Questões de Concurso
Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português
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Durante muito tempo tudo isso funcionou apenas como teoria, intensamente discutida nos cafés parisienses. Até então, democracia e república eram conceitos testados por breves períodos na Antiguidade. Seria possível aplicar essa teoria ao mundo moderno para governar sociedades maiores e mais complexas? Coube aos norte-americanos demonstrar que era possível inverter a pirâmide do poder. A partir dali, todo o poder emanaria do povo (por meio de eleições).
O paradigma da nova era aparecia logo na certidão de nascimento dos Estados Unidos. Redigida pelo futuro presidente Thomas Jefferson, a declaração de independência americana anunciava que “todos os homens nascem iguais" e com alguns direitos inalienáveis, incluindo a vida, a liberdade e a busca da felicidade. O texto de Jefferson serviria de inspiração para que o marquês de Lafayette, nobre francês que havia lutado ao lado dos americanos na guerra da independência, escrevesse a famosa Declaração Universal dos Direitos do Homem. Proclamada pelos revolucionários franceses, seria adotada, um século e meio mais tarde, com algumas adaptações, como a carta de princípios das Nações Unidas.
(Adaptado de: GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2010, p.48)
Observe a charge a seguir
01/08/2014 02h00
Os recentes avanços, como a universalização do ensino fundamental nos anos 90, a definição, em 2010, da escolaridade de nove anos como obrigatória e a meta de universalização do ensino médio para 2016, reafirmam o direito à educação pública e o dever do Estado de provê-la, mas não garantem o direito de aprendizagem a todas as crianças e adolescentes.
São múltiplos os fatores que determinam as condições de ensino e de aprendizagem. É importante considerarmos, no entanto, que a ausência de uma base curricular tende a agravar esse quadro, ao criar um espaço de indefinições, equívocos e interpretações pessoais que restringem a aprendizagem dos alunos.
Países com bom desempenho em avaliações internacionais possuem um documento nacional especificando o que deve ser ensinado, com variações no grau de detalhamento desses conteúdos, conforme estudo comparativo realizado pela pesquisadora Paula Louzano, que analisou políticas curriculares de diversos sistemas de ensino.
No Brasil, a ausência dessas especificações favorece que as avaliações externas pautem o que deve ser ensinado, mostrando uma inversão no processo de definição das políticas educacionais. Uma política curricular nacional, que estabeleça de forma objetiva e clara o que cada aluno deve aprender em cada etapa do percurso escolar – independentemente de sua origem territorial, social ou cultural–, expressa um projeto de sociedade sustentado no princípio da igualdade.
Construir uma base nacional curricular comum, no entanto, requer alguns pontos de atenção.
O primeiro deles é que os sistemas educacionais tenham a liberdade de complementar a base curricular comum considerando os contextos locais e articulando o projeto de sociedade às aspirações e especificidades regionais.
A definição de objetivos claros de aprendizagem deve também favorecer o controle social das políticas educacionais e o acompanhamento da aprendizagem pelos sistemas educacionais e pelas famílias.
Outro pressuposto é a articulação da base curricular nacional com políticas de formação de professores, inicial e continuada. A indicação clara do que é preciso ensinar é condição para um efetivo planejamento docente e acompanhamento da aprendizagem de cada aluno.
Por fim, para que a base nacional curricular comum expresse um projeto de sociedade mais justo, é fundamental que sua construção envolva uma ampla participação social, com dispositivos que garantam consulta, debate, formulação e validação. Sem isso, o Brasil deixará, mais uma vez, escapar a oportunidade de alçar a educação ao patamar de prioridade nacional de fato.
MARIA ALICE SETUBAL, doutora em psicologia da educação pela PUC-SP, é presidente dos conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e da Fundação Tide Setubal.
Os recentes avanços, como a universalização do ensino fundamental nos anos 90, a definição, em 2010, da escolaridade de nove anos como obrigatória e a meta de universalização do ensino médio para 2016, reafirmam o direito à educação pública e o dever do Estado de provê-la, mas não garantem o direito de aprendizagem a todas as crianças e adolescentes.
