Questões de Concurso
Sobre redação - reescritura de texto em português
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Leia o texto abaixo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta global sobre a vigilância na proliferação de infecções provocadas pelo zika vírus. De acordo com o Estadão, a indicação é de que os pacientes permaneçam isolados.
O comunicado da OMS frisou o aumento de nascimentos de bebês com microcefalia e casos da síndrome de Guillain-Barré, identificados no Brasil. Há um reconhecimento do vírus em relação ao crescimento desses casos e o país planeja um protocolo específico para as grávidas.
No Brasil, os números de microcefalia avançaram para 1.248. O registro de mortes por zika vírus, até o momento, foram três: dois adultos e um recém-nascido. A recomendação é de reforçar os sistemas de vigilância, para beneficiar um atendimento e detecção mais eficaz das infecções.
As autoridades foram instruídas a ficar alertas para uma possível dispersão do vírus para outras regiões, além de observar as complicações neurológicas e doenças autoimunes em pacientes. A má-formação no cérebro de bebês também foi um destaque no documento.
Eventuais formas de transmissão da doença, de acordo com O Globo, podem ir além das picadas do Aedes aegypti: pelo sêmen, transfusão de sangue ou pelo leite materno. Os pesquisadores apontam para evidências nas quais os vírus são encontrados nos três tipos de fluidos corporais, mas vale lembrar que os estudos sobre o Zika ainda são escassos: existem cerca de 200 publicações científicas, contra mais de 14.500 sobre dengue, por exemplo.
Segundo o infectologista Celso Granato, em entrevista ao jornal O Globo, existe um risco de epidemia no Rio de Janeiro. "Por enquanto, a Secretaria Estadual de Saúde registra 21 ocorrências da malformação, 15 delas somente no segundo semestre deste ano. O risco de epidemia de Zika no Rio é real, mas a gente ainda não tem como dimensionar o tamanho desse risco", acredita.
http://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2015/12/oms-alerta-para-reforcar-vigilancia-de-infeccoes-provocadas-pelo-zika-virus.html
Em “De acordo com o Estadão, a indicação é de que os pacientes permaneçam isolados.…” A expressão em negrito pode ser substituída sem prejuízo de valor por:
Nossos velhos
Pais heróis e mães rainhas do lar.
Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos. Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça. A rainha do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá pra implicar com a empregada. O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para ou…tra? Fizeram 80 anos. Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso. Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional. Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam. Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Estão com manchas na pele. Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida. É complicado aceitar que nossos heróis e rainhas já não estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina. Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo. Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular e ainda temos a cara-de-pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso: calça de brim? frege? auto de praça? Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis. Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais. É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.
(Martha Medeiros. Disponível em: http://www.viva50.com.br/nossos-velhos-cronica-de-martha-medeiros/. Acesso em: 24/06/2016. Adaptado.)
Em “Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.” (4º§), a expressão destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por
Analise a frase abaixo:
A diretora escolar deferiu o requerimento do professor imediatamente.
Assinale a alternativa que pode substituir a palavra em destaque, mantendo o seu significado.
Para responder às questões de 1 a 5, leia o texto abaixo.
Nova lei permite transporte de animais em ônibus em
Florianópolis
Gatos e cachorros de até dez quilos poderão ser
transportados.
O prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Junior, (*) o Projeto de Lei Complementar que permite o transporte de animais domésticos de pequeno porte nas linhas de ônibus municipais. A medida já está valendo desde a (**).
De acordo com a lei, é permitido o transporte de cães e gatos com até dez quilos. Cada usuário pode levar até dois bichinhos por viagem. A fiscalização fica a cargo dos cobradores de cada ônibus.
A medida é válida em todas as linhas que circulam no território de Florianópolis, tanto as convencionais, quanto executivas, desde que os animais cumpram as exigências da lei.
Segundo o vereador Tiago Silva, autor do projeto, a medida assegura um direito que é dos animais e dos próprios donos.
"Eu fui procurado no meu gabinete para debater essa questão em uma audiência pública. Muitos donos de animais não têm carro e assim não conseguem levar seus bichinhos ao veterinário, por exemplo. Acho que a medida contribui muito para a causa de direitos dos animais", afirma.
Ainda segundo o vereador, a lei é pioneira em Santa Catarina e as ideias da proposta foram baseadas nas Câmaras das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde o transporte já é permitido.
Condições
Para o deslocamento, os animais deverão ser colocados em caixas de transporte apropriadas durante a sua permanência no veículo, devendo ser colocados em local definido pela empresa e que ofereça condições de proteção e conforto.
Além disso, para ter o direito, o proprietário deve apresentar atestado de veterinário indicando as boas condições de saúde do animal, emitido no período de 15 dias antes da data da viagem.
A carteira de vacinação atualizada também será exigida e nela deverá constar, no mínimo, as vacinas antirrábica e polivalente.
(g1.globo.com)
A respeito do último parágrafo do texto, analise as afirmações.
I. Há um desvio em relação à concordância verbal.
II. Há um desvio em relação à concordância nominal.
III. A forma verbal “deverá” teria de ser substituída por “deverão” para seguir a Norma Padrão.
IV. As palavras “antirrábica” e “polivalente” deveriam aparecer, obrigatoriamente, no plural, para manter a adequação às regras de concordância nominal.
V. A expressão “no mínimo” indica que não pode haver, na carteira de vacinação, registro de qualquer outra dose que não seja das vacinas mencionadas.
Está correto o que se afirma em:
Texto para as questões 12 e 13.
CHECK-UP
Este ano pretendo cumprir rigorosamente a resolução que tomei no fim do ano passado: não mais tomar resoluções de ano-novo. Elas são promessas que fazemos à nossa consciência em que nem a consciência acredita mais. A minha já estava reagindo com bocejos a cada juramento que eu fazia para o ano-novo.
– Vou começar uma dieta. Séria, desta vez.
– Sei, sei.
– Vou ser tolerante, justo, sóbrio, equilibrado... e arrumar meus livros.
– Tudo bem.
– Fazer exercícios diários. Usar fio dental. Reler os clássicos. Não tudo ao mesmo tempo, claro.
– Certo, certo.
Mesmo com ar de enfaro, minha consciência não deixa de se submeter ao exame anual que faço nela, sempre nos últimos dias de dezembro. Uma espécie de check-up moral. Seu estado geral é bom. Não teve grandes provações no ano passado. Fiz algumas coisas que não devia, não fiz outras que devia, nada grave. Vamos poder continuar nos encarando – principalmente agora que eliminamos este ridículo ritual das resoluções de fim de ano da nossa relação. O homem maduro é o que desiste da virtude impossível para não perder a possível.
Luis Fernando Verissimo. Check-up. In: As mentiras que os homens contam. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Com relação aos aspectos gramaticais do texto, assinale a alternativa correta:
Texto para as questões 6, 7, 8 e 9.
REESCREVENDO A ESCOLA
O professor James Paul Gee, da Escola de Educação Madison, da Universidade de Wisconsin, chama essas culturas informais de aprendizado de “espaços de afinidades” e questiona por que as pessoas aprendem mais, participam mais ativamente e se envolvem mais profundamente com a cultura popular do que com os conteúdos dos livros didáticos. Como me disse Flourish, uma fã de Harry Potter de 16 anos, “uma coisa é discutir sobre o tema de um conto que você nunca ouviu falar e para o qual você não dá a mínima. Outra coisa é discutir o tema de um trabalho de 50 mil palavras sobre Harry e Hermione que um amigo levou três meses para escrever”. Gee afirma que os espaços de afinidades oferecem poderosas oportunidades para o aprendizado porque são sustentados por empreendimentos comuns, criando pontes que unem as diferenças de idade, classe, raça, sexo e nível educacional; porque as pessoas podem participar de diversas formas, de acordo com suas habilidades e seus interesses; porque dependem da instrução de seus pares, de igual para igual, com cada participante constantemente motivado a adquirir novos conhecimentos ou refinar suas habilidades existentes; porque, enfim, esses espaços de afinidades permitem a cada participante sentir-se um expert, ao mesmo tempo que recorrem à expertise de outros. Cada vez mais, experts em educação estão reconhecendo que encenar, recitar e apropriar-se de elementos de histórias preexistentes é uma parte orgânica e valiosa do processo através do qual as crianças desenvolvem o letramento cultural.
