Questões de Concurso Comentadas sobre uso da vírgula em português

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Q2053008 Português
Texto 1 - Que país é este?

Imagine um país onde as pessoas só se preocupam com as aparências e escolhem suas profissões não por vocação ou pelo desejo de ser úteis à coletividade, mas apenas pelas vantagens pessoais e “pelo brilho do uniforme”. 
Imagine que lá os bacharéis em Direito, Medicina e Engenharia têm direito à prisão especial, mesmo que cometam os crimes mais repugnantes. E ninguém reclama, porque o povo tem um respeito quase religioso pelos nobres bacharéis. 
Trata-se de um país essencialmente agrícola; mas, paradoxalmente, não há de fato agricultura, porque tudo ali está baseado em latifúndio, monocultura e trabalho quase escravo.
Lá, a pobreza no campo é geral. A população vive oprimida por chefões políticos inúteis e por latifundiários que preferem viver nas cidades a trabalhar nas fazendas para produzir riquezas que possam ser compartilhadas com os trabalhadores.
Ainda que aquele país tenha uma população numerosa e miserável, os políticos incentivam a imigração em massa, em vez de investirem na população local e dividirem a riqueza do país com quem já vive nele. 
Grande parte dos fazendeiros vive à custa do café, que é a maior riqueza daquele país, mas também sua maior pobreza. Isso porque o preço do café é artificialmente controlado pelo governo, que desembolsa fortunas do dinheiro público para que o negócio das oligarquias se mantenha sempre lucrativo.
Os habitantes de lá sonham em viver fora do país, de modo que, como Robson Crusoé, a maioria se concentra no litoral, à espera de um navio que os carregue para terras melhores.
Os poderosos de lá, imaginem! Querem mais ser admirados nos países estrangeiros do que dentro do próprio país. E desprezam grande parte da população, até por preconceito de cor.
Naquele país ninguém vota em quem quer, mas em quem os poderosos mandam. E – coisa assombrosa – até os votos mortos votam.

(Hélio Seixas Guimarães. In: Os Bruzungangas. Lima
Barreto. São Paulo: FTD, 2013)
Analise o emprego das vírgulas nos trechos abaixo para responder ao que se pede:
1) E ninguém reclama, que o povo tem um respeito quase religioso pelos nobres bacharéis. 2) Grande parte dos fazendeiros vive à custa do café, que é a maior riqueza daquele país, mas também sua maior pobreza. 3) Lá, a pobreza no campo é geral. 4) (...) tudo ali está baseado em latifúndio, monocultura e trabalho quase escravo. 5) O preço do café é artificialmente controlado pelo governo, que desembolsa fortunas do dinheiro público, que o negócio das oligarquias se mantenha sempre lucrativo.
Nos trechos acima ocorrem cinco casos de emprego de vírgulas, devidamente numerados. Os números que indicam casos em que a vírgula foi empregada em função de idênticos motivos são
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Q2052756 Português
1.png (770×218)  (Fernando Gonsales. Níquel Náusea. www1.folha.uol.com.br, 10.04.2018. Adaptado)
Assinale a alternativa em que se indica uma correção para um problema de norma-padrão observado na tira:
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Q2052630 Português
De acordo com a norma-padrão de pontuação e concordância, está corretamente redigida a frase:
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Q2052459 Português
Ordem, progresso e desenrascanço
Gregório Duvivier*

Os portugueses, levaram pro Brasil, por exemplo, pelo menos 100 mil palavras. Tenho pena que tenham esquecido em casa algumas das minhas preferidas. Talvez não tenha sido esquecimento, mas ciúmes: gostavam tanto delas que não queriam vê-las em nossas bocas. Há, definitivamente, todo um rol de palavras que nunca atravessaram o Atlântico.

Gosto em especial da palavra ronha – e de praticá-la. A palavra parece outra coisa, e de fato já foi: uma espécie de sarna, e, também, uma doença de plantas. Ninguém mais usa nesse sentido. A expressão "ficar na ronha" se refere à prática de abrir os olhos, mas permanecer na cama. Não imaginam minha excitação ao descobrir que existe uma palavra pro meu esporte preferido.

