Questões de Português - Travessão para Concurso

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Q2043206 Português

Texto 1 


A família dos porquês

 A lógica costuma definir três modalidades distintas no uso do termo “porque”: o “porque” causa (“a jarra espatifou-se porque caiu ao chão”); o explicativo (“recusei o doce porque desejo emagrecer”); e o indicador de argumento (“volte logo, você sabe por quê”). O pensamento científico revelou-se uma arma inigualável quando se trata de identificar, expor e demolir os falsos porquês que povoam a imaginação humana desde os tempos imemoriais: as causas imaginárias dos acontecimentos, as pseudoexplicações de toda sorte e os argumentos falaciosos. 

Mas o preço de tudo isso foi uma progressiva clausura ou estreitamento do âmbito do que é ilegítimo indagar. Imagine, por exemplo, o seguinte diálogo. Alguém sob o impacto da morte de uma pessoa especialmente querida está inconformado com a perda e exclama: “Eu não consigo entender, isso não podia ter acontecido, por que não eu? Por que uma criatura tão jovem e cheia de vida morre assim?!”. Um médico solícito entreouve o desabafo no corredor do hospital e responde: “Sinto muito pela perda, mas eu examinei o caso da sua filha e posso dizer-lhe o que houve: ela padecia, ao que tudo indica, de uma má-formação vascular, e foi vítima da ruptura da artéria carótida interna que irriga o lobo temporal direito; ficamos surpresos que ela tenha sobrevivido tantos anos sem que a moléstia se manifestasse”.

A explicação do médico, admita-se, é irretocável; mas seria essa a resposta ao “por quê” do pai inconsolável? Os porquês da ciência são por natureza rasos: mapas, registros e explicações cada vez mais precisas e minuciosas da superfície causal do que acontece. Eles excluem de antemão como ilegítimos os porquês que mais importam. O “porquê” da ciência médica nem sequer arranha o “por quê” do pai. Perguntar “por que os homens estão aqui na face da Terra”, afirma o biólogo francês Jacques Monod, é como perguntar “por que fulano e não beltrano ganhou na loteria”.

No macrocosmo não menos que no microcosmo da vida, as mãos de ferro da necessidade brincam com o copo de dados do acaso por toda a eternidade. Mas, se tudo começa e termina em bioquímica, então por que – e para que – tanto sofrimento?  


In: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo:

Companhia das Letras, 2016. p. 25-26. Adaptado. 

Acerca do emprego dos recursos de pontuação do Texto 1, que também concorrem para a construção dos sentidos do texto, assinale a alternativa correta.  

Alternativas
Q2040853 Português

Fogo: da catástrofe à conservação ambiental


O fogo em vegetação é um fator ecológico que pode ser benéfico ou maléfico, dependendo de como, onde, quando e por que ele ocorre. Se descontrolado, torna-se incêndio florestal e causa destruição; se bem planejado, pode contribuir para a manutenção do clima e conservar a sociobiodivesidade. Assim, o manejo do fogo - que, no Brasil, pode estar prestes a ganhar legislação federal própria - deve considerar as necessidades ambientais e sociais, para reduzir seus efeitos negativos.

O mundo enfrenta incêndios cada vez mais catastróficos, com efeitos severos sobre clima, biodiversidade e pessoas. Esse agravamento dos efeitos negativos do fogo está relacionado às alterações climáticas (ventos mais fortes, regime pluviométrico alterado e temperaturas elevadas), associadas à ampliação das fontes de ignição, provenientes do aumento populacional e da ocupação irregular de novas áreas.

As alterações climáticas tornam a vegetação mais seca - que se torna matéria combustível -, facilitam a propagação do fogo e tornam mais difícil seu combate - mesmo que este último conte com aumento de investimentos financeiros, aporte de pessoal e mais infraestrutura. Além disso, a meta de 'fogo-zero' em vegetação gera um processo de retroalimentação positiva aos incêndios, pois mais combustível fica acumulado no ambiente.

