Questões de Concurso Comentadas sobre uso da vírgula em português

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Q1243552 Português
Identifique, nas alternativas abaixo, a frase CORRETA quanto à pontuação:
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Q1243385 Português

Organização e Gestão de Eventos

     Em primeiro lugar, a gestão de eventos surgiu como uma profissão que abrangia uma série de atividades diversas antes vistas como áreas distintas. Tais atividades incluem festivais, eventos esportivos, conferências, eventos turísticos e corporativos. Essa mudança gerou a necessidade de uma metodologia que fosse ampla o suficiente para atender a essa grande variedade de tipos de eventos, mas que também fosse flexível o suficiente para abranger ___ necessidades e diferenças individuais.

    Em segundo lugar, os ambientes em que os eventos operam e as expectativas dos participantes se tornaram muito mais complexos e exigentes. Essa mudança levou ___ necessidade de uma metodologia consistente que responda bem às mudanças, além de ser capaz de considerar e gerenciar riscos.

    Em terceiro lugar, o envolvimento dos governos e das empresas em eventos tem aumentado muito, tanto em termos das empresas que montam eventos de seu próprio interesse quanto das empresas e dos governos que investem nos eventos através de patrocínio e doações. Tal mudança gerou a necessidade de sistemas de gestão que fossem capazes de medir e garantir o retorno do investimento.

    A gestão de eventos ainda está evoluindo como indústria e como profissão. Atualmente os eventos são mais essenciais à nossa cultura do que jamais foram. O tempo de lazer maior e a maneira mais cuidadosa de gastar levaram à proliferação de eventos públicos, celebrações e entretenimento. Os governos de hoje apóiam e promovem eventos como parte de suas estratégias para o desenvolvimento econômico, crescimento da nação e marketing de destino. As corporações adotam eventos como elementos essenciais em suas estratégias de marketing e de promoção de imagem, e os eventos transbordam dos nossos jornais e telas de televisão, ocupam muito do nosso tempo e enriquecem nossas vidas. Por isso, ___ medida que os eventos emergem como uma indústria em causa própria, é importante considerar quais os elementos que caracterizam tal indústria.

http://www.administradores.com.br/... - adaptado.

Considerando-se o trecho “Por isso, ___ medida que os eventos emergem como uma indústria em causa própria, é importante considerar quais os elementos que caracterizam tal indústria.”, as vírgulas estão:
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Q1243256 Português
TEXTO II

O que realmente importa mais dentro de nós.
O resto são expectativas alheias 
Rebeca Bedone

[...] É preciso reinventar a vida, apesar das dificuldades.As guerras existem e a morte está por todo lado, como um estado de tristeza. Mas, por mais difícil que possa parecer, 'desaprisionar' a alma é criar um lugar apenas para o nosso preenchimento de vazios. Porque, como disse ou poeta, ou está vazio é um espaço infinito, à espera de novas possibilidades e uma imaginação livre.


Mesmo que nada dura para sempre, a vida continua para os que ficam. E a cada passagem da vida, não somos mais os mesmos. Estamos sempre nos reinventando. Queremos ficar juntos e juntos. Somos momentos de fim e recomeço.Somos o que temos e o que não temos, mas principalmente, somos o que temos ou não para outros. (fragmento)

Fonte: http://goo.gl/oGPPTi
Assinale a resposta CORRETA: No enunciado: “É preciso reinventar a vida, apesar das dificuldades.”, a vírgula foi usada para:
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Q1242664 Português

Analise o uso da vírgula nas orações abaixo:


I. Pedro visitou seus primos, avós, tios e vários amigos que moram na capital.

II. Helena, a professora mais querida, recebeu homenagem dos alunos.

III. Consegui o emprego que eu sempre sonhei, amiga!

IV. Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes, são grandes escritores brasileiros.


A vírgula foi empregada CORRETAMENTE em:

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Q1242555 Português

Resiliência na escola traz desafios (mas também muitas possibilidades)

Ana Carolina C D'Agostini

07 de Fevereiro de 2019


    Segundo definição da Sociedade Norte-Americana de Psicologia, a resiliência é definida como a capacidade psicológica de se adaptar às circunstâncias estressantes e se recuperar de eventos adversos. Na Física, resiliência é compreendida como a propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original, após sofrer algum choque ou deformação. A palavra deriva do latim resilio, que significa saltar para trás, reduzir-se e afastar-se.

    Os primeiros estudos sobre resiliência foram conduzidos há mais de 40 anos e enfatizaram a influência da genética nesse traço de personalidade, alegando que o indivíduo nasceria com ou sem essa característica. Embora o papel da genética deva ser considerado, pesquisas mais recentes indicam que a resiliência – em crianças e adultos – pode ser aprendida, e a escola é um espaço privilegiado para isso. Atualmente, defende-se que a resiliência resulta de uma conjunção de fatores genéticos, pessoais e ambientais. Norman Garmezy, norte-americano pioneiro na pesquisa sobre resiliência e desenvolvimento cerebral, defendeu que a resiliência em crianças que vivem em contexto de vulnerabilidade e adversidade ocorre de maneira mais próspera quando elas podem contar com um adulto com quem mantenham uma relação de proximidade e confiança. Além disso, em um estudo sobre o desenvolvimento da resiliência desde a infância até a adolescência conduzido por mais de dez anos em uma comunidade urbana, pesquisadores concluíram que os fatores que mais influenciam o quanto um indivíduo se torna resiliente são, principalmente, a existência de relacionamentos positivos, o desafio intelectual e o bom desempenho acadêmico. Esses resultados reforçam a importância de se concentrar nos processos que promovem e facilitam a resiliência e iluminam o papel dos educadores como potenciais adultos de referência nesse processo. 

