Questões de Concurso
Sobre regência em português
Foram encontradas 6.337 questões
Q598200
Português
Texto associado
Notícia de jornal
Leio no jornal a notícia de que um homem
morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta
anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de
fome, sem socorros, em pleno centro da cidade,
permanecendo deitado na calçada durante 72 horas,
para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes
pedidos e comentários, uma ambulância do
Pronto-Socorro e uma radiopatrulha foram ao local,
mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que
acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O
comissário de plantão (um homem) afirmou que o
caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de
Mendicância, especialista em homens que morrem
de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi
recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado.
Nada se sabe dele, senão que morreu de fome.
Um homem morre de fome em plena rua,
entre centenas de passantes. Um homem caído na
rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um
anormal, um tarado, um pária, um marginal, um
proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os
outros homens cumprem seu destino de passantes,
que é o de passar. Durante setenta e duas horas
todos passam, ao lado do homem que morre de fome,
com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até
mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o
homem continua morrendo de fome, sozinho,
isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem
perdão.
Não é da alçada do comissário, nem do
hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser
da minha alçada? Que é que eu tenho com isso?
Deixa o homem morrer de fome.
E o homem morre de fome. De 30 anos
presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome,
diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes,
que jamais morrerão de fome, pedindo providências
às autoridades. As autoridades nada mais puderam
fazer senão remover o corpo do homem. Deviam
deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros
homens. Nada mais puderam fazer senão esperar
que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de
inanição, tombado em plena rua, no centro mais
movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da
Guanabara, um homem morreu de fome.
Morreu de fome.
A gramática da língua portuguesa diz que Regência é
a parte da Gramática que estuda a relação entre dois
termos, verificando se um termo serve de
complemento ao outro.
(A BAURRE, Maria Luiza & PONTARA, Marcela. Gramática – Texto: Análise e Construção de Sentido. São Paulo, Moderna, 2007.)
A alternativa que contém exemplo de frase, formada a partir de ideias do texto, em que a regência atende corretamente a esse conceito é:
(A BAURRE, Maria Luiza & PONTARA, Marcela. Gramática – Texto: Análise e Construção de Sentido. São Paulo, Moderna, 2007.)
A alternativa que contém exemplo de frase, formada a partir de ideias do texto, em que a regência atende corretamente a esse conceito é:
Ano: 2015
Banca:
VUNESP
Órgão:
Câmara de Jaboticabal - SP
Prova:
VUNESP - 2015 - Câmara Municipal de Jaboticabal - SP - Assistente Administrativo Jurídico |
Q597047
Português
Texto associado
Leia o texto para responder à questão.
Esqueça os livros de autoajuda. A grande sensação do mercado editorial no momento é O jardim secreto: livro de colorir e caça ao tesouro antiestresse, da britânica Johanna Basford. O sucesso por aqui acompanha os números registrados em outros países: na Amazon, O jardim secreto é o mais vendido na categoria livros.
Esqueça os livros de autoajuda. A grande sensação do mercado editorial no momento é O jardim secreto: livro de colorir e caça ao tesouro antiestresse, da britânica Johanna Basford. O sucesso por aqui acompanha os números registrados em outros países: na Amazon, O jardim secreto é o mais vendido na categoria livros.
Diferentemente dos livros infantis, os de adultos têm
padrões mais complexos, com temas que variam de jardins a
mandalas. Para explicar o sucesso que eles fazem, há uma
tese que, por enquanto, parece ser a mais aceita: a de que
eles funcionam como uma espécie de “detox", uma válvula
de escape para rotinas estressantes. Ao se concentrarem em
colorir direito e em escolher as cores, as pessoas, de fato,
parecem esquecer os problemas do dia.
Além disso, o sentimento de orgulho ou satisfação por
completar a pintura e observar como ficou bonita é também
outra explicação possível, já que os livros ativam o circuito de
recompensa do cérebro, o sistema responsável pela sensação de prazer. Se estimulado, ele libera dopamina, um neurotransmissor
que provoca o sentimento de bem-estar. Quando
se trabalha com cores, o resultado é ainda melhor, porque
elas podem provocar diversas sensações, como calor, frio e
tranquilidade.
Embora causem uma sensação de prazer e bem-estar,
os livros não podem ser encarados como terapia, conforme
explicam os arteterapeutas Ana Carmen Nogueira e Alexandre
Almeida. “Na arteterapia, há um assunto específico a ser
trabalhado e usamos diferentes linguagens, como pintura ou
desenho, para que a pessoa possa se expressar. Os livros de
colorir não são terapia, mas são relaxantes porque ajudam a
proporcionar um momento de pura concentração", afirmam.
Ou seja, os livros podem até funcionar como um analgésico
para situações de estresse, mas não têm nenhum poder milagroso
para curar problemas como depressão e ansiedade.
(Galileu, maio de 2015. Adaptado)
Os termos em destaque estão corretos, quanto ao
emprego do modo verbal e da regência nominal, respectivamente,
em:
Ano: 2015
Banca:
FCC
Órgão:
DPE-RR
Provas:
FCC - 2015 - DPE-RR - Técnico em Contabilidade
|
FCC - 2015 - DPE-RR - Assistente Administrativo |
FCC - 2015 - DPE-RR - Técnico em Informática |
FCC - 2015 - DPE-RR - Oficial de Diligência |
FCC - 2015 - DPE-RR - Técnico em Secretariado |
Q596888
Português
Texto associado
A independência dos Estados Unidos resultou na criação
da primeira democracia republicana da história moderna. Ao se
separar da monárquica e conservadora Inglaterra, 13 anos
antes da queda da Bastilha, os americanos criaram o laboratório
onde seriam testadas com sucesso as ideias que os filósofos
iluministas haviam desenvolvido nas décadas anteriores. É
preciso lembrar que, até então, todo o poder emanava do rei e
em seu nome era exercido. Pensadores como David Hume,
John Locke e Montesquieu sustentavam, no entanto, que era
possível limitar o poder dos reis ou até mesmo governar sem
eles. O iluminismo preconizava uma nova era, em que a razão,
a liberdade de expressão e de culto e os direitos individuais
predominariam sobre os direitos divinos invocados pelos reis e
pela nobreza para manter os seus privilégios.
Durante muito tempo tudo isso funcionou apenas como teoria, intensamente discutida nos cafés parisienses. Até então, democracia e república eram conceitos testados por breves períodos na Antiguidade. Seria possível aplicar essa teoria ao mundo moderno para governar sociedades maiores e mais complexas? Coube aos norte-americanos demonstrar que era possível inverter a pirâmide do poder. A partir dali, todo o poder emanaria do povo (por meio de eleições).
