Questões de Concurso Sobre regência em português

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Q2209012 Português
O papel da controladoria na administração pública

Por Cristiane Rodrigues Arruda
 
     


(Disponível em: congressousp.fipecafi.org/anais/20UspInternational/ArtigosDownload/2433.pdf – texto adaptado especialmente para esta prova).
Quanto à predicação, o verbo empregado na frase “a controladoria oportuniza ao gestor a melhor alternativa decisória” é: 
Alternativas
Q2208743 Português

Sobre o emprego de pronomes, afirma-se que, conforme Cegalla:

I. Via de regra, os pronomes demonstrativos, possessivos e indefinidos empregam-se como sujeitos, e os oblíquos como objetos, complementos ou apostos. Contudo, as formas retas ele(s), ela(s), nós, vós também se usam com função objetiva, mas regidas sempre de preposição. 

II. As formas átonas lhe, lhes usam-se como objetos indiretos; os pronomes me, te, se, nos, vos são objetos diretos ou indiretos, conforme o verbo for transitivo direto ou indireto.

III. As formas o, a, os, as empregam-se como objetos diretos.

Quais estão corretas?

Alternativas
Q2208675 Português
Leia o texto para responder à questão.

Flor-de-maio

        Entre tantas notícias do jornal – o crime de Sacopã, o disco voador em Bagé, a nova droga antituberculosa, o andaime que caiu, o homem que matou outro com machado e com foice, o possível aumento do pão – há uma pequenina nota de três linhas, que nem todos os jornais publicaram. É assinada pelo senhor diretor do Jardim Botânico, e diz que a partir do dia 27 vale a pena visitar o Jardim, porque a planta chamada “flor-de-maio” está, efetivamente, em flor.

        Meu primeiro movimento, ao ler esse delicado convite, foi deixar a mesa da redação e me dirigir ao Jardim Botânico, contemplar a flor e cumprimentar a administração do horto pelo feliz evento. Mas havia ainda muita coisa para ler e escrever, telefonemas a dar, providências a tomar.

        Suspiro e digo comigo mesmo – que amanhã acordarei cedo e irei. Digo, mas não acredito, ou pelo menos desconfio que esse impulso que tive ao ler a notícia ficará no que foi – um impulso de fazer uma coisa boa e simples, que se perde no meio da pressa e da inquietação dos minutos que voam.

        No fundo, a minha secreta esperança é de que estas linhas sejam lidas por alguém – uma pessoa melhor do que eu, alguma criatura correta e simples que tire dessa crônica a sua substância, a informação precisa e preciosa: no dia 27 em diante as “flores-de-maio” do Jardim Botânico estão gloriosamente em flor. E que utilize essa informação saindo de casa e indo diretamente ao Jardim Botânico ver a “flor-de-maio”.

        Ir só, no fim da tarde, ver a “flor-de-maio”; aproveitar a única notícia boa de um dia inteiro de jornal, fazer a coisa mais bela e emocionante de um dia inteiro da cidade imensa. Se entre vós houver essa criatura, e ela souber por mim a notícia, e for, então eu vos direi que nem tudo está perdido; que a humanidade possivelmente ainda poderá ser salva, e que às vezes ainda vale a pena escrever uma crônica.

(Rubem Braga. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1992, Adaptado)
O trecho – No fundo, a minha secreta esperança é de que estas linhas sejam lidas por alguém... (4º parágrafo) – pode ser assim reescrito, em conformidade com a norma-padrão de regência e emprego dos pronomes relativos:
Alternativas
Q2207542 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.

As armadilhas dos games para fazer crianças gastarem dinheiro sem parar

Leif pedia dinheiro à família para conseguir comprar moedas em um jogo, com as quais poderia incrementar seu personagem e comprar itens virtuais. Então, no Natal, os avós deram a ele mil reais em crédito em uma loja de aplicativos.

"Para minha surpresa, ele gastou tudo em questão de dias", recorda Nara Ward. "Depois disso, não dei a ele mais do que cinquenta reais em moedas do jogo por mês. Ele rapidamente ficou frustrado e entediado com o jogo.

" Leif passou a usar outro jogo, que também exige que os jogadores atualizem seu armamento usando créditos. "No entanto, este jogo tem a opção de assistir a anúncios para ganhar crédito", explica a mãe. "Ele fazia isso por desespero quando esgotava sua mesada para jogos." Ward diz que seu filho mais novo ainda não dominou o autocontrole nem o uso de dinheiro. "É algo que tenho que policiar constantemente."

Em vez de apenas lucrar com a compra de um jogo de videogame, como antigamente, hoje, muitas empresas do segmento dependem da receita gerada por compras efetuadas durante o jogo e das chamadas microtransações. Esse conteúdo adquirido pode ser puramente estético, como passos de dança e novas roupas para um personagem.

Mas as compras podem trazer também uma vantagem tática, como vidas extras, melhorias no personagem e novas armas - ganhos em relação aos jogadores que não compram esses recursos adicionais. É previsto que o mercado global de microtransações online cresça cerca de R$ 330 bilhões em 2022 para R$ 370 bilhões em 2023.

No entanto, alguns especialistas e consumidores reagem a essa tendência. Algumas empresas prometem novos lançamentos que não trazem compras durante o jogo.