    Viktor Frankl, autor do livro Em busca de sentido, narra a sua experiência como sobrevivente de um campo de concentração. Para ele, o principal elemento que permite a um ser humano buscar significado é eleger um propósito e criar metas concretas para si mesmo que vão além do sofrimento momentâneo. Ao construir uma ponte para o futuro, o indivíduo pode encontrar a direção para um cenário que lhe pareça possível e aliviar a sensação de que o presente é tão avassalador que não pode ser administrado. Ainda que ser criativo diante das adversidades possa ser muito desafiador, é importante construir o hábito de ser inventivo, fazer uso dos recursos disponíveis de formas inexploradas e visualizar possibilidades que muitas vezes não estão claras no início.

    Há uma ideia geral de que é responsabilidade de cada um administrar as próprias emoções. Considerando que a escola é um espaço propício para o aprendizado, troca entre pares e desenvolvimento pessoal, seria interessante que diretores, coordenadores pedagógicos e outros gestores incentivassem os professores a desenvolver a resiliência como uma das habilidades socioemocionais. Isso pode ser feito priorizando essa habilidade como parte do treinamento de professores e explorando seu desenvolvimento em reuniões pedagógicas. Se os professores precisam se adaptar às mudanças trazidas pelo advento da tecnologia e se manter emocionalmente equilibrados para lidar com os desafios da profissão, a base desse processo deve se fundamentar nos aspectos emocionais e de bem-estar dentro do ambiente profissional.

Disponível em:<https//novaescola.org.br/conteudo/15537/resiliencia-na-escola-traz-desafios-mas-tambem-muitas-possibilidades> . Acesso em: 25 fev. 2019.

Assinale a alternativa em que o uso da vírgula é facultativo e sua supressão não configura desvio à oração.
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Q1242513 Português
Assinale a alternativa correta.
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Q1242512 Português

Leia o texto.


Pseudodiário de um pseudogestor


Fazem cinco minutos que informo à minha secretária de que esse é o documento que preciso para comunicar as autoridades que sobe para 10 os casos de febre amarela nesta região. Em vão minha informação… nenhuma resposta positiva e o tempo passa. Agora, no final do dia, a mim, como diria o poeta, não compete-me a declamação dos versos já conhecidos e, sim, a escrita das novas estrofes…


Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ) considerando a norma culta.


( ) Há no texto quatro inadequações quanto à regência verbal.

( ) Se na expressão “as autoridades” fosse colocada uma crase em “às”, uma inadequação de regência verbal seria resolvida.

( ) A frase: “Esse é o documento que preciso” está da mesma forma correta como a frase: “Este é o poeta de que gosto”, no que diz respeito à regência verbal.

( ) Na frase sublinhada, há um desvio de concordância verbal.

( ) A expressão “no final do dia” está entre vírgulas para isolar um adjunto adverbial deslocado.

( ) Em: “não compete-me a declamação dos versos…”, há correta colocação pronominal.

( ) A frase “Fazem cinco minutos” equivale a “Devem fazer cinco minutos” e ambas estão corretas.

Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.

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Q1242511 Português

Leia a tirinha abaixo:


Imagem associada para resolução da questão

https://www.google.com.br


Analise as afirmativas abaixo em relação à tirinha.


1. A fala do segundo quadrinho revela que “a vingança” foi conseguida pela mulher por meio de um constrangimento verbal pelo uso impróprio da norma culta.

2. O último quadrinho leva o leitor a inferir que a personagem tem domínio das regras de concordância verbal.

3. Na frase: “Os médicos estão sempre alerta”, a concordância nominal está correta.

4. No primeiro quadrinho, as vírgulas se justificam por isolarem um vocativo.

5. Na frase: “Sinto muito…”, a palavra sublinhada intensifica a ação do verbo e, quanto à sua função sintática, é um adjunto adnominal.


Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

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Q1241027 Português
Leia o texto para responder as questões.

PSG aceita liberar Neymar por dinheiro mais dois jogadores do Barcelona, mas pede no mínimo €100 mi De acordo com "L'Équipe", condição foi discutida na reunião de terça-feira, em Paris, mas ainda não houve acordo porque clube catalão não possui essa quantia nos cofres

    Na reunião (sem acordo) entre representantes de Barcelona e Paris Saint-Germain que se deu na última terçafeira, em Paris, o clube francês informou que aceitaria liberar Neymar por no mínimo €100 milhões (R$ 452 milhões) mais dois jogadores do Barça. As informações são do jornal "L'Équipe".
    De acordo com o diário francês, o PSG pede essa quantia mínima para poder fechar uma contratação de peso ainda nessa janela - Donnarumma, do Milan, e Dybala, do Juventus, são dois alvos, por exemplo. No entanto, não houve acordo no encontro, porque o Barça, apertado, principalmente após as contratações de Griezmann (€120 milhões) e De Jong (€75 milhões a princípio), não tem esse dinheiro.
    Além disso, o Paris Saint-Germain impôs a condição de escolher a dedo os jogadores que seriam incluídos na negociação. Agradam ao diretor Leonardo nomes como o de Philippe Coutinho, de 27 anos, de Nelso Semedo, 25, e de Dembélé, 22. Por outro lado, o volante croata Rakitic, bastante especulado nessa troca, estaria descartado porque o clube contratou dois meio-campistas nessa janela: Idrissa Gueye (ex-Everton) e Ander Herrera (ex-Manchester United).
    É por isso que a negociação entre Paris Saint-Germain e Barcelona segue emperrada.
    Enquanto isso, Neymar treina sozinho no Paris SaintGermain, como aconteceu nesta última quarta-feira. O craque brasileiro não jogou as partidas oficiais da equipe: vitória por 2 a 1 sobre o Rennes na decisão da Supercopa da França, e vitória por 3 a 0 sobre o Nimes na abertura do Campeonato Francês.

Disponível em https://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebolfrances/noticia/psg-aceita-liberar-neymar-por-dinheiro-dois-jogadores-do-barcelona-maspede-no-minimo-euro100-mi.ghtml 

Analise: “o Barça, apertado, principalmente após as contratações de Griezmann (€120 milhões) e De Jong (€75 milhões a princípio), não tem esse dinheiro.”


