônima, participaram da história do Brasil.
II. As famílias consideradas importantes simbolizam o poder da elite econômica brasileira.
III. O autor argumenta que o trabalhador comum é o sustentáculo de outras economias, afora a do Brasil.
De acordo com o texto, está correto o que se afirma em
Texto
Justiça Social - Justiça ecológica
Entre os muitos problemas que assolam a humanidade, dois são de especial gravidade: a injustiça social e a injustiça ecológica. Ambos devem ser enfrentados conjuntamente se quisermos pôr em rota segura a humanidade e o planeta Terra.
A injustiça social é coisa antiga, derivada do modelo econômico que, além de depredar a natureza, gera mais pobreza que pode gerenciar e superar. Ele implica grande acúmulo de bens e serviços de um lado à custa de clamorosa pobreza e miséria de outro. Os dados falam por si: há um bilhão de pessoas que vive no limite da sobrevivência com apenas um dólar ao dia. E há 2,6 bilhões (40% da humanidade) que vive com menos de dois dólares diários. As consequências são perversas. Basta citar um fato: contam-se entre 350-500 milhões de casos de malária com um milhão de vítimas anuais, evitáveis.
Essa antirrealidade foi por muito tempo mantida invisível para ocultar o fracasso do modelo econômico capitalista feito para criar riqueza para poucos e não bem- estar para a humanidade.
A segunda injustiça, a ecológica, está ligada à primeira. A devastação da natureza e o atual aquecimento global afetam todos os países, não respeitando os limites nacionais nem os níveis de riqueza ou de pobreza. Logicamente, os ricos têm mais condições de adaptar-se e mitigar os efeitos danosos das mudanças climáticas. Face aos eventos extremos, possuem refrigeradores ou aquecedores e podem criar defesas contra inundações que assolam regiões inteiras. Mas os pobres não têm como se defender. Sofrem os danos de um problema que não criaram. Fred Pierce, autor de "O terremoto populacional" escreveu no New Scientist de novembro de 2009: "os 500 milhões dos mais ricos (7% da população mundial) respondem por 50% das emissões de gases produtores de aquecimento, enquanto 50% dos países mais pobres (3,4 bilhões da população) são responsáveis por apenas 7% das emissões". Esta injustiça ecológica dificilmente pode ser tornada invisível como a outra, porque os sinais estão em todas as partes, nem pode ser resolvida só pelos ricos, pois ela é global e atinge também a eles. A solução deve nascer da colaboração de todos, de forma diferenciada: os ricos, por serem mais responsáveis no passado e no presente, devem contribuir muito mais com investimentos e com a transferência de tecnologias e os pobres têm o direito a um desenvolvimento ecologicamente sustentável, que os tire da miséria.
Seguramente, não podemos negligenciar soluções técnicas. Mas sozinhas são insuficientes, pois a solução global remete a uma questão prévia: ao paradigma de sociedade que se reflete na dificuldade de mudar estilos de vida e hábitos de consumo. Precisamos da solidariedade universal, da responsabilidade coletiva e do cuidado por tudo o que vive e existe (não somos os únicos a viver neste planeta nem a usar a biosfera). É fundamental a consciência da interdependência entre todos e da unidade Terra e humanidade. Pode-se pedir às gerações atuais que se rejam por tais valores se nunca antes foram vividos globalmente? Como operar essa mudança que deve ser urgente e rápida?
Talvez somente após uma grande catástrofe que afligiria milhões e milhões de pessoas, poder- se-ia contar com esta radical mudança, até por instinto de sobrevivência. A metáfora que me ocorre é esta: nosso pais é invadido e ameaçado de destruição por alguma força externa. Diante desta iminência, todos se uniriam, para além das diferenças. Como numa economia de guerra, todos se mostrariam cooperativos e solidários, aceitariam renúncias e sacrifícios a fim de salvar a pátria e a vida. Hoje a pátria é a vida e a Terra ameaçadas. Temos que fazer tudo para salvá-las.
Fonte: BOFF, Leonardo. Correio Popular, 2013.