O verbo prover grifado no trecho pode ser substituído, preservando as relações de sentido construídas no texto, por:
Ao entrar na sala de um amigo, observo uma luminária idêntica a um chifre. Ele a exibe, orgulhoso.
– Phillipe Starck1 . Só existem três no Brasil.
Atarraxo um sorriso de admiração. Como dizer que parece o despojo2 de uma fantasia de Carnaval? Entusiasmado, ele aconselha:
– Na loja havia uma cadeira de couro de vaca incrível, assinada. Você precisa comprar.
– Mas não preciso de mais uma cadeira.
– É uma oportunidade única, e você vai jogar fora?
Suspiro. É impressionante como as pessoas dão valor a grifes. Há bastante tempo vi uma linda carteira Louis Vuitton com desenho quadriculado. Fui verificar. Meus documentos não cabiam. O vendedor explicou:
– É que os documentos europeus são de tamanho menor. Os nossos ficam sobrando. Agradeci e ia sair da loja. Um amigo que me acompanhava se escandalizou.
– Não vai levar? – Onde vou botar minha identidade?
– Mas, quando você abrir a carteira, todo mundo vai notar. É chique.
Sou do tipo que só compra quando gosta e espanto-me quando vejo as pessoas se digladiando para ser elegantes.
É só observar a mania de conhecer vinhos. Se parte das pessoas se dedicasse a estudar os gregos com o mesmo afinco com que decora rótulos, teríamos um país de filósofos. Guerra semelhante acontece entre os que se dizem conhecedores de charuto. O fato é que a maioria seria incapaz de distinguir um cubano de um cigarro de palha do sítio. Respeito os apreciadores das coisas boas da vida. Mas é terrível ver alguém bebendo e fumando só para parecer o que não é, nem precisa ser.
Inventaram até uma expressão para dizer que alguma coisa é chique e imprescindível. Estava em uma famosa loja de roupas masculinas. A gerente conversava com um rapaz e comentou:
– Seu sapato é tudo.
O elogiado sorriu como se tivesse ganho a Mega-Sena.
– Eu sei. É mesmo. Tudo.
Como um sapato pode ser tudo?
Falando assim, parece que estou me referindo aos ricos ou à classe média abastada. Coisa nenhuma. Muitas pessoas gastam o pouco que ganham para ter roupa com etiqueta. Quanto mais jovens, mais estritos3 : é preciso usar os tênis que todos usam, botar o jeans, a calça. Caso contrário, serão desdenhados como o patinho feio. Fico pensando: nessa ânsia por ser especiais, as pessoas tornam-se idênticas. Ser “tudo" acaba sendo um bom caminho para terminar em nada.
(VejaSP, 05.04.2000. Adaptado)
1. Phillipe Starck: designer francês
2. despojo: resto, sobra
3. estrito: rigoroso, exato
Até pouco tempo atrás, apontar alguém como ambicioso era quase uma ofensa no Brasil. A palavra, carregada de conotação negativa, era praticamente um pecado. A má impressão nasceu da confusão que as pessoas fazem com a ganância – sentimento que faz o indivíduo passar por cima de tudo e de todos. Hoje, porém, a ambição está sendo redimida e seu verdadeiro significado resgatado.
A palavra vem do latim ambi dire, que significa “entre dois caminhos". Basicamente, escolher para alcançar um objetivo. É um adjetivo positivo, que define as pessoas determinadas. É o combustível daqueles que vão atrás de desejos pessoais e profissionais. E o brasileiro está mais afinado com essas ideias do que o senso comum supõe. Uma pesquisa da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), de 2009, concluiu que 41% da população se define como ambiciosa.
Essa visão mais moderna, que eleva a ambição a uma espécie de força motriz do sucesso, transformou-a também em objeto de curiosidade científica mundo afora. É possível medi-la? Podemos turbiná-la? Ela tem explicação biológica? Já há respostas para algumas dessas perguntas. Estudos mostram, por exemplo, que a ambição, essa mistura de energia com determinação, se manifesta no sistema límbico, área do cérebro relacionada às emoções e aos hábitos. Pesquisadores da Universidade de Washington usaram imagens cerebrais para investigar a persistência – a habilidade de focar em uma tarefa até terminá-la –, considerada a mola propulsora da ambição. Eles recrutaram um grupo de estudantes e deram a cada um deles questionários elaborados para mensurar o nível de perseverança por meio de um aparelho de ressonância magnética, que registrava o que se passava na cabeça dos alunos. Em geral, os estudantes com as maiores pontuações (os mais persistentes) apresentaram maior atividade na região límbica.