Ainda sobre a oração da questão 1, assinale a alternativa que explica o uso das vírgulas.  

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Q1240399 Português
TEXTO 
Brumadinho, Mariana, impunidade e descaso

Nenhum dos envolvidos no desastre de 2015 foi responsabilizado, e a fiscalização continuou precária mesmo depois da primeira tragédia: ingredientes para mais uma catástrofe

       Pouco mais de três anos depois do desastre de Mariana, do qual Minas Gerais ainda luta para se recuperar, mais um rompimento de barragem da mineradora Vale assombra o país. Desta vez, como afirmou o presidente da empresa, Fabio Schvartsman, o custo ambiental pode até ter sido menor que o de Mariana, mas o custo humano foi muito maior. (...) Como é possível que dois desastres dessas dimensões tenham ocorrido em um espaço que, para este tipo de situação, pode ser considerado curto?
         Mariana – cuja barragem pertencia à Samarco, joint-venture entre a Vale e a britânica BHP Billiton – deveria ter servido de aprendizado, mas todas as informações que surgiram após o desastre de Brumadinho mostram que os esforços nem das empresas responsáveis, nem do Estado brasileiro foram suficientes para evitar que outro episódio catastrófico ocorresse. A empresa certamente sabe que a preservação e a prevenção compensam; os danos de imagem podem ser diferentes daqueles que atingem outros tipos de negócios – o público não pode simplesmente “boicotar” uma mineradora, por exemplo –, mas também existem, e a Vale sentiu, nesta segunda-feira, a perda de seu valor de mercado. Schvartsman chegou a dizer que a empresa fez todo o possível para garantir a segurança de suas barragens depois de Mariana, mas agora se sabe que “todo o possível” não bastou.
           A palavra ausente neste período entre Mariana e Brumadinho é “responsabilização”. O Ministério Público Federal denunciou 21 pessoas e as três empresas (Samarco, Vale e BHP Billiton) pelo desastre de Mariana, mas ainda não houve julgamento. A Gazeta do Povo apurou que, das 68 multas aplicadas após a tragédia de 2015, apenas uma está sendo paga, em 59 parcelas. A demora para que os responsáveis paguem pela sucessão de irresponsabilidades que levou ao desastre certamente não incentiva as mineradoras a manter boas práticas de prevenção de desastres que possam ir além do estritamente necessário.
          Os dados mais estarrecedores, no entanto, vieram dos relatórios governamentais que mostram uma inação quase completa do poder público na fiscalização do estado das barragens no país. O Relatório de Segurança de Barragens de 2017, da Agência Nacional de Águas, mostra que apenas 27% das barragens de rejeitos (caso tanto de Mariana quanto de Brumadinho) foram vistoriadas em 2017 pela Agência Nacional de Mineração. Há 45 barragens com “algum comprometimento importante que impacte a sua segurança”. A informalidade é a regra: 42% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não têm nenhum tipo de documento como outorga, autorização ou licença. E, nos poucos casos em que há vistoria, ela é feita por amostragem de algumas áreas da barragem, o que pode ignorar pontos críticos. É assim que tanto a barragem de Fundão, em Mariana, como a da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, foram consideradas seguras. Ainda mais revoltante é a informação de que a Câmara de Atividades Minerárias da Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais aprovou uma ampliação de 70% no complexo Paraopeba (onde se encontrava a barragem que estourou em Brumadinho) de forma apressada, rebaixando o potencial poluidor da operação para que o licenciamento ambiental pudesse pular fases.
             A atividade mineradora é atribuição da iniciativa privada, mas a fiscalização é uma obrigação do Estado. E os relatórios demonstram que o governo não deu importância a esse trabalho nem mesmo depois de Mariana. Como resultado desta omissão coletiva, dezenas, possivelmente centenas, de vidas perderam-se em Brumadinho. Mortes que poderiam ter sido evitadas se o caso de 2015 tivesse levado a uma responsabilização rápida por parte da Justiça, um trabalho mais cuidadoso por parte das empresas de mineração e uma fiscalização abrangente feita pelo governo.
Adaptado de: <https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/brumadinho-mariana-impunidade-e-descaso-6621e4i8qg00dhyqctji1wdh2/>.
Acesso em: 04 abr. 2019.
No trecho “Os dados mais estarrecedores, no entanto, vieram dos relatórios governamentais (...)”, as vírgulas foram utilizadas para
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Q1239998 Português
A cidade caminhava devagar
Henrique Fendrich