O paradigma da nova era aparecia logo na certidão de nascimento dos Estados Unidos. Redigida pelo futuro presidente Thomas Jefferson, a declaração de independência americana anunciava que “todos os homens nascem iguais" e com alguns direitos inalienáveis, incluindo a vida, a liberdade e a busca da felicidade. O texto de Jefferson serviria de inspiração para que o marquês de Lafayette, nobre francês que havia lutado ao lado dos americanos na guerra da independência, escrevesse a famosa Declaração Universal dos Direitos do Homem. Proclamada pelos revolucionários franceses, seria adotada, um século e meio mais tarde, com algumas adaptações, como a carta de princípios das Nações Unidas.
(Adaptado de: GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2010, p.48)
Durante muito tempo tudo isso funcionou apenas como teoria, intensamente discutida nos cafés parisienses. Até então, democracia e república eram conceitos testados por breves períodos na Antiguidade. Seria possível aplicar essa teoria ao mundo moderno para governar sociedades maiores e mais complexas? Coube aos norte-americanos demonstrar que era possível inverter a pirâmide do poder. A partir dali, todo o poder emanaria do povo (por meio de eleições).
O paradigma da nova era aparecia logo na certidão de nascimento dos Estados Unidos. Redigida pelo futuro presidente Thomas Jefferson, a declaração de independência americana anunciava que “todos os homens nascem iguais" e com alguns direitos inalienáveis, incluindo a vida, a liberdade e a busca da felicidade. O texto de Jefferson serviria de inspiração para que o marquês de Lafayette, nobre francês que havia lutado ao lado dos americanos na guerra da independência, escrevesse a famosa Declaração Universal dos Direitos do Homem. Proclamada pelos revolucionários franceses, seria adotada, um século e meio mais tarde, com algumas adaptações, como a carta de princípios das Nações Unidas.
(Adaptado de: GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2010, p.48)
Sem prejuízo da correção e do sentido, e sem que
nenhuma outra modificação seja feita na frase, o elemento
sublinhado pode ser substituído pelo que se encontra
entre parênteses em:
Q596324
Português
Observe a regência do verbo “comunicar" nos períodos abaixo.
I- O procurador comunicou as decisões do conselho ao diretor.
II- O procurador comunicou-lhe as decisões do conselho.
III- Comunicou-se a decisão ao diretor.
IV- O diretor foi comunicado sobre as decisões do conselho.
A regência verbal está correta:
I- O procurador comunicou as decisões do conselho ao diretor.
II- O procurador comunicou-lhe as decisões do conselho.
III- Comunicou-se a decisão ao diretor.
IV- O diretor foi comunicado sobre as decisões do conselho.
A regência verbal está correta:
Q596227
Português
Assinale a alternativa cujo verbo está empregado como transitivo direto.
Ano: 2015
Banca:
VUNESP
Órgão:
SAEG - SP
Provas:
VUNESP - 2015 - SAEG - Técnico de Saneamento - Estação de Tratamento de Água
|
VUNESP - 2015 - SAEG - Auxiliar de Serviços Administrativos - Financeiro |
VUNESP - 2015 - SAEG - Assistente de Serviços de Saneamento - Atendimento ao Público |
VUNESP - 2015 - SAEG - Assistente de Serviços Administrativos - Almoxarifado |
VUNESP - 2015 - SAEG - Desenhista/Projetista |
Q595553
Português
Texto associado
Leia a charge para responder à questão.
Considere as frases.
O jovem,_____ quem se nota uma natureza romântica, diz ter sido muito feliz ao descobrir o amor.
A moça,_____ quem conhecer diferentes países era um sonho, parece já ter feito outras viagens ao exterior.
Saber lidar com planilhas eletrônicas, habilidade_______ que o rapaz se orgulha, é pré-requisito para atuar em alguns setores profissionais.
As preposições que preenchem, correta e respectivamente, as lacunas das frases estão na alternativa:
O jovem,_____ quem se nota uma natureza romântica, diz ter sido muito feliz ao descobrir o amor.
A moça,_____ quem conhecer diferentes países era um sonho, parece já ter feito outras viagens ao exterior.
Saber lidar com planilhas eletrônicas, habilidade_______ que o rapaz se orgulha, é pré-requisito para atuar em alguns setores profissionais.
As preposições que preenchem, correta e respectivamente, as lacunas das frases estão na alternativa:
Q595080
Português
Texto associado
Leia o texto para responder às questão.
Chegou o amigo estrangeiro, andou pela cidade, tomou
bondes, lotações, fez compras, visitou repartições públicas,
ouviu dizer por toda parte: “Vamos ao teatro? Vamos ao
teatro?" – e foi também ao teatro. Enfim, portou-se mais do
que como bom turista: como bom amigo desta cidade que ele
admira e ama. Depois, perguntou-me, com extrema delicadeza:
“Que é do sorriso que vocês tinham antigamente? Que
é do sorriso que eu sempre encontrava no Rio?"
(Cecília Meireles, Escolha o seu sonho)
Assinale a alternativa que completa corretamente, quanto
à regência, segundo a norma-padrão da língua portuguesa,
a frase: O amigo estrangeiro portou-se mais do que como
um bom turista,
Q595079
Português
Texto associado
Leia o texto para responder às questão.
Chegou o amigo estrangeiro, andou pela cidade, tomou
bondes, lotações, fez compras, visitou repartições públicas,
ouviu dizer por toda parte: “Vamos ao teatro? Vamos ao
teatro?" – e foi também ao teatro. Enfim, portou-se mais do
que como bom turista: como bom amigo desta cidade que ele
admira e ama. Depois, perguntou-me, com extrema delicadeza:
“Que é do sorriso que vocês tinham antigamente? Que
é do sorriso que eu sempre encontrava no Rio?"
(Cecília Meireles, Escolha o seu sonho)
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
uma frase adequada para concluir as perguntas do amigo
estrangeiro, ao final do texto, é:
Q595069
Português
O celular é um caso ____ parte. Em qualquer lugar, ____ qualquer
hora, o mundo está ____ disposição do mundo. Mas
não é só um prêmio – invadir o outro é tão fácil quanto
premiar o outro. Todos estamos permanentemente sob
ameaça de sermos interrompidos por um “trim", necessário
ou banal.