Como exemplo, podem ser citados os incêndios: em Portugal, em 2017; na Austrália, em 2019 e no ano seguinte; no Pantanal brasileiro, em 2020; e na Grécia e Califórnia, em 2021. Em 2022, também não faltaram exemplos ruins: novamente na Califórnia (EUA), na Sibéria, em Chernobyl (Ucrânia) e vários países da Europa.

No Brasil, podemos citar o incêndio que atingiu o Parque Nacional de Brasília, afetando aproximadamente 30% de sua área, e os da Amazônia, onde o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registrou a maior quantidade de focos de calor dos últimos 12 anos.

Situações extremas como essas atingiram vidas humanas, geraram perda de solo fértil, alteraram a qualidade e quantidade de água, bem como aumentaram as emissões de gases de efeito estufa.

É inegável que o medo que o fogo exerce contribui para sua predominante visão negativa. O fogo foi usado indiscriminadamente em guerras, controle e dominação, provocando devastação social e ambiental. O processo de colonização do Brasil iniciou-se em um bioma considerado sensível ao fogo, a Mata Atlântica, no litoral, onde incêndios impactavam bens de consumo e exportação, como lenha, pau-brasil e madeiras de importância naval.

Há, porém, a possibilidade de empregá-lo como uma forma de conservação ambiental embora, claro, seja necessário tomar todo o cuidado e ter certificação de que o uso do fogo é seguro tanto para pessoas quanto para ecossistemas. Dessa forma, não se argumenta em favor de queimadas em qualquer lugar, horário e feitas de qualquer forma, visto que é justamente isso que se busca prevenir por meio do uso do fogo como meio de conservação ambiental.

SILVA, Camila Souza. Et al. Fogo: da catástrofe à conservação ambiental. Ciência hoje. Disponível em: ental ://cienciahoje.org.br/artigo/fogo-da-catastrofe-a-conservacao-ambiental/ Acesso em: 04 nov., 2022.

Associe a segunda coluna, de acordo com a primeira, que relaciona as funções da pontuação com seu emprego no texto "Fogo: da catástrofe à conservação ambiental":
Primeira coluna: função da pontuação
(1) Enumeração
(2) Aposto
(3) Isolamento de conjunção
Segunda coluna: emprego no texto
(__) "Há, porém, a possibilidade de empregá-lo como uma forma de conservação ambiental".
(__) "Podem ser citados os incêndios: em Portugal, em 2017; na Austrália, em 2019 e no ano seguinte; no Pantanal brasileiro, em 2020; e na Grécia e Califórnia, em 2021".
(__) "O manejo do fogo - que, no Brasil, pode estar prestes a ganhar legislação federal própria - deve considerar as necessidades ambientais e sociais".
Assinale a alternativa que apresenta a correta associação entre as colunas: 
Alternativas
Q2040646 Português
Os sinais de pontuação são sinais gráficos empregados na língua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua falada, tais como: entonação, jogo de silêncio, pausas, etc. Nesse sentido, ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de sugerir prolongamento de ideia, emprega-se: 
Alternativas
Q2037251 Português
Leia o trecho abaixo e em seguida responda ao que se pede.
Enfrentando fila em frente a uma agência de emprego no Rio de Janeiro ____ Thaysa dos Santos se diz disposta a aceitar qualquer oferta de emprego ____Como os mais de 13 milhões de desempregados no país ____ ela não pode se dar ao luxo de ser exigente ____ (Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/06/sem-poder-escolher-desempregados-aceitam-qualquer-trabalho-no-brasil.shtml. Data da consulta 30/06/19)
Em sequência a pontuação que completa CORRETAMENTE essas lacunas são:
Alternativas
Q2036687 Português
A uva e o vinho
   Um homem dos vinhedos falou, em agonia, junto ao ouvido de Marcela. Antes de morrer, revelou a ela o segredo:     – A uva – sussurrou – é feita de vinho.     Marcela Pérez-Silva me contou isso, e eu pensei: Se a uva é feita de vinho, talvez a gente seja as palavras que contam o que a gente é.
GALEANO, E. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM, 2003. p. 16.
Quanto à pontuação do texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Respostas
201: A
202: B
203: D
204: A
205: E