As empresas de jogos, diz a professora Sarah Mills, usam a psicologia comportamental para levar os usuários a gastar. A fronteira entre jogos e apostas, diz ela, torna-se cada vez mais confusa. Sua pesquisa indica que técnicas de jogos de azar são incorporadas nos games, fazendo os usuários jogarem por mais tempo e gastarem mais dinheiro, além de fazerem pequenas compras em sequência. 

Ao gastar, os jogadores impedem a rotina: fazer uma compra evita ter que passar horas em um jogo monótono para que se possa subir de nível.

A estratégia por trás disso chama-se 'fun pain', algo como diversão dolorosa: você pode perder algo importante ou mais divertido se não fizer uma compra.

https://www.bbc.com/portuguese/articles/clw9xep49zgo. Adaptado.
Depois disso, não dei a ele mais do que cinquenta reais.
Sintaticamente, é CORRETO afirmar que:
Alternativas
Q2205497 Português
A norma-padrão de regência verbal e nominal foi observada na frase:
Alternativas
Q2205494 Português
    Uma pesquisa demonstra que a melatonina, conhecida popularmente como “hormônio do sono”, a despeito de seu efeito antioxidante e regulador do sono, pode piorar a inflamação intestinal, dependendo do conjunto de bactérias que vivem no corpo humano, especialmente no intestino do hospedeiro – isto é, na microbiota, antigamente chamada “flora intestinal”.
       O uso de melatonina pela população, sem prescrição médica, tem sido bastante corriqueiro para dormir melhor. “O problema principal é que todo mundo acha que é inócuo, que um hormônio como a melatonina não causa males, só melhora o sono, e o que esse estudo acaba de revelar é que as pessoas têm de ficar atentas, porque uma suplementação hormonal pode melhorar o sono, mas pode piorar outra coisa”, diz a professora Cristina Ribeiro de Barros Cardoso, da Universidade de São Paulo (USP).
       No laboratório de Cardoso, enfermidades inflamatórias intestinais são pesquisadas, entre elas doença de Crohn e retocolite ulcerativa. São condições imunomediadas, ou seja, correspondem a respostas imunológicas descontroladas que acabam causando destruição no trato gastrointestinal e efeitos clínicos muito fortes, como dores abdominais, diarreias constantes, sangramentos e muita fadiga. É preciso, assim, diminuir ou suprimir a imunidade para reduzir a inflamação excessiva que causa danos ao intestino.
     A pesquisadora ressalta que muitos pacientes não respondem adequadamente nem mesmo aos tratamentos mais modernos e dispendiosos, gerando a necessidade de cirurgias para a remoção de partes do intestino. Esses são procedimentos bastante invasivos para os pacientes, com consequências diretas na sua qualidade de vida, o que levou o grupo de pesquisa a procurar novas opções terapêuticas.
        A melatonina, então, entrou no foco de investigação do grupo de Cardoso. O hormônio pode atuar como antioxidante e melhorar diversas condições fisiológicas ou patológicas. “Começamos esse trabalho imaginando que teríamos um potencial novo tratamento para doença de Crohn e retocolite ulcerativa, mas, para nossa surpresa, o que vimos foi exatamente o contrário. E esse alerta precisa ser feito”, ressalva Cardoso.

(Ricardo Muniz. Melatonina, comumente usada para dormir melhor, pode piorar quadros de inflamação intestinal. www1.folha.uol.com.br, 28.04.2023. Adaptado)
Diante de um quadro de inflamação excessiva no intestino, ______ causa danos, para _____ , faz- -se necessário diminuir a imunidade ou _____ .
Assinale a alternativa que, correta e respectivamente, completa as lacunas conforme o que se afirma no 4º parágrafo do texto.
Alternativas
Q2205061 Português

Texto para o item.



Internet: <www.caubr.gov.br> (com adaptações).

Considerando os aspectos formais e de conteúdo do texto, julgue o item.


Na linha 11, a preposição “de” é exigida pelo núcleo “superação”, assim como, na linha 2, a preposição “entre” é exigida pelo núcleo “mediação”.


Alternativas
Q2204798 Português
Criar seu filho

    Alguém me escreve pedindo qualquer coisa sobre a arte de criar um filho. Neste mundo confuso de hoje, uma pobre mãe se vê tonta; dantes era só ensinar o ABC e o temor a Deus e aos pais e dormir de coração descansado, porque a batalha estava ganha. Mas hoje, o menino não aceita temor nenhum, do céu nem da terra.
    E há tantas teorias, tantas receitas de vencer na vida... Eu é que não lhe posso indicar nada. Não tenho filhos. Mas, se tivesse um filho, suponho que o haveria de amar com uma cegueira de amor tão grande que provavelmente esse amor tão excessivo me incapacitaria para qualquer esforço educativo.
    Contudo, caso eu conseguisse vencer essa fraqueza, nem assim acredito que meu sistema de educação fosse lhe parecer desejável, porque não ensinaria a meu filho nenhuma das artes de vencer na vida, não incutiria nele nenhum desejo de triunfo e grandeza. Pelo contrário, a primeira coisa que eu haveria de ensinar seria a humildade, a consciência profunda da nossa pequenez, da nossa transitoriedade.
    Depois, ensinaria o amor aos seus semelhantes e encaminharia esse amor de preferência aos pequenos, aos sem nome e sem história. Jamais lhe contaria os feitos de Alexandre1 ou de César2 – tremo só de pensar no perigo de ver meu filho contaminado pelo abjeto culto ao herói. Basta um homem acreditar em si, imaginar-se diferente ou único para representar uma ameaça, e eu lhe ensinaria a temer essa autoridade que não representa a força coletiva da defesa comum.
    Nos estudos, deixaria que sua curiosidade o guiasse. Se ele tivesse sede da verdade e da ciência, procuraria satisfazer o seu desejo: o amor ao estudo, como qualquer outro amor, tem de ser espontâneo.
    E, acima de tudo, não lhe incutiria noções de bem e de mal, porque todo o meu esforço seria no sentido de tornar para meu filho o bem uma necessidade em si, indiscutível, algo obrigatório e sem alternativa.
    Vê, minha senhora, que o meu programa não serve, porque a senhora não deseja para o seu rapaz destino tão humilde, quer fazer dele um cidadão-modelo e uma glória para o seu país. É o que em geral desejam todas as mães, eu é que sou uma miserável e solitária unidade.

