Questões de Português - Uso das aspas para Concurso

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Q891181 Português

Leia o texto para responder a questão abaixo.


    Black Friday? Levantamento feito pela Folha* mostrou que boa parte dos “descontos” oferecidos nesta sexta-feira não passa de manipulações até meio infantis de preços, com o objetivo de iludir o consumidor.

    Antes, porém, de imprecar contra a ganância dos capitalistas, convém perguntar se os consumidores não desejam ser enganados. E há motivos para acreditar que pelo menos uma parte deles queira.

    No recém-lançado Dollars and Sense (dinheiro e juízo), Dan Ariely e Jeff Kreisler relatam um experimento natural que mostra que pessoas podem optar por ser “ludibriadas” voluntariamente e que, em algum recôndito do cérebro, isso faz sentido.

    A JCPenney é uma centenária loja de departamentos dos EUA que se celebrizou por jogar seus preços na lua para depois oferecer descontos “irresistíveis”. Ao fim e ao cabo, os preços efetivamente praticados estavam em linha com os da concorrência, mas os truques utilizados proporcionavam aos consumidores a sensação, ainda que ilusória, de ter feito um bom negócio, o que lhes dava prazer.

    Em 2012, o então novo diretor executivo da empresa Ron Johnson, numa tentativa de modernização, resolveu acabar com a ginástica de remarcações e descontos e adotar uma política de preços “justa e transparente”.

    Os clientes odiaram. Em um ano, a companhia perdera US$ 985 milhões e Johnson ficou sem emprego. Logo em seguida, a JCPenney remarcou os preços de vários de seus itens em até 60% para voltar a praticar os descontos irresistíveis. Como escrevem Ariely e Kreisler, “os clientes da JCPenney votaram com suas carteiras e escolheram ser manipulados”.

    Num mundo em que o cliente sempre tem razão, não é tão espantoso que empresas se dediquem a vender-lhe as fantasias que deseja usar, mesmo que possam ser desmascaradas com um clique de computador.


*Jornal Folha de São Paulo


(‘Caveat emptor’. Hélio Schwartsman. http://www1.folha.uol.com.br/ colunas/helioschwartsman/2017/11/1937658-caveat-emptor.shtml 24.11.2017. Adaptado)

Considere os seguintes trechos do texto:


•  ... boa parte dos “descontos” oferecidos nesta sexta-feira não passa de manipulações... (1o parágrafo)

•  ... para depois oferecer descontos “irresistíveis”. (4o parágrafo)


As aspas são empregadas nas palavras em destaque, nesse contexto, com a finalidade de

Alternativas
Q888180 Português

                                  Dialeto do Planalto


Brasília é recente - foi fundada há menos de 60 anos -, mas, com contribuições de várias partes do país, formou a própria identidade. Descubra expressões típicas de lá que ajudam a revelar o jeito de ser do povo da capital federal.


Ele é muito aguado.

Refere-se a alguém que chora por qualquer coisa e de forma fingida - ou seja, um manteiga-derretida especializado em lágrimas de crocodilo.


Nunca vi garçom tão apagado!

É assim que os brasilienses se referem a alguém lento, lerdo. “Apagar” também pode ser sinônimo de assassinar.


Só pode ser agá.

“Agá”, em Brasília, é piada. E por lá corre o seguinte “agá”: não é à toa que o prédio do Congresso Nacional tem o formato dessa letra...


Eu vou de camelo.

Famoso por fazer parte da letra da música Eduardo e Mônica, da Legião Urbana, o termo “camelo” denota bicicleta.


Quando ela chegou, dei de cabrito.

Sabe-se lá por que o filhote da cabra ganhou essa fama no Distrito Federal: “dar de cabrito” é sair de fininho, à francesa.

