Questões de Concurso Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português

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Q2347873 Português
Leia o texto a seguir:


Nações fecham acordo na COP28 para transição para longe dos combustíveis fósseis


Representantes de quase 200 países concordaram na cimeira do clima COP28, nesta quarta-feira (13), em começar a reduzir o consumo global de combustíveis fósseis para evitar o pior das alterações climáticas, um acordo inédito que sinaliza o eventual fim da era do petróleo.

O acordo fechado em Dubai, após duas semanas de negociações árduas, tinha como objetivo enviar um sinal poderoso a investidores e formuladores de políticas de que o mundo está unido em seu desejo de romper com os combustíveis fósseis, algo que os cientistas dizem ser a última melhor esperança para evitar uma catástrofe climática.

O presidente da COP28, Sultan Al Jaber, chamou o acordo de "histórico", mas acrescentou que seu verdadeiro sucesso será em sua implementação.

"Somos o que fazemos, não o que dizemos", disse ele ao plenário lotado na cúpula. "Devemos tomar as medidas necessárias para transformar este acordo em ações tangíveis."

Vários países comemoraram o acordo por realizar algo indescritível em décadas de negociações climáticas.

"É a primeira vez que o mundo se une em torno de um texto tão claro sobre a necessidade de fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis", disse o ministro das Relações Exteriores da Noruega, Espen Barth Eide.

Mais de 100 países pressionaram duramente por uma linguagem forte no acordo da COP28 para "eliminar gradualmente" o uso de petróleo, gás e carvão, mas enfrentaram forte oposição do grupo de produtores de petróleo liderado pela Arábia Saudita, a Opep, que argumentou que o mundo pode reduzir as emissões sem evitar combustíveis específicos.

Essa batalha levou a cúpula a um dia inteiro para a prorrogação na quarta-feira, e fez com que alguns observadores temessem que as negociações terminassem em um impasse.

Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo controlam quase 80% das reservas provadas de petróleo do mundo, juntamente com cerca de um terço da produção global de petróleo, e seus governos dependem fortemente dessas receitas.

Pequenos Estados insulares vulneráveis ao clima, por sua vez, estavam entre os defensores mais vocais da eliminação gradual dos combustíveis fósseis e tinham o apoio de grandes produtores de petróleo e gás, como Estados Unidos, Canadá e Noruega, juntamente com o bloco da UE e dezenas de outros governos.


Fonte: https://www.jb.com.br/brasil/meio-ambiente/2023/12/1047826-nacoesfecham-acordo-na-cop28-para-transicao-para-longe-dos-combustiveis-fosseis.html. Acesso em: 14 dez. 2023. Excerto. 
Em “Devemos tomar as medidas necessárias para transformar este acordo em ações tangíveis” (4º parágrafo), a palavra destacada poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, por:
Alternativas
Q2347856 Português

Leia o texto a seguir:





Fonte: https://www.saudedoviajante.pr.gov.br/Video-local/10-minutos-contradengue. Acesso em: 14 dez. 2023. 

A frase “Não jogue lixo em terrenos baldios”, a expressão destacada tem o mesmo significado de:
Alternativas
Q2347853 Português

Leia o texto a seguir:





Fonte: https://www.saudedoviajante.pr.gov.br/Video-local/10-minutos-contradengue. Acesso em: 14 dez. 2023. 

Na frase “Não deixe a água da chuva acumulada sobre a laje”, a palavra destacada poderia ser substituída, sem alteração de sentido, por:
Alternativas
Q2347347 Português

Excesso de chuva provoca perda de R$ 20 milhões na

produção agrícola em Abelardo Luz



           A Defesa Civil de Abelardo Luz divulgou nesta quintafeira (16 de novembro de 2023), relatório de perdas elaborado pela Epagri no município em decorrência do excesso de chuva registrado na primeira quinzena de outubro. Levantamento estima perdas de R$ 19,8 milhões para a agricultura local, sendo o cultivo de trigo o mais afetado, com perda estimada em R$ 5,5 milhões na primeira safra.

          Reconhecida como a capital nacional da semente de soja, a safra desta cultura foi a segunda mais afetada, com perdas estimadas em R$ 4,2 milhões. Os cultivos de aveia e milho vem na sequência dos mais afetados, ambos com perdas estimadas em R$ 2,7 milhões. A produção leiteira também irá sentir os impactos da chuva, com perda estimada em R$ 2,2 milhões. Perdas também são estimadas na horticultura e produção de tomate.

         Conforme o relatório, mais de 500 propriedades foram afetadas pelo excesso de chuva, com danos baixos e medianos, numa área total de sete mil hectares. “As culturas de inverno foram mais afetadas, pois estamos em época de colheita, onde houve a diminuição da qualidade do grão e muitos agricultores sequer conseguiram colher. Também há situações onde será necessário refazer o plantio, que acarreta em perda de adubo, semente e do tratamento feito nas lavouras. Esse desequilíbrio climático tem sido bastante prejudicial à agricultura no decorrer do ano”, explica a engenheira agrônoma e extensionista da Epagri, Ana Luiza Meneghini.