(https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/8556/criar-seu-filho IMS – Portal da Crônica Brasileira. Texto publicado na revista
O Cruzeiro em 16.07.1949. Adaptado)


1. Alexandre, o Grande
2. Júlio César, importante governante do Império Romano
A autora declara que levaria seu filho a _____ desvalidos, e não o _____ noções acerca do bem e do mal, porque a prática do bem deveria ser _____  sua conduta.
As lacunas dessa frase devem ser preenchidas, respectivamente e de acordo com a norma-padrão de regência verbal e nominal, por
Alternativas
Q2204558 Português
     Contei por quase toda a minha vida uma história sobre o meu nascimento: eu tenho um leve afundamento craniano na nuca. Lembrava-me bem de uma vez minha mãe comentar que eu nasci a fórceps, o qual me causou essa pequena deformação. Logo criei toda uma teoria sobre ter vindo ao mundo puxado por uma ferramenta, como aquelas que ficam nos parques e shoppings em que você tenta pegar um bicho de pelúcia com um gancho de ferro, geralmente falhando repetidas vezes até assumir sua falta de habilidade.
       Tive, ao longo da vida, diversas reflexões sobre isso. Geralmente me via sendo colhido como um rabanete, em outros momentos pensava muito sobre como esse afundamento era o que eu tinha de mais íntimo, por ser minha primeira interação com o mundo: antes mesmo do látex das luvas da equipe médica me tocar, eu já ganhava uma marca para a vida toda, fruto desse contato inaugural. Raramente corto o cabelo muito baixo, porque o vale fica mais evidente, então, é muito provável que a maioria das pessoas que me conhece nunca tenha percebido.
           Eu me apeguei a esse evento e o trazia junto de mim como uma história intrigante sobre vir ao mundo já dentro de um tipo de violência, como se minha vida toda fosse constantemente aquela sensação estranha de acordar subitamente. Num domingo qualquer, vindo de uma fase em que queria conhecer mais a minha história, puxei o assunto do meu nascimento com minha mãe e quis saber sobre o fórceps. Minha mãe, muito naturalmente, me explicou que isso nunca aconteceu, que eu nasci em total tranquilidade – tanto que meu pai resolveu parar e fumar um cigarro a mais antes de subir ao andar da maternidade e nesse meio-tempo eu já estava fora do ventre de minha mãe, enrolado numa mantinha. Quem teria nascido a fórceps era a minha irmã e provavelmente eu ouvi essa conversa algum dia da minha infância e minha cabeça a transformaria numa história em que eu era o protagonista. Mas o que eu quero falar é sobre a minha reação imediata diante da desfeita dessa crença particular: eu, surpreendido, quis negar, quis falar que eu tinha certeza de que foi do jeito que eu contava para mim mesmo, ainda que fosse totalmente ilógico eu querer saber mais do que minha mãe sobre o assunto.

(Ricardo Terto. Quem é essa gente toda aqui? Todavia, 2021. Adaptado)
Está correto quanto à norma-padrão da língua portuguesa e o que se afirma no texto o trecho redigido entre colchetes na alternativa:
Alternativas
Q2204552 Português
A norma-padrão de regência verbal e nominal foi corretamente observada na frase:
Alternativas
Q2204416 Português

                                             

Leia o trecho a seguir.
Calvin dirigiu-se _____ professora e pôs-se _____ dizer o que achava da educação. Porém,_____________ solicitação da professora de que levantasse a mão quem não tivesse feito a lição, Calvin reagiu maldosamente.
As lacunas devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
Alternativas
Q2204100 Português
Assinale a frase em que a preposição DE é uma exigência de um termo anterior (valor gramatical). 
Alternativas
Q2204019 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


'Odeio a palavra inclusão. Já estou aqui, não quero que me incluam em lugar nenhum'


Julia Risso fala com clareza e pausadamente. Sua voz demonstra seus anos de treinamento antes de se tornar locutora.

Ela diz que sempre se desvia do assunto durante as conversas e escolhe com cuidado cada uma de suas frases. E está convencida de que odeia a palavra 'inclusão'; ela prefere a palavra 'socializar'.

Risso tem 28 anos de idade, nasceu com uma má formação genética na coluna que a transformou em uma pessoa baixinha, como ela diz, com ternura.

Ela mora em San Miguel del Monte, a cerca de 110 km da capital argentina, Buenos Aires. Lá, trabalha como professora de teatro.