(Anna Verônica Mautner, Outros jeitos de se comunicar. Folha de S.Paulo, 28.06.2015. Adaptado)
De acordo com a norma-padrão da língua protuguesa, as lacunas do texto são preenchidas, respectivamente, com:
(Anna Verônica Mautner, Outros jeitos de se comunicar. Folha de S.Paulo, 28.06.2015. Adaptado)
De acordo com a norma-padrão da língua protuguesa, as lacunas do texto são preenchidas, respectivamente, com:
Ano: 2015
Banca:
FGV
Órgão:
TJ-PI
Provas:
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Oficial de Justiça e Avaliador
|
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Analista Judicial |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Contador |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Analista de Sistemas / Desenvolvimento |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Médico |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Engenheiro Eletricista |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Nutricionista |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Psiquiatra |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Psicólogo |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Odontólogo |
Q594069
Português
Texto associado
Texto 1
O site Cracked separou sete coisas que ninguém sabia sobre os celulares. São várias teorias sobre a nocividade dos aparelhos sobre o corpo humano. Quer saber quais são elas? Então vamos à lista:
1. Celulares são responsáveis pela destruição de famílias.
Antes dos telefones celulares, os casais eram muito mais fiéis. Atualmente, a grande maioria dos casos de adultério é combinada por telefones pessoais, pois dessa forma não há tanto risco de outra pessoa atender às ligações. Isso sem falar em reuniões familiares, que são constantemente atrapalhadas (ou ignoradas) por filhos e filhas que preferem as mensagens de texto às conversas com os pais.
2. Ele põe sua vida em risco.
No Brasil, falar ao celular enquanto se está no volante é uma infração de trânsito. Isso acontece porque o telefone realmente tira a atenção dos motoristas. Mas há relatos de que a distração causada pelos celulares vai muito mais além: até mesmo quando estamos caminhando, ficamos mais suscetíveis a acidentes quando estamos em ligações.
3. Seu telefone é uma colônia de bactérias.
Um dos principais problemas dos celulares são os micróbios. Muitos utilizam os aparelhos no banheiro, o que pode infectá-los com bactérias dos mais variados tipos. Sujeiras dos bolsos, chão e mesas também afetam os telefones. Em suma, os celulares são verdadeiras colônias de germes e outros pequenos vilões da saúde humana.
4. Mensagens estão em nosso subconsciente.
Um estudo alemão mostrou que grande parte das pessoas de até 30 anos está com os caminhos para a digitação de mensagens gravados no subconsciente. Isso significa que, mesmo sem um teclado visível, os usuários conseguem saber onde estão as letras de seus celulares.
Parece o mesmo que acontece com os teclados de computadores, mas nos experimentos somente os números eram mostrados e, incrivelmente, as pessoas envolvidas conseguiam decifrar os códigos mais rapidamente.
5. Você está perdendo seus sentidos.
Em uma velocidade muito baixa, mas isso está acontecendo. Possivelmente os celulares estejam fazendo com que seus olhos sejam afetados (a radiação faz com que eles sejam aquecidos). Além disso, a audição pode estar sendo afetada por volumes muito altos em fones de ouvido.
6. Eles deixam as crianças malcriadas.
Estudos mostram um dado curioso. Mulheres que usam celular durante a gravidez e durante os primeiros anos de vida de seus bebês têm 50% a mais de chances de terem filhos com sérios problemas comportamentais. A causa disso? A radiação por celulares estaria estimulando a liberação de melatonina (um hormônio que regula várias funções corporais).
7. Celulares podem causar esterilidade.
Segundo apontam cientistas, celulares emitem radiação eletromagnética. É ela que, supostamente, causa danos ao cérebro. Novas teorias apontam para o fato de que essa mesma radiação poderia ser responsável por afetar também o sistema reprodutor dos homens. Como os celulares ficam muito tempo nos bolsos, isso poderia ser uma causa da esterilidade.
“O site Cracked separou sete coisas que ninguém sabia sobre os celulares".
Trocando o verbo dessa frase do texto 1, a forma errada quanto à norma culta é:
Trocando o verbo dessa frase do texto 1, a forma errada quanto à norma culta é:
Ano: 2015
Banca:
FGV
Órgão:
TJ-PI
Provas:
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Oficial de Justiça e Avaliador
|
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Analista Judicial |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Contador |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Analista de Sistemas / Desenvolvimento |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Médico |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Engenheiro Eletricista |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Nutricionista |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Psiquiatra |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Psicólogo |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Odontólogo |
Q594068
Português
Texto associado
Texto 1
O site Cracked separou sete coisas que ninguém sabia sobre os celulares. São várias teorias sobre a nocividade dos aparelhos sobre o corpo humano. Quer saber quais são elas? Então vamos à lista:
1. Celulares são responsáveis pela destruição de famílias.
Antes dos telefones celulares, os casais eram muito mais fiéis. Atualmente, a grande maioria dos casos de adultério é combinada por telefones pessoais, pois dessa forma não há tanto risco de outra pessoa atender às ligações. Isso sem falar em reuniões familiares, que são constantemente atrapalhadas (ou ignoradas) por filhos e filhas que preferem as mensagens de texto às conversas com os pais.
2. Ele põe sua vida em risco.
No Brasil, falar ao celular enquanto se está no volante é uma infração de trânsito. Isso acontece porque o telefone realmente tira a atenção dos motoristas. Mas há relatos de que a distração causada pelos celulares vai muito mais além: até mesmo quando estamos caminhando, ficamos mais suscetíveis a acidentes quando estamos em ligações.
3. Seu telefone é uma colônia de bactérias.
Um dos principais problemas dos celulares são os micróbios. Muitos utilizam os aparelhos no banheiro, o que pode infectá-los com bactérias dos mais variados tipos. Sujeiras dos bolsos, chão e mesas também afetam os telefones. Em suma, os celulares são verdadeiras colônias de germes e outros pequenos vilões da saúde humana.
4. Mensagens estão em nosso subconsciente.
Um estudo alemão mostrou que grande parte das pessoas de até 30 anos está com os caminhos para a digitação de mensagens gravados no subconsciente. Isso significa que, mesmo sem um teclado visível, os usuários conseguem saber onde estão as letras de seus celulares.
Parece o mesmo que acontece com os teclados de computadores, mas nos experimentos somente os números eram mostrados e, incrivelmente, as pessoas envolvidas conseguiam decifrar os códigos mais rapidamente.
5. Você está perdendo seus sentidos.
Em uma velocidade muito baixa, mas isso está acontecendo. Possivelmente os celulares estejam fazendo com que seus olhos sejam afetados (a radiação faz com que eles sejam aquecidos). Além disso, a audição pode estar sendo afetada por volumes muito altos em fones de ouvido.
6. Eles deixam as crianças malcriadas.
Estudos mostram um dado curioso. Mulheres que usam celular durante a gravidez e durante os primeiros anos de vida de seus bebês têm 50% a mais de chances de terem filhos com sérios problemas comportamentais. A causa disso? A radiação por celulares estaria estimulando a liberação de melatonina (um hormônio que regula várias funções corporais).
