Questões de Concurso
Sobre uso dos dois-pontos em português
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(Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/tulio-milman/noticia/2024/10/conexaocm2md3q1y008y012dwg0qnzn7.html – texto adaptado especialmente para esta prova).
I. Na linha 05, os dois pontos introduzem uma fala em discurso direto.
II. Na linha 11, a dupla vírgula hachurada separa um aposto.
III. Na linha 23, o emprego das aspas indica uma palavra traduzida diretamente de outro idioma.
Quais estão corretas?
Se eu fosse você
Dizem que você se torna seu ascendente depois da meia-idade. Eu sou de escorpião, meu ascendente é peixes. O curioso é que a minha esposa é exatamente o meu contrário: ela é de peixes com ascendente em escorpião.
A máxima tem vigorado em nossa casa. Invertemos os papéis, o que é um tanto estranho. Virei Glória Pires, ela virou Tony Ramos. A franquia "Se Eu Fosse Você" entrou em nosso casamento.
Sempre fui vingativo, passional, sangue quente. Ela sempre foi da paz, do "larga disso", da diplomacia.
Agora sou eu que tenho que dissuadi-la de aceitar uma provocação, ou de mergulhar de cabeça numa briga, ou de entrar com uma ação quando nota um desrespeito aos direitos do consumidor. Houve a troca sumária de espíritos e de comportamento.
Eu era o primeiro a explodir, atualmente me aparto e respiro fundo. A temperatura do meu coração teve o decréscimo de cinco graus. Percebo até um arrepio na nuca, como nunca antes. Não faço mais escândalos em filas, em engarrafamentos, naqueles tempos parados da existência.
Transformei-me num conciliador. Logo eu, outrora insensível para a compaixão, acostumado a traçar planos maquiavélicos, lentos e inclementes de represália. A paz dos astros se infiltrou em meu sangue. Venho experimentando essa inédita fraqueza na minha nova versão e sofro, inclusive, de pena de Beatriz, pois adotou a minha sina escorpiana.
Quando conversamos, as diferenças são galopantes e cômicas. Ela rouba as minhas falas, eu roubo as falas dela. Talvez a astrologia tenha nos proporcionado a mais enraizada empatia amorosa: colocar-se no lugar do outro.
Finalmente ela entende o que eu sentia, e eu entendo o que ela sentia. Nosso entendimento cresceu. Tem mais silêncio, tem mais espaço no silêncio, e o silêncio é mais cúmplice.
Fabrício Carpinejar - Texto Adaptado. ]
https://www.otempo.com.br/opiniao/fabricio-carpinejar/se-eu-fosse-voce -1.3348553
No que se refere à pontuação do texto, julgue o item a seguir.
Estariam mantidas a correção gramatical e a coerência das ideias do texto caso o ponto final após o vocábulo “mental” (linha 9) fosse substituído pelo sinal de dois pontos, feitos os devidos ajustes de letra inicial maiúscula e minúscula no período.
Os adolescentes, a criatividade, as bolhas e os algoritmos
País do futebol arte, da bossa nova, do carnaval espetáculo, do cinema novo e de tantas outras formas de arte admiráveis. Essas sempre foram justificativas para que o Brasil fosse visto como um país criativo, que inova em diversas situações. Por isso, qual não foi a surpresa quando o Pisa, a avaliação internacional para estudantes com 15 anos, realizada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), divulgou os resultados do exame de 2022 no quesito pensamento criativo: estamos no 49º lugar, com 23 pontos.
Desde o ano 2000, o Pisa avalia os conhecimentos gerais em matemática, ciências e leitura de alunos de escolas públicas e particulares, e essa foi a primeira vez em que a criatividade foi considerada nas respostas. Com o tema “Mentes criativas e escolas criativas”, a proposta era avaliar como os diferentes países integram a criatividade nos currículos escolares, com o objetivo de formar cidadãos capazes de explorar novas perspectivas para solucionar problemas de maneira original e eficaz. Mas por que será que o Brasil apareceu entre os 12 piores resultados?
Especialistas analisam a questão sob diferentes perspectivas: a escola brasileira precisa ser um ambiente mais propício à criatividade, oferecendo mais espaço para disciplinas e atividades que estimulem os alunos a buscarem alternativas novas para os problemas cotidianos e não apenas focar nas disciplinas obrigatórias; os educadores precisam ser melhor formados para implementar atividades e projetos que desenvolvam diferentes competências e habilidades artísticas e inovadoras nas crianças e jovens; os brasileiros são um dos públicos que mais tempo passa em frente às telas de celulares e tablets e, por fim, há quem chame a atenção para as imensas desigualdades de toda ordem existentes em nosso país, que dificultam o aprendizado de conteúdos básicos como leitura, escrita e cálculo.