A jovem se autodefine como ativista deficiente. Ela apresenta o podcast Les otres, está prestes a publicar um livro de ficção autobiográfico e, no mês de abril, apresentou uma palestra na 47ª Feira Internacional do Livro de Buenos Aires sobre como romper as barreiras sociais que aprofundam a desigualdade.

Acho que sou uma pessoa incapacitada pela sociedade. Não sou eu que tenho deficiência. Incapacitam-me quando instalam um banheiro e eu não entro ou o vaso sanitário é alto para mim. Ou quando vou ao supermercado, a gôndola mede 1,80 metro e a erva-mate que eu gosto está em cima de tudo.

E a sociedade não incapacita somente a mim, mas também a uma pessoa mais alta que não consegue levantar seus braços ou outra que carrega uma criança e não alcança alguma coisa.

Sou uma mulher, sou branca e também sou deficiente. De qualquer forma, acredito que o mais difícil é que a sociedade entenda que o problema, na verdade, são os outros, não somos nós.

Para falar de forma mais teórica, o modelo social da deficiência entende que a deficiência é uma construção social, não é um tema individual, não é um problema que exige que se cure uma pessoa.

O entorno é que precisa se adaptar para que essa pessoa possa viver com a maior autonomia possível. Mesmo assim, acho que este conceito não encerra a discussão sobre a ideologia da normalidade.

Uma mulher de 42 anos me escreveu no Instagram para contar que tentava ter um filho ou uma filha e seu médico advertiu que, se decidisse ter um bebê, ele poderia ter risco de nascer com deficiência. Ela se assustou muito.

E eu disse: "Que forma de assustar uma pessoa que decide ter um filho, e o medo seja que ele tenha deficiência!" Depois achei que o médico talvez tivesse razão... mas, logo lembrei que minha mãe me teve com 32 anos, não tinha mais de 40.

Quem tem risco de ter deficiência? Até certo ponto, todos nós temos risco. Talvez todos nós cheguemos a ser velhos e, se isso acontecer, o corpo se deteriore. Existem pessoas que, do nada, têm uma doença incapacitante e passam a usar cadeira de rodas. A vida tem uma porção de circunstâncias que fazem você ficar deficiente em algum momento.

Quem tem medo de ser deficiente não deve nascer, pois a condição humana é frágil. Existe um medo de que discriminem esse filho ou filha. Penso no meu pai, que tinha pavor de que me tratassem mal, que me enganassem. Antes me aborrecia, mas agora entendo o que ele sentia. Minha mãe precisou educar não só a mim, mas também ao meu pai e a todos os demais para que percebessem que estavam criando uma menina autônoma.


https://www.bbc.com/portuguese/articles/cz4nved839eo. Adaptado.

Julia Risso fala com clareza e pausadamente. Sintaticamente, é CORRETO afirmar que o:
Alternativas
Q2202371 Português
Lixo hospitalar do século 16 é encontrado em poço na Itália

De potinhos de coleta de urina a itens pessoais de pacientes, a descoberta revela detalhes sobre os hábitos de higiene da época. Confira.

Em abril, arqueólogos anunciaram a descoberta de uma série de equipamentos médicos do Ospedale dei Fornari, um hospital fundado em 1564, em Roma.

O achado se deu no que um dia funcionou o Fórum de César, feito por Júlio César em 50 a.C. O Ospedale dei Fornari , construído nas redondezas do antigo fórum, teria usado o local como depósito de lixo potencialmente infeccioso - uma tentativa de reduzir a propagação de doenças.

As escavações aconteceram em 2021. Os arqueólogos encontraram uma câmara de 2,8 metros de profundidade, revestida de tijolos e com uma camada de argila compacta cobrindo tudo. Os pesquisadores acreditam que o buraco tenha sido usado apenas uma única vez - o lixo foi jogado e depois o poço foi selado.

O que os arqueólogos encontraram?

O interior do poço guardava pequenos vasos intactos, cacos de cerâmicas, potes de vidro e itens pessoais, como estatuetas e medalhas. Mais da metade dos vasos de vidro (inteiros ou em pedaços) recuperados do lixão são provavelmente o que os médicos antigos chamavam de matula - um potinho de coleta de urina.

Durante a Idade Média e o Renascimento, a prática da uroscopia era uma ferramenta diagnóstica central para os médicos. Era um exame 100% visual: o médico analisava alterações na cor, a presença de sedimentos, o cheiro e até o gosto do xixi. Com isso, era possível saber se o paciente tinha condições como icterícia, doença renal e diabetes.

Havia também vários grampos de chumbo comumente usados em ferragens de móveis, além de madeira queimada. Isso pode ser evidência de uma medida higiênica historicamente conhecida: a queima (e descarte) de móveis e outros itens que entraram em contato com pacientes com doenças infecciosas, como a peste bubônica.

O estudo também identificou itens de cerâmica usados para cozinhar e comer. Ao entrar no hospital, cada paciente recebia seus próprios pertences (jarra, copo, tigela e prato), como medida de higiene.

Antes da pesquisa, o descarte moderno de resíduos hospitalares e médicos para prevenir a propagação de doenças não recebia a devida atenção arqueológica. "[Essas descobertas] aumentam significativamente nossa compreensão das práticas de descarte de resíduos no Renascimento, ao mesmo tempo em que destacam a necessidade de uma visão mais completa dos regimes de higiene e controle de doenças do início da Europa moderna", escrevem os autores do artigo, publicado pela Cambridge University Press.