A arte da ronha consiste em acordar sem, no entanto, se levantar. Trata-se do primeiro trambique do dia: a procrastinada inaugural de todas as manhãs. "Dormi pouco", dizem, "mas fiquei duas horas na ronha" – e pode parecer que ronha equivale à função soneca. Não, durante a soneca voltamos a dormir. E na ronha permanecemos naquele meio termo que Proust demorou dez páginas pra descrever, mas aos portugueses bastaram cinco letras.

Tenho muita pena de não usarmos a palavra javardo. Trata-se de um sinônimo pra javali, mas que nunca será usado pra designar o animal propriamente dito. Chamam de javardo alguém que se comporta como um javali, ou melhor, que se comporta como imaginamos que um javali se comportaria: de forma grosseira, estúpida, abjeta. Gosto porque a palavra soa precisamente o que ela significa.

Da mesma forma, não há xingamentos bons como "aldrabão", termo que designa com especial precisão um farsante muito específico, algo entre o trapaceiro e o impostor, que comete aldrabices, pequenas fraudes – não confundir com batotas, outra palavra que não viajou, que se refere às trapaças vultosas quando cometidas dentro de um jogo, por exemplo, embora algumas sem grande importância.

De todas as palavras esquecidas, tenho uma predileta, aquela que designa a solução que resolve um problema de maneira temporária, mas não em definitivo: desenrascanço. Trata-se de uma gambiarra, mas não necessariamente mecânica – pode ser qualquer coisa que nos safe, como um papelão que faz às vezes de guarda-chuva. Gambiarra é um achado importante e gambiarra se aceita nesse contexto.

Nunca ouvi essa palavra em nossas bandas, e ao mesmo tempo nunca uma palavra definiu tão bem a atividade diária do brasileiro, esse desenrascado. Queria essa palavra em nossa bandeira: ordem, progresso e desenrascanço.

* É ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos.
Folha de São Paulo, Ilustrada, 01 dez. 2021. Adaptado
Segundo Cereja (2013, p. 314), “um texto escrito adquire sentidos diferentes quando pontuado de formas diferentes. O uso da pontuação depende da intenção do locutor no discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente relacionados ao contexto, ao interlocutor e às intenções. Além destas e de outras funções, os sinais de pontuação são responsáveis por garantir a coesão e a coerência interna dos textos, bem como os efeitos de sentido dos enunciados."
A esse respeito, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I - Na frase transcrita do texto “Os portugueses, levaram pro Brasil pelo menos 100 mil palavras.”, a vírgula está corretamente empregada
PORQUE
II - sempre se deve usar esse sinal de pontuação entre o sujeito e o verbo da oração.

Sobre as asserções, é correto afirmar que 
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Q2052178 Português

Mitos da criminalidade juvenil no Brasil

Marília Rovaron


Propostas de emenda à Constituição que reduzem a maioridade penal e projetos de lei que ampliam o tempo de internação de adolescentes envolvidos em crimes hediondos têm reaparecido nas pautas do Senado brasileiro. A análise dessa complexa questão demanda, porém, um conhecimento mais objetivo da realidade dos atos infracionais praticados por adolescentes em relação ao problema da violência no Brasil. Muitos mitos circundam o debate acerca da autoria de jovens na criminalidade urbana, sendo três deles mais ce ntrais nas discussões.

O primeiro mito aponta uma criminalidade crescente e descontrolada, praticada por crianças e adolescentes, contrariando as estatísticas oficiais que, na verdade, revelam um hiperdimensionamento na apresentação das violências praticadas por jovens, se comparadas às praticadas por adultos. No ano de 2012, por exemplo, só 8,4% dos homicídios registrados no país foram cometidos por adolescentes. E, no ano de 2010, das 8.686 crianças e adolescentes assassinados no Brasil, 2,5% das mortes foram cometidas por adolescentes, segundo o estudo Porque dizemos não à redução da maioridade penal, de 2013, da Fundação Abrinq. Portanto, ao contrário do que afirma a opinião pública, é baixa a proporção de jovens que cometem atos infracionais graves, como os homicídios. E o mesmo se observa em roubo e tráfico.