Todas as análises fazem sentido, porém, questões complexas como essa pedem respostas na mesma linha. Há uma crise de criatividade entre as crianças e jovens das novas gerações, e isso é um sinal de que há algo acontecendo nos corações e mentes desse público no mundo inteiro. Como sabemos, a adolescência é a fase de transição entre a infância e a vida adulta, e traz, em seu bojo, a dicotomia entre a saudade dos tempos pueris e o desejo de desbravar o desconhecido, de preferência, por conta e risco. Em tempos em que as conexões digitais têm tomado o espaço precioso das interações reais em que se aprendia a solucionar os problemas por meio da experiência concreta de ter de lidar cara a cara com o diferente e o diverso, assistimos a esses indivíduos aguardando que os algoritmos e sistemas de busca lhes forneçam todas as respostas. E como as máquinas ainda não dão conta da miríade de possibilidades que as relações nos oferecem para a resolução dos problemas, temos meninos e meninas mais acomodados, passivos, entediados. Como exercer a criatividade em uma bolha na qual todos pensam e agem de maneira igual? Como buscar novas visões sobre o que nos rodeia com um algoritmo nos propondo, sem cessar, mais conteúdos sobre o que gostamos e com os quais nos sentimos mais confortáveis?
Essas são perguntas que também nós, adultos, temos de nos fazer. Não só como educadores dessa nova geração, mas como indivíduos e cidadãos. Sair das bolhas, combater a polarização e tudo o que nos divide e desumaniza é um exercício cotidiano de criatividade. “Consumimos sempre as mesmas coisas nas redes, ignorando o que é diferente. Por isso, é sempre bom dar um nó no algoritmo. Ouvir playlists fora do que estamos acostumados, andar por regiões diferentes, escutar o que os outros pensam, nos relacionar com pessoas que trazem olhares diferentes das coisas”, aconselha a jornalista e especialista em comunicação digital Pollyana Ferrari, autora do livro “Como sair das bolhas”. Olhar para além das redes é, sobretudo, um exercício de manutenção da saúde mental, mas, como tudo o que envolve um certo esforço e nos desacomoda, torna-se um grande desafio. E andamos cansados demais para dar conta desses e de tantos outros que a vida contemporânea tem nos colocado.
É interessante observar como a aparente facilidade que nos é oferecida pelos algoritmos e bolhas vai diminuindo não apenas a nossa criatividade e criticidade. Eles, ao moldarem nossos gostos e necessidades, resumem as nossas preferências a meia dúzia de coisas que conduzem a uma reprodução automática, gerando tédio e desinteresse pelo que nem sabemos existir. Como afirmou um estudante que entrevistamos para o podcast “curti, e daí?”: “Eu estava no TikTok e apareceu um vídeo para mim. Coisas que eu mais gosto, e aí, todas as coisas que apareceram no vídeo eram as coisas que eu mais gostava de fazer. Eu percebo que a cada dia isso é mais evidente, como se fosse diminuindo tudo que eu gosto mais, sabe? Como se fosse compactando as coisas que eu mais gosto…”.
Ter consciência do que nos acontece é sempre um bom começo. Porém, é preciso lembrar do porquê de estarmos nas redes: em busca da sensação de pertencimento, algo que é fundamental para o ser humano e mais ainda para aqueles que estão em formação. Estamos sempre à procura de afeto e reconhecimento, e nas redes isso vem de maneira rápida e volumosa, traduzido por cliques e likes. “Desinformação, fake news, tudo é sintoma. Tire-as da reta e o problema continuará ali, igual, de pé. Porque o problema principal é o do alinhamento de identidades e de como é reconfortante estar num grupo homogêneo. Toda conversa, nas redes sociais, se torna um ritual de reafirmação dessa identidade alinhada. Somos atores num palco eternamente demonstrando o quanto somos parecidos com os nossos e distintos daqueles outros”, alerta o jornalista Pedro Dória em seu artigo “A rede social perfeita para as democracias”, publicado no Canal Meio.
Nesse sentido, cabe-nos perguntar não apenas por que vivemos uma crise de criatividade, mas sobretudo por que não conseguimos nos encontrar nos espaços que promovem o diálogo, a interação corpo a corpo, que estimulam a imaginação nos trazendo novas paisagens (físicas e ficcionais). Precisamos recuperar a nossa capacidade de imaginar para além dos fatos, dados e informações, já que estamos inundados por eles. Um bom começo pode estar no resgate de alguns sonhos e projetos que não estão no nosso feed. Não requer muito esforço, apenas iniciativa, atitude indissociável da criatividade.
(Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2024/07/04/os-adolescentes-a-criatividade-as-bolhas-e-os-algoritmos. Acesso em: setembro de 2024. Adaptado.)
Amnésia digital: entenda como a tecnologia pode afetar a memória
O vendedor Enéas Cardoso costumava lembrar bem dos endereços de Belo Horizonte quando trabalhava como taxista há 20 anos. Na época, ele fazia apenas consultas simples em mapas quando ia para uma região desconhecida, mas, com o surgimento do GPS, a memória foi ficando preguiçosa. “Eu andava no táxi só com a lista telefônica e quase não olhava no mapa. Hoje em dia é GPS pra tudo, não tem como você sair de casa e ir a algum lugar sem colocar GPS. Coisa que na época que você rodava sem o GPS você conseguia ir tranquilo, de boa, mas hoje em dia não tem como”, relata.