Há uma década, a fan fiction publicada era, em sua maioria, escrita por mulheres na faixa dos 20, 30 anos, ou mais. Hoje, essas escritoras mais velhas estão acompanhadas de uma geração de novos colaboradores que descobriram a fan fiction navegando pela Internet e decidiram ver o que eram capazes de produzir. Harry Potter, em particular, incentivou muitos jovens a escrever e compartilhar suas primeiras histórias.
[...]
Os educadores gostam de falar em “andaime” (scaffolding), o conceito de que um bom processo pedagógico funciona passo a passo, incentivando as crianças a construir novas habilidades sobre aquelas que já dominam, fornecendo um suporte para os novos passos até que o aprendiz se sinta confiante o bastante para caminhar sozinho. Na sala de aula, o andaime é fornecido pelo professor. Numa cultura participativa, a comunidade inteira assume uma parte da responsabilidade em ajudar os iniciantes na Internet. Muitos jovens autores começaram a redigir histórias sozinhos, como uma reação espontânea a uma cultura popular. Para esses jovens, o próximo passo foi a descoberta da fan fiction na Internet, que forneceu modelos alternativos do que significava ser autor. No início, eles talvez apenas lessem as histórias, mas as comunidades fornecem muitos estímulos para que os leitores atravessem o último limiar para a redação e a apresentação de suas próprias histórias. E depois que um fã apresenta uma história, o feedback que recebe o inspira a escrever mais e melhor.
Que diferença fará, ao longo do tempo, se uma porcentagem crescente de jovens escritores começar a publicar e receber feedback sobre sua obra enquanto ainda estão no colégio? Irão desenvolver sua arte com mais rapidez? Irão descobrir sua forma de expressão mais cedo? E o que vai acontecer quando esses jovens escritores compararem suas observações, se tornarem críticos, editores e mentores? Isso irá ajudá-los a desenvolver um vocabulário básico para pensar em narrativas? Ninguém tem certeza absoluta, mas o potencial parece enorme. A autoria tem uma aura quase sagrada, num mundo onde as oportunidades de circular suas ideias a um público maior são limitadas. À medida que expandimos o acesso à distribuição em massa pela web, nossa compreensão do que significa ser autor – e que tipo de autoridade se deve atribuir a autores – necessariamente muda. A mudança pode levar a uma consciência maior sobre direitos de propriedade, à medida que mais e mais pessoas têm a sensação de posse sobre as histórias que criam. Porém, pode resultar também em uma desmistificação do processo criativo, um reconhecimento crescente das dimensões comunitárias da expressão, à medida que o ato de escrever assume mais aspectos das práticas tradicionais.
[...]
Como a pesquisadora educacional Rebecca Black observa, a comunidade de fãs pode muitas vezes ser mais tolerante com erros linguísticos do que professores tradicionais em salas de aula, e mais generosa, ao possibilitar que o aprendiz identifique o que realmente está querendo dizer, porque o leitor e o escritor operam dentro do mesmo quadro de referências, compartilhando um profundo envolvimento emocional com o conteúdo que está sendo explorado. A comunidade de fãs promove uma série mais abrangente de formas de letramento – não apenas fan fiction, mas vários modos de comentários e explanações – do que os modelos disponíveis na sala de aula, e muitas vezes a comunidade exibe próximos passos realistas para o desenvolvimento do aprendiz, em vez de mostrar apenas textos profissionais, muito distantes de qualquer coisa que os alunos serão capazes de produzir.
[...]
Muitos adultos se preocupam com o fato de as crianças estarem “copiando” o conteúdo de mídia preexistente, em vez de criar os próprios trabalhos originais. Entretanto, deve-se pensar nessas apropriações como um tipo de aprendizagem. Historicamente, jovens artistas sempre aprenderam com os mestres consagrados, às vezes colaborando com as obras dos artistas mais velhos, muitas vezes seguindo seus padrões, antes de desenvolver o próprio estilo e a própria técnica. As expectativas modernas sobre expressões originais são um fardo difícil para qualquer um em início de carreira. Da mesma forma, esses jovens artistas aprendem o que podem com as histórias e imagens que lhes são mais familiares. Erigir os primeiros esforços a partir de produtos culturais existentes permite-lhes concentrar sua energia em outras coisas, dominar a arte, aperfeiçoar as habilidades e comunicar suas ideias.
[...]
A escola ainda está presa num modelo de aprendizagem autônoma que contrasta nitidamente com a aprendizagem necessária aos estudantes à medida que eles entram nas novas culturas do conhecimento. Gee e outros educadores temem que os estudantes que se sentem confortáveis em participar e trocar conhecimento através dos espaços de afinidades estejam sendo menosprezados em sala de aula:
A aprendizagem torna-se uma trajetória pessoal e singular num espaço complexo de oportunidades (por exemplo, o deslocamento singular de uma pessoa pelos diversos espaços de afinidades, no decorrer do tempo) e uma jornada social, à medida que se compartilham aspectos dessa trajetória com outros (que podem ser muito diferentes dela mesma e, de resto, viver em espaços completamente diferentes) por um período mais curto ou mais longo, antes de prosseguir. O que esses jovens veem na escola pode empalidecer, diante da comparação. A escola talvez pareça não ter a imaginação existente em aspectos de sua vida fora da escola. No mínimo, podem se perguntar e argumentar: “Para que serve a escola?”
O foco de Gee é o sistema de suporte que emerge em torno do aprendiz individual, o foco de Lévy é o modo como cada aprendiz colabora com uma inteligência coletiva maior; mas ambos estão descrevendo partes da mesma experiência – viver num mundo onde o conhecimento é compartilhado e onde a atitude crítica é contínua e vitalícia.
Não surpreende que alguém que tenha acabado de publicar seu primeiro romance on-line e de receber dezenas de cartas com comentários ache decepcionante voltar à sala de aula, onde seu trabalho será lido apenas pelo professor e o feedback pode ser muito limitado. Alguns alunos adolescentes confessaram que escondem os rascunhos de suas histórias dentro do livro didático e os corrigem durante a aula; outros se sentam em volta da mesa do almoço e conversam com colegas de classe sobre enredo e personagens, ou tentam trabalhar nas histórias usando os computadores da escola, até que bibliotecários os acusem de estar desperdiçando tempo. Mal conseguem esperar que o sinal toque, para que possam se concentrar em sua escrita.
Muitos compreendem os benefícios da fan fiction. Várias bibliotecas têm trazido palestrantes imaginários para falar sobre a vida dos trouxas e promovido aulas estendidas no fim de semana, inspiradas no modelo da extraordinária escola de Hogwarts. Um grupo de editores canadenses organizou um acampamento de redação de verão para as crianças, destinado a ajudá-las a aperfeiçoar sua arte. Os editores estavam respondendo aos vários manuscritos espontâneos que tinham recebido de fãs de Harry Potter. Um grupo educacional organizou o Hogwarts Virtual, que oferecia cursos tanto de assuntos acadêmicos quanto de tópicos que ficaram famosos a partir dos livros de Rowling. Professores adultos de quatro continentes desenvolveram materiais on-line para 30 aulas diferentes, e a iniciativa atraiu mais de três mil estudantes de 75 países.
Não está claro se os sucessos dos espaços de afinidades podem ser copiados pela simples incorporação de atividades semelhantes na sala de aula. As escolas impõem uma hierarquia fixa de liderança (inclusive papéis muito diferentes para adultos e adolescentes); é improvável que alguém como Flourish teria as mesmas oportunidades editoriais que encontrou na comunidade de fãs. As escolas possuem menos flexibilidade para apoiar escritores em estágios muito diferentes de desenvolvimento. Até as escolas mais progressistas impõem limites sobre o que os alunos podem escrever, se comparado à liberdade que eles desfrutam sozinhos. Decerto, os adolescentes podem receber críticas severas às suas histórias mais controversas quando elas são publicadas on-line, mas os próprios adolescentes estão decidindo os riscos que desejam correr e enfrentando as consequências dessas decisões.
Dito isso, precisamos reconhecer que aprimorar as habilidades de redação é um benefício secundário da participação em comunidades de fan fiction. Falar sobre fan fiction nesses termos faz com que a atividade pareça mais valiosa aos olhos de pais e professores que talvez sejam céticos em relação ao mérito dessas atividades. E as crianças certamente levam sua arte a sério e têm orgulho de suas realizações em letramento. Ao mesmo tempo, a escrita é valiosa pelo modo como expande as experiências das crianças com o mundo de Harry Potter e pelas conexões sociais com outros fãs que ela facilita. Essas crianças são apaixonadas pela escrita porque são apaixonados pelo assunto sobre o qual estão escrevendo. Até certo ponto, arrastar essas atividades para a escola tende a enfraquecê-las, pois a cultura escolar gera uma mentalidade diferente daquela que temos em nossa vida recreativa.