    Então você que é o Henrique? Ah, mas é uma criança ainda. Meu filho fala muito de você, ele lê o que você escreve. Mas sente-se! Você gosta de ouvir sobre essas coisas de antigamente, não é? Caso raro, menino. A gente já não tem mais com quem falar, a não ser com os outros velhos. Só que os velhos vão morrendo, e com eles vão morrendo as histórias que eles tinham para contar. Olha, do meu tempo já são poucos por aqui. Da minha família mesmo, eu sou o último, não tenho mais irmão, cunhado, nada. Só na semana passada eu fui a dois enterros. Um foi o do velho Bubi. Esse você não deve ter conhecido. Era alfaiate, foi casado com uma prima minha. E a gente vai a esses enterros e fica pensando que dali a pouco pode ser a nossa vez. Mas faz parte, não é? É assim que a vida funciona e a gente só pode aceitar. 
    Agora, muita coisa mudou também. A cidade já é outra, nem se compara com a da minha época. As coisas caminhavam mais devagar naquele tempo. Hoje é essa correria toda, ninguém mais consegue sossegar. Mudou muita coisa, muitos costumes que a gente tinha foram ficando para trás. Olha, é preciso que se diga também que havia mais respeito. Eu vejo pelos meus próprios netos, quanta diferença no jeito que eles tratam os pais deles! Se deixar, são eles que governam a casa. Consegue ver aquele quadro ali na parede? Papai e mamãe… Eu ainda tinha que pedir bênção a eles. A gente fazia as refeições juntos todos os dias, e sempre no mesmo horário. Hoje é cada um para um lado, uma coisa estranha, sabe? Parece que as coisas mudam e a gente não se adapta. E vai a gente tentar falar algo… Ninguém ouve, olham para você como se tivessem muita pena da sua velhice.
    Aqui para cima tem um colégio. Cinco horas da tarde, eles saem em bando. A gente até evita estar na rua nesse horário. Por que você pensa que eles se preocupam com a gente? Só falta eles nos derrubarem, de tão rápido que eles andam. As calçadas são estreitas e, se a gente encontrar uma turma caminhando na nossa direção, quem você acha que precisa descer, eles ou nós, os velhos? É a gente… Nem parece que um dia eles também vão ficar velhos como a gente. A verdade é que as pessoas estão se afastando, não estão se importando mais umas com as outras. Nem os vizinhos a gente conhece mais. Faz mais de um mês que chegou vizinho novo na casa que era do Seu Erico e até agora a gente não sabe quem é que foi morar lá. A Isolda veio com umas histórias de a gente ir lá fazer amizade, mas eu falei para ela que essa gente vive em outro mundo, outros valores, e é capaz até de pensarem mal da gente se a gente for lá.
    Mas você deve achar que eu só sei reclamar, não é? Tem coisa boa também, claro que tem. Hoje as pessoas já não sofrem como na nossa época. Ali faltava tudo, a gente não tinha nem igreja para ir no domingo, imagine só. O padre aparecia uma vez a cada dois meses e olhe lá. E viajar para o centro? Só de carroça, e não tinha asfalto, não tinha nada. Se chovia, a estrada virava um lamaçal e a gente tinha que voltar. Isso mudou, hoje está melhor. Hoje tem todas essas tecnologias aí, é mais fácil tratar doença também. Olha, se eu vivesse no tempo do meu pai, acho que não teria chegado tão longe assim, porque ali não tinha os remédios que eles precisavam, né? Só que também tem essa questão da segurança, que hoje a gente não tem quase nenhuma. A gente tem até medo que alguém entre aqui em casa. São dois velhos, o que a gente vai poder fazer contra o ladrão?
    Mas vamos sentar e tomar um café, a Isolda já preparou. Tem cuque, lá da festa da igreja. Se você viesse ontem, teria encontrado meu filho, ele quem trouxe. Depois quero te mostrar o álbum de fotos do papai. Está meio gasto, as fotos estão amarelas… Mas é normal, né? São coisas de outro tempo. Do tempo em que a cidade caminhava mais devagar.

Adaptado de: <http://www.aescotilha.com.br/cronicas/henrique-fendrich/a-cidade-caminhava-devagar>  . Acesso em: 28 jun. 2019.

Em “As coisas caminhavam mais devagar naquele tempo.”, caso seja inserida uma vírgula entre a expressão “as coisas” e o verbo “caminhavam”, tal inserção estará
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Q1239614 Português

Conto: uma morada

O sonho de uma velha senhora

Juremir Machado da Silva


Contava-se que ela havia passado a vida lutando contra homens, doenças e intempéries. Dizia-se que criara sozinha onze filhos e enfrentara oito tormentas de derrubar casas e deixar muita gente desesperada. Durante muito tempo, teve um apelido: a flagelada. Era alta, magérrima e de olhos muito negros, duas bolas escuras que pareciam cintilar à beira do abismo. Era uma mulher de fala forte, voz rouca, agravada pelo cigarro, não menos de trinta por dia, do palheiro ao sem filtro, o que viesse, qualquer coisa que lhe permitisse sair do ar.

– Meu silêncio diz tudo – era o máximo que concedia a algum vizinho.

Apesar do seu jeito esquisito, era amada por quase todos. Gostava-se da sua coragem, da sua franqueza, alguns até falavam de uma ternura escondida por trás dos gestos de fera indomável. Muitos nem sabiam mais o nome dela. Era chamada simplesmente de “a velha”. Contava-se que prometera a si mesma viver cem anos para debochar das agruras da vida. Servira durante décadas de parteira, de benzedeira e até de responsável pela ordem nas redondezas. Impunha respeito, resolvia litígios, dava bons conselhos, sentia pena das jovens apaixonadas. Com o passar do tempo, ficou mais impaciente e menos propensa a ouvir longas e repetitivas histórias.

      (...)

Destino – Não se contava, porém, quando havia perdido tudo. Ficara sem casa. Vivia na cidade num quarto emprestado por um velho conhecido. Quando se imaginava que estava esgotada, que só esperava o fim para se livrar dos tormentos, ela se revelou mais firme do que nunca. Queria viver. Mais do que isso, deu para dizer a quem quisesse ouvir que tinha um sonho.

– Um sonho?

– Sim, a Velha tem um sonho.

A notícia espalhou-se como um acontecimento improvável. Com o que podia sonhar a velha? Contava-se que homens faziam apostas enquanto jogavam cartas ou discutiam futebol, mulheres especulavam sobre esse sonho, crianças se interessavam pelo assunto, todos queriam entender como podia aquela mulher árida ter um sonho, algo que a maioria, mais nova, já não tinha. Por alguns meses, pois ela fazia do seu novo silêncio um trunfo, foi cercada de atenção na busca obsessiva por uma resposta. Teriam até lhe oferecido dinheiro para revelar o seu sonho num programa de rádio.

Conta-se que numa tarde mormacenta de janeiro, com um temporal prestes a desabar, ela disse com a sua voz grave um pouco mais vibrante para quem pudesse ouvir (nunca se soube quem foi o primeiro saber):

– Quero voltar para casa.