Há uma locução verbal em:
O uso das regras de acentuação gráfica é um recurso que funciona como um sinalizador a ser considerado na produção de sentido, tal como podemos verificar no exemplo a seguir:
Só os cágados têm noção exata como é importante acentuar as palavras corretamente. (KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009. p. 38-39. Adaptado.) |
O excerto que apresenta palavra(s) com uso INADEQUADO do acento gráfico é:
(Excertos extraídos de: PERCY, Allan. Nietzsche para estressados. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 8. Adaptado).
Leia o excerto de um conto para responder às questões 01 e 02.
O céu estava escurecendo rapidamente, fechado, com nuvens escuras, quase pretas, anunciando uma tempestade de trovões, relâmpagos e água pesada. Manezinho apressou o passo na estrada deserta meio sem saber o que fazer. Tinha pegado uma carona até o trevo e agora caminhava em direção à cidade que se escondia do lado de lá da pequena montanha. Quase uma hora de caminhada e via apenas a estradinha se espichando em direção ao monte de terra. Tomaria chuva, com certeza. No máximo, tentaria se esconder debaixo de uma daquelas arvorezinhas raquíticas que margeavam o caminho. A escuridão aumentou ainda mais, fazendo com que ele, um homem danado de corajoso, tivesse medo do temporal e do aguaceiro que estavam para vir, [...]
GARCIA, Edson Gabriel. O casal de velhos. In: Sete gritos de terror. São Paulo: Moderna, 1991. p. 17. (Veredas).
A partir de inferência sobre o texto lido, assinale a alternativa que corresponde corretamente ao tamanho da cidade para a qual Manezinho está se dirigindo.
Leia o texto para responder às questões de números 01 a 08.
Luto na família Silva
A ambulância foi chamada. Veio tinindo. Um homem estava deitado na calçada. Uma poça de sangue. A ambulância voltou vazia. O homem estava morto. O cadáver foi removido para o necrotério. Na seção dos “Fatos Diversos” do Diário de Pernambuco, leio o nome do sujeito: João da Silva. Morava na Rua da Alegria. Morreu de hemoptise.
João da Silva – Neste momento em que seu corpo vai baixar à vala comum, nós, seus amigos e seus irmãos, vimos lhe prestar esta homenagem. Nós somos os joões da silva, os populares joões da silva. Moramos em várias casas e em várias cidades. Moramos, principalmente, na rua. Nós pertencemos, como você, à família Silva. Não é uma família ilustre; não temos avós na história. Muitos de nós usamos outros nomes, para disfarce. No fundo, somos os Silva. Quando o Brasil foi colonizado, éramos os degredados. Depois fomos os índios. Depois fomos os negros. Depois fomos os imigrantes, mestiços. Somos os Silva. Algumas pessoas importantes usaram e usam nosso nome. É por engano. Os Silva somos nós. Não temos a mínima importância. Trabalhamos, andamos pelas ruas e morremos. Saímos da vala comum da vida para o mesmo local da morte. Às vezes, por modéstia, não usamos nosso nome de família. Usamos o sobrenome “de Tal”. A família Silva e a família “de Tal” são a mesma família.
João da Silva – Você não possuía sangue-azul. O sangue que saía de sua boca era vermelho – vermelhinho da silva. Sangue de nossa família. Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que trabalha para as famílias importantes que são sustentadas pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na Inglaterra, na França, no Japão. A gente de nossa família trabalha nas plantações de mate, nos postos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, no mato, nas cozinhas, em todo lugar onde se trabalha. Nossa família quebra pedra, faz telha de barro, laça bois, levanta prédios, conduz os ônibus, enrola o tapete do circo, enche os porões dos navios, conta o dinheiro dos bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa família faz tudo.
Apesar disso, João da Silva, temos de enterrar você na vala comum, da miséria e da glória. Porque nossa família um dia há de subir na política...
(Rubem Braga. Adaptado)
De acordo com o texto, é correto afirmar que o ponto de vista defendido pelo autor é o
Assinale as alternativas nas quais as palavras em destaque indicam substantivos e em seguida escolha a alternativa que ratifica a sua resposta:
I - Meu tênis estava velho e desbotado.