O segundo mito associa a pobreza à criminalidade, determinando o risco que as crianças e os adolescentes pobres oferecem à sociedade, como criminosos em potencial. Diversas pesquisas comprovam a participação de jovens de diferentes classes sociais em atos infracionais. O que importa considerar, nesses casos, são os encaminhamentos dados: a diferenciação entre dependente químico e traficante é um exemplo claro dos tipos de tratamento possíveis aos sujeitos a partir de recortes de cor, classe social e região de moradia.

O terceiro mito sustenta que há uma passividade do Estado frente às ações consideradas criminosas praticadas por jovens, reforçando o desejo de grande parte da sociedade por uma menor tolerância no trato com crianças e adolescentes autores de ato infracional, desconsiderando, assim, os índices crescentes das medidas socioeducativas no país, sobretudo das medidas privativas de liberdade.

As simplificações das justificativas normalmente empregadas na defesa por mais punição aos jovens envolvidos (ou em risco de se envolver) em atos criminais parecem sempre mover a atenção para os indivíduos e não para as estruturas sociais. É quando o papel da punição na política criminal contemporânea adquire força e capilaridade no tecido da sociedade, afetando um público-alvo específico e legitimado por uma sociedade conivente com o recrudescimento de um sistema que se mostra seletivo em suas punições. Apesar da gravidade de acontecimentos violentos no país, deve-se ressaltar que, do total de adolescentes em conflito com a lei, apenas 8,4% cometeram homicídios. A maioria dos delitos juvenis é roubo, seguido por tráfico. Sabemos também que a maioria dos adolescentes em conflito com a lei já abandonou a escola ainda no Ensino Fundamental e que é imensa a dificuldade daqueles que estão cumprindo medidas socioeducativas, principalmente em liberdade assistida, em retomar seus estudos.

Ao mesmo tempo, não existem indícios suficientes de que aumentar a repressão e o rigor das medidas socioeducativas em si seja o bastante para reduzir a criminalidade e os homicídios. Ao contrário, dados do Conselho Nacional de Justiça atestam que 70% dos egressos do sistema prisional retornam a ele por reincidirem. Assim, a extensão dessa situação às infrações juvenis 

— ou seja, mais encarceramentos de adolescentes — não amenizará os índices de crimes cometidos por eles no país.

É dever do Estado aprimorar e ampliar as políticas sociais que amparam a juventude vulnerável. E é, sobretudo, a ausência dessas políticas que gera as condições de vulnerabilidade, empurrando os adolescentes para a criminalidade. Desse modo, a simples ausência de universalidade de direitos fundamentais, como o direito à moradia, à educação, à saúde, à inserção produtiva qualificada, já se constitui em violência contra a infância e a adolescência.

Nos sistemas judiciário, executivo e legislativo, ainda está bem presente a “lógica menorista” (visão antiga que ainda considera crianças e adolescentes “objetos do direito”, assujeitados, em situação irregular, e não sujeitos em desenvolvimento, que demandam proteção, respeito e autonomia), e pouco avançamos em leis que permitem saltos nessa visão. Debatemos a ineficácia de um Estatuto da Criança e do Adolescente que nem sequer foi implantado por completo e opinamos sobre a redução da maioridade penal, esquecendo -nos de que as causas da questão social continuam intocáveis em praticamente todas as esferas.

A efetivação da mudança de paradigma no sistema de justiça juvenil exige uma transformação coletiva na mentalidade da sociedade para que a opinião pública aprofunde as reflexões acerca da cultura punitiva e possa, assim, vislumbrar novas formas de sociabilidade, pautadas na liberdade. Da mesma forma que à lei não pode ser atribuído o papel de salvar a humanidade, o cárcere não resolverá as desigualdades sociais que marcam tão profundamente as vidas dos jovens e sua busca por sobrevivência, expressão, visibilidade e ascensão social.


Disponível em: <www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: 14 dez. 2017. [Adaptado]

Considere os períodos:

I As simplificações das justificativas normalmente empregadas na defesa por mais punição aos jovens envolvidos (ou em risco de se envolver) em atos criminais parecem sempre mover a atenção para os indivíduos e não para as estruturas sociais .
II Assim, a extensão dessa situação às infrações juvenis — ou seja, mais encarceramentos de adolescentes — não amenizará os índices de crimes cometidos por eles no país.
III Desse modo, a simples ausência de universalidade de direitos fundamentais, como o direito à moradia, à educação, à saúde, à inserção produtiva qualificada, já se constitui em violência contra a infância e a adolescência.
IV O que importa considerar, nesses casos, são os encaminhamentos dados: a diferenciação entre dependente químico e traficante é um exemplo claro dos tipos de tratamento possíveis aos sujeitos a partir de recortes de cor, classe social e região de moradia.