7. Celulares podem causar esterilidade.
Segundo apontam cientistas, celulares emitem radiação eletromagnética. É ela que, supostamente, causa danos ao cérebro. Novas teorias apontam para o fato de que essa mesma radiação poderia ser responsável por afetar também o sistema reprodutor dos homens. Como os celulares ficam muito tempo nos bolsos, isso poderia ser uma causa da esterilidade.
“O site Cracked separou sete coisas que ninguém sabia sobre os celulares".
A forma de reescrever-se essa primeira frase do texto 1 que altera o seu sentido original é:
A forma de reescrever-se essa primeira frase do texto 1 que altera o seu sentido original é:
Ano: 2015
Banca:
EXATUS-PR
Órgão:
Prefeitura de Nova Friburgo - RJ
Provas:
EXATUS-PR - 2015 - Prefeitura de Nova Friburgo - RJ - Engenheiro de Segurança do Trabalho
|
EXATUS-PR - 2015 - Prefeitura de Nova Friburgo - RJ - Pedagogo |
EXATUS-PR - 2015 - Prefeitura de Nova Friburgo - RJ - Assistente Social |
EXATUS-PR - 2015 - Prefeitura de Nova Friburgo - RJ - Nutricionista |
Q594009
Português
Texto associado
(WISNIK, José Miguel. Veneno Remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008).
1º Num recente debate com estudantes de
Letras da USP, o crítico de arte e ficcionista Rodrigo
Naves pôs lado a lado, numa boutade cheia de razão,
Pelé e Machado de Assis. De fato, se a formação da
literatura brasileira desemboca em Machado, a do
futebol brasileiro desemboca em Pelé. Quem ousaria
compará-los? Quem dirá quem é superior? Driblarei
a questão indo direto ao ponto: como foram
possíveis um ao outro? Ambos nos dão a impressão
de render as condições que os geraram, como se
pairassem acima delas. Render, aqui, significa
submetê-las (a pobreza, o atraso, a situação
periférica do país) levando-as as suas consequências
máximas, e superando-as sem negá-las. A
discrepância aparentemente berrante entre o escritor
e o jogador de futebol contém nela mesma o xis do
problema. Ambos são necessários para que se
formule a trama de um país mal letrado e
exorbitante, cujo destino passa pelas reversões entre
a “alta" e a “baixa" cultura, pelo confronto e pelo
contraponto das raças, pela palavra e pelo corpo, e
cuja formação não poderia se dar apenas na
literatura: o ser brasileiro pede minimamente – para
se expor em sua extensão e intensidade – a literatura,
o futebol e a música popular.
2º Comparo Machado de Assis a Pelé (...) não porque sejam semelhantes como personalidades e estilos, mas porque ______ aquela similitude dos opostos complementares: além de todas as diferenças óbvias implicadas nos campos da literatura e do futebol, o foco de um ilumina o cerne da nossa incapacidade de escapar ao retorno vicioso do mesmo, e o do outro a nossa capacidade de invenção lúdica e a extraordinária potência da nossa promessa de felicidade. O que os ______ é a afirmação, na negatividade e na possibilidade, da consciência fulminante e da intuição em ato, assim como a capacidade de fazer o país saltar aos nossos olhos como melhor do que ele mesmo.
3º Mas melhor do que ele mesmo supõe necessariamente um pior do que ele mesmo. Machado de Assis radiografou de maneira implacável o nosso atraso como um descortino fulgurante, cujo avanço não paramos de descobrir. E só pôde fazê-lo da maneira que o fez, acredito eu, porque viu por dentro a sociedade de ponta a ponta – como condição entranhada em sua trajetória de vida – e porque deu uma poderosa forma nova ....... tradição literária acumulada. Mais do que atraso, no entanto, flagrou a paralisia congênita da alma nacional, se quisermos chamar desse modo o renitente sistema auto-ilusão compartilhada que refuga os golpes do real ...... custa de expedientes de acomodação e escape que _______ ileso o estado de coisas, mesmo quando insustentável.
4º O futebol brasileiro é, por sua vez, o saldo ambivalente desse déficit, seu veneno e seu remédio prodigioso. Seria mais um mecanismo de fuga entre outros se não fosse, ao mesmo tempo, o campo em que a experiência brasileira encontrou uma das vias privilegiadas para atravessar o seu avesso e tocar as fraturas traumáticas que nos constituem e permanecem em nós como um atoleiro. Ele é a confirmação do paradoxo da escravidão brasileira como um mal nunca superado e, ao mesmo tempo, como um bem valioso em nossa existência, não pela escravidão enquanto tal – o que é óbvio e gritante aos céus –, mas pela amplitude de humanidade que desvelou. Por isso mesmo, ele figura como redenção e como falha irresolvida, como remédio irremediável em que pendulamos, na incapacidade de estender os seus dons vitoriosos e potentes ....... outras áreas da vida nacional – em especial à educação e à política, com implicações para todo o resto. E a mesma cegueira faz com que se queira gozar os seus efeitos como se fossem dados de presente e desde sempre e que se recuse ....... reconhecer o custo permanente da sua construção.
2º Comparo Machado de Assis a Pelé (...) não porque sejam semelhantes como personalidades e estilos, mas porque ______ aquela similitude dos opostos complementares: além de todas as diferenças óbvias implicadas nos campos da literatura e do futebol, o foco de um ilumina o cerne da nossa incapacidade de escapar ao retorno vicioso do mesmo, e o do outro a nossa capacidade de invenção lúdica e a extraordinária potência da nossa promessa de felicidade. O que os ______ é a afirmação, na negatividade e na possibilidade, da consciência fulminante e da intuição em ato, assim como a capacidade de fazer o país saltar aos nossos olhos como melhor do que ele mesmo.
3º Mas melhor do que ele mesmo supõe necessariamente um pior do que ele mesmo. Machado de Assis radiografou de maneira implacável o nosso atraso como um descortino fulgurante, cujo avanço não paramos de descobrir. E só pôde fazê-lo da maneira que o fez, acredito eu, porque viu por dentro a sociedade de ponta a ponta – como condição entranhada em sua trajetória de vida – e porque deu uma poderosa forma nova ....... tradição literária acumulada. Mais do que atraso, no entanto, flagrou a paralisia congênita da alma nacional, se quisermos chamar desse modo o renitente sistema auto-ilusão compartilhada que refuga os golpes do real ...... custa de expedientes de acomodação e escape que _______ ileso o estado de coisas, mesmo quando insustentável.