Henry Jenkins. Trecho de Por que Heather pode escrever. In: Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009, p. 249-258 (com adaptações).
Cada uma das alternativas a seguir apresenta uma proposta de reescrita de trechos do texto. Assinale a alternativa cuja proposta de reescrita está correta, seguindo os preceitos da gramática normativa da língua portuguesa e conservando, além das informações do texto original, os fatores de textualidade: pontuação, coesão e coerência.
Texto para as questões 6, 7, 8 e 9.
REESCREVENDO A ESCOLA
O professor James Paul Gee, da Escola de Educação Madison, da Universidade de Wisconsin, chama essas culturas informais de aprendizado de “espaços de afinidades” e questiona por que as pessoas aprendem mais, participam mais ativamente e se envolvem mais profundamente com a cultura popular do que com os conteúdos dos livros didáticos. Como me disse Flourish, uma fã de Harry Potter de 16 anos, “uma coisa é discutir sobre o tema de um conto que você nunca ouviu falar e para o qual você não dá a mínima. Outra coisa é discutir o tema de um trabalho de 50 mil palavras sobre Harry e Hermione que um amigo levou três meses para escrever”. Gee afirma que os espaços de afinidades oferecem poderosas oportunidades para o aprendizado porque são sustentados por empreendimentos comuns, criando pontes que unem as diferenças de idade, classe, raça, sexo e nível educacional; porque as pessoas podem participar de diversas formas, de acordo com suas habilidades e seus interesses; porque dependem da instrução de seus pares, de igual para igual, com cada participante constantemente motivado a adquirir novos conhecimentos ou refinar suas habilidades existentes; porque, enfim, esses espaços de afinidades permitem a cada participante sentir-se um expert, ao mesmo tempo que recorrem à expertise de outros. Cada vez mais, experts em educação estão reconhecendo que encenar, recitar e apropriar-se de elementos de histórias preexistentes é uma parte orgânica e valiosa do processo através do qual as crianças desenvolvem o letramento cultural.
Há uma década, a fan fiction publicada era, em sua maioria, escrita por mulheres na faixa dos 20, 30 anos, ou mais. Hoje, essas escritoras mais velhas estão acompanhadas de uma geração de novos colaboradores que descobriram a fan fiction navegando pela Internet e decidiram ver o que eram capazes de produzir. Harry Potter, em particular, incentivou muitos jovens a escrever e compartilhar suas primeiras histórias.
[...]
Os educadores gostam de falar em “andaime” (scaffolding), o conceito de que um bom processo pedagógico funciona passo a passo, incentivando as crianças a construir novas habilidades sobre aquelas que já dominam, fornecendo um suporte para os novos passos até que o aprendiz se sinta confiante o bastante para caminhar sozinho. Na sala de aula, o andaime é fornecido pelo professor. Numa cultura participativa, a comunidade inteira assume uma parte da responsabilidade em ajudar os iniciantes na Internet. Muitos jovens autores começaram a redigir histórias sozinhos, como uma reação espontânea a uma cultura popular. Para esses jovens, o próximo passo foi a descoberta da fan fiction na Internet, que forneceu modelos alternativos do que significava ser autor. No início, eles talvez apenas lessem as histórias, mas as comunidades fornecem muitos estímulos para que os leitores atravessem o último limiar para a redação e a apresentação de suas próprias histórias. E depois que um fã apresenta uma história, o feedback que recebe o inspira a escrever mais e melhor.
Que diferença fará, ao longo do tempo, se uma porcentagem crescente de jovens escritores começar a publicar e receber feedback sobre sua obra enquanto ainda estão no colégio? Irão desenvolver sua arte com mais rapidez? Irão descobrir sua forma de expressão mais cedo? E o que vai acontecer quando esses jovens escritores compararem suas observações, se tornarem críticos, editores e mentores? Isso irá ajudá-los a desenvolver um vocabulário básico para pensar em narrativas? Ninguém tem certeza absoluta, mas o potencial parece enorme. A autoria tem uma aura quase sagrada, num mundo onde as oportunidades de circular suas ideias a um público maior são limitadas. À medida que expandimos o acesso à distribuição em massa pela web, nossa compreensão do que significa ser autor – e que tipo de autoridade se deve atribuir a autores – necessariamente muda. A mudança pode levar a uma consciência maior sobre direitos de propriedade, à medida que mais e mais pessoas têm a sensação de posse sobre as histórias que criam. Porém, pode resultar também em uma desmistificação do processo criativo, um reconhecimento crescente das dimensões comunitárias da expressão, à medida que o ato de escrever assume mais aspectos das práticas tradicionais.
[...]
Como a pesquisadora educacional Rebecca Black observa, a comunidade de fãs pode muitas vezes ser mais tolerante com erros linguísticos do que professores tradicionais em salas de aula, e mais generosa, ao possibilitar que o aprendiz identifique o que realmente está querendo dizer, porque o leitor e o escritor operam dentro do mesmo quadro de referências, compartilhando um profundo envolvimento emocional com o conteúdo que está sendo explorado. A comunidade de fãs promove uma série mais abrangente de formas de letramento – não apenas fan fiction, mas vários modos de comentários e explanações – do que os modelos disponíveis na sala de aula, e muitas vezes a comunidade exibe próximos passos realistas para o desenvolvimento do aprendiz, em vez de mostrar apenas textos profissionais, muito distantes de qualquer coisa que os alunos serão capazes de produzir.
[...]
Muitos adultos se preocupam com o fato de as crianças estarem “copiando” o conteúdo de mídia preexistente, em vez de criar os próprios trabalhos originais. Entretanto, deve-se pensar nessas apropriações como um tipo de aprendizagem. Historicamente, jovens artistas sempre aprenderam com os mestres consagrados, às vezes colaborando com as obras dos artistas mais velhos, muitas vezes seguindo seus padrões, antes de desenvolver o próprio estilo e a própria técnica. As expectativas modernas sobre expressões originais são um fardo difícil para qualquer um em início de carreira. Da mesma forma, esses jovens artistas aprendem o que podem com as histórias e imagens que lhes são mais familiares. Erigir os primeiros esforços a partir de produtos culturais existentes permite-lhes concentrar sua energia em outras coisas, dominar a arte, aperfeiçoar as habilidades e comunicar suas ideias.
[...]
A escola ainda está presa num modelo de aprendizagem autônoma que contrasta nitidamente com a aprendizagem necessária aos estudantes à medida que eles entram nas novas culturas do conhecimento. Gee e outros educadores temem que os estudantes que se sentem confortáveis em participar e trocar conhecimento através dos espaços de afinidades estejam sendo menosprezados em sala de aula:
A aprendizagem torna-se uma trajetória pessoal e singular num espaço complexo de oportunidades (por exemplo, o deslocamento singular de uma pessoa pelos diversos espaços de afinidades, no decorrer do tempo) e uma jornada social, à medida que se compartilham aspectos dessa trajetória com outros (que podem ser muito diferentes dela mesma e, de resto, viver em espaços completamente diferentes) por um período mais curto ou mais longo, antes de prosseguir. O que esses jovens veem na escola pode empalidecer, diante da comparação. A escola talvez pareça não ter a imaginação existente em aspectos de sua vida fora da escola. No mínimo, podem se perguntar e argumentar: “Para que serve a escola?”
O foco de Gee é o sistema de suporte que emerge em torno do aprendiz individual, o foco de Lévy é o modo como cada aprendiz colabora com uma inteligência coletiva maior; mas ambos estão descrevendo partes da mesma experiência – viver num mundo onde o conhecimento é compartilhado e onde a atitude crítica é contínua e vitalícia.
Não surpreende que alguém que tenha acabado de publicar seu primeiro romance on-line e de receber dezenas de cartas com comentários ache decepcionante voltar à sala de aula, onde seu trabalho será lido apenas pelo professor e o feedback pode ser muito limitado. Alguns alunos adolescentes confessaram que escondem os rascunhos de suas histórias dentro do livro didático e os corrigem durante a aula; outros se sentam em volta da mesa do almoço e conversam com colegas de classe sobre enredo e personagens, ou tentam trabalhar nas histórias usando os computadores da escola, até que bibliotecários os acusem de estar desperdiçando tempo. Mal conseguem esperar que o sinal toque, para que possam se concentrar em sua escrita.