Considerando a tradição gramatical relativa ao uso dos sinais de pontuação,
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Q2052122 Português

Texto 2


    Sabe-se que o sertanejo costumava realizar suas necessidades fisiológicas no próprio quintal de sua casa, entre as folhagens de um cajueiro ou qualquer outra árvore baixa e frondosa. Nas Concentrações, o flagelado era obrigado a mudar o seu comportamento. Deveria sentir-se envergonhado por não usar o banheiro para as necessidades fisiológicas. Na perspectiva da civilização baseada no saber médico, o homem deveria ficar distante de seus excrementos. Com efeito, o concentrado deveria incorporar novos parâmetros para definir o nojo. Para o sertanejo, o lugar dos dejetos fecais era os arredores de sua casa. Não havia necessidade de banheiro.

     Esse contraste entre noções diferenciadas da construção do nojo era uma das grandes tensões cotidianas dos Campos de Concentração. Enquanto os “inspetores de higiene” procuravam, a todo custo, mostrar a insubstituível função das “sentinas”, os sertanejos mostravam-se pouco motivados para abandonar seus hábitos tradicionais. Muitos concentrados usavam o aparelho sanitário, enquanto outros decidiam continuar com seus hábitos, criando toda sorte de conflitos.

     Ao ser entrevistado por jornalistas do Correio do Ceará, em março de 1932, o inspetor de higiene do Campo de Concentração do Urubu falou com detalhes e entusiasmo sobre a existência e a organização dos banheiros: “São todos muito bem fechados e foram construídos com madeira serrada, cobertos de zinco novos e muito bem feitos. Aqueles dois que ainda não foram totalmente cobertos não estão funcionando”. Ao passarem pela frente dos banheiros, os jornalistas receberam do Inspector a seguinte informação: “este é o banheiro ‘Major Manoel Tibúrcio’, este chama-se ‘Senhoras da Caridade’, este é o ‘Interventor Federal Roberto Carneiro de Mendonça’...” (Correio do Ceará, 06/05/1932). A homenagem a grupos ou pessoas importantes era figurada nos banheiros. Nesse sentido, é possível imaginar que esses lugares da higiene pessoal constituíam-se como templos do sanitarismo nesses Campos de Concentração.

     O momento do banho ganhava, respeitando as especificidades, ares de sacralidade em todos os Campos de Concentração. Na Concentração do Tauape, localizada em Fortaleza, mulheres e crianças banhavam-se vestidas numa Lagoa que ficava junto ao Campo. Entretanto, os higienistas afirmavam que neste momento – precisamente às cinco horas da manhã – formava-se um cordão de vigilantes para impedir qualquer tipo de indecoro ou de molestamento àquelas mulheres. No meio rural, homens, mulheres e crianças banhavam-se vestidos e juntos. Ao que parece, esse momento tinha mais o sentido do lazer do que do asseio pessoal. Nos Campos de Concentração, tentava-se inculcar uma nova maneira de pensar sobre o momento do asseio pessoal a partir da noção de vergonha. O banho, fosse realizado em banheiros ou açudes, deveria caracterizar-se como um momento de foro íntimo dominado pela ideia civilizada de moral, pudor e rapidez.

  Os jornalistas d’O Povo, numa tentativa de romantizar a cena, acrescentavam que as mulheres sentiam muita satisfação naquele momento, pois o encontro com a água traria de volta a lembrança do “sertão querido”. A descrição chega a imagens cinematográficas: “A lagoa, com as suas águas frescas e azuladas parecia atenuar a tristeza daquela gente... Dava gosto ver as sertanejas lembrando-se dos bons invernos e nadando a largas braçadas na superfície da Lagoa”. Mesmo ocupando-se largamente com a satisfação do banho, os jornalistas acabaram registrando o incômodo que causava nessas senhoras a constante vigilância do banho e da lavagem de roupa. Com um tom irônico, que procurava produzir o riso a partir de informações sobre “a vida do povo”, os jornalistas chegam a reproduzir o “falar do sertanejo pobre”: “Num sei pru qui é qui os diabo desses guarda num larga da gente”

(O Povo, 16/04/32).