4º O futebol brasileiro é, por sua vez, o saldo ambivalente desse déficit, seu veneno e seu remédio prodigioso. Seria mais um mecanismo de fuga entre outros se não fosse, ao mesmo tempo, o campo em que a experiência brasileira encontrou uma das vias privilegiadas para atravessar o seu avesso e tocar as fraturas traumáticas que nos constituem e permanecem em nós como um atoleiro. Ele é a confirmação do paradoxo da escravidão brasileira como um mal nunca superado e, ao mesmo tempo, como um bem valioso em nossa existência, não pela escravidão enquanto tal – o que é óbvio e gritante aos céus –, mas pela amplitude de humanidade que desvelou. Por isso mesmo, ele figura como redenção e como falha irresolvida, como remédio irremediável em que pendulamos, na incapacidade de estender os seus dons vitoriosos e potentes ....... outras áreas da vida nacional – em especial à educação e à política, com implicações para todo o resto. E a mesma cegueira faz com que se queira gozar os seus efeitos como se fossem dados de presente e desde sempre e que se recuse ....... reconhecer o custo permanente da sua construção.
(WISNIK, José Miguel. Veneno Remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008).
Assinale a alternativa que preenche
corretamente as lacunas de linhas pontilhadas no
texto:
Ano: 2015
Banca:
CONSULPLAN
Órgão:
Prefeitura de Patos de Minas - MG
Provas:
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Engenheiro de Segurança do Trabalho
|
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Enfermeiro Assistencial do SAMU - GH XI - 1 - C |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Engenheiro Civil Regulador Vigilância Sanitária |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Administrador de Empresas |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Advogado |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Engenheiro Civil |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Analista de Sistemas |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Assistente Social |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Bibliotecário |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Cirurgião-Dentista Buco Maxilo Facial |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Psicólogo Clínico |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Contador |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Economista |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Cirurgião-Dentista Endodontista |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Engenheiro Florestal |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Psicólogo |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Cirurgião-Dentista Odontopediatra |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Cirurgião-Dentista para Pacientes Especiais |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Psicólogo Industrial |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Cirurgião-Dentista Periodontista |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Cirurgião-Dentista Plantonista |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Médico Radiologista |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Odontólogo Regulador Vigilância Sanitária |
CONSULPLAN - 2015 - Prefeitura de Patos de Minas - MG - Técnico Nível Superior I - Engenheiro de Trânsito e Transporte |
Q593933
Português
Texto associado
A vida do viajante
Luiz Gonzaga.
Compositor: Hervé Cordovil / Luiz Gonzaga.
Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
Chuva e sol, poeira e carvão
Longe de casa sigo o roteiro mais uma estação
E alegria no coração
Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
Mar e terra, inverno e verão
Mostro o sorriso, mostro alegria mas eu mesmo não
E a saudade no coração!
(Disponível em: http://www.vagalume.com.br/luiz‐gonzaga/a‐vida‐do‐viajante.html#ixzz3lrMmrS1P.)
Luiz Gonzaga.
Compositor: Hervé Cordovil / Luiz Gonzaga.
Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
Chuva e sol, poeira e carvão
Longe de casa sigo o roteiro mais uma estação
E alegria no coração
Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei.
Mar e terra, inverno e verão
Mostro o sorriso, mostro alegria mas eu mesmo não
E a saudade no coração!
(Disponível em: http://www.vagalume.com.br/luiz‐gonzaga/a‐vida‐do‐viajante.html#ixzz3lrMmrS1P.)
“Guardando as recordações / Das terras onde passei" Considerando‐se apenas o texto e sua estrutura linguística, é
correto afirmar que seria possível e correta a reescrita preservando‐se o sentido original em:
Ano: 2015
Banca:
FAUEL
Órgão:
FMSFI - PR
Provas:
FAUEL - 2015 - FMSFI - Técnico em Enfermagem
|
FAUEL - 2015 - FMSFI - Assistente Administrativo |
Q593872
Português
Assinale abaixo o período que NÃO está de acordo com a norma culta da gramática, no que diz
respeito à regência verbal:
Q593719
Português
Texto associado
Por mais de dois mil anos, segundo o filósofo
inglês Roger Scruton, a Arte serviu como remédio
para os problemas da sociedade, uma maneira tanto
de relatar como de escapar da infelicidade da vida
cotidiana; atualmente, em vez disso, a beleza foi
posta de lado e a Arte não serve de refúgio, mas dá
suporte ao egoísmo dos nossos dias. Roger Scruton
aponta o culto à feiúra e o pragmatismo como as
principais causas do problema.
.............................................................................................................................
No primeiro caso, argumenta ele, a Arte, ao abandonar a beleza, perdeu seu principal objetivo, o de fazer com que atribuamos sentido à vida, nos consolando das tristezas, como para Platão, ou ainda, como defendiam os filósofos iluministas, ajudando a galgar alguns degraus da escadaria que nos conduz para longe das banalidades do cotidiano.
A partir de um momento decisivo da história da Arte, a beleza teve sua importância diminuída. O propósito da Arte deixa de ser atribuir sentido à vida e é substituído pelo desejo de causar impacto a todo custo. O caminho mais curto para isso, de acordo com Scruton, foi romper com a moral tradicional e estabelecer o escárnio moral. A quebra de tabus passou a ser a bandeira da Arte dita moderna: profanar e dessacralizar o sacro, cultuar o feio – levando todos, dos especialistas ao apreciador comum, à total confusão. Isso se deve a uma concepção de Arte equivocada, presente no discurso de parte da crítica: “O repúdio à Beleza ganha forma com base em uma visão particular da Arte moderna e de sua história. De acordo com muitos críticos atuais, um trabalho [de Arte] se justifica a si próprio ao anunciar-se como um visitante do futuro. O valor da Arte está em chocar: a Arte existe para nos despertar de nossa situação histórica e nos lembrar da interminável mudança, que é a única coisa permanente na natureza humana".
Já o culto ao valor prático das coisas levou ao estado atual, que, por sua vez, faz com que o valor das coisas resida na sua utilidade prática – o chamado pragmatismo. Scruton menciona em seu documentário que Oscar Wilde já afirmava que “toda Arte é inútil", mesma posição de Hannah Arendt. A beleza (e a Arte) não têm utilidade, mas é justamente por isso, enfatiza Scruton, que podemos ressaltar sua importância como valor universal; valor que, no entender do filósofo inglês, está enraizado na própria natureza humana. Com isso ele remete sua apologia da beleza a Shaftesbury e a Kant.