       O prefeito Nerci Santin, por sua vez, ressalta que a maior preocupação no momento da Administração Municipal está relacionada ao escoamento dos produtos agrícolas e deslocamento dos agricultores em decorrência dos danos causados pela chuva nas estradas.

         “Desde o primeiro registro de grande volume de chuva já direcionamos nossas equipes da Infraestrutura para realizar serviços emergenciais nos pontos mais afetadas das estradas, onde teve rompimento de bueiros, deslizamentos ou valetas abertas pela enxurrada. Está sendo um serviço contínuo, pois a chuva não tem dado muita trégua”, enfatiza Nerci.

              O Governo Municipal decretou no último dia 18 de outubro situação de emergência nas áreas do município afetadas pela chuva intensa. O relatório completo da estimativa de perdas em função do excesso de chuva está disponível no site da prefeitura de Abelardo Luz ou pode ser solicitado junto a Epagri do município.



Fonte: https://abelardoluz.sc.gov.br/excesso-de-chuva-provoca-perda-de-r20-milhoes-na-producao-agricola-em-abelardo-luz/(adaptado).

No contexto do texto, qual palavra poderia ser um sinônimo adequado para "perdas" (em "relatório de perdas")?
Alternativas
Q2347237 Português
Na frase “O artista estava exultante após concluir o trabalho encomendado.”, qual palavra é um sinônimo da palavra sublinhada?
Alternativas
Q2346869 Português
TENTAÇÃO


(1º§) Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva. Na rua vazia, vibravam as pedras de calor − a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão.


(2º§) Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos. Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú.


(3º§) A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo. Lá vinha ele trotando, à frente da sua dona, arrastando o seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro. A menina abriu os olhos pasmados. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.


(4º§) Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria.


(5º§) Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo. Os pelos de ambos eram curtos, vermelhos. Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se, com urgência, com encabulamento, surpreendidos.


(6º§) No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos − lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes do Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, talvez cedendo à gravidade com que se pediam.


(7º§) Mas ambos eram comprometidos. Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada. A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo.


(8º§) Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina. Mas ele foi mais forte do que ela. Nem uma só vez olhou para trás.


*Glossário: "basset" é um termo de origem francesa "bas" que significa "baixo" ou "anão".

(Clarice Lispector. Escritora brasileira) -

(armazemdetexto.blogspot.com)
Sobre os componentes estruturais do (4º§), marque a alternativa incorreta.
Alternativas
Q2346867 Português
TENTAÇÃO


(1º§) Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva. Na rua vazia, vibravam as pedras de calor − a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão.


(2º§) Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos. Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú.


(3º§) A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo. Lá vinha ele trotando, à frente da sua dona, arrastando o seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro. A menina abriu os olhos pasmados. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.


(4º§) Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria.


(5º§) Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo. Os pelos de ambos eram curtos, vermelhos. Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se, com urgência, com encabulamento, surpreendidos.


(6º§) No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos − lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes do Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, talvez cedendo à gravidade com que se pediam.


(7º§) Mas ambos eram comprometidos. Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada. A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo.


(8º§) Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina. Mas ele foi mais forte do que ela. Nem uma só vez olhou para trás.


*Glossário: "basset" é um termo de origem francesa "bas" que significa "baixo" ou "anão".

(Clarice Lispector. Escritora brasileira) -

(armazemdetexto.blogspot.com)
Sobre a estrutura do período: "E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos − lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne", analise as assertivas com V (Verdadeiro) ou F (Falso):

(   )A expressão: "E no meio" exerce função sintática de adjunto adverbial de lugar.
(   )O particípio verbal adjetivado: "trotadas" exerce função sintática de predicativo do sujeito.
(   )A frase nominal: "de tantos cães maiores" está escrita com o antônimo de "menores".
(   )A oração: "como se fora carne de sua ruiva carne" − está escrita com a conjunção subordinativa comparativa.

Marque a alternativa com a série correta.
Alternativas
Q2346641 Português
Entre as frases a seguir, assinale a que mostra um termo sublinhado que, como hiperônimo, retoma um termo anterior. 
Alternativas
Q2346615 Português
“A língua falada é hesitante, interrompida, redundante, não planejada, fragmentada, incompleta, pouco elaborada, com pouca densidade informacional, frases curtas e simples. Vamos falando e criando ao mesmo tempo. Outra especificidade são o tá? e o né? sempre no final das frases.”
(CASTILHO, Ataliba T. de e Vanda Maria ELIAS. 2012. Pequena Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto.)
A partir do texto é possível concluir que:
Alternativas
Q2346551 Português
Leia, com atenção, o texto 01 e, a seguir, responda à questão, que a ele se refere.