(RIOS, K. S. Isolamento e poder: Fortaleza e os campos de concentração na seca de 1932. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2014. p. 119-121).

Com um tom irônico, que procurava produzir o riso a partir de informações sobre “a vida do povo”, os jornalistas chegam a reproduzir o “falar do sertanejo pobre”: “Num sei pru qui é qui os diabo desses guarda num larga da gente.” Acerca dos sinais de pontuação presentes nesse trecho do texto, é correto afirmar somente que: 
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Ano: 2022 Banca: FCM Órgão: FAMES Prova: FCM - 2022 - FAMES - Assistente em Administração |
Q2051607 Português
Entenda como o coronavírus pode mudar até nosso
jeito de falar português

Walter Porto

O novo coronavírus veio provocar abalos na nossa relação com quase tudo em volta, inclusive com uma ferramenta de importância que nem sempre levamos em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração as vive na pele ‒ e outras expressões entraram com o pé na porta no léxico do dia a dia, caso de “distanciamento social”, “achatar a curva” e, claro, o próprio “coronavírus”.

Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para se tornar assombrosamente atual.

O jornal britânico The Guardian conta que o dicionário Oxford teve uma atualização extraordinária no mês passado para adicionar palavras que tomaram o discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como “Covid-19”.

Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒ essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo outros. Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.

“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e professor. “O futuro a Deus pertence, mas é difícil alguém se referir, lembra a Covid? Lembra o Sars, o coronavírus? A gente lembrará como os tempos do corona”. O próprio modo de chamar o vírus já é objeto de rinha política e, como lembra Sheila Grillo, “as palavras nunca são neutras, sempre trazem um recorte da realidade”.

Segundo o professor Deonísio da Silva, o desconhecido total, como uma situação de pandemia, faz com que aceitemos passivamente a entrada de siglas e procedimentos científicos nas falas cotidianas “como um valor absoluto” assim como a invasão dos neologismos, “que chegam à nossa casa mudando tudo”. “Não é possível que não tenhamos outro modo de entregar coisas em casa que não seja o 'delivery'”, afirma ele. “Outra palavra que de repente ficou indispensável é o ‘home office’, quando os portugueses, que adaptam muito, já usam o ‘teletrabalho.’”

Grillo lembra que, no esforço de tentar explicar fenômenos novos como este, é comum fazer empréstimos de outras línguas e atualizar termos antigos. “Alguns desses termos são impostos meio na marra”, diz o professor Pasquale Cipro Neto. “Isso é muito chato, quando o gerente do banco fala comigo que tem um ‘call’, que ‘call’?” E nesses tempos em que a testagem em massa tem sido um ponto focal de discussão, outro anglicismo tem dominado as notícias, o de que fulano “testou positivo”. “É traduzido diretamente do inglês”, diz Pasquale. “Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora.”

Enquanto estamos no nosso "lockdown" particular, pedindo delivery pelo app, assistindo a lives e fazendo binge-watching no streaming, as palavras que usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem. Sem que notemos, transformam-se.

Folha de São Paulo, Ilustrada, 1º mai. 2020. Adaptado.
Segundo Cereja (2013, p. 314), “o uso da pontuação depende da intenção do locutor do discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente relacionados ao contexto, ao interlocutor e às intenções”.
Com base nesse enunciado, atente para o emprego dos sinais de pontuação na seguinte passagem transcrita do texto.
Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para se tornar assombrosamente atual... Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒ essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo outros. Resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.
Avalie as afirmações acerca dos sinais de pontuação.
I - As reticências foram utilizadas para indicar a supressão de um trecho transcrito do texto de Walter Porto.
II - As vírgulas em “... a própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa...” separam uma oração intercalada e de caráter explicativo.
III - O travessão na frase “Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒ essa entidade inquieta.” pode ser substituído pela vírgula, empregada para isolar o vocativo.
IV - As aspas nas palavras “Vacina”, “gripe” e “peste” nada apresentam de relevante em termos de sentido para o texto, razão pela qual podem ser eliminadas dele sem nenhum prejuízo semântico.