Retirado e adaptado de: CAPARROZ, Leo. Lixo hospitalar do século 16
 é encontrado em poço na Itália. Superinteressante. Disponível em: add
o-emmmpocoo-na-itaaa
.br/historia/lixo-hospitalar-do-seculo-16-e-encontrado-em-poco-na-italia/
Acesso em: 16 maio, 2023.
Assinale a alternativa na qual a palavra destacada é um verbo transitivo indireto:
Alternativas
Q2202368 Português
Lixo hospitalar do século 16 é encontrado em poço na Itália

De potinhos de coleta de urina a itens pessoais de pacientes, a descoberta revela detalhes sobre os hábitos de higiene da época. Confira.

Em abril, arqueólogos anunciaram a descoberta de uma série de equipamentos médicos do Ospedale dei Fornari, um hospital fundado em 1564, em Roma.

O achado se deu no que um dia funcionou o Fórum de César, feito por Júlio César em 50 a.C. O Ospedale dei Fornari , construído nas redondezas do antigo fórum, teria usado o local como depósito de lixo potencialmente infeccioso - uma tentativa de reduzir a propagação de doenças.

As escavações aconteceram em 2021. Os arqueólogos encontraram uma câmara de 2,8 metros de profundidade, revestida de tijolos e com uma camada de argila compacta cobrindo tudo. Os pesquisadores acreditam que o buraco tenha sido usado apenas uma única vez - o lixo foi jogado e depois o poço foi selado.

O que os arqueólogos encontraram?

O interior do poço guardava pequenos vasos intactos, cacos de cerâmicas, potes de vidro e itens pessoais, como estatuetas e medalhas. Mais da metade dos vasos de vidro (inteiros ou em pedaços) recuperados do lixão são provavelmente o que os médicos antigos chamavam de matula - um potinho de coleta de urina.

Durante a Idade Média e o Renascimento, a prática da uroscopia era uma ferramenta diagnóstica central para os médicos. Era um exame 100% visual: o médico analisava alterações na cor, a presença de sedimentos, o cheiro e até o gosto do xixi. Com isso, era possível saber se o paciente tinha condições como icterícia, doença renal e diabetes.

Havia também vários grampos de chumbo comumente usados em ferragens de móveis, além de madeira queimada. Isso pode ser evidência de uma medida higiênica historicamente conhecida: a queima (e descarte) de móveis e outros itens que entraram em contato com pacientes com doenças infecciosas, como a peste bubônica.

O estudo também identificou itens de cerâmica usados para cozinhar e comer. Ao entrar no hospital, cada paciente recebia seus próprios pertences (jarra, copo, tigela e prato), como medida de higiene.

Antes da pesquisa, o descarte moderno de resíduos hospitalares e médicos para prevenir a propagação de doenças não recebia a devida atenção arqueológica. "[Essas descobertas] aumentam significativamente nossa compreensão das práticas de descarte de resíduos no Renascimento, ao mesmo tempo em que destacam a necessidade de uma visão mais completa dos regimes de higiene e controle de doenças do início da Europa moderna", escrevem os autores do artigo, publicado pela Cambridge University Press.

Retirado e adaptado de: CAPARROZ, Leo. Lixo hospitalar do século 16
 é encontrado em poço na Itália. Superinteressante. Disponível em: add
o-emmmpocoo-na-itaaa
.br/historia/lixo-hospitalar-do-seculo-16-e-encontrado-em-poco-na-italia/
Acesso em: 16 maio, 2023.
Analise o trecho a seguir:
Escavação é ___ remoção de terra em torno de objetos ou fósseis soterrados. Muito utilizado em áreas como a paleontologia e a arqueologia, a escavação arqueológica é um recurso para descobrir evidências sobre a evolução da história no mundo por meio dos vestígios que ficaram enterrados decorrente ___ tempo. Ela é o procedimento pelo qual os arqueólogos definem, recuperam e registram restos culturais e biológicos encontrados no solo. ___ atividades passadas deixam vestígios na forma de fundações domésticas, sepulturas, artefatos, ossos, sementes e muitos outros vestígios indicativos ___ experiência humana.
Assinale a alternativa que correta e respectivamente preenche as lacunas do trecho: 
Alternativas
Q2202282 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.

Os sons das plantas feridas

Tomates cortados emitem sons em frequência mais alta que a dos submetidos à seca

Quando estressadas, por exemplo, pela falta de água, as plantas apresentam alterações na cor, no cheiro e na forma. Podem também liberar compostos orgânicos voláteis. Ou ainda emitir sons ultrassônicos, na frequência de 20 a 150 quilohertz (kHz).

Embora não sejam captados pelos seres humanos, esses sons poderiam alcançar outras plantas ou insetos, de acordo com experimentos com plantas de tomate e de tabaco feitos por equipes das universidades de Tel-Aviv, em Israel, e Harvard, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores criaram quatro grupos - plantas de tomate estressadas pela seca, de tomate com o caule cortado, de tabaco estressadas pela seca e de tabaco também com o caule cortado -, comparados a um grupo-controle (isto é, de plantas saudáveis), e colocaram microfones próximo a elas.