Muitos compreendem os benefícios da fan fiction. Várias bibliotecas têm trazido palestrantes imaginários para falar sobre a vida dos trouxas e promovido aulas estendidas no fim de semana, inspiradas no modelo da extraordinária escola de Hogwarts. Um grupo de editores canadenses organizou um acampamento de redação de verão para as crianças, destinado a ajudá-las a aperfeiçoar sua arte. Os editores estavam respondendo aos vários manuscritos espontâneos que tinham recebido de fãs de Harry Potter. Um grupo educacional organizou o Hogwarts Virtual, que oferecia cursos tanto de assuntos acadêmicos quanto de tópicos que ficaram famosos a partir dos livros de Rowling. Professores adultos de quatro continentes desenvolveram materiais on-line para 30 aulas diferentes, e a iniciativa atraiu mais de três mil estudantes de 75 países.
Não está claro se os sucessos dos espaços de afinidades podem ser copiados pela simples incorporação de atividades semelhantes na sala de aula. As escolas impõem uma hierarquia fixa de liderança (inclusive papéis muito diferentes para adultos e adolescentes); é improvável que alguém como Flourish teria as mesmas oportunidades editoriais que encontrou na comunidade de fãs. As escolas possuem menos flexibilidade para apoiar escritores em estágios muito diferentes de desenvolvimento. Até as escolas mais progressistas impõem limites sobre o que os alunos podem escrever, se comparado à liberdade que eles desfrutam sozinhos. Decerto, os adolescentes podem receber críticas severas às suas histórias mais controversas quando elas são publicadas on-line, mas os próprios adolescentes estão decidindo os riscos que desejam correr e enfrentando as consequências dessas decisões.
Dito isso, precisamos reconhecer que aprimorar as habilidades de redação é um benefício secundário da participação em comunidades de fan fiction. Falar sobre fan fiction nesses termos faz com que a atividade pareça mais valiosa aos olhos de pais e professores que talvez sejam céticos em relação ao mérito dessas atividades. E as crianças certamente levam sua arte a sério e têm orgulho de suas realizações em letramento. Ao mesmo tempo, a escrita é valiosa pelo modo como expande as experiências das crianças com o mundo de Harry Potter e pelas conexões sociais com outros fãs que ela facilita. Essas crianças são apaixonadas pela escrita porque são apaixonados pelo assunto sobre o qual estão escrevendo. Até certo ponto, arrastar essas atividades para a escola tende a enfraquecê-las, pois a cultura escolar gera uma mentalidade diferente daquela que temos em nossa vida recreativa.
Henry Jenkins. Trecho de Por que Heather pode escrever. In: Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009, p. 249-258 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e ao emprego de palavras e expressões no texto de Henry Jenkins, assinale a alternativa correta:
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 6 a 10.
NASA prepara avião supersônico de passageiros – como o Concorde, só que melhor
A agência espacial americana anunciou que está desenvolvendo, em parceria com a GE e a Lockheed Martin, um avião supersônico de passageiros – coisa que os céus do mundo não veem desde a aposentadoria do Concorde, em 2003. O Concorde, que foi criado pela França e pela Inglaterra nos anos 1970, sempre teve um problema crítico: ao ultrapassar a velocidade do som, gerava o chamado estrondo sônico, uma onda de choque ouvida como uma espécie de explosão pelas pessoas em terra. Por isso, o Concorde foi proibido de voar em velocidades supersônicas quando estivesse sobre áreas habitadas, o que limitou bastante sua agilidade. O avião deixou de operar comercialmente no começo dos anos 2000, quando protagonizou um acidente grave que matou 113 pessoas em Paris. De lá para cá, a aviação comercial deixou de oferecer voos supersônicos.
Mas, no que depender da Nasa, eles vão voltar. A agência diz ter inventado uma tecnologia supersônica silenciosa, que reduz muito o estrondo sônico – e pretende usá-la em um novo avião, que se chama QueSST Passenger Jet (a sigla significa Quiet Supersonic Technology), cujos testes começariam já em 2020. Não há mais informações sobre a aeronave, como preço ou número de passageiros, mas a Nasa divulgou uma animação indicando como ele poderá ser. A Nasa diz, apenas, que a redução de ruído é conseguida graças ao formato do avião, que é bem diferente do comum, e aos materiais empregados na construção.
Além do projeto da Nasa, existem outras iniciativas de aviação supersônica – para atender ao mercado de voos executivos. O avião AS2, da Aerion Corporation, é um deles. Ele promete capacidade para 12 passageiros e velocidade máxima de Mach 1.5 (uma vez e meia a velocidade do som). Já o S-512, da Spike Aerospace, promete levar 18 passageiros a Mach 1.6. Ambos começarão a ser testados entre 2018 e 2020.
GARATTONI, Bruno; SALEH, Dayane. Nasa prepara avião supersônico de passageiros – como o concorde, só que melhor. Super Interessante. 7 mar. 2016. Disponível em: <http://zip.net/brs0lM>. Acesso em: 9 mar. 2016 (Adaptação).
Leia o trecho a seguir.
“O avião AS2, da Aerion Corporation, é um deles. Ele promete capacidade para 12 passageiros e velocidade máxima de Mach 1.5 (uma vez e meia a velocidade do som).”
Assinale a alternativa em que a palavra ou locução utilizada para unir as orações não mantém o sentido original do trecho.
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 5.
Tomate é fruta?
Sim, ele é. Não só o tomate é fruta, como a berinjela, a abobrinha, o pepino, o pimentão e outros alimentos que nós chamamos de legumes também são. Fruta é o ovário amadurecido de uma planta, onde ficam as sementes. A confusão acontece porque nós somos acostumados a chamar as frutas salgadas de legumes. Se você acha que sua vida foi uma mentira até agora, saiba que também existem alimentos que nós chamamos de fruta, mas não são. Trata-se dos pseudofrutos – estruturas suculentas que têm cara e jeito de fruto, mas não se desenvolvem a partir do ovário da planta, como as frutas reais. É o caso do morango, do caju, da maçã, da pera e do abacaxi, entre outros.
HAICK, Sabrina. Tomate é fruta? Mundo Estranho. Ed. 177.
Disponível em: <http://zip.net/bys0Dt>.
Acesso em: 8 mar. 2016 (Adaptação).
Releia o trecho a seguir.
“[...] existem alimentos que nós chamamos de fruta, mas não são.”
Assinale a alternativa cuja palavra destacada altera o sentido original do trecho anterior.
O texto a seguir é referência para as questões 01 e 02.
Mesmo que o Brasil esteja entre os piores do mundo no ensino da matemática, vimos alguns jovens prodígios colocarem o país entre os quinze melhores do mundo na Olimpíada Internacional de Matemática, que aconteceu na última semana. Ainda assim, estamos muito longe de uma das grandes potências mundiais da temida disciplina: Xangai, na China. A técnica aprendida pelos professores de matemática chineses está se espalhando em alguns países da Europa. Mas o que ela tem de tão especial?
Em um levantamento realizado pelo site do britânico BBC, especialistas e críticos comentam as principais características dessa tendência de ensino que deve ser aplicada em metade das escolas do Reino Unido. De acordo com os especialistas, os estudantes de ensino fundamental que aprendem no “sistema de ensino de Xangai” têm rendimento escolar superior aos demais. Entre alguns problemas relatados pelos críticos está a disposição das carteiras dos alunos: o modelo apresentado nas classes de Xangai pode desencorajar os alunos a compartilhar seus conhecimentos – um dos pontos principais de aprendizagem no modelo chinês.
(DANTAS, Arimatéa. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/educacao/o-metodo-dos-melhores-professores-de-matematica-do-mundo/>. Acesso em 21 jul 2016.)
Considere a seguinte sentença retirada do texto: “Mesmo que o Brasil esteja entre os piores do mundo no ensino da matemática, vimos alguns jovens prodígios colocarem o país entre os quinze melhores do mundo na Olimpíada Internacional de Matemática”.
Assinale a alternativa que reescreve a sentença acima sem alterar o sentido.
Atenção: As questões de números 10 a 14 referem-se ao texto abaixo.
Cães são seres sociáveis. Gostam de viver em bando. Adoram a companhia humana. Disso, pouca gente discorda. Mas o que ninguém sabe ao certo é por que eles são assim.
Vem da Suécia a mais recente pista dessa história. Pesquisadores da Universidade de Linköping submeteram a um teste 400 beagles nascidos e criados em um canil, todos com o mesmo nível de contato com seres humanos. Eles tinham que destampar três tigelas para chegar a um petisco. As duas primeiras tampas saíam facilmente. A terceira era fixa.