Está correto apenas o que se afirma em
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Q2051486 Português

A questão refere-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados na questão.


Previdência Social: Reflexões e Desafios

Por José Pimentel, Ministro da Previdência Social 



(Disponível em: http://sa.previdencia.gov.br/site/arquivos/office/3_100202-164641-248.pdf – texto adaptado

especialmente para esta prova).

Considerando o emprego correto da vírgula, analise as assertivas a seguir:
I. A ocorrência da dupla vírgula hachurada, na linha 02, deve-se à separação de um aposto. II. A vírgula hachurada na linha 09 marca a separação de uma oração coordenada. III. Na linha 34, a vírgula hachurada demarca a separação de uma sequência de termos que têm a mesma função sintática.
Quais estão corretas? 
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Q2050906 Português
Simplifique

Um professor de Filosofia entra na sala de aula, põe a cadeira em cima da mesa e escreve no quadro: "Provem-me que esta cadeira não existe".

Apressadamente, os alunos começam a escrever longas dissertações sobre o assunto. No entanto, um dos alunos escreve apenas duas palavras na folha e entrega-a ao professor. Este, quando a recebe, não pôde deixar de sorrir depois de ler: "Que cadeira?"
Conclusão: Não procure chifres em cabeça de cavalo ou pelo em ovo. Opte pela simplificação.

Acesso em: https://palestrante.srv.br/artigos/fabula-e-parabola/que-cadeira
No trecho, "Apressadamente, os alunos começam a escrever longas dissertações sobre o assunto ", a vírgula foi empregada para:
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Q2050491 Português
Como podemos caracterizar o uso/emprego das pontuações Vírgula e Ponto Final?
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Q2050061 Português
“No interior de orações, a vírgula serve para separar elementos que exercem a mesma função sintática” (Celso Cunha e Lindley Cintra).
Nas alternativas abaixo, a vírgula utilizada para separar elementos que exercem a mesma função sintática encontra-se em:
Alternativas
Ano: 2019 Banca: IBFC Órgão: FSA-SP Prova: IBFC - 2019 - FSA-SP - Vigilante Patrimonial |
Q2049785 Português
Observe o enunciado:
   “Paulo abandonou-me Ana Júlia encontre-me às 8h e contar-te-ei como foi isto.”
Assinale a alternativa que apresenta a pontuação correta de acordo com a sua justificativa.
Alternativas
Ano: 2019 Banca: IBFC Órgão: FSA-SP Prova: IBFC - 2019 - FSA-SP - Vigilante Patrimonial |
Q2049779 Português
Os sinais de pontuação garantem boa parte da coesão e coerência dos escrita. Assinale a alternativa incorreta quanto ao uso da vírgula.
Alternativas
Q2049632 Português

Leia o texto a seguir para responder as questões sobre seu conteúdo. Se essa ainda é a situação de Portugal e era, até bem pouco, a do Brasil, havemos de convir em que no Brasilcolônia, essencialmente rural, com a ojeriza que lhe notaram os nossos historiadores pela vida das cidades - simples pontos de comércio ou de festividades religiosas -, estas não podiam exercer maior influência sobre a evolução da língua falada, que, sem nenhum controle normativo, por séculos “voou com as suas próprias asas”. (Celso Cunha, in A Língua Portuguesa e a Realidade Brasileira) 



No trecho: “, até bem pouco,” o uso das vírgulas se justifica pelo fato de se tratar de:

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Q2048988 Português
O que é vocativo? O vocativo é composto por termos que encontram-se isolados da oração e que cumprem a missão de atrair a atenção do interlocutor ou mesmo de colocá-lo em destaque no discurso. Estando este isolado em um enunciado, não traz consigo a função de sujeito, muito menos de predicado, estando sempre separado dos demais compostos da oração por alguma pontuação como a vírgula.
Dentre as alternativas abaixo, marque a que utiliza a vírgula com a função de isolar um vocativo.
Alternativas
Q2048318 Português
Leia o texto a seguir:
   Os traços indígenas que ainda sobrevivem na cultura regional amazônica são principalmente herdados das tribos de língua tupi. Esses povos, que habitavam praticamente toda a costa do Brasil e que, na época da chegada dos europeus, pareciam estar se mudando para o interior, ao longo do braço principal do Amazonas, foram as primeiras tribos indígenas com as quais os portugueses tiveram contato mais prolongado. Era, sobretudo, com os nativos de língua tupi que os portugueses comerciavam o pau-brasil, contra quem eles guerreavam e a quem escravizavam, com o objetivo de explorar a sua mão de obra, durante o primeiro século do período colonial. Como escreveu Gilberto Freire de maneira tão pitoresca, “nem bem o europeu saltava em terra e já seus pés deslizavam por entre mulheres nativas”. Os portugueses tinham mulheres e concubinas nativas que deviam ser índias de tribos tupis. Os rebentos dessas uniões, os primeiros brasileiros, eram criados por suas mães, mas dominados por seus pais e, em consequência, se tornavam portadores de uma cultura mista – tupi e portuguesa – e em geral falavam as duas línguas. Portanto, a Amazônia foi o local aonde a miscigenação entre duas etnias se fez de modo mais completo. (Do livro Uma comunidade amazônica, de Charles Wagley, p. 57. Texto adaptado.)
   Observe as afirmativas a seguir, feitas sobre aspectos diversos do texto:
I. Em “mas dominados por seus pais” (penúltimo período), a conjunção está escrita de modo errado e deveria ser grafada assim: “mais”.
II. Já no último período, o advérbio “aonde”, por dar ideia de lugar, está corretamente empregado.
III. No primeiro período, a oração “que ainda sobrevivem na cultura regional amazônica” deveria necessariamente estar entre vírgulas.
IV. O “que”, na mesma oração (“que ainda sobrevivem na cultura regional amazônica”), é um pronome relativo com a função sintática de sujeito.
V. A afirmativa de Gilberto Freire, corretamente colocada entre aspas, dá ideia da licenciosidade lusitana, que se afirmava num ambiente sem preconceitos, como o dos índios.
VI. A oração principal do segundo período tem como sujeito “Esses povos”.
Assinale a alternativa correta:
Alternativas
Q2047466 Português

Nos dias de hoje, a integração com os bichinhos de estimação está cada vez maior e por serem tratados como um membro da família, acompanham seus donos nos passeios, com mais frequência. Pensando neste lado, a 11ª Osterfest conta com um cantinho reservado para os pets. [...]


Disponível em: http://jornaldepomerode.com.br/noticias/um-cantinho-reservado-para-os-pets-67669. Acesso em: 29/mar/2019. [adaptado] 



Assinale a alternativa correta quanto à justificativa do uso da vírgula no trecho “Nos dias de hoje, a integração com os bichinhos de estimação está cada vez maior...”: 

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Q2047296 Português
      A frase “Se você ama, sofre; se não ama, adoece” é uma das mais notáveis de Sigmund Freud, pois ela nos revela que, no momento que nascemos e abrimos os nossos olhos para o mundo, já sofremos de uma ausência: a carência do outro. Porém, quando nos tornamos adultos, sabemos que o amor converge em diferentes modos de sofrimento, que vão desde amar e não ser amado, da perplexa revelação de que amor não resolve tudo e de que existem pessoas que não querem amar.

     Por caminhos confusos ou enviesados, alguns homens e mulheres acabam entrando na pior forma de amar, que é o amor patológico, que atinge, sobretudo, as pessoas que não conseguem estabelecer relações emocionalmente estáveis. Para as pessoas que amam demais, ou seja, de maneira obsessiva, apaixonar-se é algo cruel e, ao mesmo tempo, fascinante para esse imaginário romântico, que mora na cabeça e no coração de gente que acredita, cegamente, que esse tipo de amor é grandioso, e que exige sacrifício e despersonalização.