Que casa era essa? A velha queria retornar ao lugar onde havia nascido, um lugar perdido na campanha onde vicejava solitário um cinamomo. Sonhava em ter uma casinha ali para viver os seus últimos anos. Desse ponto de observação, podia-se enxergar um enorme vazio. A comunidade, sempre tão dispersa, mobilizou-se como se, de repente, tudo fizesse sentido. O dono da terra aceitou que lhe erguessem um rancho no meio do nada para que ela fincasse suas raízes por alguns anos. Um mutirão foi organizado para erguer a morada. Até políticos contribuíram para a compra do modesto material – tábuas, pregos, latas – necessário à construção da residência. Num final de semana de fevereiro, a casa foi erguida.

Um rancho de duas peças: quarto e cozinha. Uma latrina a dez passos do cinamomo. Caía a noite quando tudo ficou pronto. Os homens embarcaram na carroceria de um velho caminhão e partiram. Ela ficou só no lugar que escolhera para viver depois de tantas lutas encarniçadas com o destino. Sentia-se vitoriosa. A lua cheia banhou os campos naquela noite. Ela passeou até onde as velhas pernas lhe permitiram. Deitou-se no catre com colchão novo. Fez questão de manter a sua cama. Morreu ao amanhecer com o sol faiscando na cobertura de lata reluzindo de tão nova e duradoura.

Adaptado de:<https://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/conto-uma-morada-1.392657>. Acesso em 26 jan. 2020.

Em “Num final de semana de fevereiro, a casa foi erguida.”, a vírgula foi utilizada para
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Q1239546 Português

TEXTO 1

Brasil é um dos maiores consumidores de plástico,

mas só recicla 2% do total


Entre os entraves para melhorar o índice estão a falta de incentivos e de infraestrutura, além da baixa qualidade dos produtos reciclados

      Na última semana, um brasileiro comum possivelmente gerou 1 kg de lixo plástico. Um italiano gera a mesma quantia em cinco dias e alguém que mora na Indonésia, em dez. No Brasil, menos de 2% desse plástico será reciclado.

      Os dados fazem parte de um estudo da WWF lançado na noite desta segunda (4). A organização fez um levantamento de pesquisas relacionadas ao plástico e elaborou um relatório que aponta o crescimento desse tipo de resíduo e sugere possíveis caminhos para solucionar a questão.

      Os números do plástico são enormes. Nos oceanos há perto de 300 milhões de toneladas (o que equivale a cerca de 11 trilhões de garrafas plásticas de 500 ml). E essa estimativa não leva em conta o lixo terrestre. Daqui a 11 anos, em 2030, o total de lixo plástico poderá ter dobrado.

      Em 2016, 396 milhões de toneladas de plástico virgem foram produzidos —cerca de 53 kg por pessoa. Parte desses produtos se tornou lixo, especialmente nos quatro países maiores poluentes: Estados Unidos, China, Índia e Brasil.

      Somente uma pequena parcela desse lixo é devidamente manejado e reciclado. Por aqui, a reciclagem é inferior a 2%, o menor valor entre os líderes em produção de detritos. Nos EUA o valor chega a 35%; na China, 22%; na Índia, 6%.

      Considerando o mundo inteiro, cerca de 20% do plástico é coletado para reciclagem, mas isso não significa que ele realmente o terá esse destino honroso. Segundo o estudo da WWF, na Europa, por exemplo, menos da metade do material é reaproveitado.

      A baixa qualidade de produtos feitos com o material reciclado, seu baixo valor de mercado e a possível presença de contaminação atrapalham a expansão da atividade.

      Um tratado internacional pode ser o início da solução, segundo Anna Carolina Lobo, coordenadora da WWF-Brasil. A organização defende um caminho semelhante ao protocolo de Montreal. Nele, os países se comprometeram, em 1987, à proteção da camada de ozônio a partir da interrupção no uso de substâncias que a destroem (a deterioração da camada aumenta o índice de radiação e, consequentemente, as chances de câncer de pele, além de agredir florestas e prejudicar a atividade agropecuária).

Adaptado de:<https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/03/brasil-e-um-dos-maiores-consumidores-de-plastico-mas-so-recicla-2-do-total.shtml> . Acesso em: 19 jan. 2020.