Texto 01 





Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/12665/das-vantagens-de-ser-bobo. Acesso em: 9 out. 2023. 
De acordo com o texto, as pessoas ditas “bobas” são
I. ambiciosas.
II. criativas.
III. serenas.
IV. amorosas.
V. pretenciosas.
Estão CORRETOS os itens
Alternativas
Q2346257 Português
         Sucuri, cascavel, coral, caninana. O Brasil é um país com uma grande diversidade de cobras. Sejam elas venenosas ou não, de uma mesma cor ou de cores diferentes, há muitas pessoas que temem cruzar o caminho desses répteis.
        De todas as cobras, o título de “campeã” de picadas de pessoas no Brasil pertence à jararaca, segundo informações do Instituto Butantan, instituição de pesquisa sediada na cidade de São Paulo. No país, 69,3% dos acidentes envolvendo serpentes no país são de picada de jararaca — considerando só o estado de São Paulo, o número chega a 90% dos casos.
      A jararaca tem padrão de cor que varia de cobra para cobra, abrangendo “tons marrons escuros ou claros, verdes, acinzentados ou amarelos”, informa o Butantan. O animal apresenta também manchas geralmente mais escuras na lateral do corpo.
       Essa cobra pode ser encontrada da Bahia ao Rio Grande do Sul, normalmente em áreas de Mata Atlântica, além de regiões da Argentina e do Paraguai que fazem fronteira com o Brasil.
      O efeito do veneno da jararaca muda conforme a idade do réptil. Nos exemplares juvenis, tem ação anticoagulante. Já no caso de jararacas adultas, a ação inflamatória é mais intensa.
      Os casos de picadas de cobra no mundo todo têm tanta relevância no impacto que causam às populações dos mais diversos países que o dia 19 de setembro foi escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a data oficial do Dia Internacional de Atenção aos Acidentes Ofídicos.
      De acordo com a OMS, a cada ano, aproximadamente 5 milhões de pessoas são picadas por cobras e serpentes no mundo todo e mais de 130 mil delas morrem em decorrência do envenenamento causado por esses ataques. Outras 400 mil vítimas podem ficar com sequelas decorrentes das picadas.
     Somente na região das Américas, estima-se que 57 mil pessoas por ano sejam mordidas por serpentes venenosas, com uma taxa de letalidade de 0,6%. No entanto, estima-se que esses números sejam ainda subnotificados, já que muitos casos sequer são reportados às autoridades médicas.

(Fonte: National Geographic Brasil — adaptado.)
No 6º parágrafo, a palavra “relevância” pode ser substituída, sem que haja alteração no sentido da frase, por:
Alternativas
Q2346159 Português
Analisar as duas frases abaixo:

I. Não, corra! II. Não corra!

É CORRETO afirmar que as duas frases têm:
Alternativas
Q2346155 Português
Quanta água se deve tomar durante uma onda de calor?

         A pergunta sobre quantos litros de água se deve beber por dia, de acordo com a ciência, é daquelas que vai e volta ____ mente das pessoas, em especial nos dias de calor, quando a sede aperta.
         Apesar de não haver uma quantidade mínima absoluta estipulada, como reforça a Organização Mundial da Saúde (OMS) – já que o número de litros ingerido por pessoa varia por diversos fatores – o recomendado pela entidade é que homens devem beber cerca de 3,2 litros por dia e mulheres 2,7 litros de água diariamente.
        Mas e quando o indivíduo está enfrentando uma onda de calor com temperaturas chegando aos 40°C (ou até passando deles) e uma sensação térmica escaldante: ____ recomendação de ingestão de água muda?
         De acordo com a nutricionista Thaís Regina Barca de Moraes, além da quantidade diária recomendada para cada pessoa, em dias de muito calor vale ficar atento a possíveis sintomas de desidratação para saber se é preciso ingerir ainda mais líquidos.
       “Boca seca, pele mais ressecada, uma sensação de fraqueza, fadiga ou tontura indicam que é necessário consumir mais água”, enfatiza a médica. “Essa água deve ser tomada de forma fracionada ao longo do dia para que ____ pessoa não beba muito de uma vez e depois fique horas sem tomar nada. Isso ajuda o corpo a ficar hidratado ao longo do dia”, completa.
        Em geral, a nutricionista indica que cada pessoa deve tomar água de uma em uma hora, em especial nos períodos de calor excessivo, ingerindo cerca de 200 a 300 ml por vez. “Já quem pratica esportes precisa se hidratar antes, durante e depois do exercício”, afirma.


(Fonte: National Geographic — adaptado.)
Assinalar a alternativa que pode substituir a palavra sublinhada em “[...] uma sensação térmica escaldante.”, sem alterar seu sentido:
Alternativas
Q2346060 Português
Escola pública no interior do Ceará ganha
prêmio de melhor do mundo com projeto de
saúde mental.

        Um projeto criado para dar suporte a alunos com dificuldades emocionais em decorrência da pandemia de Covid-19 rendeu reconhecimento internacional a uma escola pública do Ceará. Localizada na cidade Carnaubal, na Serra da Ibiapaba, no interior do Estado, a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Joaquim Bastos Gonçalves foi eleita vencedora do World’s Best School Prizes 2023 (Prêmio Melhores Escolas do Mundo, em português) na categoria “Apoiando Vidas Saudáveis” com a iniciativa “Adote um estudante”. O resultado foi anunciado na manhã deste sábado (4). 

        Na unidade, o clima foi de comemoração e entusiasmo. Para acompanhar o resultado da premiação, a comunidade escolar se reuniu na instituição. A premiação, criada em 2022 pela plataforma britânica T4 Education, com apoio de Fundação Lemann, contempla cinco categorias: “Ação Ambiental”, “Apoiando Vidas Saudáveis”, “Colaboração Comunitária”, “Inovação” e “Superação de Adversidades”. Cada vencedor recebe US$ 50 mil, o equivalente a R$ 250 mil.

