Questões de Português - Significação Contextual de Palavras e Expressões. Sinônimos e Antônimos. para Concurso
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O que é o ruído marrom, que promete acalmar o cérebro e combater o déficit de atenção
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Quanto à ortografia oficial, à correção gramatical e à coerência das substituições propostas para os vocábulos e os trechos destacados do texto, julgue o item.
“transpuseram” (linha 15) por ultrapassaram
Considere o trecho abaixo para responder à questão.
“De todas as obras que alguma vez se escreveram sobre política, talvez nenhuma provoque a sensação de perene atualidade que, desde há quinhentos anos, continua a desprender-se das páginas d’O PRÍNCIPE. A terminologia, os conceitos e, por maioria de razão, os exemplos nele invocados, sejam da Europa do Quattrocento, ou da Antiguidade grecoromana, estão, obviamente, datados. Porém, a impressão que se colhe da sua leitura é a de que o livro se dirige a nós, aqui e agora, e de que existe no seu significado alguma coisa que sobrevive e extravasa as circunstâncias em que, sucessiva e diferentemente, foi sendo lido. Dir-se-ia que a fortuna d’O PRÍNCIPE é uma “fortuna verde”, igual à que Maquiavel atribui a César Borgia, uma fortuna reiteradamente verde, cuja verdura desafia o passar dos tempos com a mesma temeridade com que desafia as coisas da política, trazendo à superfície de um texto literariamente soberbo o que nessas mesmas coisas se tem por indizível e impensável, ou que, muito simplesmente, não se ousa nomear.
Esse caráter de permanente novidade do texto, que transparece em leituras tão diferentes como aquelas que dele fizeram Espinosa, Bayle, Fichte, Hegel, Clausewitz, Gramsci, Cassirer, Leo Strauss ou Althusser, para citar apenas alguns dos mais relevantes, não se resume unicamente à sua condição de clássico. Decerto os clássicos são autores que nos continuam a questionar e a tocar, quer ao entendimento, quer ao afeto, e em cujas obras se desenha um cânon, intelectual, moral ou estético, que prevalece muito para lá do seu tempo. Contudo, a forma como somos tocados e questionados por Maquiavel é, literalmente, insólita. Nele, não existe uma teoria claramente identificável, uma doutrina que se compare a tantas outras que enxameiam a história do pensamento político e que, a esse título, suscitasse, hoje em dia, adesão ou rejeição. A insistente condenação do livro, como do seu autor, envolta ao longo dos tempos num caudal de senso comum e de ideologias várias, é mais um estado de alma, um esconjuro da imoralidade em política – o maquiavelismo – do que propriamente uma rejeição de possíveis teses por ele sustentadas. Tampouco se vislumbra, em toda a obra de Maquiavel, uma organização coerente da experiência, uma súmula de fatos a que pudesse atribuir-se um significado inequívoco ou de onde se extraísse uma orientação prática para situações análogas. A interminável discussão entre aqueles que o têm por metre de soberanos, eficientes mas pouco escrupulosos, e os que preferem ver nele um avisado inspirador da república e da liberdade – seja a dos cidadãos, seja a dos povos – é bem a imagem dessa ambiguidade que parece inscrita no cerne das suas proposições. Em rigor, talvez seja impossível garantir nesses termos “o que pensava Maquiavel”, ou mesmo “o que diz O PRÍNCIPE”: será, de fato, uma obra onde o mal se faz passar por bem, “escrita pelo punho do diabo”, como tanta gente suspeitou, desde muito cedo, e que tenta legitimar a prepotência dos soberanos absolutos? Ou será antes uma sátira, que os homens avisados sempre perceberam como tal, mas que, de tão engenhosa e camuflada, passou e ainda passa por elogio aos soberanos, como pretenderam, por exemplo, Espinosa, Rousseau e a ENCYCLOPÉDIE? Ou não será uma coisa nem outra, antes “uma espécie de manifesto político”, como viria a sustentar Antonio Gramsci? As opiniões sucedem-se e o “enigma” de Maquiavel, como lhe chama Claude Lefort, na sequência, aliás, do que à sua maneira já assegurara Croce, persiste. No entanto, apesar da indeterminação que envolve o seu significado, este livro inclassificável, porventura definitivamente incompreensível sob certos aspectos, interpelanos de modo tal, esteve e está de tal maneira presente em toda a Modernidade, que é impossível ficar-lhe indiferente ou arrumálo definitivamente numa época – a sua – com a qual já pouco ou nada tivéssemos a ver. A que é que se deve esse fascínio sempre renovado, essa sensação de proximidade, essa “fortuna verde” d’O PRÍNCIPE?”