As reações dos cães foram registradas. Alguns procuravam ajuda entre as pessoas da sala. Outros, não. Em seguida, cada animal teve o genoma sequenciado, em busca de variações genéticas que pudessem estar relacionadas ao comportamento que demonstraram.
Resultado: um grupo de cinco genes apresentava diferenças relevantes entre os cães que buscaram ou não ajuda. São os mesmos relacionados com alterações de sociabilidade em humanos, como o transtorno de atenção.
O próximo passo dos pesquisadores é ver como são esses genes nos lobos. A hipótese é que se trata de uma mutação genética recente, que acabou prevalecendo na seleção natural. Em resumo: os cães estão geneticamente programados para ficarem perto da gente.
(Adaptado de: CORRÊA, Sílvia. “Amizade genética”, revista São Paulo, Folha de S.Paulo, 9 a 15 de outubro de 2016, p.14)
Ao se reescrever uma passagem do texto, NÃO foi observado o respeito às normas de concordância verbal em:
Atenção: As questões de números 1 a 8 referem-se ao texto abaixo.
Nascido nos Estados Unidos da América em 30 de abril de 1916, Claude E. Shannon obteve o título de doutor no MIT, em 1937, com trabalho notável em "Álgebra de Boole", propondo circuitos elétricos capazes de executar as principais operações da Lógica clássica.
Quatro anos antes (23 de junho de 1912) de seu nascimento, em Londres, nascera Allan M. Turing, que também se interessou por encontrar meios de realizar operações lógicas e aritméticas, fazendo uso de máquinas. Suas ideias resultaram no importante conceito de "Máquina de Turing", paradigma abstrato para a computação, apresentado durante seus estudos, no King's College, em Cambridge, no ano de 1936. Entre 1936 e 1938, Turing viveu em Princeton-NJ onde realizou seu doutorado estudando problemas relativos à criptografia.
Assim, Shannon e Turing, de maneira independente, trabalhavam, simultaneamente, em comunicações e computação, dois tópicos que, combinados, hoje proporcionam recursos antes inimagináveis para o mundo moderno das artes, da ciência, da medicina, da tecnologia e das interações sociais.
Contemporaneamente à eclosão da Segunda Guerra Mundial, Shannon e Turing gestavam ideias abstratas sofisticadas, tentando associá-las ao mundo concreto das máquinas que, gradativamente, tornavam-se fatores de melhoria da qualidade de vida das populações.
A Segunda Grande Guerra utilizou-se de tecnologias sofisticadas para a destruição. Os bombardeios aéreos causaram muitas mortes e devastaram cidades. Evitá-los e preveni-los eram questões de vida ou morte e, para tanto, ouvir as comunicações dos inimigos e decifrar seus códigos era uma atividade indispensável.
Os países do eixo tinham desenvolvido sofisticadas técnicas de comunicação criptografada utilizada para planejar ataques inesperados às forças aliadas. Shannon e Turing, então, com seu conhecimento sofisticado da matemática da informação deduziram as regras alemãs de codificação, levando os aliados a salvar muitas de suas posições de ataques nazistas.
Pode-se dizer que uma boa parte da inteligência de guerra dos aliados vinha desses dois cérebros privilegiados.
Finda a guerra, Shannon passou a trabalhar nos laboratórios Bell, propondo a "Teoria da Informação", em 1948. Com carreira profícua, notável pela longevidade e muitos trabalhos importantes, deixou sua marca nas origens das comunicações digitais. Faleceu aos 85 anos (em 24 de fevereiro de 2001), deixando grande legado intelectual e tecnológico.
Turing, após o término da guerra, ingressou como pesquisador da Universidade de Manchester, sofrendo ampla perseguição por ser homossexual. Mesmo vivendo na avançada Inglaterra, foi condenado à castração química, em 1952. Essa sequência de dissabores levou-o ao suicídio, em 7 de junho de 1954.
Shannon viu sua teoria transformar o mundo, com o nascimento da internet. Turing, entretanto, não viu sua máquina se transformar em lap-tops e tablets que hoje povoam, até, o imaginário infantil.
(PIQUEIRA, José Roberto Castilho. “Breve contextualização histórica”, In: “Complexidade computacional e medida da informação:
caminhos de Turing e Shannon”, Estudos Avançados, Universidade de São Paulo, v. 30, n. 87, Maio/Agosto 2016, p.340-1)
A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários ajustes, foi feita corretamente em:
Parentes ainda resistem em autorizar doação de órgãos
Poucas pessoas sabem, mas o Brasil é destaque no contexto mundial de doação de órgãos e tecidos, principalmente por ter o maior sistema público de transplantes do mundo. Porém, a alta taxa de recusa familiar para doação de órgãos é um problema grave no país. Dados do Ministério da Saúde apontam que mais de 40% da população brasileira não aceita doar órgãos de parentes falecidos com diagnóstico de morte cerebral, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país.
Na opinião do médico Leonardo Borges de Barros e Silva, coordenador da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), os motivos para a recusa familiar são diversos: desde crenças religiosas até o desconhecimento e não aceitação da morte encefálica, que faz com que muitos familiares acreditem que o fato de o ente querido manter o corpo quente e o coração batendo seja um indicativo de que ele sobreviverá.
Realmente, para a grande maioria das pessoas, é muito difícil diferenciar um corpo em morte cerebral de um corpo em sono profundo na cama de um hospital: em ambos, o abdômen se move normalmente na respiração, os batimentos cardíacos aparecem no monitor e há urina no recipiente plástico. A temperatura também permanece normal.
“O diagnóstico de morte encefálica – conhecida também como morte cerebral – é irreversível, ou seja, o paciente perde todas as funções vitais, como a consciência e capacidade de respirar. O coração permanece batendo e os demais órgãos, funcionando. Com exceção das córneas, pele, ossos, vasos e valvas do coração, é somente nessa situação que os órgãos podem ser utilizados para transplante”, observa o especialista.
O que acontece é que enquanto o coração tem oxigênio, ele pode continuar a bater. O ventilador providencia esse suporte por várias horas. Sem o socorro artificial, o coração deixaria de bater.
O consentimento informado é a forma oficial de manifestação à doação. A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica depende da autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.
“Evidentemente, a manifestação em vida da pessoa a favor ou contra a doação de seus órgãos e tecidos para transplante pode ou não favorecer o consentimento após a morte, mas, de acordo com a lei, é a vontade da família que deve prevalecer”, explica o médico Leonardo Borges de Barros e Silva.
De acordo com números do Ministério da Saúde, em 2015, mais de 23 mil transplantes foram realizados no Brasil, sendo a córnea o tecido mais transplantado. No ano passado, o transplante de rins foi o mais realizado, seguido pelos de fígado, coração e pulmão. Mas, enquanto algumas famílias ainda têm receio de autorizar a doação dos órgãos de parentes falecidos, cerca de 40 mil pessoas, entre crianças e adultos, estão na fila de espera por um transplante no Brasil.
(CONTE, Juliana. Informações da Agência Ex Libris Comunicação Integrada e Ministério da Saúde. Publicado em: 21/06/2016. Adaptado.)
Em “O que acontece é que enquanto o coração tem oxigênio, ele pode continuar a bater.” (5º§), a expressão destacada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por
Instrução: As questões de números 01 a 08 referem-se ao texto abaixo.
O mito da felicidade
- A resposta de qualquer pai ou mãe, indagado sobre o que deseja para os filhos, está sempre
- na ponta da língua: “só quero que sejam felizes”. A frase não deixa dúvidas de que, numa
- sociedade moderna, livre de muitas das restrições morais e culturais do passado, a felicidade é
- vista como a maior realização de um indivíduo. Até governos nacionais __________ na obrigação
- de fazer algo a respeito. Neste ano, a China e o Reino Unido anunciaram a intenção de medir o
- grau de felicidade de seus habitantes. Os governantes, espera-se, querem o melhor para seu
- país, assim como os pais querem o melhor para seus filhos. Mas a ambição de sempre colocar
- um sorriso no rosto pode ter um efeito contrário. A pressão por ser feliz, condição nada fácil de
- ser definida, pode acabar reduzindo as chances de as pessoas viverem bem.