        Neste ano, 108 países participaram da competição. A escola cearense concorreu com a Cardiff Sixth Form College, de Cardiff (País de Gales), e com a IMG Academy, de Bradenton, Flórida (EUA), na categoria “Apoiando Vidas Saudáveis”.

        Ao saber do resultado, o diretor da unidade cearense, Helton Sousa, agradeceu à comunidade escolar e destacou como estão felizes pessoalmente e profisionalmente. O agradecimento especial, destacou ele, foi direcionado ao professor Guilherme Barroso e à professora Erivane, realizadores do projeto agraciado. De acordo com Helton, o desejo é de ampliação da iniciativa cujo foco é a saúde mental. "Precisamos cuidar do nossos jovens", enfatizou.

        Além disso, as 15 escolas finalistas participaram de uma votação pública na disputa pelo novo prêmio “Escolha da Comunidade”. A vencedora foi outra instituição brasileira: a Escola Municipal (EM) Professor Edson Pisani, de Belo Horizonte (MG), que concorreu pela categoria “Colaboração Comunitária” com o projeto “Mais favela, menos lixo”.

        Com isso, a escola mineira passa a integrar o novo programa da T4 Education, o Best School to Work (Melhor Escola para Trabalhar, em português), criado para certificar escolas por sua cultura e ajudá-las a transformar seu ambiente de trabalho para atrair e reter os melhores professores.

Fonte: Escola pública no interior do Ceará ganha prêmio de melhor do mundo com projeto de saúde mental - Ceará - Diário do Nordeste (verdesmares.com.br)

Assinale a alternativa que apresente um sinônimo adequado, no contexto do texto, para o termo em destaque no período: “Um projeto criado para dar suporte a alunos com dificuldades emocionais em decorrência da pandemia de Covid-19 rendeu reconhecimento internacional a uma escola pública do Ceará”.
Alternativas
Q2345962 Português
Os amantes 

    Nos dois primeiros dias, sempre que o telefone tocava, um de nós esboçava um movimento, um gesto de quem vai atender. Mas o movimento era cortado no ar. Ficávamos imóveis, ouvindo a campainha bater, silenciar, bater outra vez. Havia um certo susto, como se aquele trinado repetido fosse uma acusação, um gesto agudo nos apontando.
    Era preciso que ficássemos imóveis, talvez respirando com mais cuidado, até que o aparelho silenciasse. Então tínhamos um suspiro de alívio. Havíamos vencido mais uma vez os nossos inimigos. Nossos inimigos eram toda a população da cidade imensa, que transitava lá fora nos veículos dos quais nos chegava apenas um ruído distante de motores, a sinfonia abafada das buzinas, às vezes o ruído do elevador.
    Sabíamos quando alguém parava o elevador em nosso andar; tínhamos o ouvido apurado, pressentíamos os passos na escada antes que eles se aproximassem. A sala da frente estava sempre de luz apagada. Sentíamos, lá fora, o emissário do inimigo. Esperávamos quietos. Um segundo, dois – e a campainha da porta batia, alto, rascante. Ali, a dois metros, atrás da porta escura, estava respirando e esperando um inimigo. Se abríssemos, ele – fosse quem fosse – nos lançaria um olhar, diria alguma coisa – e então o nosso mundo seria invadido.
    No segundo dia ainda hesitamos; mas resolvemos deixar que o pão e o leite ficassem lá fora; o jornal era remetido por baixo da porta, mas nenhum de nós o recolhia. Nossas provisões eram pequenas; no terceiro dia já tomávamos café sem açúcar, no quarto a despensa estava praticamente vazia. No apartamento mal iluminado íamos emagrecendo de felicidade. Devíamos estar ficando pálidos, e às vezes, unidos, olhos nos olhos, nos perguntávamos se tudo não era um sonho.