As frequências dos sons de cada grupo se mostraram proporcionais aos níveis de lesões e diferenciaram os grupos. As plantas secas de tomate e tabaco emitiram sons com frequência média máxima de 49,6 kHz e 54,8 kHz, respectivamente. Já nas plantas cortadas, a frequência média máxima foi de 57,3 kHz e 57,8 kHz. Os pesquisadores também gravaram sons de trigo, milho, videira e cactos (Cell, 30 de março).

Retirado e adaptado de: WEBER, Jean. Os sons das plantas feridas. Revista Pesquisa FAPESP. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/os-sons-das-plantas-feridas/ Acesso em: 12 maio, 2023.
Analise a sintaxe do período a seguir:
Os pesquisadores também gravaram sons de trigo, milho, videira e cactos.
Agora, analise as afirmações a seguir. Marque V, para verdadeiro, e F, para falso:
(__)Podemos classificar a sentença como um período simples. (__)A sentença apresenta um verbo transitivo indireto. (__)O sujeito da sentença é "Os pesquisadores", sendo "pesquisadores" o núcleo do sujeito.
Assinale a alternativa com a sequência correta:
Alternativas
Q2201738 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.

Câmara aprova projeto que prevê salários iguais para homens e mulheres

A Câmara dos Deputados aprovou na sessão deliberativa de 04 de maio de 2023 proposta que institui medidas para tentar garantir a igualdade salarial e remuneratória entre mulheres e homens na realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função. O texto segue agora para análise do Senado.

Foi aprovado o substitutivo elaborado pela relatora, deputada Jack Rocha (PT-ES), ao Projeto de Lei 1085/23, do Poder Executivo. "Este será mais um passo para avançarmos no enfrentamento à desigualdade no ambiente de trabalho, que se aprofundou durante a pandemia de Covid-19", afirmou a relatora.

Foram 325 votos favoráveis e 36 contrários ao parecer final de Jack Rocha, definido após negociação entre os líderes partidários. Em razão de um acordo , não foram apresentados destaques que poderiam alterar a versão da relatora.

"Falar de igualdade salarial é falar sobre a emancipação das mulheres", disse a relatora, ao defender a proposta na sessão. "A luta das mulheres é a promoção da implementação de programas de diversidade no ambiente de trabalho, que incluam capacitação de gestores, lideranças e empregadores", concluiu.

Apesar do acordo, o texto não agradou a todos. "Esse projeto bota nas costas do empreendedor uma série de responsabilizações e multas que vão inibir a contratação das mulheres", alertou o deputado Gilson Marques (Novo-SC) durante a discussão da proposta.

O texto aprovado altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para definir que a igualdade salarial será obrigatória. Para isso, estabelece mecanismos de transparência e de remuneração a serem seguidos pelas empresas, determina o aumento da fiscalização e prevê a aplicação de sanções administrativas.

Fiscalização e multa

Ato do Poder Executivo definirá protocolo de fiscalização contra a discriminação salarial e remuneratória entre homens e mulheres. Em caso de discriminação por motivo de sexo, raça, etnia, origem ou idade, além das diferenças salariais, o empregador deverá pagar multa administrativa equivalente a dez vezes o valor do novo salário devido ao empregado discriminado - será o dobro na reincidência.

Conforme o substitutivo aprovado, a quitação da multa e das diferenças salariais não impedirá a possibilidade de indenização por danos morais à empregada, consideradas as especificidades do caso concreto.

Regras

Embora o texto aprovado inove ao criar a obrigatoriedade de equiparação salarial a ser verificada por meio documental, as demais regras que definem as situações em que a desigualdade poderá ser reclamada pelo trabalhador continuam as mesmas definidas pela reforma trabalhista do governo Temer.

A única mudança feita pela proposta prevê a não aplicação dessas regras apenas quando o empregador adotar, por meio de negociação coletiva, plano de cargos e salários. Hoje isso é possível também quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira por meio de norma interna.

Em relação aos trabalhadores sem acesso a plano de cargos e salários, a CLT define que uma igual remuneração deverá ser paga no exercício de "idêntica função" por "todo trabalho de igual valor" no mesmo estabelecimento empresarial, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.

Por "trabalho de igual valor", a lei define aquele feito com "igual produtividade e com a mesma perfeição técnica" por pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos. A diferença de tempo na função não poderá ser superior a dois anos.


Além disso, atualmente a CLT prevê que a equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo ou na função, ou seja, não vale entre aqueles com diferença maior de tempo no cargo. A lei proíbe ainda, para a reivindicação de igualdade salarial, a indicação de decisões proferidas em relação a empregados com diferença de tempo muito superior a dois anos, mesmo no âmbito de ação judicial própria do empregado mais recentemente contratado.

Retirado e adaptado de: PIOVESAN, Eduardo.; MACHADO, Ralph. Agência Câmara de Notícias. Disponível em: preeve-sslroosiuaas--para -hommmens--emmuheresacommpaanhe/ rojeto-que-preve-salarios-iguais-para-homens-e-mulheres-acompanhe/ Acesso em: 08 maio, 2023.
Assinale a alternativa que apresenta correção no que diz respeito à regência, segundo a norma culta da língua portuguesa:
Alternativas
Q2200811 Português
A questão refere-se ao texto a seguir.