- O americano Martin Seligman, considerado o mestre da psicologia positiva, depois de estudar
- a busca da felicidade por mais de 20 anos, afirma ser tolice elegê-la como a única ambição na
- vida. Ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, professor da Universidade da
- Pensilvânia, pai de sete filhos e avô pela quarta vez, Seligman reviu suas teorias e concluiu que
- é preciso relativizar a importância das emoções positivas. “Perseguir apenas a felicidade é
- enganoso”, diz Seligman. Segundo ele, a felicidade pode tornar a vida um pouco mais agradável.
- E só. Em seu lugar, o ser humano deveria buscar um objetivo mais simples e fácil de ser
- contemplado: o bem-estar.
- A ideia de que a vida é mais do que a busca de sensações positivas não é nova. Ao escrever
- que a felicidade é o motivo por trás de todas as razões humanas, Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.)
- não defendia viver apenas em busca de emoções positivas e prazeres. Para o filósofo grego, ser
- feliz era praticar a virtude. Mesmo Thomas Jefferson, que __________ a felicidade a um direito
- na Declaração de Independência dos Estados Unidos, em 1776, não defendia ser feliz acima de
- qualquer coisa, como queremos hoje. No livro A democracia na América, Alexis de Tocqueville
- afirma que, para Jefferson, a felicidade envolvia conter desejos para obter objetivos de longo
- prazo, ou seja, o que muitos afobados de hoje resistem em fazer.
- A noção de que a felicidade é um objetivo tangível – e não um horizonte que norteia nossas
- ações – só se tornou dominante na sociedade moderna. Sua base vem do Iluminismo, que colocou
- o indivíduo – e suas necessidades – no centro das preocupações humanas. É dessa época a teoria
- utilitarista, que defendia a busca da maior quantidade de felicidade para o maior número de
- pessoas. Para o jurista e filósofo inglês Jeremy Bentham, a felicidade era a vitória do prazer sobre
- a dor. A partir do século XVIII, começou a ganhar força a ideia de que temos de evitar as
- sensações negativas. O principal problema dessa filosofia de vida é basear-se em princípios muito
- frágeis e efêmeros: as emoções. “Os sentimentos positivos e negativos não podem ser entendidos
- como fins em si mesmos”, afirma a pesquisadora norueguesa Ragnhild Bang Nes. “As emoções
- negativas, embora desagradáveis, podem servir de alerta para o indivíduo de que há um problema
- que precisa ser resolvido ou prepará-lo para experiências futuras”, diz ela.
- Uma pesquisa inédita encomendada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
- (FIESP) revelou que 61% dos entrevistados acreditam que sua felicidade depende de si mesmos.
- A opinião é corroborada por estudos científicos, que mostram que a personalidade é o que mais
- influencia a felicidade. Já com relação ao dinheiro, seu efeito positivo parece estar ligado ao
- aumento do contato social. Para os estudiosos, “o dinheiro tem uma relação positiva com a
- felicidade, mas esta é pequena diante de fatores não monetários, como as relações sociais”.
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,EMI236742-15228,00.html – Texto adaptado especialmente para esta prova.
Assinale a alternativa cuja proposta de alteração de vocabulário cause mudança de sentido no texto.
Instrução: As questões de números 01 a 08 referem-se ao texto abaixo.
O mito da felicidade
- A resposta de qualquer pai ou mãe, indagado sobre o que deseja para os filhos, está sempre
- na ponta da língua: “só quero que sejam felizes”. A frase não deixa dúvidas de que, numa
- sociedade moderna, livre de muitas das restrições morais e culturais do passado, a felicidade é
- vista como a maior realização de um indivíduo. Até governos nacionais __________ na obrigação
- de fazer algo a respeito. Neste ano, a China e o Reino Unido anunciaram a intenção de medir o
- grau de felicidade de seus habitantes. Os governantes, espera-se, querem o melhor para seu
- país, assim como os pais querem o melhor para seus filhos. Mas a ambição de sempre colocar
- um sorriso no rosto pode ter um efeito contrário. A pressão por ser feliz, condição nada fácil de
- ser definida, pode acabar reduzindo as chances de as pessoas viverem bem.
- O americano Martin Seligman, considerado o mestre da psicologia positiva, depois de estudar
- a busca da felicidade por mais de 20 anos, afirma ser tolice elegê-la como a única ambição na
- vida. Ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, professor da Universidade da
- Pensilvânia, pai de sete filhos e avô pela quarta vez, Seligman reviu suas teorias e concluiu que
- é preciso relativizar a importância das emoções positivas. “Perseguir apenas a felicidade é
- enganoso”, diz Seligman. Segundo ele, a felicidade pode tornar a vida um pouco mais agradável.
- E só. Em seu lugar, o ser humano deveria buscar um objetivo mais simples e fácil de ser
- contemplado: o bem-estar.
- A ideia de que a vida é mais do que a busca de sensações positivas não é nova. Ao escrever
- que a felicidade é o motivo por trás de todas as razões humanas, Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.)
- não defendia viver apenas em busca de emoções positivas e prazeres. Para o filósofo grego, ser
- feliz era praticar a virtude. Mesmo Thomas Jefferson, que __________ a felicidade a um direito
- na Declaração de Independência dos Estados Unidos, em 1776, não defendia ser feliz acima de
- qualquer coisa, como queremos hoje. No livro A democracia na América, Alexis de Tocqueville
- afirma que, para Jefferson, a felicidade envolvia conter desejos para obter objetivos de longo
- prazo, ou seja, o que muitos afobados de hoje resistem em fazer.
- A noção de que a felicidade é um objetivo tangível – e não um horizonte que norteia nossas
- ações – só se tornou dominante na sociedade moderna. Sua base vem do Iluminismo, que colocou
- o indivíduo – e suas necessidades – no centro das preocupações humanas. É dessa época a teoria
- utilitarista, que defendia a busca da maior quantidade de felicidade para o maior número de
- pessoas. Para o jurista e filósofo inglês Jeremy Bentham, a felicidade era a vitória do prazer sobre
- a dor. A partir do século XVIII, começou a ganhar força a ideia de que temos de evitar as
- sensações negativas. O principal problema dessa filosofia de vida é basear-se em princípios muito
- frágeis e efêmeros: as emoções. “Os sentimentos positivos e negativos não podem ser entendidos
- como fins em si mesmos”, afirma a pesquisadora norueguesa Ragnhild Bang Nes. “As emoções
- negativas, embora desagradáveis, podem servir de alerta para o indivíduo de que há um problema
- que precisa ser resolvido ou prepará-lo para experiências futuras”, diz ela.
- Uma pesquisa inédita encomendada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
- (FIESP) revelou que 61% dos entrevistados acreditam que sua felicidade depende de si mesmos.
- A opinião é corroborada por estudos científicos, que mostram que a personalidade é o que mais
- influencia a felicidade. Já com relação ao dinheiro, seu efeito positivo parece estar ligado ao
- aumento do contato social. Para os estudiosos, “o dinheiro tem uma relação positiva com a
- felicidade, mas esta é pequena diante de fatores não monetários, como as relações sociais”.
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,EMI236742-15228,00.html – Texto adaptado especialmente para esta prova.
Considere as seguintes possibilidades de substituição de elementos do texto:
I. ‘sobre’ (l. 30) por ‘em oposição’.
II. ‘dinheiro’ (l. 40) por ‘riqueza’.
III. ‘aumento’ (l. 41) por ‘expansão’.
IV. ‘diante de’ (l. 42) por ‘se comparada’.
Quais delas criam condições para o emprego de à (sinal indicador de crase)?
Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões de 01 a 08.
OS NAMORADOS DA FILHA
Quando a filha adolescente anunciou que ia dormir com o namorado, o pai não disse nada. Não a recriminou, não lembrou os rígidos padrões morais de sua antiga juventude. Homem avançado, já esperava que aquilo acontecesse um dia. Só não esperava que acontecesse tão cedo.
Mas tinha uma exigência, além das clássicas recomendações. A moça podia dormir com o namorado:
─ Mas aqui em casa.
Ela, por sua vez, não protestou. Até ficou contente. Aquilo resultava em inesperada comodidade. Vida amorosa em domicílio, o que mais podia desejar? Perfeito.
O namorado não se mostrou menos satisfeito. Entre outras razões, porque passaria a partilhar o abundante café da manhã da família. Aliás, seu apetite era espantoso: diante do olhar assombrado e melancólico do dono da casa, devorava toneladas do melhor requeijão, do mais fino presunto, tudo regado a litros de suco de laranja.
Um dia, o namorado sumiu. Brigamos, disse a filha, mas já estou saindo com outro. O pai pediu que ela trouxesse o rapaz. Veio, e era muito parecido com o anterior: magro, cabeludo, com apetite descomunal.