   O relógio parara, havia apenas aquela tênue claridade que vinha das janelas sempre fechadas. Mais tarde essa luz do dia distante, do dia dos outros, ia se perdendo, e então era apenas uma pequena lâmpada no chão que projetava nossas sombras nas paredes do quarto e vagamente escoava pelo corredor, lançava ainda uma penumbra confusa na sala, onde não íamos mais. Pouco falávamos: se o inimigo estivesse escutando às nossas portas, mal ouviria vagos murmúrios; e a nossa felicidade imensa era ponteada de alegrias menores e inocentes, a água forte e grossa do chuveiro, a fartura festiva de toalhas limpas, de lençóis de linho.
    O mundo ia pouco a pouco desistindo de nós; o telefone batia menos e a campainha da porta quase nunca. Ah, nós tínhamos vindo de muito e muito amargor, muita hesitação, longa tortura e remorso; agora a vida era nós dois apenas. Sabíamos estar condenados; os inimigos, os outros, o resto da população do mundo nos esperava para lançar olhares, dizer coisas, ferir com maldade ou tristeza o nosso mundo, nosso pequeno mundo que ainda podíamos defender um dia ou dois, nosso mundo trêmulo de felicidade, sonâmbulo, irreal, fechado, e tão louco e tão bobo e tão bom como nunca mais haverá.
    No sexto dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares edifícios – que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho? Entretanto, a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar.
    O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar: e assim três, quatro vezes sucessivas. Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro.
    Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante. Eu sentia dentro de mim, doce, essa espécie de saturação boa, como um veneno que tonteia, como se os meus cabelos já tivessem o cheiro de seus cabelos, como se o cheiro de sua pele tivesse entrado na minha.
    Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor, eles tendiam a se parecer no mesmo repetido jogo lânguido, e uma vez que, sentado de frente para a janela, por onde filtrava um eco pálido de luz, eu a contemplava tão pura e nua, ela disse: “Meu Deus, seus olhos estão esverdeando”. Nossas palavras baixas eram murmuradas pela mesma voz, nossos gestos eram parecidos e integrados, como se o amor fosse um longo ensaio para que um movimento chamasse outro; inconscientemente compúnhamos esse jogo de um ritmo imperceptível como um lento bailado.
    Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza; resolvi sair, era preciso dar uma escapada para obter víveres; vesti-me, lentamente, calcei os sapatos como quem faz algo de estranho; que horas seriam? Quando cheguei à rua e olhei, com um vago temor, um sol extraordinariamente claro me bateu nos olhos, na cara, desceu pela minha roupa, senti vagamente que aquecia meus sapatos.
    Fiquei um instante parado, encostado à parede, olhando aquele movimento sem sentido, aquelas pessoas e veículos irreais que se cruzavam; tive uma tonteira, e uma sensação dolorosa no estômago. Havia um grande caminhão vendendo uvas, pequenas uvas escuras; comprei cinco quilos, o homem fez um grande embrulho; voltei, carregando aquele embrulho de encontro ao peito, como se fosse a minha salvação. 
    E levei dois, três minutos, na sala de janelas absurdamente abertas, diante de um desconhecido, para compreender que o milagre se acabara; alguém viera e batera à porta e ela abrira pensando que fosse eu, e então já havia também o carteiro querendo recibo de uma carta registrada e, quando o telefone bateu, foi preciso atender, e nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre – senti que ela me disse isto num instante, num olhar entretanto lento (achei seus olhos muito claros, há muito tempo que não os via assim, em plena luz) um olhar de apelo e de tristeza, onde, entretanto, ainda havia uma inútil, resignada esperança.