(Adaptado de: IACONIS, Heloísa. Todos. São Paulo: Mol, Fevereiro/março, p. 37)

É correto afirmar:
Alternativas
Q887227 Português

   Há marcas que vivem da inclusão, e outras que vivem da exclusão

                                                                                    Contardo Calligaris


      Meu telefone, um iPhone 6, estava cada vez mais lento. Não era por nenhuma das causas apontadas nas inúmeras salas de conversa entre usuários de iPhones vagarosos.

      Era mesmo o processador que estava se tornando exasperadamente lento, ao ponto em que havia um intervalo sensível de tempo entre digitar e a letra aparecer na tela.

      Deixei para resolver quando chegasse a Nova York, onde, aliás, a coisa piorou: era suficiente eu tirar o celular do bolso ou deixá-lo num bolso externo (que não estivesse em contato com o calo0r do corpo) para que a carga da bateria baixasse, de repente, de 60% a zero.

      Pensei que três anos é mesmo o tempo de vida útil para uma bateria. E lá fui à loja da Apple na Broadway.

      Esperei duas horas para enfim ter acesso a alguém que me explicou que testaria minha bateria. Depois de contemplarmos os gráficos lindos e coloridos deixados no tablet pelo meu telefone, anunciou que minha bateria ainda não justificava uma troca – no tom pernóstico de um plantonista que sabe que não tem leitos disponíveis e manda você para casa com aquela dor no peito e a "certeza" de que "você não está enfartando, deve ser só digestão".

      O mesmo jovem propôs uma reinstalação do sistema operacional, – que é uma trivialidade, mas foi anunciada como se fosse um cateterismo das coronárias.

      Passei a noite me recuperando, ou seja, reinstalando aplicativos. Resultado: telefone lento como antes.

      Voltei para a Apple (loja da Quinta Avenida), onde descobri que, como na história do hospital sem leitos, de fato, a Apple não dispunha mais de baterias para substituir a minha: muitos usuários estavam com o mesmo problema. Por coincidência, tudo conjurava para que eu comprasse um telefone novo.

      Nos EUA, a Apple está sendo processada (15 casos coletivos, em diferentes Estados) por piorar propositalmente a experiência dos usuários de iPhone sem lhes oferecer alternativas –salvo, obviamente, a de adquirir um telefone novo.

      A companhia pediu desculpas públicas, mas a humildade não é o forte do treinamento Apple. Basta se lembrar que o atendimento pós-venda da companhia se chama (o ridículo não mata ninguém) "genius bar", o balcão dos gênios.

      Já pensou: você poderia ligar para seu serviço de TV a cabo porque a recepção está péssima e alguém diria: "Sim, senhor, pode marcar consulta com o balcão dos gênios".

      A maioria dos usuários não acham isso cômico e despropositado. Por que será?

      Há marcas que vivem de seu poder de inclusão, do tipo "nós fabricamos o carro que todos podem dirigir". E há marcas que vivem de seu poder de exclusão: tipo, será que você merece o que estou vendendo?

      Você já entrou alguma vez numa loja cara onde os vendedores, envaidecidos pela aura do próprio produto que vendem, olham para você com desprezo, como se você não fosse um consumidor à altura da loja?

      É uma estratégia básica de marketing: primeiro, espera-se que você inveje (e portanto deseje) o mundo do qual se sente excluído.

      Você perguntará: de que adianta, se não poderei adquirir os produtos da marca? Em geral, nesses casos o projeto é vender os acessórios da casa. Pouquíssimos comprarão o casaco de R$ 15 mil, mas milhares comprarão um lencinho (com monograma) para se sentirem, assim, membros do clube.

      A Apple mantém sua presença no mercado pela ideia de sua superioridade tecnológica - e pelo design elegante, claro.

      Seriamente, alguém que usa processador de texto não deveria escolher um computador em que não dá para apagar letras da esquerda para a direita. Mas é como os carros ingleses dos anos 1950: havia a glória de viver perigosamente e dirigir sem suspensões posteriores independentes (sem capotar a cada curva).