Brevemente, o homem descobriria que constância não era uma característica fundamental de sua filha. Os namorados começaram a se suceder em ritmo acelerado. Cada manhã de domingo, era uma nova surpresa: este é o Rodrigo, este é o James, este é o Tato, este é o Cabeça. Lá pelas tantas, ele desistiu de memorizar nomes ou mesmo fisionomias. Se estava na mesa do café da manhã, era namorado. Às vezes, também acontecia ─ ah, essa próstata, essa próstata ─ que ele levantava à noite para ir ao banheiro e cruzava com um dos galãs no corredor. Encontro insólito, mas os cumprimentos eram sempre gentis.
Uma noite, acordou, como de costume, e, no corredor, deu de cara com um rapaz que o olhou apavorado. Tranquilizou-o:
─ Eu sou o pai da Melissa. Não se preocupe, fique à vontade. Faça de conta que a casa é sua.
E foi deitar.
Na manhã seguinte, a filha desceu para tomar café. Sozinha.
─ E o rapaz? ─ perguntou o pai.
─ Que rapaz? ─ disse ela. Algo lhe ocorreu, e ele, nervoso, pôs-se de imediato a checar a casa. Faltava o CD player, a máquina fotográfica, a impressora do computador. O namorado não era namorado. Paixão poderia nutrir, mas era pela propriedade alheia.
Um único consolo restou ao perplexo pai: aquele, pelo menos, não fizera estrago no café da manhã.
(Moacyr Scliar. Crônica extraída da Revista Zero Hora, 26/4/1998)
Sem que haja mudança de sentido, a palavra destacada no trecho “Encontro insólito, mas os cumprimentos eram sempre gentis” pode ser substituída por:
Instrução: as questões de 01 a 05 referem-se ao texto ‘Pokemon Go’ não é destinado às crianças, de Rosely Sayão.
'POKEMON GO' NÃO É DESTINADO ÀS CRIANÇAS
Rosely Sayão
1______ Muitos pais se afetam tanto com os caprichos dos filhos. O capricho atual é jogar "Pokemon Go". Então vamos
2 _enfrentar a fera, já que inúmeros pais querem saber se deixam o filho ter o jogo, qual a idade para começar, se pode
3 _prejudicar, se pode beneficiar, qual o tempo que se deve permitir que a criança se dedique ao jogo, como fazer para ela
4 _aceitar o limite de tempo etc.
5 ______ Um pai pegou um táxi só para que o filho conseguisse caçar uma determinada criatura do jogo, outro deixou a filha
6 _de 11 anos ir até um lugar que considera perigoso porque ela estava acompanhada de outras colegas e "precisava" muito
7 _ganhar um ovo virtual. O pai ficou preocupado, mas permitiu. Assim fica difícil!
8 ______ Meus caros pais, um jogo é um jogo, apenas isso. As características desse em particular revelam que ele não é
9 _destinado às crianças. Quantas delas saem para o espaço público desacompanhadas de um adulto na "vida real"? Como
10 _nossas crianças são jovens desde os primeiros anos de vida, porém, foram capturadas pela sensação do momento. Mas os
11 _pais devem ter suas referências, e não abdicar delas só porque a atividade virou febre social.
12 ______ O primeiro passo é conhecer o jogo: como funciona, quais as metas, o que o filho deve fazer para alcançá-las. Se,
13 _para a família, ele não é inconveniente, não transgride os princípios priorizados, não apresenta imagens ou atos que ela não
14 _aceite, ela pode permitir que o filho brinque. Não é preciso aprender a jogar ou apreciar, mas é necessário conhecer os
15 _princípios básicos do aplicativo antes de permiti-lo.
16 ______ O segundo passo é avaliar o tempo que o filho tem em seu cotidiano para ajudá-lo a administrar isso entre todas as
17 _atividades e ainda ter tempo para ficar sem fazer nada. Como há crianças mais rápidas e outras que dedicam mais tempo a
18 _cada atividade, não é possível determinar um tempo padrão. Aqueles que fazem tudo mais rapidamente não podem dedicar
19 _tanto tempo ao jogo; os que fazem tudo mais tranquilamente, porém, podem brincar mais, por exemplo.
20 ______ Uma coisa é certa: a criança e o jovem têm muito o que fazer e pensar, por isso não podem se limitar a uma
21 _atividade específica. Caros pais, observem o tamanho e a complexidade do mundo que eles precisam conhecer!
22 ______ Quando uma criança ou jovem gosta muito de algo, seja por iniciativa pessoal ou por adesão do grupo, é fácil para
23 _ele ficar horas e horas só naquilo, prejudicando todo o resto. Os pais não devem permitir. Para tanto, devem fazer valer sua
24 _autoridade, dizendo "agora chega". Isso vale para tudo, porque os mais novos ainda não têm ou estão desenvolvendo seu
25 _índice de saciedade. E o "agora chega" dos pais ajuda muito a estabelecer esse limite.
26 ______ Os filhos vão reclamar, choramingar, brigar, implorar, insistir, tentar negociar, seduzir, propor trocas, chantagear.
27 _São as estratégias que têm para alcançar o que querem. E são, portanto, legítimas.
28 ______ Os pais precisam bancar tudo isso e firmar sua decisão, mesmo que seja para aguentar cara feia. Aliás, os filhos
29 _sabem muito bem que isso costuma funcionar. Mas cara feia passa, lembram disso?
30 ______ Por fim, é importante ensinar, nas entrelinhas, que não é bom se tornar escravo de um capricho, de um gosto, de
31 _uma diversão. É muito melhor prepará-los para que sejam autônomos e livres, não é?.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2016/08/1803351-pokemon-go-nao-e-destinado-as-criancas.shtml. Acessado em 24 setembro 2016.
As palavras abdicar, transgride e adesão (linhas 11, 13 e 22) podem ser substituídas, sem alterar o conteúdo do texto, por
Instrução: as questões de 01 a 05 referem-se ao texto ‘Pokemon Go’ não é destinado às crianças, de Rosely Sayão.
'POKEMON GO' NÃO É DESTINADO ÀS CRIANÇAS
Rosely Sayão
1______ Muitos pais se afetam tanto com os caprichos dos filhos. O capricho atual é jogar "Pokemon Go". Então vamos
2 _enfrentar a fera, já que inúmeros pais querem saber se deixam o filho ter o jogo, qual a idade para começar, se pode
3 _prejudicar, se pode beneficiar, qual o tempo que se deve permitir que a criança se dedique ao jogo, como fazer para ela
4 _aceitar o limite de tempo etc.
5 ______ Um pai pegou um táxi só para que o filho conseguisse caçar uma determinada criatura do jogo, outro deixou a filha
6 _de 11 anos ir até um lugar que considera perigoso porque ela estava acompanhada de outras colegas e "precisava" muito
7 _ganhar um ovo virtual. O pai ficou preocupado, mas permitiu. Assim fica difícil!
8 ______ Meus caros pais, um jogo é um jogo, apenas isso. As características desse em particular revelam que ele não é
9 _destinado às crianças. Quantas delas saem para o espaço público desacompanhadas de um adulto na "vida real"? Como
10 _nossas crianças são jovens desde os primeiros anos de vida, porém, foram capturadas pela sensação do momento. Mas os
11 _pais devem ter suas referências, e não abdicar delas só porque a atividade virou febre social.
12 ______ O primeiro passo é conhecer o jogo: como funciona, quais as metas, o que o filho deve fazer para alcançá-las. Se,
13 _para a família, ele não é inconveniente, não transgride os princípios priorizados, não apresenta imagens ou atos que ela não
14 _aceite, ela pode permitir que o filho brinque. Não é preciso aprender a jogar ou apreciar, mas é necessário conhecer os
15 _princípios básicos do aplicativo antes de permiti-lo.
16 ______ O segundo passo é avaliar o tempo que o filho tem em seu cotidiano para ajudá-lo a administrar isso entre todas as
17 _atividades e ainda ter tempo para ficar sem fazer nada. Como há crianças mais rápidas e outras que dedicam mais tempo a
18 _cada atividade, não é possível determinar um tempo padrão. Aqueles que fazem tudo mais rapidamente não podem dedicar
19 _tanto tempo ao jogo; os que fazem tudo mais tranquilamente, porém, podem brincar mais, por exemplo.
20 ______ Uma coisa é certa: a criança e o jovem têm muito o que fazer e pensar, por isso não podem se limitar a uma
21 _atividade específica. Caros pais, observem o tamanho e a complexidade do mundo que eles precisam conhecer!