Mas não há consenso entre os especialistas sobre em que medida a ambição está dentro de todos. Para uns, a educação é a maior influência. Para outros, é um sentimento inerente ao ser humano e depende apenas de autoconhecimento para vir à tona. A única certeza é que quem opta por ficar numa zona de conforto, sem enfrentar desafios, acaba jogado de um lado para o outro, sem tomar as rédeas da própria vida. As circunstâncias acabam por definir o futuro. E aí é mais cômodo culpar o destino, a sorte ou terceiros pelas mazelas.
“Quem pensa assim desconsidera que os vencedores estudaram muito, foram atrás, deram a cara para bater", diz a psicóloga Maria de Lurdes Damião, mestre em gestão de pessoas. O ambicioso incomoda, antes de mais nada, os acomodados, que, em vez de se mexerem, preferem criticar.
(Suzane G. Frutuoso. www.istoe.com.br. 12.02.2010. Adaptado)
E o brasileiro está mais afinado com essas ideias do que o senso comum supõe.
Para que essa frase mantenha o sentido do texto e esteja de acordo com a norma-padrão, deve-se reescrevê-la da seguinte forma:
É sempre a mesma coisa. Primeiro todo o mundo põe um filtro arco-íris no avatar. Depois vem uma onda de gente criticando quem trocou o avatar. Depois vem a onda criticando quem criticou. Em seguida começam a criticar quem criticou os que criticaram. Nesse momento já começaram as ofensas pessoais e já se esqueceu o porquê de ter trocado o avatar, ou trocado o nome para guarani kayowá, ou abraçado qualquer outra causa.
Toda batalha pode ser ridicularizada. Você é contra a homofobia: essa bandeira é fácil, quero ver levantar bandeira contra a transfobia. Você é contra a transfobia: estatisticamente a transfobia afeta muito pouca gente se comparada ao machismo. Você é contra o machismo: mas a mulher está muito mais incluída na sociedade do que os negros. E por aí vai. Você é de esquerda, mas não doa pros pobres? Hipócrita. Ah, você doa pros pobres? Populista. Culpado. Assistencialista.
Cintia Suzuki resumiu bem: “Você coloca um avatar coloridinho, aí não pode porque tem gente passando fome. Aí o governo faz um programa pras pessoas não passarem mais fome, e aí não pode porque é sustentar vagabundo (...). Moral da história: deixa os outros ajudarem quem bem entenderem, já que você não vai ajudar ninguém".
Todo vegetariano diz que a parte difícil de não comer carne não é não comer carne. Chato mesmo é aguentar a reação dos carnívoros: “De onde você tira a proteína? Você tem pena de bicho? Mas de rúcula você não tem pena? E das pessoas que colhem a rúcula, você não tem pena? E dos peruanos que não podem mais comprar quinoa e estão morrendo de fome?"
Quem não faz nada pra mudar o mundo está sempre muito empenhado em provar que a pessoa que faz alguma coisa está errada — melhor seria se usasse essa energia para tentar mudar, de fato, alguma coisa. Como diria minha avó: não quer ajudar, não atrapalha.
Enfim o escândalo chegou ao topo, e novos capítulos ainda serão escritos. Na terça-feira 2 de junho, quatro dias depois de ser reeleito para seu quinto mandato na presidência da Federação Internacional de Futebol (Fifa), o suíço Joseph Blatter convocou a imprensa e renunciou. Sentia, disse, não ter “apoio no mundo futebolístico". O que ele não tem, na verdade, é a distância requerida a alguém na sua posição do lamaçal de corrupção, falcatruas e desvios de dinheiro que engolfou a Fifa nas últimas semanas e já levou sete dirigentes à prisão. A investigação, conduzida pela polícia americana, bateu nos últimos dias em Jérôme Valcke, braço-direito de Blatter, e foi aí que o chefe capitulou. O celebrado padrão Fifa, sabemos agora, esteve ancorado em estruturas corruptas que deixaram um legado nefasto para o Brasil. Um ano depois da Copa, o país do futebol tem estádios vazios, todos construídos a valores inexplicáveis e amargando prejuízos – ao contrário da Fifa, aliás, que amealhou lucro de 16 bilhões de reais com a megafesta de 2014.