II - Observei a velhinha atravessando a rua.
III - Acendi muitas velas para iluminar a casa da velhinha.
IV- Aquela velha cadeira esperava-me toda tarde.
V - O velho falava pausadamente durante a entrevista.
Na frase a seguir, as palavras em destaque indicam qual figura de linguagem?
“Na esquina, o menino batuca na caixa de papelão - tec, tec, tec”.
A alternativa que apresenta correta e respectivamente o plural das palavras: mão – escola – azul - coração está em:
Assinale a alternativa na qual todas as palavras apresentem três sílabas:
O mesmo uso do verbo CURTIR, realizado no TEXTO 6, pode ser observado em
Considere o TEXTO 6, abaixo:
TEXTO 6
O Texto 6 circulou recentemente pelas redes sociais. A respeito do emprego do verbo CURTIR, nessa publicação, é CORRETO afirmar que
TEXTO 5
01 Diga como andas que te direi quem és
02 Saia, calça, maiô, bermuda, salto, sapato, homem, cintura, silhueta, cabelo, eu, tu, eles, 03 elas, elxs. Se a moda é moda, ela vai abarcar
todos os substantivos e pronomes acima e mais um pouco. Óbvio? Nem para todo mundo. [...]
04 Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, moda é: “O uso passageiro que rege, de acordo com o gosto do momento, a
05 maneira de viver, de vestir, etc; o modo de vestir; modo, costume, vontade.” Se seguirmos essa definição, provavelmente
06 conseguiríamos apontar algumas tendências do universo fashion que nos regem por agora. Uns diriam algumas cores da estação, outros
07 citariam os cortes e costuras do momento, e nós, com certeza, comentaríamos sobre gênero. Sim, para quem ainda não entendeu,
08 estamos falando sobre a moda agender, genderless ou gender-bender.
09 Apesar de um grande panorama histórico que levou a moda agender a existir, seu auge aconteceu em 2015, quando Alessandro Michele
10 assumiu a linha criativa da Gucci e apresentou na temporada de inverno da Europa uma coleção misturando modelagens e silhuetas até o
11 público não conseguir identificar o gênero de cada um dos modelos que entrasse na passarela. A partir daí, o universo da moda abriu
12 espaço total para que essa desconstrução de padrão tomasse os holofotes das passarelas e da mídia. [...]
13 A partir do fim do século 19, tornou-se quase impossível dissociar a revolução de costumes da moda. Hoje, quando os questionamentos
14 acerca dos padrões da sociedade patriarcal estão cada vez mais pungentes, a moda agender é um dos maiores gritos que a sociedade
15 produz em relação à liberdade de ser o que se é. “Vivemos em uma época em que aceitar as diferenças – ou lutar pela igualdade – é
16 impositivo. A moda reflete isso. [...] São convenções da cultura ocidental que estão sendo questionadas”, comenta Lilian Pacce.
17 Por ser algo que podemos considerar recente, tanto a luta pela liberdade de gênero como a moda agender ainda têm um longo caminho a
18 ser trilhado até de que, de fato, alguns padrões sejam quebrados. No entanto, já se questiona qual é o papel dessa moda em nossa
19 sociedade atual. “A moda agender, por ser muito recente, ainda não respondeu 'de qual lado está'. [...] trata-se de perguntar: quais
20 gêneros, eles também construídos cultural e socialmente, estão sendo revisitados na composição de determinado vestuário?”, questiona
21 Brunno Almeida.
22 Sendo ainda uma ponta do iceberg a respeito da liberdade, a moda vem ganhando força como uma das principais armas contra o
23 preconceito e a intolerância.
24 (Renata Vomero, In: Revista da Cultura, abril/2017, p. 37-41. Grifos da autora)
Ainda sobre o TEXTO 5, pode-se afirmar que
Leia o Texto 5, a seguir, e responda o que se pede.
TEXTO 5
01 Diga como andas que te direi quem és
02 Saia, calça, maiô, bermuda, salto, sapato, homem, cintura, silhueta, cabelo, eu, tu, eles, 03 elas, elxs. Se a moda é moda, ela vai abarcar
todos os substantivos e pronomes acima e mais um pouco. Óbvio? Nem para todo mundo. [...]