Assinale a alternativa que analisa corretamente a função das vírgulas empregadas no trecho “Nos EUA o valor chega a 35%; na China, 22%; na Índia, 6%.”, do Texto 1.
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Ano: 2013 Banca: FCC Órgão: TRT - 18ª Região (GO)
Q1237227 Português
Você acredita no amor romântico? Alguns dirão que pessoas maduras sabem que o amor não existe. Outros, que é diferente de paixão, sendo esta passageira, enquanto o amor seria algo mais sólido, dado a parcerias de longa duração. 
O tema nos encanta, apesar de alguns teóricos afirmarem que o amor é mera invenção da literatura europeia medieval, universalizada, de modo equivocado, pelos autores românticos dos séculos 19 e 20.  (Adaptado de: Luiz Felipe Pondé. Folha de S. Paulo, 11/02/2013)
O tema nos encanta, apesar de alguns teóricos afirmarem que o amor é mera invenção da literatura europeia medieval, universalizada, de modo equivocado, pelos autores românticos dos séculos 19 e 20. 
Afirma-se corretamente sobre a frase acima:
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Ano: 2010 Banca: CONSULPLAN Órgão: Prefeitura de São Leopoldo - RS
Q1237011 Português
A urna e a escola A parte menos informada do eleitorado é em tese a mais sujeita à manipulação. Isso é um problema para a democracia porque, segundo escreveu o cientista político Leonardo Barreto na Folha de S. Paulo, “ela é um sistema interminável que funciona na base da tentativa e erro: punindo os políticos ruins e premiando os bons”. O melhor da frase de Barreto é a classificação da democracia como um “sistema interminável”. Ela não fecha. Quem fecha, e afirma-se como ponto final das possibilidades de boa condução das sociedades, é a ditadura. Por sua própria natureza, a democracia convida a um perpétuo exercício de reavaliação. Isso quer dizer que, para bem funcionar, exige crítica. Ora, mais apto a exercer a crítica é em tese – sempre em tese – quem passou pela escola. Como resolver o problema do precário nível educacional do eleitorado? Solução fácil e cirúrgica seria extirpar suas camadas iletradas. Cassem-se os direitos políticos dos analfabetos e semianalfabetos e pronto: cortou-se o mal pela raiz. A história eleitoral do Brasil é um desfile de cassações a parcelas da população. No período colonial, só podiam eleger e ser eleitos os “homens bons”, curiosa e maliciosa expressão que transpõe um conceito moral – o de “bom” – para uma posição social. “Homens bons” eram os que não tinham o “sangue infecto” – não eram judeus, mouros, negros, índios nem exerciam “ofício mecânico” – não eram camponeses, artesãos nem viviam de alguma outra atividade manual. Sobravam os nobres representantes da classe dos proprietários e poucos mais. No período imperial, o critério era a renda; só votava quem a usufruísse a partir de certo mínimo. As mulheres só ganharam direito de voto em 1932. Os analfabetos, em 1985. Sim, cassar parte do eleitorado se encaixaria na tradição brasileira. Mas, ao mesmo tempo – que pena –, atentaria contra a democracia. Esta será tão mais efetiva quanto menos restrições contiver à participação popular. Quanto mais restrições, mais restritiva será ela própria. Outra solução, menos brutal, e por isso mesmo advogada, esta, sim, amplamente, é a conversão do voto obrigatório em voluntário. A suposição é que as camadas menos educadas são as mais desinteressadas das eleições. Portanto, seriam as primeiras a desertar. O raciocínio é discutível. Por um lado, o ambiente em que se pode ou não votar pode revelar-se muito mais favorável à arregimentação de eleitores em troca de favores, ou a forçá-los a comparecer às urnas mediante ameaça. Por outro, a atração da praia, do clube ou da viagem, se a eleição cai num dia de sol, pode revelar-se irresistível a ponto de sacrificar o voto mesmo entre os mais bem informados. A conclusão é que o problema não está no eleitorado. Não é nele que se deve mexer. Tê-lo numeroso e abrangente é uma conquista da democracia brasileira. O problema está na outra ponta – a da escola. Não tê-la, ou tê-la em precária condição, eis o entrave dos entraves, o que expõe o Brasil ao atraso e ao vexame. (Roberto Pompeu de Toledo. Revista Veja, 28 de julho de 2010, ed. 2175, p. 162. Fragmento, com adaptações)
No texto, não se provoca erro ou alteração de sentido ao se: 
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Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: Câmara de Fortaleza - CE
Q1236591 Português
Os debates travados na Câmara e pela imprensa em torno da Lei do Ventre Livre fizeram da emancipação dos escravos uma questão nacional. O projeto do governo foi apresentado à Câmara em 12 de maio de 1871. Para alguns, o projeto era avançado demais, para outros, excessivamente tímido. Os defensores do projeto usaram argumentos morais e econômicos. Argumentavam que o trabalho livre era mais produtivo que o escravo. Diziam que a existência da escravidão era uma barreira à imigração, pois que os imigrantes recusavam-se a vir para um país de escravos. A emancipação abriria as portas à tão desejada imigração. Usando de argumentos morais, denunciavam os que, em nome do direito de propriedade, defendiam a escravidão e se opunham à aprovação do projeto. Não era legítimo invocar o direito de propriedade em se tratando de escravos. “Propriedade de escravos” − dizia Torres Homem, político famoso, homem de cor e de origens modestas que chegara ao Senado depois de brilhante carreira – “era uma monstruosa violação do direito natural.” “A maioria dos escravos brasileiros” − afirmava ele − “descendia de escravos introduzidos no país por um tráfico não só desumano como criminoso. Nada pois mais justo que se tomassem medidas para acabar com a escravidão.” Em contrapartida, os mais arraigados defensores da escravidão consideravam o projeto uma intromissão indébita do governo na atividade privada. Argumentavam que o projeto ameaçava o direito de propriedade garantido pela Constituição. Segundo a prática, que datava do período colonial, o filho de mãe escrava pertencia ao senhor. Qualquer lei que viesse a conceder liberdade ao filho de escrava era, pois, um atentado à propriedade e, o que era pior, abria a porta a todas as formas de abusos contra esse direito. Acusavam o projeto de ameaçar de ruína os proprietários e de pôr em risco a economia nacional e a ordem pública. Diziam ainda que, emancipando-se os filhos e mantendo os pais no cativeiro, criar-se-iam nas senzalas duas classes de indivíduos, minando, dessa forma, a instituição escravista pois não tardaria muito para que os escravos questionassem a legitimidade de sua situação. 