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Na oração – Hoje o Lars mostrou habilidades superiores de arqueiro...–, o adjetivo em destaque significa
danos à saúde
Médico de Itapetininga (SP) orienta sobre cuidados com o uso do fone. Dependendo da intensidade os problemas podem ser irreversíveis.
O uso em excesso do fone de ouvido com som alto causa danos à saúde, segundo o médico de Itapetininga (SP), José Otávio Ayres. Ele explica que o sintoma de uma lesão auditiva por exposição a ruído alto é zumbido. “É um alerta que a pessoa está tendo uma perda de audição. Se o zumbido for intermitente, sumir, for temporário, a lesão em parte reverteu. Mas se ele for permanente a lesão provavelmente também é."
O limite de tolerância ao ruído está relacionado ao tempo de uso e à intensidade do som. Quanto mais alto, menos tempo deve-se ficar com o fone. Se estiver a 85 decibéis, por exemplo, é possível ficar 8 horas com o equipamento. Já 100 decibéis desce para uma hora o tempo máximo recomendado de exposição. Com 115 decibéis são apenas 7 minutos.
Para o otorrinolaringologista Ayres, para utilizar os fones é preciso ter bom senso. “Não escutar com o volume muito alto, escutar no menor possível que ele seja capaz de compreender. E não fazê-lo por muito tempo seguido, ter horas de descanso."
Os fones em formato de concha são mais recomendados do que aqueles posicionados no interior do ouvido, de acordo com o médico. Esses maiores vedam o som ambiente e impedem o externo. Mas independentemente do formato ou da cor é preciso então se preocupar com os efeitos a longo prazo que os fones podem trazer.
O DJ Michel Max depende dos fones, são horas de trabalho com o som alto nos ouvidos. Além disso, quando não está em eventos e baladas está no estúdio. “Única coisa que eu percebo geralmente é quando acaba o evento e na hora de dormir que eu percebo um pouco de zumbido, um incômodo, mas no outro dia está normal", conta.
O cantor João Hernani também usa os fones na hora de gravar as músicas e até mesmo no palco quando se apresenta pra se comunicar com a produção. “Deixo alto porque a gente tem uma cozinha com a bateria atrás, e a gente precisa ouvir muito bem a voz para gente poder cantar sem forçar", explica.
Já o Professor José Ricardo Favoretto costuma ouvir músicas na hora de malhar, ele diz que ajuda no desempenho. “Sempre que você está fazendo um exercício, às vezes uma série mais pesada que você precisa de um pouco mais de energia, normalmente o som ajuda. Eu tenho preocupação, sei que com o som muito alto os danos aos ouvidos são irreversíveis."
O Desaparecido
Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar, com um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro de mim.
Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica muito antiga num dia sem assunto, uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico. Olho-me no espelho e percebo que estou envelhecendo rápida e definitivamente; com esses cabelos brancos parece que não vou morrer, apenas minha imagem vai-se apagando, vou ficando menos nítido, estou parecendo um desses clichês sempre feitos com fotografias antigas que os jornais publicam de um desaparecido que a família procura em vão.
Sim, eu sou um desaparecido cuja esmaecida, inútil foto se publica num canto de uma página interior de jornal, eu sou o irreconhecível, irrecuperável desaparecido que não aparecerá mais nunca, mas só tu sabes que em alguma distante esquina de uma não lembrada cidade estará de pé um homem perplexo, pensando em ti, pensando teimosamente, docemente em ti, meu amor.
BRAGA, Rubem. A Traição das Elegantes . Rio de Janeiro:
Editora Sabiá. 1969, p. 112.