Questões de Português - Uso dos conectivos para Concurso
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O que os outros vão pensar?
Quando eu era pequena, não tinha medo nenhum de bicho-papão, mula sem cabeça, bruxa malvada ou o diabo a quatro. Quem me aterrorizava era outro tipo de monstro. Eles atacavam em bando. Chamavam-se “os outros”.
Nada podia ser mais danoso do que os outros. As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães. Era com os outros que elas nos ameaçavam caso não nos comportássemos direito. Se não estudássemos, os outros nos chamariam de burros. Se não fôssemos amigos de toda a classe, os outros nos apelidariam de bicho do mato. E o pior é que as mães não mantinham a lógica do seu pensamento. “Mas mãe, todo mundo dorme na casa dos amigos.” “Eu lá quero saber dos outros? Só me interessa você!” Era de pirar a cabeça de qualquer um. Não víamos a hora de crescer para nos ver livres daquela perseguição.
Veio a adolescência, e que desespero: descobrimos que os outros estavam mais fortes que nunca, ávidos por liquidar com nossa reputação.
Não tinha escapatória: aos poucos fomos descobrindo que os outros habitavam o planeta inteiro, estavam de olho em todas as nossas ações, prontos para criticar nossas atitudes e ferrar com nossa felicidade.
Hoje eles já não nos assustam tanto. Passamos por poucas e boas e, no final das contas, a opinião deles não mudou o rumo de nossa história. Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles. Os outros ainda dizem horrores de nós. Ainda têm o poder de nos etiquetar, de nos estigmatizar. A gente bem que tenta não dar bola, mas sempre que dá vontade de entregar os pontos ou de chorar no meio de uma discussão, pensamos: “Não vou dar esse gostinho para os outros”.
Está para existir monstro mais funesto do que aquele que poda nossa liberdade.
(Carta Maior. Por Martha Medeiros. Agosto de 2003. Com
adaptações.)
O texto servirá de subsídio para a questão:
Qual a memória mais antiga que uma pessoa pode ter?
Provavelmente, algo que aconteceu entre três e quatro anos de idade. Dificilmente lembramos de algo anterior a esse período. A ciência não sabe bem o porquê, mas há algumas pistas.
A primeira é a imaturidade do cérebro. Mesmo que funcionem desde a mais tenra idade, os sistemas neurais envolvidos na formação da memória, como o hipocampo, não estão maduros o suficiente para armazená-la a longo prazo.
Outra hipótese é que as crianças vivem em um mundo pré-linguístico. Sem a linguagem, fica difícil representar as memórias – e, consequentemente, organizá-las e recuperá-las.
O pai da psicanálise, Sigmund Freud, dizia que as memórias da primeira infância ficam, sim, guardadas no cérebro. O problema é que os adultos não conseguem acessá-las. Seja como for, as habilidades que você adquiriu nessa época – como andar e falar – jamais são esquecidas. (...)
Fonte: https://super.abril.com.br/blog/oraculo/qual-e-a-memoria-mais-antiga-que-uma-pessoa-pode-ter/
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho acima.