(Adaptado de: COSTA, Emília Viotti da. A Abolição. São Paulo: Editora Unesp, 2010, p. 49-52) 
Considere as seguintes reescritas de trechos do texto. 
I. “A maioria dos escravos brasileiros” − afirmava ele −  “descendia de escravos introduzidos no país por um tráfico não só desumano como criminoso.” → “A maioria dos escravos brasileiros”, afirmava ele, “descendiam de escravos introduzidos no país por um tráfico não só desumano como criminoso.”  II. Nada pois mais justo que se tomassem medidas para acabar com a escravidão. → Nada, pois, mais legítimo que se tomasse medidas para suprimir a escravidão.  III. Diziam ainda que, emancipando-se os filhos e mantendo os pais no cativeiro, criar-se-iam nas senzalas duas classes de indivíduos → Diziam ainda que, emancipando-se os filhos e mantendo os pais no cativeiro, duas classes de indivíduos seriam criadas nas senzalas. 
Não prejudica o sentido do texto original e está em concordância com a norma-padrão a reescrita que consta APENAS de 
Alternativas
Ano: 2017 Banca: FUNDEPES Órgão: CODEMIG
Q1234328 Português
Releia o excerto a seguir.
“A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), proprietária do empreendimento, assume a administração do espaço [...]”
Em relação ao trecho destacado, assinale a alternativa CORRETA.
Alternativas
Ano: 2019 Banca: COTEC Órgão: Prefeitura de Unaí - MG
Q1234272 Português
                                                              Memória das coisas 
1 Entro em um antiquário dias após um leilão. Há uma grande escultura na entrada, vários cristais em diversas cores que eu sequer sei o nome, livros datados do início do século 19 logo abaixo da escada que sobe em espiral até o escritório. É instintivo: todas as vezes em que meus cotovelos são passíveis de causar qualquer desastre, eu – que sou amplamente conhecido pela falta de jeito – enfio as mãos nos bolsos para minimizar a área de contato entre  5 a minha pouca noção de espaço e a possível ruína completa de uma licoreira equilibrada em um móvel antigo. Uso desse método para percorrer o curto caminho entre a porta e a cadeira que me indicam para sentar, distraído pelos inúmeros quadros e uma infinidade de frágeis objetos que não precisariam de mais do que um esbarrão para virarem poeira e entrarem, de vez, para a história. Para ser sincero, na verdade, já fazem parte dela. “Nossas coisas carregam de valor histórico nosso espaço cotidiano e nos permitem sentir que nossa existência se dá  10 em um lugar onde se desenvolve um continuum histórico do qual também fazemos parte”, indica o professor Carlos Etchevane, arqueólogo e doutor em geologia quartenária e paleontologia humana pelo Muséum National D’historie Naturelle, em Paris.  15 Desde que nos entendemos por gente, os objetos que carregamos por toda a vida nos ajudam a contar a história de quem somos, a formar nossa identidade e a moldar como nos apresentamos ao mundo. E o melhor: isso pouco tem a ver com os seus valores em dinheiro, mas com os laços que nos atam a eles. Isso vale tanto para aquela cristaleira de jacarandá, escondida no antiquário, para o chaveiro que carrego no meu bolso – e que um dia foi do meu avô – quanto para a poltrona na qual espero que você, leitor, esteja confortavelmente sentado lendo esta revista. 20 É preciso entender que as coisas que nos cercam não são feitas unicamente de matéria. “Elas têm também uma carga simbólica para quem as produz e as usa”, afirma Etchevane. Esse é o ponto exato capaz de transformar cada peça daquele antiquário em uma história única, cheia de som e fúria. Não são relíquias distantes, protegidas por vidros blindados de museus. São objetos marcados pelas relações do dia a dia, em uso, que nos ajudam a localizar memórias como pequenos fósseis que carregam narrativas repletas de afeto e de paixões. 25 A teórica canadense Laura Marks se dedicou a entender, durante anos, como esses pequenos fósseis atuam no nosso cotidiano. Em seu livro The Skin of the Film (sem tradução para o português), ela analisou diversos filmes procurando entender como objetos cenográficos podiam ajudar a contar histórias e afetar os sentidos dos espectadores. A solução soa engenhosamente simples. Nossas coisas, obviamente, não possuem uma memória própria, mas funcionam como um reservatório, acumulando tudo o que ali despejamos: nossas dores, alegrias, um dia triste e outro alegre, um beijo – enfim, tudo aquilo que não podemos carregar sozinhos.  30 Claro que isso tudo não é só coisa de cinema. “É possível observar essa relação entre os nossos sentidos, a memória e os objetos agindo em outras instâncias da arte e da vida”, afirma Laura. Para isso, nada de esconder aquele velho anel em um cofre ou esquecer aquele casaco herdado dos avós dentro de um armário. Escondidos, em um canto escuro, nada valem. Assim, eles são apenas fósseis comuns, isolados da luz, sem poder para contar suas lembranças.  35 A grande diferença entre os nossos fósseis e aqueles dos museus, para Laura, é que nossas coisas possuem uma propriedade que ela chama de radioatividade. “Eu gosto de pensá-la como uma forma benigna de contaminação, como aquela que acontece quando um perfume demarca o caminho de alguém”, afirma a pesquisadora. Assim como um cheiro nos lembra da presença de uma pessoa, um objeto pode trazer à tona sentimentos e lembranças que jurávamos soterrados lá dentro da gente.  40 Mais do que fazer emergir essas memórias, nossas coisas nos levam a partilhar essas experiências, contaminando aqueles que estão à nossa volta com suas histórias e segredos. Ao tirar aquele casaco antigo da gaveta, mais do que receber um longo abraço que rememora a todo o tempo a relação com os avós, somos levados a dividir essa sensação com os outros. 45 Entender isso nos ajuda a ter uma relação de posse “menos fetichista”, para usar as palavras de Laura, com as nossas coisas. Elas não são exatamente “nossas”, mas uma colagem que reúne um pouco de cada um que já esteve ligado àquele objeto. Às vezes, para preservar esse fóssil em sua exatidão, o escondemos. Não queremos correr o risco de perdê-lo. Basta convidar um amigo desastrado – como eu! – para uma comemoração e lá se vai para o chão um jarro de flores que estava há gerações na sua família. Um risco necessário, já que não podemos lembrar aquilo que não tentamos esquecer. 