04 Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, moda é: “O uso passageiro que rege, de acordo com o gosto do momento, a
05 maneira de viver, de vestir, etc; o modo de vestir; modo, costume, vontade.” Se seguirmos essa definição, provavelmente
06 conseguiríamos apontar algumas tendências do universo fashion que nos regem por agora. Uns diriam algumas cores da estação, outros
07 citariam os cortes e costuras do momento, e nós, com certeza, comentaríamos sobre gênero. Sim, para quem ainda não entendeu,
08 estamos falando sobre a moda agender, genderless ou gender-bender.
09 Apesar de um grande panorama histórico que levou a moda agender a existir, seu auge aconteceu em 2015, quando Alessandro Michele
10 assumiu a linha criativa da Gucci e apresentou na temporada de inverno da Europa uma coleção misturando modelagens e silhuetas até o
11 público não conseguir identificar o gênero de cada um dos modelos que entrasse na passarela. A partir daí, o universo da moda abriu
12 espaço total para que essa desconstrução de padrão tomasse os holofotes das passarelas e da mídia. [...]
13 A partir do fim do século 19, tornou-se quase impossível dissociar a revolução de costumes da moda. Hoje, quando os questionamentos
14 acerca dos padrões da sociedade patriarcal estão cada vez mais pungentes, a moda agender é um dos maiores gritos que a sociedade
15 produz em relação à liberdade de ser o que se é. “Vivemos em uma época em que aceitar as diferenças – ou lutar pela igualdade – é
16 impositivo. A moda reflete isso. [...] São convenções da cultura ocidental que estão sendo questionadas”, comenta Lilian Pacce.
17 Por ser algo que podemos considerar recente, tanto a luta pela liberdade de gênero como a moda agender ainda têm um longo caminho a
18 ser trilhado até de que, de fato, alguns padrões sejam quebrados. No entanto, já se questiona qual é o papel dessa moda em nossa
19 sociedade atual. “A moda agender, por ser muito recente, ainda não respondeu 'de qual lado está'. [...] trata-se de perguntar: quais
20 gêneros, eles também construídos cultural e socialmente, estão sendo revisitados na composição de determinado vestuário?”, questiona
21 Brunno Almeida.
22 Sendo ainda uma ponta do iceberg a respeito da liberdade, a moda vem ganhando força como uma das principais armas contra o
23 preconceito e a intolerância.
24 (Renata Vomero, In: Revista da Cultura, abril/2017, p. 37-41. Grifos da autora)
A respeito do percurso argumentativo do Texto 5, é CORRETO afirmar que
O Texto 4, exposto abaixo, corresponde ao trecho de um diálogo oral, numa interação espontânea entre crianças.
TEXTO 4
01 Criança 1 – como consertaram?
02 Criança 2 – consertando
03 Criança 1 – muito fácil é só tirar a tampa e depois botar de novo
04 Criança 2 – é só tirar isso aqui:
05 Criança 1 – quedê... com que chave?
06 Criança 2 – com a: que tinha lá... num foi não Ana?
07 Criança 1 – foi aí: tirar os parafusos aqui sabe? aí depois abrir aí tira as pilhas aí bota de novo pronto.
A função exercida pela palavra “aí”, nas ocorrências em destaque, é, respectivamente de
Respostas evasivas podem ser utilizadas pelo falante para omitir informações ao seu interlocutor ou para disfarçar sua ausência de conhecimento a respeito do assunto. Considere o Texto 3, a seguir:
TEXTO 3
01 “Niceia Pitta, ex-mulher do prefeito de São Paulo, Celso Pitta, acusou ontem, em entrevista ao Jornal Nacional da Rede
02 Globo, o ex-marido de envolvimento com corrupção. Segundo ela, todos os vereadores que votaram contra o processo de
03 impeachment de Pitta, em maio do ano passado, receberam dinheiro, intermediado pelo Secretário de Governo, Carlos
04 Augusto Meimberg. A ex-mulher de Pitta também acusou o presidente do senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), de
05 pressionar o prefeito para liberar pagamentos para empreiteira OAS. [...] (Jornal do Commércio, 11/03/2000).