O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E URBANISMO, no uso das atribuições legais, que lhe são conferidas pela Lei Complementar n°. 141 de 28 de agosto de 2014, faz saber que JULGA PROCEDENTE o auto de infração referente ao Processo Administrativo Ambiental abaixo relacionado. Fica intimado a empresa e/ou pessoa física aqui citada para no prazo de 05 (cinco) dias, a contar da data publicação desse edital, liquidar, junto à Fazenda Municipal, o débito relativo ao processo mencionado ou apresentar recurso a segunda instância administrativa, na forma do artigo 128 da Lei n°. 4.100, de 19 de junho de 1992 (Código do Meio Ambiente do Município de Alegrete).

PROCESSO ADMINISTRATIVO                            AUTUADO
N°. 20201331100                                                   CONSTRUTORA SUA CASA SUA VIDA LTDA

Alegrete, 27 de Março de 2023.
José Urbano da Silva
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E URBANISMO
Ao avaliar o texto, de acordo com a norma padrão do português escrito, o revisor deve, rigorosamente, identificar que há
I. ausência de uma concordância verbal. II. dois problemas de concordância verbal e dois de nominal. III. dois problemas referentes à regência verbal. IV. ausência de um acento grave na expressão “a segunda instância”. V. necessidade de vírgulas na intercalação de expressões adverbiais.
Os problemas que precisam ser revisados estão indicados nos itens
Alternativas
Q2200806 Português

TEXTO


A cor da injustiça ambiental no Brasil

Carolina Azevedo e Samantha Prado


     Na semana do Carnaval, o litoral norte de São Paulo foi afetado por um desastre ambiental sem precedentes na história do Brasil. Foram mais de 680 milímetros de chuva acumulados no período de 24 horas, o maior registro do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) no país até o momento – o que resultou na devastação de diversas áreas nas cidades de Guarujá, Bertioga, São Sebastião, Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba. Ao todo foram 65 mortos e mais de 2 mil pessoas entre desabrigados e desalojados.


        A situação não pode ser lida apenas como um evento extremo isolado. Desastres bastante similares têm ocorrido nos últimos anos, como as inundações em Petrópolis (RJ) e Pernambuco em 2022. O que esses episódios têm em comum? Os mais afetados são majoritariamente a população pobre e negra.


          Com o objetivo de analisar como os efeitos da crise ambiental se manifestam de forma territorialmente desigual, impactando desproporcionalmente certas populações a depender do seu grau de vulnerabilidade, o Instituto Pólis realizou o estudo “Racismo ambiental e justiça socioambiental nas cidades”. De acordo com a pesquisa, esse desequilíbrio é, em parte, a expressão da injustiça e do racismo ambientais nas cidades brasileiras. “Temos visto nos últimos anos, especialmente no verão, diversos desastres no país – e também quais foram suas vítimas. Acompanhamos um agravamento das situações e, com certeza, o negacionismo no momento de compreender as mudanças climáticas e seus impactos urbanos está dentro da lógica de como construímos as nossas cidades”, declara Maria Gabriela Feitosa dos Santos, uma das pesquisadoras que fez parte da produção do estudo.


      Existe um padrão recorrente inegável quanto à distribuição territorial da população nas cidades brasileiras. Observando o censo do IBGE de 2010, é possível ver que a renda é maior nas áreas onde a população residente é mais branca do que negra – territórios que condizem com condições de urbanização e saneamento melhores, contando com maior investimento público. Mais dados do censo mostram que os chamados aglomerados subnormais, áreas caracterizadas por um padrão urbanístico irregular, carência de serviços públicos essenciais e localização em áreas com restrição à ocupação, reiteram o padrão territorial observado. Nas três cidades estudadas pelo Instituto Pólis – São Paulo, Recife e Belém –, o percentual de pessoas negras que residem em áreas desse tipo supera as médias de cada município, evidenciando a tendência de concentração desse grupo nesses territórios.


            Em outras palavras, a distribuição demográfica e racial das cidades evidencia que a população negra vive em piores condições ambientais e com menos recursos financeiros para lidar com os impactos de eventuais emergências ou desastres – colocando-a em situação de vulnerabilidade. “Por estarmos em uma sociedade racialmente estruturada, a desigualdade social é um instrumento que opera de acordo com essa lógica. Isso pode ser visto sobretudo no funcionamento da expansão imobiliária”, diz Maria Gabriela. As áreas onde o mercado imobiliário não tem interesse acabam sendo esquecidas pelo poder público, deixadas de lado no quesito de criação de infraestrutura e, por isso, tornam-se locais mais baratos e viáveis para serem ocupados pela população mais vulnerabilizada. “Essa desigualdade gera riscos socialmente produzidos. São escolhas feitas pelas políticas urbanas que a gente tem adotado e implementado, gerando uma lógica de ocupação de risco”, completa Feitosa dos Santos.


              A localização e as características dos aglomerados subnormais nas três cidades analisadas ilustram como a ocupação de áreas de potencial risco são apropriadas pela população vulnerabilizada como alternativa para a questão habitacional não tratada pelo Estado. Em São Paulo, o IBGE aponta que 355.756 domicílios em aglomerados subnormais encontram-se em áreas de encosta e margens de rios, córregos e lagos. É importante ressaltar que a ocupação de áreas de risco não advém de uma escolha, mas sim da total falta de alternativas habitacionais. “Chamamos atenção para a questão do déficit habitacional. Pessoas e famílias residem em áreas inapropriadas como uma última alternativa, uma resposta própria à questão habitacional que historicamente não tem sido equacionada pelo Estado como deveria ser”, diz a pesquisadora.