50 “Quando você tem medo de usar qualquer coisa, é lógico que ela vai terminar em cacos”, afirma o galerista Lélio Cimini, que há 13 anos comanda o Empório das Artes, o antiquário do início da reportagem. No seu dia a dia, Lélio usa um antigo aparelho de jantar. Nunca houve nenhum arranhão, nem mesmo uma peça quebrada. Claro, um objeto pode até perder o seu valor de venda ou de troca pelo desgaste, mas eles não se tornam especiais exatamente pelo seu custo. Todos aqueles pratos e xícaras, que um dia já participaram das festas de alguma 55 senhora do século 20, hoje são testemunhas do cotidiano, das conversas à mesa da família de Lélio. São essas memórias que se confundem e se encerram em cada prato e xícara que o tornam único, não sua natureza material. Ao contrário, se pode achar com um pouco de pesquisa um modelo parecido ou até com os mesmos e exatos desenhos. A porcelana, frágil, pode se rachar ou até se desfazer em poeira no chão. Mas as relações, não. E é justamente essa experiência, indestrutível, que faz aquele aparelho perdurar na lava-louças e não na vitrine do empório. 60 Mas, muitas vezes, também é essa mesma experiência que nos leva a nos desfazer de determinado objeto. “Quando comecei o Empório, boa parte das coisas veio da minha coleção pessoal”, comenta Lélio. “Fiquei apenas com aquilo que não conseguiria me desfazer, pelo apreço”, diz. Esquecer e lembrar, como nos faz recordar o historiador francês Michel de Certeau, são faces de uma mesma moeda. Em seu livro A Invenção do Cotidiano, 65 comenta que os processos de apagamento, de esvaziamento da memória, são tão necessários quanto os de escrita. Alguns estudos recentes da Universidade de Illinois, inclusive, revelam que o nosso cérebro precisa desse processo de apagamento para reter informações novas. Da mesma forma, necessitamos deixar para trás as coisas que já não nos preenchem para nos prepararmos para novas experiências. Em seu dia a dia à frente do antiquário, Lélio convive diretamente com esses dois extremos. “Uma das coisas mais prazerosas é perceber que lido com 70 a felicidade de duas pessoas”, afirma o galerista. “Tanto da pessoa que se desfaz do objeto que já não faz mais sentido em sua vida, quanto daquela que vai recebê-lo e dará uma nova utilidade para ele.” Talvez, por isso, arrumar os nossos armários soe como uma espécie de rito de passagem. É o momento em que colocamos tudo abaixo e decidimos o que continua conosco e o que não nos serve mais. Ficamos, frente a frente, com ambas as alegrias: fazemos um balanço, não apenas das coisas, mas das memórias. Um exercício não 75 só de apego, mas também de aparar as próprias arestas. Nos purificamos com fogo para seguir em frente. E com as mãos livres, fora dos bolsos, sem medo de quebrar mais nada. 
Fonte: VILELA, Daniel. Memória das coisas. Disponível em: <https://vidasimples.com/conviver/memoria-das-coisas/ >. Acesso em: 20 jun. 2019.
Considere o trecho: “É instintivo: em todas as vezes que meus cotovelos são passíveis de causar qualquer desastre, eu – que sou amplamente conhecido pela falta de jeito – enfio as mãos nos bolsos para minimizar a área de contato entre a minha pouca noção de espaço e a possível ruína completa de uma licoreira equilibrada em um móvel antigo.” (Linhas 3-5)
Sobre a pontuação usada nesse trecho, é CORRETO afirmar que:
Alternativas
Ano: 2010 Banca: FEPESE Órgão: SEFAZ-SC
Q1233319 Português
S.O.S. Português
O sistema ortográfico em português é misto, ou seja, algumas palavras são grafadas de acordo com o critério fonético – a pronúncia –, enquanto outras são escritas com base na etimologia. Obsessão, obcecar e obcecado são exemplos de palavras que seguem o critério etimológico, pois obedecem à grafia latina, de onde provieram. Ocorre que obcecado e obsessão não têm a mesma origem, ou seja, não provêm da mesma raiz latina, diferentemente de obcecar e obcecado. [...] Em síntese, obcecado e obsessão têm origens diversas, daí as grafias diferentes.
Outras palavras da língua portuguesa costumam despertar esse mesmo tipo de dúvida, como acender (atear fogo) e ascender (subir). A primeira provém do latim accendere, e a segunda do latim ascendere. As duas têm exatamente a mesma pronúncia, mas são escritas de modo diferente porque a raiz delas não é a mesma. A melhor maneira de ter certeza sobre a grafia de uma palavra, então, é a consulta a um bom dicionário, em que se encontra também a origem dela.
TERRA, Ernani. Nova Escola. São Paulo: Abril, p. 22, mar. 2010.
Considere as afirmativas abaixo, relacionadas ao Texto.  
1. Na frase “Outras palavras da língua portuguesa costumam despertar esse mesmo tipo de dúvida…”, a palavra sublinhada funciona como um substantivo, porque pode aceitar o artigo definido, como no exemplo: “o despertar da dúvida”.
2. Na frase “…algumas palavras são grafadas de acordo com o critério fonético – a pronúncia –, enquanto outras são escritas com base na etimologia.” ocorre um caso de ambiguidade, pela omissão do termo “palavras”, na segunda oração, permitindo que se dê ao enunciado interpretações alternativas.
3. Se o primeiro período do texto fosse reescrito como segue: “O sistema ortográfico em português é misto: algumas palavras são grafadas de acordo com o critério fonético, a pronúncia, enquanto outras são escritas com base na etimologia.”, ele estaria pontuado corretamente, de acordo com as regras da gramática normativa.
4. Se o sujeito (sublinhado) das orações do seguinte período “Ocorre que obcecado e obsessão não têm a mesma origem, ou seja, não provêm da mesma raiz latina…” fosse substituído por “obsessão”, a grafia dos demais elementos da frase resultante não se alteraria.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Alternativas
Ano: 2016 Banca: IESES Órgão: CEGÁS
Q1232915 Português
 Nós sintetizamos (vossa mercê vira você e daí surge o internético vc), colocamos vogais, adaptamos, decompomos e refazemos. O império de Napoleão (o gramático) dá origem a muitas pequenas repúblicas, vivas, pulsantes e indiferentes às vestais oficiais e oficiosas do tabernáculo das regras.
Nas alternativas a seguir encontram-se justificativas para o emprego das vírgulas nesse trecho. Assinale a única correta:
Alternativas
Respostas
2201: C
2202: D
2203: B
2204: D
2205: B
2206: E
2207: B
2208: C
2209: C
2210: A
2211: C
2212: D
2213: C
2214: C
2215: A
2216: A
2217: A
2218: C
2219: B
2220: C