(Diogo Pires Aurélio, O PRÍNCIPE, Nicolau
Maquiavel, Tradução, introdução e notas, São
Paulo, Editora 34, 2020, pp.8-9.).
Os termos “entendimento” e “afeto” encontram correspondência semântica, respectivamente, em
Texto CB1A1-I
Com altos índices de evasão escolar, baixo engajamento e conteúdos pouco conectados à realidade dos alunos, o ensino médio já era, antes da pandemia de covid-19, a etapa mais desafiadora da educação básica. Com o fechamento das escolas e o distanciamento dos estudantes do convívio educacional, os últimos anos escolares passaram a trazer ainda mais dificuldades a serem enfrentadas — reforçadas pelas desigualdades raciais, socioeconômicas e de acesso à Internet.
Nenhuma avaliação diagnóstica precisou os prejuízos totais da pandemia para a aprendizagem dos alunos, mas há alguns estudos que ajudam a entender melhor o cenário. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) apontou que houve piora em todas as séries avaliadas. Segundo a pesquisa amostral, em matemática, o desempenho alcançado no 3.º ano do ensino médio foi de 255,3 pontos na escala de proficiência, inferior aos 261,7 obtidos pelos estudantes ao final do 9.º ano do ensino fundamental no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2019. Em língua portuguesa, os estudantes do 9.º ano apresentaram uma queda de 12 pontos, e os do 3.º ano do ensino médio, de 11 pontos.
Após o retorno presencial, estados e municípios ainda têm muito trabalho para identificar os reais prejuízos, dimensioná-los e encontrar caminhos e soluções para que professores e estudantes possam retomar a aprendizagem.
Para Suelaine Carneiro, coordenadora de educação na Geledés, organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e homens negros, “há um consenso de que não foi possível atender todos os alunos” na educação pública. “Os dados indicam um baixo número de participação dos estudantes, somado à impossibilidade de os familiares acompanharem a resolução das tarefas”, afirma. Mas não fica apenas nisso. “Em termos de aprendizagem, os dados também mostram dificuldades no que diz respeito à compreensão e à resolução das tarefas.”
De acordo com ela, a situação de alunos negros requer ainda mais atenção. “É preciso prestar atenção nessa condição: a pessoa já estava vulnerável socialmente, sem a possibilidade de realizar um isolamento dentro de casa, pois vive em uma casa pequena ou onde não há cômodos suficientes”, contextualiza Suelaine.
Agravada pela pandemia, que engrossou o número de trabalhadores desempregados, a questão econômica foi um dos grandes fatores que impactou a vida dos estudantes do ensino médio. “Temos alunos que estão trabalhando no horário de aula, dizendo que precisam ajudar a família, e aos fins de semana assistem às atividades”, relata a professora Lucenir Ferreira, da Escola Estadual Mário Davi Andreazza, em Boa Vista (RR). Lucenir conta que muitos alunos chegam a falar que não conseguem aprender nada e desabafam por sentir que a aprendizagem foi prejudicada, principalmente os que estão em processo de preparação para o vestibular.
Apesar dos desafios, Suelaine acredita que os impactos não são irreversíveis, como outros especialistas têm apontado. “Você pode recuperar dois anos se houver políticas públicas, compromisso público com a educação, de forma a desenvolver diferentes ações”, diz ela.
Internet: <novaescola.org.br> (com adaptações).
A palavra “reforçadas” (final do primeiro parágrafo) poderia ser substituída por robustecidas, sem alteração do sentido do texto.