(Disponível em: 200 crônicas escolhidas: as melhores de Rubem Braga. Record. 1977.) 
No trecho “Nossas provisões eram pequenas; no terceiro dia tomávamos café sem açúcar, no quarto a despensa estava praticamente vazia.” (4º§), o termo sublinhado expressa, no contexto, a ideia de 
Alternativas
Q2345960 Português
Os amantes 

    Nos dois primeiros dias, sempre que o telefone tocava, um de nós esboçava um movimento, um gesto de quem vai atender. Mas o movimento era cortado no ar. Ficávamos imóveis, ouvindo a campainha bater, silenciar, bater outra vez. Havia um certo susto, como se aquele trinado repetido fosse uma acusação, um gesto agudo nos apontando.
    Era preciso que ficássemos imóveis, talvez respirando com mais cuidado, até que o aparelho silenciasse. Então tínhamos um suspiro de alívio. Havíamos vencido mais uma vez os nossos inimigos. Nossos inimigos eram toda a população da cidade imensa, que transitava lá fora nos veículos dos quais nos chegava apenas um ruído distante de motores, a sinfonia abafada das buzinas, às vezes o ruído do elevador.
    Sabíamos quando alguém parava o elevador em nosso andar; tínhamos o ouvido apurado, pressentíamos os passos na escada antes que eles se aproximassem. A sala da frente estava sempre de luz apagada. Sentíamos, lá fora, o emissário do inimigo. Esperávamos quietos. Um segundo, dois – e a campainha da porta batia, alto, rascante. Ali, a dois metros, atrás da porta escura, estava respirando e esperando um inimigo. Se abríssemos, ele – fosse quem fosse – nos lançaria um olhar, diria alguma coisa – e então o nosso mundo seria invadido.
    No segundo dia ainda hesitamos; mas resolvemos deixar que o pão e o leite ficassem lá fora; o jornal era remetido por baixo da porta, mas nenhum de nós o recolhia. Nossas provisões eram pequenas; no terceiro dia já tomávamos café sem açúcar, no quarto a despensa estava praticamente vazia. No apartamento mal iluminado íamos emagrecendo de felicidade. Devíamos estar ficando pálidos, e às vezes, unidos, olhos nos olhos, nos perguntávamos se tudo não era um sonho.
   O relógio parara, havia apenas aquela tênue claridade que vinha das janelas sempre fechadas. Mais tarde essa luz do dia distante, do dia dos outros, ia se perdendo, e então era apenas uma pequena lâmpada no chão que projetava nossas sombras nas paredes do quarto e vagamente escoava pelo corredor, lançava ainda uma penumbra confusa na sala, onde não íamos mais. Pouco falávamos: se o inimigo estivesse escutando às nossas portas, mal ouviria vagos murmúrios; e a nossa felicidade imensa era ponteada de alegrias menores e inocentes, a água forte e grossa do chuveiro, a fartura festiva de toalhas limpas, de lençóis de linho.
    O mundo ia pouco a pouco desistindo de nós; o telefone batia menos e a campainha da porta quase nunca. Ah, nós tínhamos vindo de muito e muito amargor, muita hesitação, longa tortura e remorso; agora a vida era nós dois apenas. Sabíamos estar condenados; os inimigos, os outros, o resto da população do mundo nos esperava para lançar olhares, dizer coisas, ferir com maldade ou tristeza o nosso mundo, nosso pequeno mundo que ainda podíamos defender um dia ou dois, nosso mundo trêmulo de felicidade, sonâmbulo, irreal, fechado, e tão louco e tão bobo e tão bom como nunca mais haverá.
    No sexto dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares edifícios – que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho? Entretanto, a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar.
    O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar: e assim três, quatro vezes sucessivas. Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro.
    Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante. Eu sentia dentro de mim, doce, essa espécie de saturação boa, como um veneno que tonteia, como se os meus cabelos já tivessem o cheiro de seus cabelos, como se o cheiro de sua pele tivesse entrado na minha.
    Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor, eles tendiam a se parecer no mesmo repetido jogo lânguido, e uma vez que, sentado de frente para a janela, por onde filtrava um eco pálido de luz, eu a contemplava tão pura e nua, ela disse: “Meu Deus, seus olhos estão esverdeando”. Nossas palavras baixas eram murmuradas pela mesma voz, nossos gestos eram parecidos e integrados, como se o amor fosse um longo ensaio para que um movimento chamasse outro; inconscientemente compúnhamos esse jogo de um ritmo imperceptível como um lento bailado.
    Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza; resolvi sair, era preciso dar uma escapada para obter víveres; vesti-me, lentamente, calcei os sapatos como quem faz algo de estranho; que horas seriam? Quando cheguei à rua e olhei, com um vago temor, um sol extraordinariamente claro me bateu nos olhos, na cara, desceu pela minha roupa, senti vagamente que aquecia meus sapatos.
    Fiquei um instante parado, encostado à parede, olhando aquele movimento sem sentido, aquelas pessoas e veículos irreais que se cruzavam; tive uma tonteira, e uma sensação dolorosa no estômago. Havia um grande caminhão vendendo uvas, pequenas uvas escuras; comprei cinco quilos, o homem fez um grande embrulho; voltei, carregando aquele embrulho de encontro ao peito, como se fosse a minha salvação. 
    E levei dois, três minutos, na sala de janelas absurdamente abertas, diante de um desconhecido, para compreender que o milagre se acabara; alguém viera e batera à porta e ela abrira pensando que fosse eu, e então já havia também o carteiro querendo recibo de uma carta registrada e, quando o telefone bateu, foi preciso atender, e nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre – senti que ela me disse isto num instante, num olhar entretanto lento (achei seus olhos muito claros, há muito tempo que não os via assim, em plena luz) um olhar de apelo e de tristeza, onde, entretanto, ainda havia uma inútil, resignada esperança.

(Disponível em: 200 crônicas escolhidas: as melhores de Rubem Braga. Record. 1977.) 
No trecho “Sentíamos, lá fora, o emissário do inimigo. Esperávamos quietos. Um segundo, dois – e a campainha da porta batia, alto, rascante.” (3º§), a palavra destacada pode ser substituída, sem perda semântica, por 
Alternativas
Q2345957 Português
Os amantes 