As expressões que contribuem para deixar o TEXTO 3 vago e, por isso, impreciso são
O uso excessivo de orações intercaladas e/ou subordinadas num período composto pode dificultar a leitura do texto. Uma solução possível é a subdivisão de um período composto longo, em períodos simples ou mais curtos. Assinale a alternativa que apresenta a proposta de reescrita que melhor adapta o início do TEXTO 1, a fim de diminuir a quantidade de orações intercaladas e subordinadas presentes num mesmo período, mas mantendo o cumprimento às normas gramaticais e o sentido global do texto.
No TEXTO 2, abaixo, o autor problematiza a definição tradicional de sinonímia como “igualdade de significados”, através das correlações entre as palavras velho e idoso.
TEXTO 2
01 IDOSOS
02 No dia do meu aniversário de 69 anos, escrevi uma crônica
03 com o título “Fiquei velho” ... Eu estava feliz quando escrevi.
04 Mas minha crônica provocou protestos. Muitos velhos não
05 gostam de ser chamados de “velhos”. Querem ser chamados
06 de “idosos”. [...] “Idoso” é a palavra que a gente encontra em
07 guichês de supermercado e banco: fila dos idosos,
08 atendimento preferencial. Recuso-me a ser definido por
09 supermercados e bancos. “Velho”, ao contrário, é palavra
10 poética, literária.
11 (Alves, Rubem. In: Quarto de Badulaques. São Paulo:
12 Parábola, 2003, p. 74)
Identifique o trecho no qual a substituição da palavra destacada, pela palavra “idoso(a)”, seria possível e NÃO provocaria alteração no sentido do texto:
Leia o trecho abaixo e, após analisar as proposições que o seguem, assinale a alternativa CORRETA.
01 “E se, ao invés de Pedro Álvares Cabral, desembarcasse
02 no Brasil a navegadora e capitã-mor da Armada Geral,
03 Isália I, que ao ouvir o primeiro grito de terra à vista, dado
04 em uníssono por suas 1.500 marinheiras, se jogasse ao
05 mar e, nadando em direção à praia, lá tirasse seu vestido
06 pesado, com o qual quase se afogou, e experimentasse
07 diante das índias, em troca dos espelhos, penas de
08 pássaros sobre seu corpo nu – os índios de tocaia só
09 observando o bafafá – e, apesar de ninguém falar a língua
10 de ninguém, nascesse a amizade entre os povos, o
11 juramento pela manutenção do paraíso e a felicidade das
12 portuguesas, que finalmente teriam encontrado o
13 Caminho das Índias, o caminho da riqueza material e
14 espiritual, espécie de caminho de Santiago de
15 Compostela, só que diferente, onde a infinita diversidade
16 cultural fosse o prêmio máximo da existência e o poema
17 de Oswaldo de Andrade achasse outro final, mesmo que
18 estivesse chovendo? Quando o português chegou/
19 Debaixo duma bruta chuva/ Vestiu o índio/ Que pena” /
20 Fosse uma manhã de sol/ O índio tinha despido/ O
21 português (Erro de Português, Oswald de Andrade) [...]”
22 (Trecho de “A Rainha Louca”, Clarice Niskier. In:
23 Revista da Cultura, Abril de 2017, p. 42, grifos da
24 autora).
No TEXTO 1:
I- “Com o qual quase se afogou” é uma oração adjetiva que amplia o sentido da expressão “vestido pesado”.
II- Pedro Álvares Cabral é o sujeito dos verbos desembarcasse, jogasse, tirasse e nascesse.
III- A oração principal desse longo período composto corresponde ao trecho “E se [...] desembarcasse no Brasil a navegadora e capitã-mor da Armada Geral, Isália I [...]” e essa oração apresenta uma condição hipotética a respeito das circunstâncias da chegada dos portugueses ao Brasil.
IV- Os termos destacados em “só que diferente” e “mesmo que estivesse chovendo”, têm valor concessivo em relação aos termos aos quais se referem, sendo estes, respectivamente, “Caminho das Índias” e “achasse outro final”.