A fruição estética é uma atividade desinteressada e, portanto, inútil. Mas isso desmerece em algum sentido a contemplação? Não, no mesmo sentido em que a amizade, o amor, o ato de ouvir uma música ou ainda o sorriso de um bebê, embora não tenham “utilidade prática", não perdem seu valor nem passam a ser coisas que dispensamos sem sofrer algum tipo de consequência. Mesmo sem ter uma utilidade prática definida, você já se imaginou sem amor, sem amizade, sem apreciar boa música, bom cinema? Ou, lembrando [...] a Arquitetura – inútil, na perspectiva pragmatista –, não nos sentimos melhor em um prédio belo? A busca das pessoas, na Grã-Bretanha, de prédios construídos no período vitoriano não corroboraria essa hipótese?
(BARRETO, André Asso. Rev. Filosofia: agosto de 2012, p. 27-29.)
.............................................................................................................................
No primeiro caso, argumenta ele, a Arte, ao abandonar a beleza, perdeu seu principal objetivo, o de fazer com que atribuamos sentido à vida, nos consolando das tristezas, como para Platão, ou ainda, como defendiam os filósofos iluministas, ajudando a galgar alguns degraus da escadaria que nos conduz para longe das banalidades do cotidiano.
A partir de um momento decisivo da história da Arte, a beleza teve sua importância diminuída. O propósito da Arte deixa de ser atribuir sentido à vida e é substituído pelo desejo de causar impacto a todo custo. O caminho mais curto para isso, de acordo com Scruton, foi romper com a moral tradicional e estabelecer o escárnio moral. A quebra de tabus passou a ser a bandeira da Arte dita moderna: profanar e dessacralizar o sacro, cultuar o feio – levando todos, dos especialistas ao apreciador comum, à total confusão. Isso se deve a uma concepção de Arte equivocada, presente no discurso de parte da crítica: “O repúdio à Beleza ganha forma com base em uma visão particular da Arte moderna e de sua história. De acordo com muitos críticos atuais, um trabalho [de Arte] se justifica a si próprio ao anunciar-se como um visitante do futuro. O valor da Arte está em chocar: a Arte existe para nos despertar de nossa situação histórica e nos lembrar da interminável mudança, que é a única coisa permanente na natureza humana".
Já o culto ao valor prático das coisas levou ao estado atual, que, por sua vez, faz com que o valor das coisas resida na sua utilidade prática – o chamado pragmatismo. Scruton menciona em seu documentário que Oscar Wilde já afirmava que “toda Arte é inútil", mesma posição de Hannah Arendt. A beleza (e a Arte) não têm utilidade, mas é justamente por isso, enfatiza Scruton, que podemos ressaltar sua importância como valor universal; valor que, no entender do filósofo inglês, está enraizado na própria natureza humana. Com isso ele remete sua apologia da beleza a Shaftesbury e a Kant.
A fruição estética é uma atividade desinteressada e, portanto, inútil. Mas isso desmerece em algum sentido a contemplação? Não, no mesmo sentido em que a amizade, o amor, o ato de ouvir uma música ou ainda o sorriso de um bebê, embora não tenham “utilidade prática", não perdem seu valor nem passam a ser coisas que dispensamos sem sofrer algum tipo de consequência. Mesmo sem ter uma utilidade prática definida, você já se imaginou sem amor, sem amizade, sem apreciar boa música, bom cinema? Ou, lembrando [...] a Arquitetura – inútil, na perspectiva pragmatista –, não nos sentimos melhor em um prédio belo? A busca das pessoas, na Grã-Bretanha, de prédios construídos no período vitoriano não corroboraria essa hipótese?
(BARRETO, André Asso. Rev. Filosofia: agosto de 2012, p. 27-29.)
Preserva-se o acento grave no “a” – em “[...] levando
todos, dos especialistas ao apreciador comum, à total
confusão.” (§ 3) – caso se reescreva “à total
confusão” como se propõe em:
Q593716
Português
Texto associado
Por mais de dois mil anos, segundo o filósofo
inglês Roger Scruton, a Arte serviu como remédio
para os problemas da sociedade, uma maneira tanto
de relatar como de escapar da infelicidade da vida
cotidiana; atualmente, em vez disso, a beleza foi
posta de lado e a Arte não serve de refúgio, mas dá
suporte ao egoísmo dos nossos dias. Roger Scruton
aponta o culto à feiúra e o pragmatismo como as
principais causas do problema.
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No primeiro caso, argumenta ele, a Arte, ao abandonar a beleza, perdeu seu principal objetivo, o de fazer com que atribuamos sentido à vida, nos consolando das tristezas, como para Platão, ou ainda, como defendiam os filósofos iluministas, ajudando a galgar alguns degraus da escadaria que nos conduz para longe das banalidades do cotidiano.
A partir de um momento decisivo da história da Arte, a beleza teve sua importância diminuída. O propósito da Arte deixa de ser atribuir sentido à vida e é substituído pelo desejo de causar impacto a todo custo. O caminho mais curto para isso, de acordo com Scruton, foi romper com a moral tradicional e estabelecer o escárnio moral. A quebra de tabus passou a ser a bandeira da Arte dita moderna: profanar e dessacralizar o sacro, cultuar o feio – levando todos, dos especialistas ao apreciador comum, à total confusão. Isso se deve a uma concepção de Arte equivocada, presente no discurso de parte da crítica: “O repúdio à Beleza ganha forma com base em uma visão particular da Arte moderna e de sua história. De acordo com muitos críticos atuais, um trabalho [de Arte] se justifica a si próprio ao anunciar-se como um visitante do futuro. O valor da Arte está em chocar: a Arte existe para nos despertar de nossa situação histórica e nos lembrar da interminável mudança, que é a única coisa permanente na natureza humana".
Já o culto ao valor prático das coisas levou ao estado atual, que, por sua vez, faz com que o valor das coisas resida na sua utilidade prática – o chamado pragmatismo. Scruton menciona em seu documentário que Oscar Wilde já afirmava que “toda Arte é inútil", mesma posição de Hannah Arendt. A beleza (e a Arte) não têm utilidade, mas é justamente por isso, enfatiza Scruton, que podemos ressaltar sua importância como valor universal; valor que, no entender do filósofo inglês, está enraizado na própria natureza humana. Com isso ele remete sua apologia da beleza a Shaftesbury e a Kant.
A fruição estética é uma atividade desinteressada e, portanto, inútil. Mas isso desmerece em algum sentido a contemplação? Não, no mesmo sentido em que a amizade, o amor, o ato de ouvir uma música ou ainda o sorriso de um bebê, embora não tenham “utilidade prática", não perdem seu valor nem passam a ser coisas que dispensamos sem sofrer algum tipo de consequência. Mesmo sem ter uma utilidade prática definida, você já se imaginou sem amor, sem amizade, sem apreciar boa música, bom cinema? Ou, lembrando [...] a Arquitetura – inútil, na perspectiva pragmatista –, não nos sentimos melhor em um prédio belo? A busca das pessoas, na Grã-Bretanha, de prédios construídos no período vitoriano não corroboraria essa hipótese?