       Na verdade, estamos falando de um sentimento incontrolável, que não nasce de emoções saudáveis por alguém, mas de uma carência insuportável que provoca ansiedade e angústia, atordoando a vida dos que amam demais, e que por isso sofrem e adoecem. Essa é uma sensação químico-física de um amor que se caracteriza como patológico, como se fosse à dependência de um poderoso alucinógeno, que _____________ os indivíduos a permanecer em relações abusivas por medo de serem abandonados e frustados. As turbulências do amor patológico ____________ levado eles ou elas aos consultórios psicoterapêuticos, com problemas de sono, aflições, dificuldades de concentração, alterações alimentares e outras disfunções, em consequência dos desleixos que ocorrem na codependência.

        Assim, o amor patológico pode ocorrer com pessoas de diversas idades, opções de gênero e níveis sociais, mas não apenas entre casais. Por exemplo, algumas mães gostam tanto de seus filhos que acabam com o namoro deles, impedindo que eles vivam a própria vida. É como disse o poeta português Luís de Camões: “Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente”. Entretanto, esse fogo e ferida podem se transformar em uma patologia, em que as pessoas que amam demais se sujeitam à humilhação e à submissão para estar com o outro.

      Nesta citação de Freud, descobrimos que a marca do amor é a ambivalência, que pode se confundir em uma relação de amor e ódio, que podemos traduzir no conflito entre a pulsão de vida (Eros) e a pulsão de morte (Tânatos), que costumam enlaçar de amor homens e mulheres, que misturam seus “deuses” e “demônios”. Portanto, o amor patológico funciona como um pêndulo entre o Eros e o Tânatos, mas com a curva para a pulsão de morte. Contudo, para desenvolver um amor maduro, sábio e responsável, como nos ensina o psicanalista Erich Fromm, é necessário trabalharmos quatro dimensões: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.

(Disponível em: https://www.contioutra.com/se-voce-ama-sofre-senao-ama-adoece/. Texto adaptado especialmente para esta prova. Acesso em: 11/07/2019.)
Sobre alguns sinais de pontuação empregados no texto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) No trecho “Para as pessoas que amam demais, ou seja, de maneira obsessiva, apaixonar-se é algo cruel e, ao mesmo tempo, fascinante para esse imaginário romântico” (2º§), as duas primeiras vírgulas servem para separar uma expressão explicativa. ( ) No excerto “é como disse o poeta português Luís de Camões: ‘Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente’.”, os dois pontos foram utilizados para anunciar a fala de um personagem de ficção. ( ) No fragmento “Contudo, para desenvolver um amor maduro, sábio e responsável, como nos ensina o psicanalista Erich Fromm, é necessário trabalharmos quatro dimensões: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.” (5º§), os dois pontos introduzem uma enumeração.
A sequência está correta em
Alternativas
Q2045351 Português
URUBUS E SABIÁS
(Rubem Alves)

Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores.

E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...”.

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá.
Analise os itens e responda:
I – Reticência pode, também, indicar dúvida ou hesitação do falante na frase.
II – Parêntese serve para isolar palavras e frases intercaladas de caráter explicativo e datas.
III – Em “Carlos, meu ex-namorado, era muito ciumento.” o uso da vírgula é usado para separar oposto. 
Alternativas
Q2044886 Português

RIO — Compreender, utilizar e criar tecnologias de forma crítica, reflexiva e ética. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que define o conteúdo mínimo que os estudantes de ensino médio do Brasil deverão aprender, essa é a missão das escolas no que se refere a tecnologia. Mas, para Lúcia Dellagnelo, diretora-presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb), a utilização de ferramentas tecnológicas ainda é um desafio no mundo inteiro. Lúcia participou da primeira mesa de debate do Educação 360 Jovem Tech com Lee Magpili, designer da Lego Education, e diversos jovens interessados. O tema era “Tecnologia no ensino médio”.[...]

Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/educacao-360/tecnologia-a-grande-promessa-mas-ainda-nao-sabemos-usa-laem-sala-diz-especialista-23524759?sfns=mo. Acesso em: 15/mar/2019. [adaptad

 O trecho “documento que define o conteúdo mínimo que os estudantes de ensino médio do Brasil deverão aprender” está entre vírgulas para: 
Alternativas
Respostas
1021: D
1022: B
1023: A
1024: A
1025: D
1026: B
1027: A
1028: E
1029: B
1030: A
1031: A
1032: B
1033: B
1034: A
1035: D
1036: B
1037: D
1038: A
1039: E
1040: B