Estão CORRETAS apenas
As questões de 01 a 10 referem-se ao texto reproduzido abaixo.
SOBRE SER FELIZ E SUAS RECEITAS
-
Marcia Tiburi
Você costuma usar receitas para cozinhar? Talvez você já tenha usado e descoberto que não basta seguir o que está escrito. Há algum mistério na execução do que vemos nas revistas e nos jornais, pois nem todas as pessoas interpretam, do mesmo modo, as indicações. A compreensão é o que prejudica a execução da tarefa. Os chefs incorporam as receitas ou as criam como um cientista cria seu método de pesquisa ou um artista cria seu estilo.
O que ocorre entre a receita e sua realização é um conflito entre teoria e prática. Decepcionar-se é fácil e perder tempo também quando não conhecemos o método e o significado dos ingredientes. Mas toda frustração, mesmo com um guia para fazer bolo, tem seu ensinamento.
Sobretudo quando se trata de uma receita para ser feliz. Ser feliz seria como realizar a receita sem falhas. Todas as sociedades em todos os tempos apostaram na possibilidade de uma imagem da felicidade com legenda, na qual o que é ser feliz estivesse bem explicadinho. Pingos nos ii da felicidade como confeitos em um bolo é tudo o que queríamos da vida. Que a felicidade viesse num pacote e, lá de dentro, não precisássemos nem acionar um botão, nem ligar o fogão.
Ser feliz poderia parecer ou ser fácil. No senso comum, o território das nossas crenças mais imediatas, que é partilhado por todos em ações e falas, ser feliz é uma promessa sempre revalidada. Guimarães Rosa, o lúcido escritor de Grande Sertão: Veredas, dizia, ao contrário, que “viver é muito perigoso”. Aristóteles, que também defendia a felicidade, foi autor da bela frase: “o ser se diz de diversos modos”, que podemos interpretar como “a vida pode ser vivida de diversas maneiras”. A felicidade não tem um único rosto.
Immanuel Kant, no século das Luzes, dizia que só podemos almejar a felicidade, tornarmonos dignos dela, mas não podemos possuí-la. Com isso, ele colocava a felicidade no lugar dos ideais que só podemos imaginar e supor, esperar que nos orientem, mas jamais realizar. Uma receita para ser feliz seria, nessa perspectiva, um absurdo.
Se a pergunta pela felicidade, com a complexa resposta que ela exige, já não serve por seus tons abstratos, podemos ficar com a questão bem mais prática do bem viver. Da vida, nada parece mais fácil do que simplesmente vivê-la: contemplar o que há, amar quem vive perto de nós, alegrar-se com as conquistas, aceitar as frustrações inevitáveis, lutar pelo próprio desejo, transformar o que nos desagrada buscando o melhor modo possível de pensar e agir. O modo mais ético e mais justo de se viver é o que todos, em princípio, queremos. Um desejo básico que nos une e que, ao ser construído, carrega a promessa paradisíaca da felicidade comum, do bem-estar geral. Se procurarmos conselhos e fórmulas para o bem viver, não será difícil fazer uma lista de tons e cores que podemos imprimir aos nossos gestos e nossos atos. E, ainda que o receituário seja impreciso, é válido.
O meio tom entre inteligência e emoção, entre razão e sensibilidade é a mais inexata das promessas e a mais complexa das conquistas que um ser humano pode almejar para si mesmo. Vale também como uma receita, a receita de um manjar desconhecido. Ela só existe porque podemos fazer do melhor modo possível, usando-a como inspiração. Cada um só precisa saber que cada manjar é diferente do outro. Cada um tem que aprender a realizar, com método próprio, sua própria alquimia. Somos seres gregários: sua receita servirá de inspiração a outros.
-
Disponível em: <http://www.marciatiburi.com.br>. Acesso em: 07 jun. 2016. [Adaptado].
Considere o período:
Há algum mistério na execução do que vemos nas revistas e nos jornais, (1º) pois nem todas as pessoas interpretam, (2º) do mesmo modo, (3º) as indicações.