(BARRETO, André Asso. Rev. Filosofia: agosto de 2012, p. 27-29.)
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No primeiro caso, argumenta ele, a Arte, ao abandonar a beleza, perdeu seu principal objetivo, o de fazer com que atribuamos sentido à vida, nos consolando das tristezas, como para Platão, ou ainda, como defendiam os filósofos iluministas, ajudando a galgar alguns degraus da escadaria que nos conduz para longe das banalidades do cotidiano.
A partir de um momento decisivo da história da Arte, a beleza teve sua importância diminuída. O propósito da Arte deixa de ser atribuir sentido à vida e é substituído pelo desejo de causar impacto a todo custo. O caminho mais curto para isso, de acordo com Scruton, foi romper com a moral tradicional e estabelecer o escárnio moral. A quebra de tabus passou a ser a bandeira da Arte dita moderna: profanar e dessacralizar o sacro, cultuar o feio – levando todos, dos especialistas ao apreciador comum, à total confusão. Isso se deve a uma concepção de Arte equivocada, presente no discurso de parte da crítica: “O repúdio à Beleza ganha forma com base em uma visão particular da Arte moderna e de sua história. De acordo com muitos críticos atuais, um trabalho [de Arte] se justifica a si próprio ao anunciar-se como um visitante do futuro. O valor da Arte está em chocar: a Arte existe para nos despertar de nossa situação histórica e nos lembrar da interminável mudança, que é a única coisa permanente na natureza humana".
Já o culto ao valor prático das coisas levou ao estado atual, que, por sua vez, faz com que o valor das coisas resida na sua utilidade prática – o chamado pragmatismo. Scruton menciona em seu documentário que Oscar Wilde já afirmava que “toda Arte é inútil", mesma posição de Hannah Arendt. A beleza (e a Arte) não têm utilidade, mas é justamente por isso, enfatiza Scruton, que podemos ressaltar sua importância como valor universal; valor que, no entender do filósofo inglês, está enraizado na própria natureza humana. Com isso ele remete sua apologia da beleza a Shaftesbury e a Kant.
A fruição estética é uma atividade desinteressada e, portanto, inútil. Mas isso desmerece em algum sentido a contemplação? Não, no mesmo sentido em que a amizade, o amor, o ato de ouvir uma música ou ainda o sorriso de um bebê, embora não tenham “utilidade prática", não perdem seu valor nem passam a ser coisas que dispensamos sem sofrer algum tipo de consequência. Mesmo sem ter uma utilidade prática definida, você já se imaginou sem amor, sem amizade, sem apreciar boa música, bom cinema? Ou, lembrando [...] a Arquitetura – inútil, na perspectiva pragmatista –, não nos sentimos melhor em um prédio belo? A busca das pessoas, na Grã-Bretanha, de prédios construídos no período vitoriano não corroboraria essa hipótese?
(BARRETO, André Asso. Rev. Filosofia: agosto de 2012, p. 27-29.)
A alternativa de regência proposta para os nomes em
destaque é INACEITÁVEL, segundo as normas da
língua padrão, em:
Ano: 2015
Banca:
FGV
Órgão:
TJ-PI
Provas:
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário -Escrivão Judicial
|
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Analista Administrativo |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Auditor |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Analista de Sistemas / Banco de Dados |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Analista de Sistemas / Telecomunicações |
FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Enfermeiro |
Q592783
Português
Texto associado
Texto 2 – Semana Nacional do Trânsito
Estamos no último dia da Semana Nacional do Trânsito e vamos encerrar falando sobre o tema que foi bem escolhido pelo Denatran: Seja Você a Mudança no Trânsito.
Vivemos numa sociedade que tem o hábito de responsabilizar o Estado, autoridades e governos pelas mazelas do país. Em muitos casos são críticas absolutamente procedentes, mas, quando o tema é segurança no trânsito, não nos podemos esquecer que quem faz o trânsito são seres humanos, ou seja, somos nós.
Deveríamos aproveitar a importância desta semana para refletir sobre nosso comportamento como pedestres, passageiros, motoristas, motociclistas, ciclistas, pais, enfim, como cidadãos cujas ações tem reflexo na nossa segurança, assim como dos demais. O pedestre que não respeita a faixa coloca em risco sua vida e também a do motorista e de terceiros. Muitas vezes para desviar de um pedestre e evitar seu atropelamento, um motorista perde o controle do veículo e provoca um acidente grave com outras pessoas que nada têm a ver com o comportamento do pedestre. Não precisamos nem aprofundar as consequências dos motoristas que andam em excesso de velocidade, sob efeito de álcool, ou que dirigem uma carreta cansados. São todos fatores humanos que contribuem para o que chamamos de acidente.
(....) Nesta semana nacional do trânsito pelo menos mil pessoas vão ter morrido nas ruas e nas estradas. Não podemos mais tolerar esses números e, para que isso mude realmente, é preciso que você e cada um de nós sejamos de fato os agentes da mudança na direção de um trânsito mais seguro. Com certeza você pode contribuir para isso, aproveite esta semana para refletir e conversar sobre o tema com seus entes queridos e amigos, afinal, quem morre no trânsito é amigo ou parente de alguém. Ninguém está livre disso.
Rodolfo Alberto Rizzotto (adaptado)
“Vivemos numa sociedade que tem o hábito de responsabilizar o Estado, autoridades e governos pelas mazelas do país. Em muitos casos são críticas absolutamente procedentes, mas, quando o tema é segurança no trânsito, não nos podemos esquecer que quem faz o trânsito são seres humanos, ou seja, somos nós". O desvio de norma culta presente nesse segmento do texto 2 é:
Ano: 2015
Banca:
FUNCAB
Órgão:
ANS
Prova:
FUNCAB - 2015 - ANS - Ativ. Tec. de Complexidade - Direito |
Q592669
Português
Texto associado
Os segredos da narrativa
Acumulo uma casa abarrotada, um palácio falsamente reluzente e uma miséria envergonhada. Tenho, entre os dentes, um repertório caótico frente ao qual capitulo entregue à desordem do meu instinto narrativo.
A seleção que faço da vida é arbitrária. Faltam-me critérios para saber o que vale guardar para os anos vindouros. Como selecionar o que seja, se a própria existência é uma apologia ao banal?
Aguardo, pois, um tempo futuro que me facilite alcançar o cerne da matéria onde a paixão soçobra e ilumina-se ao mesmo tempo.