    Nos dois primeiros dias, sempre que o telefone tocava, um de nós esboçava um movimento, um gesto de quem vai atender. Mas o movimento era cortado no ar. Ficávamos imóveis, ouvindo a campainha bater, silenciar, bater outra vez. Havia um certo susto, como se aquele trinado repetido fosse uma acusação, um gesto agudo nos apontando.
    Era preciso que ficássemos imóveis, talvez respirando com mais cuidado, até que o aparelho silenciasse. Então tínhamos um suspiro de alívio. Havíamos vencido mais uma vez os nossos inimigos. Nossos inimigos eram toda a população da cidade imensa, que transitava lá fora nos veículos dos quais nos chegava apenas um ruído distante de motores, a sinfonia abafada das buzinas, às vezes o ruído do elevador.
    Sabíamos quando alguém parava o elevador em nosso andar; tínhamos o ouvido apurado, pressentíamos os passos na escada antes que eles se aproximassem. A sala da frente estava sempre de luz apagada. Sentíamos, lá fora, o emissário do inimigo. Esperávamos quietos. Um segundo, dois – e a campainha da porta batia, alto, rascante. Ali, a dois metros, atrás da porta escura, estava respirando e esperando um inimigo. Se abríssemos, ele – fosse quem fosse – nos lançaria um olhar, diria alguma coisa – e então o nosso mundo seria invadido.
    No segundo dia ainda hesitamos; mas resolvemos deixar que o pão e o leite ficassem lá fora; o jornal era remetido por baixo da porta, mas nenhum de nós o recolhia. Nossas provisões eram pequenas; no terceiro dia já tomávamos café sem açúcar, no quarto a despensa estava praticamente vazia. No apartamento mal iluminado íamos emagrecendo de felicidade. Devíamos estar ficando pálidos, e às vezes, unidos, olhos nos olhos, nos perguntávamos se tudo não era um sonho.
   O relógio parara, havia apenas aquela tênue claridade que vinha das janelas sempre fechadas. Mais tarde essa luz do dia distante, do dia dos outros, ia se perdendo, e então era apenas uma pequena lâmpada no chão que projetava nossas sombras nas paredes do quarto e vagamente escoava pelo corredor, lançava ainda uma penumbra confusa na sala, onde não íamos mais. Pouco falávamos: se o inimigo estivesse escutando às nossas portas, mal ouviria vagos murmúrios; e a nossa felicidade imensa era ponteada de alegrias menores e inocentes, a água forte e grossa do chuveiro, a fartura festiva de toalhas limpas, de lençóis de linho.
    O mundo ia pouco a pouco desistindo de nós; o telefone batia menos e a campainha da porta quase nunca. Ah, nós tínhamos vindo de muito e muito amargor, muita hesitação, longa tortura e remorso; agora a vida era nós dois apenas. Sabíamos estar condenados; os inimigos, os outros, o resto da população do mundo nos esperava para lançar olhares, dizer coisas, ferir com maldade ou tristeza o nosso mundo, nosso pequeno mundo que ainda podíamos defender um dia ou dois, nosso mundo trêmulo de felicidade, sonâmbulo, irreal, fechado, e tão louco e tão bobo e tão bom como nunca mais haverá.
    No sexto dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares edifícios – que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho? Entretanto, a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar.
    O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar: e assim três, quatro vezes sucessivas. Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro.
    Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante. Eu sentia dentro de mim, doce, essa espécie de saturação boa, como um veneno que tonteia, como se os meus cabelos já tivessem o cheiro de seus cabelos, como se o cheiro de sua pele tivesse entrado na minha.
    Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor, eles tendiam a se parecer no mesmo repetido jogo lânguido, e uma vez que, sentado de frente para a janela, por onde filtrava um eco pálido de luz, eu a contemplava tão pura e nua, ela disse: “Meu Deus, seus olhos estão esverdeando”. Nossas palavras baixas eram murmuradas pela mesma voz, nossos gestos eram parecidos e integrados, como se o amor fosse um longo ensaio para que um movimento chamasse outro; inconscientemente compúnhamos esse jogo de um ritmo imperceptível como um lento bailado.
    Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza; resolvi sair, era preciso dar uma escapada para obter víveres; vesti-me, lentamente, calcei os sapatos como quem faz algo de estranho; que horas seriam? Quando cheguei à rua e olhei, com um vago temor, um sol extraordinariamente claro me bateu nos olhos, na cara, desceu pela minha roupa, senti vagamente que aquecia meus sapatos.
    Fiquei um instante parado, encostado à parede, olhando aquele movimento sem sentido, aquelas pessoas e veículos irreais que se cruzavam; tive uma tonteira, e uma sensação dolorosa no estômago. Havia um grande caminhão vendendo uvas, pequenas uvas escuras; comprei cinco quilos, o homem fez um grande embrulho; voltei, carregando aquele embrulho de encontro ao peito, como se fosse a minha salvação. 
    E levei dois, três minutos, na sala de janelas absurdamente abertas, diante de um desconhecido, para compreender que o milagre se acabara; alguém viera e batera à porta e ela abrira pensando que fosse eu, e então já havia também o carteiro querendo recibo de uma carta registrada e, quando o telefone bateu, foi preciso atender, e nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre – senti que ela me disse isto num instante, num olhar entretanto lento (achei seus olhos muito claros, há muito tempo que não os via assim, em plena luz) um olhar de apelo e de tristeza, onde, entretanto, ainda havia uma inútil, resignada esperança.

(Disponível em: 200 crônicas escolhidas: as melhores de Rubem Braga. Record. 1977.) 
Adjetivo é toda palavra que caracteriza o substantivo, indicando-lhe qualidade, defeito, estado, condição etc. A palavra sublinhada no trecho textual que não exprime qualidade é: 
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Q2345952 Português
Os amantes 