      Pouco importam as críticas. A Apple conseguiu convencer seus usuários de que eles mesmos, por serem usuários, fazem parte de uma arrojada elite tecnológica. Numa loja da Apple, todos, os usuários e os "gênios" vestem (real ou metaforicamente) a camiseta da marca.

      Quer saber o que aconteceu com meu iPhone? Está ótimo. Fui ao Device Shop, em Times Square, no mesmo prédio do Hard Rock Cafe: atendimento imediato, troca de bateria em dez minutos, conversa agradável. Não havia gênios, só pessoas competentes. E custou menos de dois terços do que pagaria na Apple.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2018/01/1949427- ha-marcas-que-vivem-da-inclusao-e-outras-que-vivem-da-exclusao.shtml Acesso em 20 mar. 2018

Em: "[...] no tom pernóstico de um plantonista que sabe que não tem leitos disponíveis e manda você para casa com aquela dor no peito e a "certeza" de que "você não está enfartando, deve ser só digestão", as aspas em “certeza” foram usadas com a finalidade de
Alternativas
Ano: 2016 Banca: CEPS-UFPA Órgão: UFRA Prova: CEPS-UFPA - 2016 - UFRA - Administrador |
Q884624 Português
Em “Ah, mas aqui ocorre tanto absurdo que eu achei que fosse verdade” (25 a 26), o emprego das aspas se deve
Alternativas
Q884501 Português
A imagem é chocante. Ao ver um corpo estendido na linha férrea, o maquinista pisa no freio. Do lado de fora, o controlador de tráfego determina que ele siga viagem. O trem volta a se mover e passa lentamente sobre o cadáver. O caso aconteceu na última terça em Madureira, no subúrbio do Rio. Seria mais uma morte invisível se a cena não tivesse sido filmada por um passageiro com o celular. O homem atropelado era Adílio Cabral dos Santos, de 33 anos de idade. Batizado com nome de jogador, e negro como ele, driblava o desemprego como vendedor de doces. Os ambulantes atravessam a linha várias vezes ao dia para evitar a apreensão de balas, biscoitos e garrafas d’água. Em nota sobre o acidente, a concessionária Supervia condenou a vítima, ao lamentar “a perda de mais uma vida por invasão dos trilhos”. A empresa, que pertence ao grupo Odebrecht, citou o “horário de pico” para justificar o segundo atropelamento. “A paralisação da linha”, alegou, “criaria transtornos para toda a movimentação do horário”. “Diante do risco de se criar um problema maior e mais grave, com a retenção de diversos trens, o centro de controle operacional tomou a decisão, em caráter absolutamente excepcional, de autorizar a passagem do trem”, afirmou a Supervia. O secretário de transportes se disse indignado e prometeu punir a concessionária. Já tinha acontecido em 2010, quando fiscais foram filmados chicoteando passageiros. O teólogo Marco Bonelli disse ao jornal O Globo que o caso retrata uma “sociedade violenta, na qual o ser humano morre, mas o sistema de transporte não pode parar”. Ao mesmo tempo, achamos normal que o tráfego seja interrompido para a passagem de autoridades. Na música Construção, Chico Buarque conta a história de um operário que “morreu na contramão atrapalhando o tráfego”. Adílio teve azar duas vezes. Foi atingido pelo trem e morreu no horário de pico.

(Adaptado de: FRANCO, B. M. Morreu no horário de pico. Folha de S. Paulo. 2 ago. 2015. Opinião. A4.)

Acerca do trecho final “Na música Construção, Chico Buarque conta a história de um operário que ‘morreu na contramão atrapalhando o tráfego’. Adílio teve azar duas vezes. Foi atingido pelo trem e morreu no horário de pico.”, considere as afirmativas a seguir.


I. O trecho apresenta uma citação, marcada pelo uso de aspas.

II. O trecho é marcado por traços de ironia.

III. Adílio é comparado ao operário que morreu “atrapalhando o tráfego”.

IV. Adílio é apresentado, no texto, como um herói.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Respostas
691: A
692: A
693: A
694: B
695: D