Essa situação vivida pelo Enéas tem nome: amnésia digital. A situação ocorre por causa do uso excessivo de tecnologias para guardar informações que facilmente podem ser acessadas com poucos cliques.
Essa praticidade fez o corretor de seguros Luís Eduardo dependente. Ele tem dois aparelhos, um corporativo e outro pessoal, e os dois estão repletos de anotações. Para tomar remédio ou mesmo ligar para alguém, ele precisa do lembrete do celular. “Eu tenho um grupo, gosto de guardar arquivos, mensagens e tem o despertador. Eu confesso que o despertador eu uso muito. Às vezes, por exemplo, para tomar um remédio, eu sei que não vou lembrar, então coloco no despertador, que aí no horário do remédio eu tomo”.
“Se eu te perguntar agora o contato de algum parente seu, você consegue se lembrar?” “Isso não, esquece. Contato era só da minha mãe, mas nem sei mais. Meu irmão, por exemplo, já trocou de telefone umas três vezes, aí eu já esqueci. Contato eu já parei de gravar, não tem como não”, admite.
Essa amnésia digital tem provocado falta de estímulo do cérebro. O membro da Associação Mineira de Psiquiatria, Dr. Rodrigo Huguet cita também o exemplo de contas básicas que são feitas só na calculadora do celular. "Realmente como as pessoas vão anotando tudo nele, consultando o celular pra tudo e fazendo as contas no aparelho, elas deixam de exercitar o cérebro, deixam de usá-lo para gravar as coisas e fazer contas. A pessoa não consegue calcular porque ela é dependente da máquina para fazer todas as contas pra ela. Então realmente é preciso ter cuidado porque as máquinas, os computadores estão aí pra ajudar a gente, mas deixamos de usar essa máquina importante que é o nosso cérebro e deixamos de exercitá-lo", explica.
A analista Cintia Silva diz que depende do celular até para lembrar de senhas para acessos a sites e serviços dentro do próprio aparelho. Com o passar do tempo, ela percebeu uma piora para recordar. “Tudo que eu vou fazer hoje eu tenho que colocar no celular, como senha de rede social, de email, então a gente não vive hoje sem telefone. Eu tenho um grupo meu que eu mando tudo para lembrar, principalmente comprovante de pagamento. Antes disso tudo, do celular, minha memória era muito melhor. Agora a gente tem tudo no telefone”, comenta.
Deixar de ter tudo no celular pode ser uma saída. Para forçar o exercício da mente, o psiquiatra Rodrigo Huguet sugere uma relação menos dependente com as tecnologias. “A gente tem que estar atento com o que a gente está usando. Inclusive escolher quando usá-las. É interessante de vez em quando a pessoa decidir deixar o celular de lado pra poder focar em alguma coisa, alguma atividade, alguma pessoa. E se você notar que está muito disperso, que não está conseguindo concentrar, pode ser o caso de ficar atento a isso”, recomenda.
Antes de terminar esse texto, me responde uma coisa, mas pense rápido: Você se lembra do contato de pelo menos duas pessoas? Se não, pode ser o momento de começar a exercitar mais a sua mente.
VELOSO, Victor. Disponível em: https://cbn.globo.com/saude/noticia/2024/10/12/amnesia-digital-entenda-como-a-tecnologia-pode-afetar-amemoria.ghtml (Adaptado)
Texto para o item.
Na nova sociedade digital, você nunca está só. In: Revista Superinteressante. Internet: <super.abril.com.br> (com adaptações).
Considerando as ideias, os sentidos e os aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item.
Na linha 8, os dois‐pontos foram empregados com o objetivo de introduzir uma síntese das ideias apresentadas nos três primeiros parágrafos do texto.
Rio Pesquisa, ano 9, no 39, junho de 2017. Disponível em: https://siteantigo.faperj.br/downloads/revista/Rio_Pesquisa_39/
Inteligência Artificial no Mercado Editorial: Possibilidades e desafios éticos
Disponível: https://portal.fgv.br/en/node/31487. Acesso em:
15/08/2024. Adaptação.
LOBATO, Isabela. Fóssil sugere que humanos habitam a América há mais tempo do que se sabia. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/fossil
sugere-que-humanos-habitam-a-america-ha-mais-tempo-do-que-se-sabia/. Acesso em 22 de julho de 2024 [com supressões].
O uso de dois-pontos no verso abaixo justifica-se em:
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido a
falta de tempo.
No que diz respeito a aspectos linguísticos do texto CB1A6, julgue o seguinte item.
Estariam mantidas a correção gramatical e a coerência das
ideias do texto caso se substituísse o ponto final que encerra
o segundo período do segundo parágrafo pelo sinal de
dois-pontos, feito o devido ajuste de maiúscula e minúscula
no período.