22 ______ Quando uma criança ou jovem gosta muito de algo, seja por iniciativa pessoal ou por adesão do grupo, é fácil para
23 _ele ficar horas e horas só naquilo, prejudicando todo o resto. Os pais não devem permitir. Para tanto, devem fazer valer sua
24 _autoridade, dizendo "agora chega". Isso vale para tudo, porque os mais novos ainda não têm ou estão desenvolvendo seu
25 _índice de saciedade. E o "agora chega" dos pais ajuda muito a estabelecer esse limite.
26 ______ Os filhos vão reclamar, choramingar, brigar, implorar, insistir, tentar negociar, seduzir, propor trocas, chantagear.
27 _São as estratégias que têm para alcançar o que querem. E são, portanto, legítimas.
28 ______ Os pais precisam bancar tudo isso e firmar sua decisão, mesmo que seja para aguentar cara feia. Aliás, os filhos
29 _sabem muito bem que isso costuma funcionar. Mas cara feia passa, lembram disso?
30 ______ Por fim, é importante ensinar, nas entrelinhas, que não é bom se tornar escravo de um capricho, de um gosto, de
31 _uma diversão. É muito melhor prepará-los para que sejam autônomos e livres, não é?.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2016/08/1803351-pokemon-go-nao-e-destinado-as-criancas.shtml. Acessado em 24 setembro 2016.
Se substituirmos a expressão o filho por os filhos na frase O segundo passo é avaliar o tempo que o filho tem em seu cotidiano para ajudá-lo a administrar isso entre todas as atividades e ainda ter tempo para ficar sem fazer nada (linhas 16 e 17), ocorrerão mudanças em quantas outras palavras da frase?
A uberização da vida
1 A tecnologia e o trabalho vivem, nos últimos séculos, uma relação pontuada por uma série
2 de episódios surpreendentes, quase sempre marcados pelo conflito.
3 Desde o início da era industrial, no século XVIII, os operários de fábricas são assombrados
4 pelo espectro de sua substituição por máquinas. Naquela época, havia boatos, na Inglaterra, sobre
5 o lendário general Ned Ludd, que incitava a invasão das tecelagens e a destruição das máquinas
6 para conter o desemprego em massa.
7 Nunca saberemos ao certo se Ned Ludd realmente existiu. Contudo, o termo ludismo
8 passou a ser incorporado pela literatura sociológica e filosófica como designando a revolta contra
9 a tecnologia. Nas últimas décadas já se fala até em neoludismo, um movimento radical que
10 defende a reversão da humanidade para um estado pré-tecnológico.
11 É provável que ocorra algo semelhante a uma revolta ludita hoje em dia, se algumas
12 promessas da tecnologia se concretizarem. Uma delas é a substituição dos motoristas
13 profissionais pelo piloto automático do Google. Se isso ocorrer, presenciaremos a maior onda de
14 desemprego dos últimos séculos, o fantasma, dessa vez, seria a inteligência artificial.
15 No entanto, já existe uma outra revolução em curso, que chega liderada pelo aumento
16 crescente dos aplicativos. Além de nos disponibilizar serviços no esquema 24/7 (24 horas por
17 dia, sete dias da semana), a internet começa, agora, a preencher nichos de tempo livre com
18 trabalho. Chamo a esse fenômeno de uberização.
19 Frequentemente, o Uber é um aplicativo associado com a substituição dos táxis nas
20 grandes cidades, mas é muito mais do que isso. Inicialmente, o projeto do Uber era organizar
21 caronas solidárias nas grandes cidades. No entanto, alguns empresários perceberam que
22 poderiam aproveitar o fato de que, hoje em dia, praticamente todas as pessoas dirigem carros e
23 que, se essa força de trabalho fosse aproveitada e organizada por um aplicativo, os motoristas
24 amadores poderiam, praticamente, assumir o mercado preenchido pelos táxis, bastando, para
25 isso, fazer "bicos" em horas vagas.
26 Em pouco tempo, o Uber se tornou uma daquelas empresas arquibilionárias do vale do
27 silício, cujo endereço é apenas alguma caixa-postal de algum paraíso fiscal caribenho. Com ele,
28 vieram outros aplicativos para preencher com trabalho as horas vagas de muitas outras atividades
29 profissionais. A advogada que está com poucos clientes pode compensar essa situação se souber
30 fazer maquiagem. Há um aplicativo para chamá-la nas vésperas de eventos. Ela não precisa ser
31 uma maquiadora profissional e, por isso, sabe-se que ela cobrará a metade do preço. Se você tem
32 uma moto, pode maximizar seu uso fazendo entregas aos sábados em vez de deixá-la ociosa na
33 garagem do seu prédio. Todo mundo está disposto a fazer "bicos", e todo mundo, também fica
34 feliz quando pode pagar menos por um serviço.
35 A uberização é o trabalho em migalhas. Ela começa com a profissionalização do
36 amadorismo, pois todos podemos ser motoristas, jardineiros ou entregadores nas horas vagas.
37 Contudo, o inverso, ou seja, o rebaixamento de profissionais a amadores, já está acontecendo.
38 Muitos profissionais qualificados estão se inscrevendo em aplicativos que os selecionam para
39 prestar serviços a preços reduzidos em determinados horários ou dias da semana. É possível que,
40 em pouco tempo, o trabalho qualificado se torne parte do precariado.
41 Ainda é difícil prever os resultados da uberização do trabalho. A relação contínua entre
42 empregados e patrões tenderá a desaparecer, sobretudo no setor de serviços. A babá de seu
43 filho, quando você for ao cinema com sua esposa, será escalada por um aplicativo e,
44 dificilmente, será a mesma pessoa em todas as ocasiões. Não haverá mais o taxista de confiança
45 ou o garçom que te reconhece sempre que você entra em um determinado restaurante.
46 Com a uberização, a liberdade e a coação se tornam coincidentes, pois todos se tornarão
47 patrões de si mesmos. A dialética senhor-escravo, tão cara aos hegelianos e a seus herdeiros
48 marxistas, desaparecerá. Pois todos seremos sempre ao mesmo tempo senhores e escravos.
49 Exploraremos a nós mesmos de forma implacável.
50 A demarcação entre tempo livre por oposição ao horário de trabalho será ainda mais
51 diluída. Todos se sentirão culpados por tirar uma soneca após o almoço de domingo em vez de
52 aproveitar o tempo fazendo uma corrida de táxi para alguém que precisa ir ao aeroporto para
53 viajar, provavelmente, a trabalho.
54 Na Antiguidade, os gregos desprezavam o trabalho. No mundo cristão, sobretudo com a
55 reforma protestante, ele passou a ser associado com dignidade. Não ter emprego, não ter trabalho
56 passou a corroer a autoestima de muitas pessoas. O homem contemporâneo ainda associa
57 trabalho com dignidade, embora, paradoxalmente, esteja aceitando trabalhos cada vez mais
58 indignos para sobreviver.
59 O sociólogo sul-coreano Byung-Chul Han aponta, no seu livro A sociedade do cansaço
60 (Vozes, 2015), que não é por acaso que enfrentamos uma pandemia de depressão. De um lado, há
61 metas inatingíveis, e de outro, apenas oferta de trabalho precário.
62 A precariedade da vida tende a se tornar um padrão. As novas gerações já sabem que o
63 sonho da estabilidade ficou para trás. Como trabalhadores efêmeros e também consumidores
64 efêmeros, a ideia de uma vida melhor no futuro, como resultado de uma carreira, tende a
65 desaparecer.
A uberização da vida, João Teixeira. FILOSOFIA, Ciência & Vida, Ano IX, nº 120, p.60/61.
Ao se reescrever a oração “os operários de fábricas são assombrados pelo espectro de sua substituição por máquinas” (L.3/4), transpondo-a para a voz ativa, tem-se:
Considere a seguinte estrofe, extraída do poema épico Os Lusíadas, escrito por Luís de Camões no século XVI, e responda às questões de 01 a 05:
“A lei tenho daquele, a cujo império
Obedece o visível e invisível;
Aquele que criou todo o Hemisfério,
Tudo o que sente, e todo o insensível;
Que padeceu desonra e vitupério,
Sofrendo morte injusta e insofrível,
E que do Céu à Terra, enfim desceu,
Por subir os mortais da Terra ao Céu”.
No quinto verso da estrofe em questão, o poeta emprega a palavra “vitupério”. Assinale a alternativa que contempla um sinônimo desse termo.