    Nos dois primeiros dias, sempre que o telefone tocava, um de nós esboçava um movimento, um gesto de quem vai atender. Mas o movimento era cortado no ar. Ficávamos imóveis, ouvindo a campainha bater, silenciar, bater outra vez. Havia um certo susto, como se aquele trinado repetido fosse uma acusação, um gesto agudo nos apontando.
    Era preciso que ficássemos imóveis, talvez respirando com mais cuidado, até que o aparelho silenciasse. Então tínhamos um suspiro de alívio. Havíamos vencido mais uma vez os nossos inimigos. Nossos inimigos eram toda a população da cidade imensa, que transitava lá fora nos veículos dos quais nos chegava apenas um ruído distante de motores, a sinfonia abafada das buzinas, às vezes o ruído do elevador.
    Sabíamos quando alguém parava o elevador em nosso andar; tínhamos o ouvido apurado, pressentíamos os passos na escada antes que eles se aproximassem. A sala da frente estava sempre de luz apagada. Sentíamos, lá fora, o emissário do inimigo. Esperávamos quietos. Um segundo, dois – e a campainha da porta batia, alto, rascante. Ali, a dois metros, atrás da porta escura, estava respirando e esperando um inimigo. Se abríssemos, ele – fosse quem fosse – nos lançaria um olhar, diria alguma coisa – e então o nosso mundo seria invadido.
    No segundo dia ainda hesitamos; mas resolvemos deixar que o pão e o leite ficassem lá fora; o jornal era remetido por baixo da porta, mas nenhum de nós o recolhia. Nossas provisões eram pequenas; no terceiro dia já tomávamos café sem açúcar, no quarto a despensa estava praticamente vazia. No apartamento mal iluminado íamos emagrecendo de felicidade. Devíamos estar ficando pálidos, e às vezes, unidos, olhos nos olhos, nos perguntávamos se tudo não era um sonho.
   O relógio parara, havia apenas aquela tênue claridade que vinha das janelas sempre fechadas. Mais tarde essa luz do dia distante, do dia dos outros, ia se perdendo, e então era apenas uma pequena lâmpada no chão que projetava nossas sombras nas paredes do quarto e vagamente escoava pelo corredor, lançava ainda uma penumbra confusa na sala, onde não íamos mais. Pouco falávamos: se o inimigo estivesse escutando às nossas portas, mal ouviria vagos murmúrios; e a nossa felicidade imensa era ponteada de alegrias menores e inocentes, a água forte e grossa do chuveiro, a fartura festiva de toalhas limpas, de lençóis de linho.
    O mundo ia pouco a pouco desistindo de nós; o telefone batia menos e a campainha da porta quase nunca. Ah, nós tínhamos vindo de muito e muito amargor, muita hesitação, longa tortura e remorso; agora a vida era nós dois apenas. Sabíamos estar condenados; os inimigos, os outros, o resto da população do mundo nos esperava para lançar olhares, dizer coisas, ferir com maldade ou tristeza o nosso mundo, nosso pequeno mundo que ainda podíamos defender um dia ou dois, nosso mundo trêmulo de felicidade, sonâmbulo, irreal, fechado, e tão louco e tão bobo e tão bom como nunca mais haverá.
    No sexto dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares edifícios – que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho? Entretanto, a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar.
    O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar: e assim três, quatro vezes sucessivas. Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro.
    Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante. Eu sentia dentro de mim, doce, essa espécie de saturação boa, como um veneno que tonteia, como se os meus cabelos já tivessem o cheiro de seus cabelos, como se o cheiro de sua pele tivesse entrado na minha.
    Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor, eles tendiam a se parecer no mesmo repetido jogo lânguido, e uma vez que, sentado de frente para a janela, por onde filtrava um eco pálido de luz, eu a contemplava tão pura e nua, ela disse: “Meu Deus, seus olhos estão esverdeando”. Nossas palavras baixas eram murmuradas pela mesma voz, nossos gestos eram parecidos e integrados, como se o amor fosse um longo ensaio para que um movimento chamasse outro; inconscientemente compúnhamos esse jogo de um ritmo imperceptível como um lento bailado.
    Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza; resolvi sair, era preciso dar uma escapada para obter víveres; vesti-me, lentamente, calcei os sapatos como quem faz algo de estranho; que horas seriam? Quando cheguei à rua e olhei, com um vago temor, um sol extraordinariamente claro me bateu nos olhos, na cara, desceu pela minha roupa, senti vagamente que aquecia meus sapatos.
    Fiquei um instante parado, encostado à parede, olhando aquele movimento sem sentido, aquelas pessoas e veículos irreais que se cruzavam; tive uma tonteira, e uma sensação dolorosa no estômago. Havia um grande caminhão vendendo uvas, pequenas uvas escuras; comprei cinco quilos, o homem fez um grande embrulho; voltei, carregando aquele embrulho de encontro ao peito, como se fosse a minha salvação. 
    E levei dois, três minutos, na sala de janelas absurdamente abertas, diante de um desconhecido, para compreender que o milagre se acabara; alguém viera e batera à porta e ela abrira pensando que fosse eu, e então já havia também o carteiro querendo recibo de uma carta registrada e, quando o telefone bateu, foi preciso atender, e nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre – senti que ela me disse isto num instante, num olhar entretanto lento (achei seus olhos muito claros, há muito tempo que não os via assim, em plena luz) um olhar de apelo e de tristeza, onde, entretanto, ainda havia uma inútil, resignada esperança.

(Disponível em: 200 crônicas escolhidas: as melhores de Rubem Braga. Record. 1977.) 
Em relação ao significado das palavras empregadas no texto, apenas uma NÃO está correta; assinale-a.  
Alternativas
Q2345801 Português
Todas as frases a seguir permitem a inferência de um local em que estão inseridas; assinale a frase em que o local indicado está inadequado à frase. 
Alternativas
Q2345620 Português

Texto para o item.



Considerando o texto e os seus aspectos linguísticos, estruturais e de conteúdo, julgue o item.



A preposição “pela”(linha 2), nesse contexto, poderia ser substituída por em defesa da, sem prejuízo ao sentido original do texto.

Alternativas
Respostas
1861: D
1862: D
1863: C
1864: B
1865: B
1866: C
1867: C
1868: C
1869: D
1870: C
1871: B
1872: A
1873: B
1874: B
1875: A
1876: A
1877: D
1878: A
1879: A
1880: C