Em acordo com as convenções da norma padrão, as vírgulas presentes no período são
As questões de 01 a 10 referem-se ao texto reproduzido abaixo.
SOBRE SER FELIZ E SUAS RECEITAS
-
Marcia Tiburi
Você costuma usar receitas para cozinhar? Talvez você já tenha usado e descoberto que não basta seguir o que está escrito. Há algum mistério na execução do que vemos nas revistas e nos jornais, pois nem todas as pessoas interpretam, do mesmo modo, as indicações. A compreensão é o que prejudica a execução da tarefa. Os chefs incorporam as receitas ou as criam como um cientista cria seu método de pesquisa ou um artista cria seu estilo.
O que ocorre entre a receita e sua realização é um conflito entre teoria e prática. Decepcionar-se é fácil e perder tempo também quando não conhecemos o método e o significado dos ingredientes. Mas toda frustração, mesmo com um guia para fazer bolo, tem seu ensinamento.
Sobretudo quando se trata de uma receita para ser feliz. Ser feliz seria como realizar a receita sem falhas. Todas as sociedades em todos os tempos apostaram na possibilidade de uma imagem da felicidade com legenda, na qual o que é ser feliz estivesse bem explicadinho. Pingos nos ii da felicidade como confeitos em um bolo é tudo o que queríamos da vida. Que a felicidade viesse num pacote e, lá de dentro, não precisássemos nem acionar um botão, nem ligar o fogão.
Ser feliz poderia parecer ou ser fácil. No senso comum, o território das nossas crenças mais imediatas, que é partilhado por todos em ações e falas, ser feliz é uma promessa sempre revalidada. Guimarães Rosa, o lúcido escritor de Grande Sertão: Veredas, dizia, ao contrário, que “viver é muito perigoso”. Aristóteles, que também defendia a felicidade, foi autor da bela frase: “o ser se diz de diversos modos”, que podemos interpretar como “a vida pode ser vivida de diversas maneiras”. A felicidade não tem um único rosto.
Immanuel Kant, no século das Luzes, dizia que só podemos almejar a felicidade, tornarmonos dignos dela, mas não podemos possuí-la. Com isso, ele colocava a felicidade no lugar dos ideais que só podemos imaginar e supor, esperar que nos orientem, mas jamais realizar. Uma receita para ser feliz seria, nessa perspectiva, um absurdo.
Se a pergunta pela felicidade, com a complexa resposta que ela exige, já não serve por seus tons abstratos, podemos ficar com a questão bem mais prática do bem viver. Da vida, nada parece mais fácil do que simplesmente vivê-la: contemplar o que há, amar quem vive perto de nós, alegrar-se com as conquistas, aceitar as frustrações inevitáveis, lutar pelo próprio desejo, transformar o que nos desagrada buscando o melhor modo possível de pensar e agir. O modo mais ético e mais justo de se viver é o que todos, em princípio, queremos. Um desejo básico que nos une e que, ao ser construído, carrega a promessa paradisíaca da felicidade comum, do bem-estar geral. Se procurarmos conselhos e fórmulas para o bem viver, não será difícil fazer uma lista de tons e cores que podemos imprimir aos nossos gestos e nossos atos. E, ainda que o receituário seja impreciso, é válido.
O meio tom entre inteligência e emoção, entre razão e sensibilidade é a mais inexata das promessas e a mais complexa das conquistas que um ser humano pode almejar para si mesmo. Vale também como uma receita, a receita de um manjar desconhecido. Ela só existe porque podemos fazer do melhor modo possível, usando-a como inspiração. Cada um só precisa saber que cada manjar é diferente do outro. Cada um tem que aprender a realizar, com método próprio, sua própria alquimia. Somos seres gregários: sua receita servirá de inspiração a outros.
-
Disponível em: <http://www.marciatiburi.com.br>. Acesso em: 07 jun. 2016. [Adaptado].
Considere o trecho:
Decepcionar-se é fácil e perder tempo também quando não conhecemos o método e o significado dos ingredientes. Mas toda frustração, mesmo com um guia para fazer bolo, tem seu ensinamento.
No trecho, os elementos linguísticos destacados estabelecem conexão,