Sou um ser comprometido com o enigma da criação. Aarteé a minha razão de ser. Sua substância é inicialmente desconfortável, mas meu ofício não conhece expurgo. Desconfio que escrevo para alargar o sentido da vida. E que, ao criar à revelia certas metáforas, sirvo ao mistério que reina na minha terra, privo com a intimidade do meu corpo. E cedo entendi que, entre uma história e outra, o ideal é esgotar o que inicialmente se encontra sob o meu domínio, até dar caça de novo ao singular.
Mal defino, contudo, este enigma a que sirvo, apesar do longo convívio com o fazer literário. Sempre que tentei esclarecer os postulados da arte narrativa, falhei em apreender sua vasta relação com o mundo e os seres. Sei, no entanto, que a escritura é a residência secreta do escritor na terra. E que, confrontado com o mito da criação, seu maior segredo, ele vive e morre em meio às palavras. Sob este mito aloja-se a sua estética, assim como a consciência da arte. Razão de o escritor tentar conceituar a natureza da linguagem, decifrar a escritura que deriva da imaginação e da ilusão. Pretender saber por que ilusão e imaginação, ambas de realidade evanescente, são sanguíneas e apaixonadas, ainda que pairem acima do concreto e do palpável. E apresentem, além do mais, marcas persuasivas, eloquentes, insidiosas, e estejam em todas as partes, atendendo aos ditames coletivos, tornando a arte crédula.
Mas, graças à arte literária, que convive fundamentalmente com a esperança do inefável e do poético, aceitamos a ilusão do mundo, e dos sentimentos que nos habitam, como premissas para a existência da própria obra de arte. Para, deste modo, acolhermos a existência anímica de Aquiles, de Karamasoff, de Don Quijote, estes seres ilusórios que nos surgem revestidos de carne.
(PINON, Nélida. Aprendiz de Homero. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008, p. 23-24, fragmento.)
“entregue à desordem do meu instinto narrativo."
No fragmento transcrito, do ponto de vista da regência, o emprego do acento indicativo da crase é obrigatório. Das alterações feitas no referido fragmento, o emprego do acento indicativo da crase está em desacordo com as normas de regência em:
No fragmento transcrito, do ponto de vista da regência, o emprego do acento indicativo da crase é obrigatório. Das alterações feitas no referido fragmento, o emprego do acento indicativo da crase está em desacordo com as normas de regência em:
Ano: 2015
Banca:
FUNCAB
Órgão:
Faceli
Prova:
FUNCAB - 2015 - Faceli - Professor - Língua Portuguesa |
Q591606
Português
Texto associado
A língua que somos, a língua que podemos ser
(Eliane Brum)
A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"?
Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".
Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse:
— A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.
[...]
— O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.
[...]
Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.
Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.
[...]
Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>
(Eliane Brum)
A alemã Anja Saile é agente literária de autores de língua portuguesa há mais de uma década. Não é um trabalho muito fácil. Com vários brasileiros no catálogo, ela depara-se com frequência com a mesma resposta de editores europeus, variando apenas na forma. O discurso da negativa poderia ser resumido nesta frase: “O livro é bom, mas não é suficientemente brasileiro". O que seria “suficientemente brasileiro"?
Anja (pronuncia-se “Ânia") aprendeu a falar a língua durante os anos em que viveu em Portugal (e é impressionante como fala bem e escreve com correção). Quando vem ao Brasil, acaba caminhando demais porque o tamanho de São Paulo sempre a surpreende e ela suspira de saudades da bicicleta que a espera em Berlim. Anja assim interpreta a demanda: “O Brasil é interessante quando corresponde aos clichês europeus. É a Europa que define como a cultura dos outros países deve ser para ser interessante para ela. É muito irritante. As editoras europeias nunca teriam essas exigências em relação aos autores americanos, nunca".
Anja refere-se ao fato de que os escritores americanos conquistaram o direito de ser universais para a velha Europa e seu ranço colonizador― já dos brasileiros exige-se uma espécie de selo de autenticidade que seria dado pela “temática brasileira". Como se sabe, não estamos sós nessa xaropada. O desabafo de Anja, que nos vê de fora e de dentro, ao mesmo tempo, me remeteu a uma intervenção sobre a língua feita pelo escritor moçambicano Mia Couto, na Conferência Internacional de Literatura, em Estocolmo, na Suécia. Ele disse:
— A África tem sido sujeita a sucessivos processos de essencialização e folclorização, e muito daquilo que se proclama como autenticamente africano resulta de invenções feitas fora do continente. Os escritores africanos sofreram durante décadas a chamada prova de autenticidade: pedia-se que seus textos traduzissem aquilo que se entendia como sua verdadeira etnicidade. Os jovens autores africanos estão se libertando da “africanidade". Eles são o que são sem que se necessite de proclamação. Os escritores africanos desejam ser tão universais como qualquer outro escritor do mundo. (...) Há tantas Áfricas quanto escritores, e todos eles estão reinventando continentes dentro de si mesmos.
[...]
— O mesmo processo que empobreceu o meu continente está, afinal, castrando a nossa condição comum e universal de contadores de histórias. (...) O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso. Os autores africanos que não escrevem em inglês – e em especial os que escrevem em língua portuguesa – moram na periferia da periferia, lá onde a palavra tem de lutar para não ser silêncio.
[...]
Talvez os indígenas sejam a melhor forma de ilustrar essa miopia, forjada às vezes por ignorância, em outras por interesses econômicos localizados em suas terras. Parte da população e, o que é mais chocante, dos governantes, espera que os indígenas – todos eles – se comportem como aquilo que acredita ser um índio. Portanto, com todos os clichês do gênero. Neste caso, para muitos os índios não seriam “suficientemente índios" para merecer um lugar e para serem escutados como alguém que tem algo a dizer.
Outra parte, que também inclui gente que está no poder em todas as instâncias, do executivo ao judiciário, finge que os indígenas não existem. Finge tanto que quase acredita. Como não conhecem e, pior que isso, nem mesmo percebem que é preciso conhecer, porque para isso seria necessário não só honestidade como inteligência, a extinção progressiva só confirmaria uma ausência que já construíram dentro de si.
[...]
Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ eliane-brum/noticia/2012/01/lingua-que-somos-lingua-que-podemos-ser.html>
Considere a passagem “A África tem sido sujeita a
sucessivos processos de essencialização". É correto
dizer que:
Ano: 2015
Banca:
CESPE / CEBRASPE
Órgão:
TRE-MT
Provas:
CESPE - 2015 - TRE-MT - Conhecimentos Gerais para o Cargo 6
|
CESPE - 2015 - TRE-MT - Técnico Judiciário - Administrativa |
Q589432
Português
No que se refere aos aspectos linguísticos do texto, assinale a opção correta.