          Todo esse quadro expõe a forma como os conceitos de justiça socioambiental e racismo ambiental são intrincados: enquanto o primeiro caracteriza a produção de impactos desiguais pelo meio ambiente, que sobrecarregam grupos minoritários e a população de baixa renda; o racismo ambiental evidencia as consequências dessas degradações, concentradas em bairros e territórios periféricos, onde vivem famílias mais pobres e há maior concentração de pessoas negras, indígenas e quilombolas.


             Para além do déficit habitacional, está a diferença de tratamento entre comunidades de baixa renda e condomínios de luxo em áreas sujeitas a desastres ambientais. Não bastando serem proibidas pela classe média e alta de construírem moradia nas faixas de terra mais seguras, populações assentadas em áreas de risco ambiental são frequentemente retiradas à força e sem qualquer garantia de direitos, enquanto moradores de condomínios e chácaras são tratados por autoridades com complacência.


           Esse é o caso de moradores das margens da Represa Billings, no extremo sul da cidade de São Paulo. Segundo mapeamento do Instituto Pólis, comunidades de baixa-renda do Jardim Noronha receberam de autoridades quatro ameaças de remoção, dada a fragilidade ambiental e o risco apresentado pela área de mananciais. O tratamento, no entanto, não se estendeu para o loteamento de chácaras Jardim Moraes Prado, bairro vizinho também colado à represa. O caso evidencia que a intervenção pública é também pautada pelo racismo ambiental, como explica Feitosa dos Santos: “Há uma tendência de criminalização de muitas dessas áreas em detrimento de ocupações de alto padrão que dividem a mesma área e ainda assim não são alvo da mesma criminalização que acontece com as ocupações. É necessário compreender esse cenário e incluir a população marginalizada dentro dessa demanda.”


           Ou seja, no contexto de desastres climáticos como as chuvas que assolaram o litoral paulista, políticas paliativas voltadas para regiões ricas das cidades não são o bastante, dado que as mudanças climáticas continuarão agravando a situação de comunidades periféricas a cada ano. “É necessário que se reverta essa lógica de políticas paliativas por políticas perenes, que antecedam esses fenômenos. Elas não necessariamente vão evitar mas vão dar capacidade de resiliência a essa população”, defende a pesquisadora.


                Para isso, é necessário entender a crise climática a partir de uma perspectiva social e racial, como propõe o Instituto Perifa Sustentável, que reivindica a democratização e a representatividade das juventudes nos locais de tomada de decisão em relação a políticas ambientais. Amanda Costa, diretora executiva do instituto, advoga: “Falar de clima é falar de um direito básico. Quando pensamos em direitos básicos pensamos em saúde, educação, transporte, mas o clima é uma questão transversal, que afeta todas as outras.” Como respostas, a ativista sustenta inverter a lógica que permeia a elaboração de políticas públicas nas cidades: partindo mais frequentemente de regiões ricas e majoritariamente brancas, políticas ambientais e sanitárias precisam colocar a periferia no centro.


           No entanto, em uma sociedade estruturalmente racista, quem mais sofre menos é ouvido. Os espaços de debate ambiental e de elaboração de políticas públicas ainda são dominados por homens brancos, como conta Mahryan Sampaio, do Instituto Perifa Sustentável: “O fato de eu dialogar com pessoas que não têm a mesma cor que eu mas estão ocupando os espaços de poder é um caso de racismo ambiental. Recentemente, Marina Silva nos convidou para conversar com os patriarcas e as matriarcas do ambientalismo brasileiro. Nós éramos as únicas pessoas pretas e jovens. Isso é racismo ambiental”.


                Para que populações periféricas possam viver com dignidade nas cidades brasileiras, é necessário pensar na questão climática de maneira interseccional, pois a injustiça ambiental no Brasil tem cor. Será apenas colocando pessoas pretas, indígenas e periféricas nos locais de tomada de decisão que discussões levantadas em fóruns como a COP 26 – da qual as ativistas do Perifa Sustentável participaram – podem se reverter em políticas efetivas de combate a desastres climáticos e tantas outras questões do dia a dia na periferia, das ruas tomadas por lixo ao problema do saneamento básico. “Colocar essas pessoas no poder é olhar para a base, par quem está no território e entende sua complexidade. O olhar que está lá tem cor e é limitado, pouco diverso, ele não inclui. Esse é um momento histórico para a questão ambiental, que viu um grande desmonte nos últimos quatro anos”, completa Costa.


Disponível em: <https://diplomatique.org.br/a-cor-da-injustica-ambiental-no-brasil/ >. Acesso em: 3 de mar. 2023. [Adaptado]

Considere o trecho.
     Para isso, é necessário entender a [1] crise climática a partir de uma perspectiva social e racial, como propõe o Instituto Perifa Sustentável, que reivindica a [2] democratização e a representatividade das juventudes nos locais de tomada de decisão em relação a [3] políticas ambientais.
A ausência do acento grave nas palavras em destaque 
Alternativas
Respostas
841: D
842: D
843: C
844: E
845: B
846: D
847: C
848: C
849: B
850: D
851: D
852: A
853: C
854: C
855: D
856: D
857: B
858: D
859: C
860: A